Criatividade



O ato de criar está presente desde os primórdios da história do Homem. Transformando a natureza, ele foi formando e (trans) formando a si, atribuindo significados aos seus processos internos e ao mundo ao seu redor. Por conseguinte, falar em criatividade requer reconhecer, como informa Ostrower (1996) que mais "do que homo faber, ser fazedor, o Homem é um ser formador (...) nas perguntas que o homem faz ou nas soluções que encontra, ao agir, imaginar, sonhar, sempre o homem relaciona e forma" (p.9).
A criatividade é uma das funções psicológicas superiores, usando um termo de Vygotsky (1989), eminentemente humana, intimamente relacionada ao desenvolvimento pessoal, social, científico e cultural de uma sociedade. Ao falarmos de criatividade é comum nos lembrarmos imediatamente de figuras ilustres ligadas ao campo da arte e da ciência de gênios e "iluminados." Exemplos como os de Leonardo da Vince, Picasso, Einstein, John Lennon, Van Gogh, Sheakspeare, Chaplin, etc, imediatamente povoam nossas mentes e imaginamos o quanto tais pessoas estariam distantes dos demais "mortais".
Sem deixar de reconhecer a importância histórica e a forte expressão criativa das personalidades citadas, queremos chamar atenção para o fato de que a criatividade não é privilégio de uns eleitos.Muitas vezes nos apressamos em afirmar; "não sou criativo", "não tenho criatividade" ou " não sou capaz de criar nada de novo". É preciso que o conceito de criatividade é amplo, complexo e pluridimencional não está conectado apenas ao ato de produzir algo diferente, inovador, inusitado mas também ao sentir, refletir, emocionar,e atribuir significado e estabelecer relações.

Como podemos definir a criatividade?

A criatividade, assim como a inteligência pode ser tomada como um conceito complexo, difusa, multifacetada e, portanto, difícil de definir. De acordo com Becker (2001) alguns estudiosos têm ressaltado o grande desafio na hora de se estudar o tema e, sobretudo, de avaliá- lo de forma mais sistemática, objetiva e, inclusive mensurável.
As características supracitadas nos lembram que ser criativo exige articularmos cognição e afeto, rumo ao novo, ao diferente, com um propósito, um objetivo. Nesta perspectiva, a educação tem papel relevante como veremos no item que segue.
Criar é basicamente formar. É poder dar forma a algo novo (...) o ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar (OSTROWER, 1996).
A criatividade como define o Webster, é basicamente o processo de fazer, de dar a vida (MAY, 1982, pg.39). Podemos perceber que os conceitos acima explicitados apontam diferentes ângulos da criatividade, relacionados às capacidades cognitivas e afetivas, conforme situamos na introdução deste capítulo.

Como se dá o processo da criação?

Há muito, os estudiosos vêm tentando desvendar os passos do processo criativo. Já em 1900 Ribot propôs modelos para a os processos criativos, em 1910 também John Dewey apresentou um estudo nesta direção. Contudo, foi o matemático inglês do século XIX, Henry Poincaré que estabeleceu os quatro passos básicos para a solução criativa de problemas.
1ª etapa-Preparação: que está relacionada com a imersão consciente, inicial que a pessoa faz para encontrar a solução do problema com o qual depara. É a etapa da mobilização interna para expandir limites e ir além do que já se sabe sobre o tema. Por isso, muitas vezes esse período traz angústia, vazio e até bloqueio.
2ª etapa- Incubação: é o momento de amadurecer, de gestar as idéias concebidas na etapa anterior. É hora de esperar, distanciando-se um pouco da obra, do projeto a ser criado ou do problema a ser solucionado.
3ª etapa Iluminação ? (Insight); é o momento em que a resposta para o problema ou para a obra desejada surge repentinamente. É quando encontramos uma solução ou um caminho. Contudo, ainda estamos no campo do pensamento, e não do ato criativo propriamente dito.
4ª etapa Aplicação/Verificação: é o momento de dar forma à idéia, transformá-la em uma ação. É uma etapa que exige elaboração, afinal, estaremos criando algo para nós e para os outros. Cada uma dessas etapas descritas não tem um tempo cronologicamente definido.

Quais as características de uma pessoa criativa?


Os pesquisadores consideram como processo psicológico presente em todos os indivíduos, e possível de ser estimulado e desenvolvido. Contudo há algumas características da subjetividade dos indivíduos que estão mais associadas a condutas e ações criativas. Alguns traços pessoais podem facilitar a expressão da criatividade, imprimindo uma marca que identifica o sujeito que desenvolveu mais intensamente esse potencial criador.
De qualquer modo, há algumas características, encontradas em estudos sobre a temática que mais se aproximam do perfil de uma pessoa criativa; intuitiva, imaginativa, sensível, consciente, independente, preparado, empreendedor, não convencional, curioso, idealista, persistente, aberto á experiência dentre outros afinal, cada sujeito carrega consigo um universo de características próprias.
As características supracitadas nos lembram que ser criativo exige articularmos cognição e afeto, rumo ao novo, ao diferente, com um propósito, um objetivo.

Como se relacionam criatividade e aprendizagem?

Vários estudiosos do campo da psicologia e psicanálise têm apontado a infância como período crucial do desenvolvimento humano, dentre eles, Freud, Winnicot, Piaget, Wallon, Vygotsky.
A escola tem significativo papel na criação de oportunidades para que os alunos, sejam eles crianças ou adolescentes, descubram seus próprios apoiados na mediação e na orientação de colegas e professores. Muitas vezes o que se tem é justamente o contrário; crianças homogeneizadas, atividades repetitivas, exigências de respostas copiadas, restrição aos pensamentos inovadores e originais. Por outro lado, não se pode pensar também que exercitar a criatividade é deixar os alunos à vontade sem nenhum direcionamento. A criatividade, para potencializar o processo de aprendizagem exige esforço. Persistência, disciplina e trabalho.
A fim de desenvolver a criatividade, o professor deve instigar os alunos ao exercício da descoberta, possibilitando condições para que criem, em um clima aberto e motivador; ajudando a definir estratégias, reconhecendo o potencial e capacidade da cada um e, finalmente, orientando os resultados. A criatividade é, então, um potencial humano para gerar idéias novas, tendo um caráter direcionado, intencional e transformador.





Autor: Jacira Silva Arantes


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