Requalificação Comercial Da Rua Itapecerica Em Belo Horizonte: Uma Intervenção Acadêmica
Departamento de ciências da comunicação
Programa de iniciação científica
Requalificação comercial da Rua Itapecerica em belo horizonte: uma intervenção acadêmica. [1]
Felipe Costa Pacheco Diório, Maria Gabriela Carvalho Barbosa, Priscilla Roiz Garcia, Renata Medeiros de Oliveira [2]
Admir Roberto Borges [3]
Belo Horizonte, 13 de dezembro de 2006.
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma investigação sobre o fenômeno da migração do comércio de rua das grandes cidades para os modernos centros de compras, gerando problemas indesejados nos espaços antes procurados pela sua tradição e variedade de produtos. Também procurou-se entender o processo de revitalização e de requalificação dos grandes centros urbanos. E de forma mais específica a tentativa de compreender o que ocorre com a Rua Itapecerica e as possibilidades de uma ação assertiva do Uni-bh para uma busca da capacitação e da auto-estima dos comerciantes para o empreendimento de um processo de revitalização do comércio local. A escolha da Rua Itapecerica justifica-se pela sua importância e tradição, de possuir um número significativo de lojas diversificadas, de localizar-se no entorno da escola, além da necessidade de buscar sua requalificação comercial. Nesse sentido, a proposta se ajusta aos objetivos do programa de extensão do Uni-bh, viabilizando uma relação transformadora entre universidade e sociedade.
Palavras-chave: Comércio de rua; Revitalização; Capacitação; Marketing; Comunicação
1 INTRODUÇÃO
Este projeto fundamenta-se no conceito de que as mudanças no ambiente competitivo e a necessidade de buscar formas diferenciadas e sustentáveis é o caminho para a manutenção e status dos negócios empreendidos, principalmente os de pequeno porte. Entende-se que as constantes alterações nas demandas e expectativas da população levam os comerciantes à necessidade de continuamente monitorar o ambiente comercial, disseminar a cultura voltada ao cliente e responder ao mercado de forma mais eficiente possível. Para estar atualizado com as tendências é necessário conhecer e utilizar ferramentas estratégicas, implementando o conceito de comunicação e marketing de varejo e estar orientado para o mercado. O marketing de varejo compreende um composto de variáveis, que começam na escolha da localização do negócio e se estendem até o programa de relacionamento com o cliente, passando pela complexidade de um mercado em constante efervescência. Segundo Kotler (2000), o varejista precisa certificar-se, freqüentemente, de que esteja alcançando e satisfazendo seus clientes-alvo, através de periódicas pesquisas. Considerando-se que o posicionamento de um varejista deve ser flexível, especialmente se ele administrar adequadamente as informações, bem como as lojas locais com diferentes padrões socioeconômicos. Nesse sentido, e por causa da maior profissionalização, que o grande varejo consegue superar os ataques da concorrência e manter o crescimento. Basta lembrar que no momento em que o supermercado é ampliado e se transforma em hipermercado, ocupando espaços cada vez maiores; empórios, mercearias, açougues e pequenas lojas começam a desaparecer. A modernização das cidades elimina o pequeno comércio de bairro e formata, nos supermercados, shoppings e malls, locais para atender o público comprador de alimentos, utilidades domésticas e outras mercadorias com todas as facilidades de estacionamento e serviços (RODRIGUES, 2003).
Pretende-se, como ênfase deste projeto o comércio regional e sua possibilidade de sobrevivência, com a adoção de estratégias de comunicação e marketing desenvolvidas através de uma interação entre a universidade e pequenos comerciantes de uma rua comercial, com significativa representatividade, no entorno do Uni-bh. Assim sendo, definiu-se pela Rua Itapecerica, no Bairro Lagoinha. Região que no início de Belo Horizonte, era a mais próxima da zona urbana comercial
A escolha da Rua Itapecerica justifica-se pelo fato de sua importância e tradição de pequeno comércio, de possuir um número significativo de lojas diversificadas, além da necessidade de se lutar por sua revitalização. Nesse sentido a proposta se ajusta aos objetivos do programa de extensão do Uni-bh, viabilizando uma relação transformadora entre universidade e sociedade, mais especificamente a comunidade local. Dessa forma, espera-se empreender uma intervenção fundamentada, no cenário que se apresenta, oferecendo uma base de conhecimentos teóricos e técnicos de comunicação e marketing. Propõe-se um projeto que tenha produtos acadêmicos decorrentes das ações de extensão na forma de capacitação, uma cartilha de comunicação e marketing, com as dimensões estratégicas adequadas às demandas locais e, também, um guia de compras específico, denominado com a identidade do próprio logradouro.
2 O cenário comercial competitivo das grandes cidades
As metrópoles são consideradas uma espécie de vitrine do mercado de consumo e neste início de século uma preocupação toma conta de historiadores, arquitetos e estrategistas mercadológicos: a migração do consumidor para o novo comércio, normalmente localizado fora dos hipercentros. Até os anos 70 prevalecia o comércio das ruas centrais, com seu atrativo natural na forma de vitrines e exposições dos produtos para os transeuntes. O comércio de rua foi perdendo espaço na medida em que os grandes centros foram se transformando em locais de risco e falta de segurança (FRUGOLI, 1995).
O shopping center, principalmente, chegou e aos poucos foi demonstrando sua forte atração, criando um cenário urbano ideal. Proporcionado um ambiente diferente dos aspectos negativos da grande cidade: sujeira, desconforto, insegurança e transporte. Além do mais, eles provocaram a modernização das malhas viárias e valorização das áreas vizinhas, bem como a construção residencial de melhor qualidade (GIOVANETTI, 2001).
Fenômeno de nossa sociedade do espetáculo e do consumo, o shopping center como outros modelos (os museus, os fast-foods, os parques temáticos...) configuram locais de atração das cidades contemporâneas; elementos que atualmente não se restringem às grandes cidades dos países desenvolvidos, mas que também em países e cidades da periferia mundial. Características de uma nova urbanidade, ou ainda, os meios mais adequados de promovê-la, trazem a reboque um novo significado aos lugares da cidade. O Capital, o consumo, o poder da imagem sobre a realidade: novos valores que se sobrepõem à história e às tradições, mesmo quando se utilizam destas para compor suas fachadas, seus motivos alegóricos ou qualquer citação. Conformam-se como lugares do espetáculo, pela sua presença e contribuição simbolizada. Novos lugares que compactuam deste ideal da representação de ambientes corretamente produzidos para o consumo (www.vitruvius.com.br).
Não há como ignorar que o comércio tradicional esteja vivendo tempos de grande turbulência, onde as mudanças em ambientes muito competitivos tornaram-se um verdadeiro front de batalha. Entre tantos fenômenos que se configuram como ameaçadores estão os distúrbios políticos, as incertezas da economia, os avanços tecnológicos e os novos formatos e centros de compra, todos afetando diretamente o comércio tradicional de qualquer porte, provocando transformações de âmbito social que, por sua vez, influenciam o comportamento do indivíduo e na sociedade.
Autor: Admir Borges
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