Que Travessura!



Aquela tarde foi fogo! E fogo nas canelas! Quase fiquei sem minhas roupas e com alguns furos de espingarda. A ideia foi do Gordo, aquele inconsequente. Se eu soubesse que ia entrar numa fria, jamais tinha topado a tal aventura pela fazenda do Seu Onório, o homem mais fominha e cruel da redondeza.
Estava muito calor naquela tarde de verão. Eu, o Gordo e o Pedroca estávamos sentados na beira da estrada de chão, riscando a poeira da rua com um pedaço de graveto, sem nada para fazer e entediados. Lá pelas tantas, o Gordo lançou a "triste" ideia:
"Que tal a gente nadar lá no rio da fazenda do seu Onório?
"Eu, hein, cara! Você não sabe que lá é proibido? O homem é um carrasco de ruim!" Comentou Pedroca.
"Ah, e quem precisa saber? Nós vamos por um atalho que só eu conheço. Depois, lá também tem uns pés de jabuticaba que devem estar maduras e docinhas, docinhas. O que acham? Topam?"
"Hum... Parece tentador!" Disse Pedroca.
"Eu ainda acho perigoso." Tentei argumentar.
De nada adiantou. Em poucos minutos lá estávamos dentro do rio que passa pela fazenda do Seu Onório, gritando feito loucos, pelados, um jogando água no outro, na maior algazarra. O calor e o medo foram embora. Eu cheguei a esquecer que naquele lugar morava um muquirana que tinha na sua fazenda um rio onde era proibido nadar. A placa de aviso estava ali, ameaçadora, bem diante dos nossos olhos. Isso tudo, porém, não serviu para nada, pois entramos assim mesmo naquelas águas claras para nos refrescar e, depois, encher o pandulho de jabuticabas maduras.
De repente, escutamos um barulho. ERAM TIROS! Cara, foi piá correndo para todos os lados. Pega roupa daqui, dali e saímos em disparada! Até o Tobe, o cachorro do Gordo, saiu correndo com o rabo entre as pernas.
Desta vez, nem deu tempo de olhar para trás. Só sei que fomos parar na beira da estrada, sem fôlego, com as roupas nas mãos e... Pe-la-dos! Que mico! Tudo bem. Hoje acho muito engraçado tudo o que aconteceu, mas acreditem... Travessura como aquela não quero mais... Nunca mais!

Autora: Luciane Mari Deschamps

Autor: Luciane Mari Deschamps


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