As Sacolas de Supermercado
Quando ia atravessando uma avenida numa cidade do interior deparei-me com duas madames discutindo.Como é uma avenida movimentada, cheia de lojas e botequins, parei defronte uma das lojas e me regalei com a discussão."Não sei o que estou fazendo aqui, perdendo o meu tempo contigo,disse uma delas, pobre é uma desgraça!Até pelo lixo se descobre que é de pobre!Tua lixeira vive cheia de sacolinhas de supermercado, fazendo propaganda deles, estufada com o teu lixo! "Pobre é você, replicou a outra __"pobre, é quem pega as sacolinhas, engorda um saco preto de lixo com elas e não tem criatividade para reutilizá-las!"É verdade, eu reutilizo as sacolas de supermercado, não por ser pobre,mas porque gosto de proteger o Meio Ambiente, e com esse aproveitamento estou fazendo a minha parte!Qual a diferença entre colocar lixo num saco preto, amarrado com fita, se o conteúdo dele é lixo? Todos os sacos com lixo têm o mesmo destino, sejam eles pretos ou coloridos, como as sacolas do super! Já entendi, você é uma pessoa que vive apenas das aparências!Discutir com alguém sobre o continente, o qual é acomodado os detritos, com a preocupação de ostentar o saco mais bonito é não ter a capacidade para refletir sobre as mazelas do Mundo! Não tenho mais palavras para argumentar com você! Continue com os sacos pretos,pois eu vou continuar reutilizando as sacolinhas por que assim, estou economizando o meu pouco dinheirinho.Não sou dada a futilidades,ao que os outros irão dizer a cerca do meu lixo! Minha preocupação é com os teus parentes que não usam os belos sacos pretos, tentando te imitar para esconder o conteúdo e com isso, vão jogando as garrafas descartáveis pela rua para entupir os boeiros e colaborar para que as águas das chuvas não tenham a vazão que devem ter! Nisso a ofendida retruca:__Isso não é problema meu!__Meus parentes vivem do jeito deles! O meu problema é contigo!__Por quê?__Já sei! O busilis da questão não é o destino das sacolinhas dos supermercados, mas a inveja que sentes diariamente ao ver que antes de ir ao trabalho, meu marido, o Antenor,dá o destino certo ao lixo, numa sacola bem amarradinha na qual vai levando apenas o lixo seco, que não é lixo,pois o lixo úmido é espalhado pela Terra, no quintal, que se transforma em adubo para fortificar as plantas,as hortaliças, as quais admiras da tua janela com vontade de participar desde a elaboração dos canteiros até a gloriosa colheita de belas folhas de couve,salsinha ,almeirão colhidas fresquinhas sem desperdício sequer de uma folha,enquanto tu, gastas nos supermercados com a compra desses produtos já com folhas amareladas, mal cheirosas e não podes usufruir daquele grande homem que me acompanha e que tanto admiras!Pois é, é assim:__Você, com os sacos preto para o lixo, sem marido e querendo dirigir o lixo dos outros, eu, com a reutilização das sacolinhas, por enquanto,com meu grande companheiro e meu Mundo Interior sem afetação.__Vá embora,deixa a minha vida em paz!Dei graças a Deus quando ouvi aquela despedida tão esquisita,mas ao mesmo tempo comecei a refletir o porquê da discussão. Discussão que ia além dos sacos de lixo.Constatei que tudo não passava de uma pessoa querer viver a vida da outra. Querer elaborar cronograma de vida para dirigir os passos, as ações, não respeitando a individualidade de cada um e aquela, ainda por cima, admirava e queria um companheiro igual ao vizinho e por que não, o próprio? Porém, tudo começou pelas sacolinhas, as famosas sacolinhas dos supermercados que pelo comodismo das pessoas, estão poluindo o Meio Ambiente, Nosso Mundo, Nosso Planeta! Fui-me embora pensando comigo mesma!
Autor: Maria Augusta Da Silva Caliari
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