Esquizofrenia de Início Precoce



Esquizofrenia de início precoce

(por: Carmem de Melo Lima Nascimento)


Epidemiologia

A esquizofrenia em crianças pré-púberes é muito rara e os meninos parecem ter leve preponderância entre as crianças esquizofrênicas (1,67 meninos para cada menina). A taxa de início aumenta significativamente durante a adolescência. É raramente diagnosticada em crianças menores de 5 anos de idade. A prevalência de esquizofrenia entre os pais de crianças afetadas é de 8%, quase o dobro da prevalência de pais de esquizofrênicos no início da vida adulta.
O transtorno da personalidade é semelhante à esquizofrenia adulta em relação à afetividade inapropriada, pensamento mágico excessivo, crenças esquisitas, isolamento social, idéias de referências e ilusões. Contudo não há manifestações psicóticas.
Conforme citado por Ferrari (2003, p. 298),
"A prevalência da esquizofrenia com início na infância é relatada como 2% da prevalência da esquizofrenia com início na idade adulta (BEITCHMAN, 1985). Outros estudos têm indicado que a prevalencia de esquizofrenia na infância é menos do que 1 por 1000 habitantes (BURD, 1987), e que a prevalência da esquizofrenia em crianças menores que 15 anos é 0,14 por 1000 habitantes, quase 50 vezes menor do que as amostras de início entre 15 a 54 anos (BEITCHMAN, 1985; VOLKMAR, 1988). Rapoport (1997) acredita que, nos anos pré-puberais, o transtorno seja mais raro do que o autismo infantil, que, para a maioria dos pesquisadores, tem uma prevalência da ordem de 4 casos por 10.000 crianças.

Etiologia

Ainda que os estudos genéticos evidenciem uma contribuição biológica para desenvolvimento da esquizofrenia, nenhum marcador biológico foi identificado e os mecanismo precisos de transmissão da doença não são compreendidos. Há uma prevalência maior entre parentes de primeiro grau do que na população geral. As altas taxas de concordância para gêmeos monozigóticos, muito superiores aos dizigóticos, evidenciam ainda mais a contribuição genética.
Kendler; Diel, (apud FERRARI, 2003, p. 298) afirmam que fatores genéticos têm papel significante na patogênese da esquizofrenia e a noção de que fatores genéticos podem estar presentes nas esquizofrenias precoces foi observada em dois estudos clássicos (KALLMAN, 1956; KOLVIN, 1971).
O neurodesenvolvimento pode estar também relacionado à causa direta da esquizofrenia. Weinberger (1985) (apud FERRARI, 2003, p. 298) listou as evidências que favorecem os argumentos a favor da hipótese do neurodesenvolvimento:
1 - aumento da freqüência de pequenas anomalias físicas
2 - aumento de exposição a vírus no período pré natal
3 - aumento de complicações obstétricas
4 - alterações cognitivas e neuromotoras pré-mórbidas
5 - alterações citoarquitetônicas em estudos histológicos
6 - alterações morfológicas cerebrais não progressivas em estudos de neuroimagem
7 - alterações morfométricas cerebrais sem glicose em autópsias

No momento, nenhum método confiável pode identificar pessoas com risco maior de esquizofrenia em determinada família. Apesar disso, taxas mais altas de sinais neurológicos leves e dificuldade de manter a atenção aparecem entre os grupos de crianças com alto risco.
Vários resultados, não específicos, foram detectados em tomografias computadorizadas (TC) e eletroencefalograma (EEG) de pacientes com esquizofrenia.
Crianças e adolescentes afetados têm maior probabilidade de apresentar histórico pré-mórbido de rejeição social, maus relacionamentos com colegas, reclusão e dificuldades escolares do que os afetados na vida adulta.
Os mecanismos biológicos e ambientais que produzem as manifestações continuam sob investigação.

Autor: Carmem Melo Lima Nascimento


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