Hostel



Domingo chegou, bom dia pra almoçar num shopping e emendar com cinema. Escolhi o Shopping D, na Marginal Tietê.

Chegando excepcionalmente tarde (costumo almoçar entra 11:30 e 12h, mas já era 13h), fiquei tonto com a estranha rampa em parafuso para o estacionamento do shopping. Mas, tudo bem, obstáculo superado.

As opções de almoço não estavam dentro do que eu gostaria e acabei optando por uma birosca de comida chinesa. Sistema diferente: ao invés de você pegar a comida e pesar depois, paga R$ 8,90 e eles fazem o prato (em porções pra lá de generosas) dos itens que escolher. Tudo bem, aceito o sacrifício, nada de deixar comida sobrando.

Findo o almoço, ingresso já comprado, entro na sala para assistir "O Albergue". Devia ter só umas 6 pessoas, sentadas lá no alto. Resolvi ficar na quinta fileira, bem de frente à tela. Que beleza, o cinema vazio! Nada de adolescente fazendo piada tosca, nada de barulho de gente comendo pipoca, celular, etc. Havia comprado uma garrafa d'água e fiquei ali, relaxando...

O filme começou. Legal, cenas de sexo com belas mulheres! Bem interessante... Despertou o desejo de conhecer o leste europeu.

Mas, o filme vai desenrolando, a coisa acontecendo, as imagens sombrias, cenas de carnificina explícita, gritos, vômito, sangue, carne, etc., começo a me sentir estranho. O que estaria acontecendo? Que tontura! Terrível incômodo, não encontro posição pra sentar, fechar os olhos não adianta. Pra piorar, bebi muita água, vontade de fazer xixi...

Vou vomitar, não tem jeito! Melhor pagar o mico de sair correndo do cinema, com todo mundo pensando que não aguentei as cenas pesadas do filme. Tarde demais! Não vai dar, o jeito é vomitar aqui mesmo e fechar o Cinemark... Corra! Não está tão longe da saída!

Saio correndo, tropeço aqui e acolá, o vômito já força passagem, cambaleio, rolo pela escada, levanto rapidamente de novo... As pessoas já devem estar mais assombradas com a realidade que com o filme... Corro em direção ao corredor e dou de cara, no escuro, com a porta fechada! Idiota, esta é a entrada!

Volto, sentindo o sabor azedo de vômito, quase vomitando pelo chão! Consigo estagnar o fluxo quando, no breu total, encontro a saída de emergência. Abro a porta e, finalmente, um corredor com luz. Mas minha visão está embaçada, sigo trôpego até outra porta, tonto, quase desmaiando... Saio no saguão de entrada do cinema! Felizmente, vazio! Onde está o banheiro? Não consigo enxergar direito, mas, felizmente, deparo-me com a plaqueta: "toaletes". Ufa! Banheiro limpinho e vazio, que sorte! Corro em direção a uma das baias. Sinto-me tonto, prestes a desmaiar. Caio de joelhos de frente ao vaso, como que em reverência. Fico assim, imóvel, suando muito (apesar do dia frio) por alguns minutos. Ou muitos? Não sei, o tempo parece parar, acho que perdi os sentidos...

Não sei quanto tempo se passou. Abro os olhos e percebo que não estou mais tonto. Sinto tremendo alívio, apesar de, estranhamente, não ter vomitado. A ânsia passou. Levanto glorioso, nasci de novo. Ponho-me de frente ao espelho, parece que saí debaixo do chuveiro, tão molhado de suor! Felizmente ninguém por perto, pego uma toalha de papel, me enxugo, saio como se nada tivesse acontecido. Que voltar pra filme que nada, vou pra casa antes que algo mais de errado aconteça.

Assim, fui embora. Sentia-me melhor, mas o resto do dia fiquei meio debilitado. Depois dessa, vou ficar um bom tempo sem ir ao cinema...

Autor: José Marcelo Rigoni


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