Política de Metas para Inflação



O que provoca a inflação? Na visão de economia liberal, o estado é propulsor da inflação ao ofertar uma base monetária acima da expectativa entre a oferta e demanda. Na visão da economia keynesiana, a inflação é gerada pelo nível de especulação sobre a moeda e mecanismos de defesas são acionados, como controle sobre capitais para eliminar a origem desse desequilíbrio entre economia real e monetária.

Uma coisa não existe dúvida entre as duas visões. O Banco Central é quem imprime moeda e desta forma o estado é monopolista na criação de dinheiro. Logo ele é o dono da chave do cofre. Se tiver dinheiro demais circulando é porque o cofre foi aberto várias vezes e se este cofre estiver inativo, a economia responderá de acordo com a moeda em circulação, reduzindo os níveis de preços das mercadorias reais.

Para citar um exemplo, imagine um bem que custe hoje na economia R$ 1,00. Outro dado é que esse bem deprecia em 9,7% ao ano. Após cinco anos ele valerá R$ 0,63. A base monetária não foi alterada e o bem é depreciado conforme o tempo. A medida real de valor que este bem adquiriu foi no ato de sua concepção e no momento que ele foi sendo útil para consumo, seja por empresas ou famílias. Esta é a economia real sem moeda que especula sobre os preços reais.

Coloquemos agora no exemplo um Banco Central que emite moedas e, como consequência de seus atos, estipule uma taxa "aceitável" de inflação ao ano em 4,5%. Então, a moeda eleva sua oferta na economia e o bem que custa R$ 1,00 passa a valer, após cinco anos, R$ 1,25. Em outras palavras, em cinco anos o bem teve uma valorização monetária de 25%.

A diferença entre o valor real do bem em cinco anos com o seu valor monetário foi de R$ 0,62. Praticamente o valor de outro bem com a mesma característica, se não a compra do segundo bem idêntico ao primeiro.

Chamaremos o nome do bem de caneta para facilitar nossa análise. Voltemos então ao exemplo: em 2006 essa caneta custa R$ 1,00 e em 2011 o equivalente a R$ 1,25, devido ao aumento da base monetária. Logo, se não existisse o aumento monetário a caneta em 2011 valeria R$ 0,63. A diferença entre o valor monetário e real é o custo de uma nova caneta praticamente, com uma pequena diferença de R$ 0,01. Ou seja, a base monetária eliminou a produtividade marginal da economia na criação de uma nova caneta. Este é um dos motivos porque o consumidor fica mais pobre com a inflação.

A solução para o problema não é simples como inibir a impressão de mais moeda como muitos acreditam ou elevar as formas de controle, como elevação de tributos sobre o capital conduzindo o caminho às portas dos investimentos defendidos pelo estado.

O que o governo não pode fazer é mentir para o consumidor e apresentar um aumento da base monetária em 4,5% ao ano quando sabemos que a caneta (utilizada em nosso exemplo acima) teve uma elevação monetária média de 19,6% ao ano. Em outras palavras, teve uma valorização de 15,10 pontos percentuais acima da meta estipulada para inflação.

Inflação tem duas caras para o governo. A primeira é a má, pois sabe o efeito que gera na popularidade de qualquer governante perante o povo. A segunda é alegre, porque o governo eleva a receita governamental com o imposto inflacionário, melhorando o superávit primário e a política fiscal se torna eficaz em curto prazo. Mas qual a cara do consumidor ao saber que está mais pobre com a política de metas para inflação?
Autor: Sérgio Ricardo Da Silva Farias


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