EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL



EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

Entender o Ensino Superior no Brasil é sujeitar-se a uma série de interpretações de cunho filosófico e político, portanto tentaremos mostrar o nosso ponto de vista dando ênfase às informações de caráter prático e construtivista.
O Ensino Superior na América do Sul tem uma história de quase 300 anos desde a criação das Universidades mais antigas dentro dos países latinos que ocorreram por conta da iniciativa e ação da comunidade intelectual, sem intervenção do Poder Público.
O Ensino Superior no Brasil tem uma história de quase 100 anos, desde a criação da primeira instituição de ensino superior que se deu por iniciativa do Poder Público que foi denominada Universidade do Brasil. Este vício permanece até hoje impregnado no modelo educacional brasileiro que intervém severamente na criação de todos os tipos de estabelecimentos de ensino, superiores ou não, através da burocracia.
Para sermos mais objetivos é bom tomarmos como referência o fato de que um país como a Argentina possui uma população de quase 40 milhões de habitantes, dos quais 8 milhões estão matriculados em algum tipo de curso de graduação, percebemos então que 20% da população é composta de universitários.
Quando se fala no Brasil que possui uma população de quase 200 milhões de habitantes, dos quais apenas 6 milhões estão matriculados em algum tipo de curso superior, percebemos que somente 3% da população é composta de universitários.
Neste sentido é bom saber que muitos fatores contribuíram para fortalecer a grande disparidade numérica quando o assunto está relacionado às condições de acesso ao ensino superior no Brasil.
Poderíamos citar inicialmente sem grandes temores que um destes fatores está associado ao controle social, econômico e político do Brasil, desde os seus primórdios, quando o país foi usado apenas como fonte de produção de riquezas naturais incontáveis que sustentou a elite européia por séculos.
Da condição de colônia, passando pela monarquia até se transformar em república o Brasil até então tem tentado avançar nas propostas de oferta de ensino superior à população. O Poder Público tem esforçado neste aspecto, entretanto a procura tem sido maior que a demanda oferecida.
Vale salientar que atualmente no embate entre a oferta e a procura do ensino superior no Brasil, uma pequena parte da população tem sido beneficiada.
Esta realidade criou um fenômeno inusitado, pois as classes mais abastadas que concluíram a educação fundamental e média em escolas privadas, acabam estudando gratuitamente em instituições de ensino superior públicas.
Já a grande maioria da população que concluiu o ensino fundamental e médio em escolas públicas, acabam estudando em instituições de ensino superior privadas.
Simples de entender, difícil de aceitar. Mas o Poder Público, receoso em mudar tal realidade, tem criado mecanismos para contornar a situação, criando programas de bolsa e financiamento para as classes menos abastadas, objetivando apenas uma prorrogação da situação.
Alguns segmentos da sociedade são beneficiados, entre eles uma pequena parte da população que detém grande parte do poder econômico e político, a denominada Classe A, vem sendo atendida com tais serviços públicos ocupando quase todas as vagas nos chamados cursos nobres.
As demais categorias da pirâmide social, tem se contentado com o que sobra, pois alguns indivíduos da denominada Classe B, tem feito esforços extraordinárias para atingir os mesmos objetivos, buscando este tipo de serviço no setor privado, onde se submetem a privações de toda natureza para conquistar um título de graduação.
Para entender melhor, o Ensino Superior no Brasil se organiza através da oferta de Cursos Tecnológicos, Cursos de Graduação e Cursos de Pós-Graduação, cada um deles tem suas peculiaridades.
A oferta destes cursos são orientadas por uma série de fatores de natureza ideológica que ofertam em demasia cursos populares e restringem os cursos de maior evidência.
Não é a toa que o Brasil enfrenta uma série de crises nos setores de saúde e justiça. O maior problema no sistema de saúde está na dificuldade de acesso aos médicos.
Da mesma forma o maior problema no sistema de justiça está na dificuldade de acesso aos advogados e isto se aplica a outros segmentos.
Se ocorresse um estudo mais aprofundado e sério o Poder Público seria forçado a criar imediatamente instituições voltados para a formação de profissionais na área de educação, saúde, justiça e construção civil, sem desconsiderar é claro outros tipos de formação superior, para que o Brasil seja considerado de fato um País desenvolvido.
O Poder Público não pode estar refém deste tipo de intervenção ou pressão, posto que é preciso estabelecer um equilíbrio entre oferta e procura.
Se o serviço público não tem condições de atender todas as demandas é preciso flexibilizar e democratizar o acesso através do apoio às iniciativas da sociedade.
Um dos grandes problemas da Educação Superior no Brasil está no acesso. Existem muitas instituições, entretanto a procura supera em demasia a oferta existente.
Ainda que se diga que existem universidades demais, ainda é pouco, conforme já foi dito apenas 3% da população tem acesso.
O Brasil se desejar uma aproximação dos percentuais alcançados pela Argentina terá criar uma escola superior em cada esquina.
O aumento da oferta gera concorrência e a concorrência por sua vez gera qualidade e baixo custo, sem falar na empregabilidade do setor.
Essa política alavancaria e fortaleceria o setor, pois somente as instituições que oferecerem as melhores propostas de ensino estariam aptas a sobreviver num mercado saudável e competititvo em busca do conhecimento.
Outro grande empecilho para impedir o acesso ao ensino superior é caracterizado pelo excesso de burocracia, estabelecidos pelos órgãos que regulamentam e fiscalizam o setor.
Tais exigências se aplicam para algumas instituições e outras não. Alguns pleitos ocorrem mediante intervenção econômica ou política da parte envolvida.
Na verdade é necessário afirmar que a burocracia é um instrumento legal capaz de barrar a entrada de intrusos num segmento com grande potencial mercadológico e de grande importância no processo de formação social, econômica e política da população.
No Brasil é possível criar um estabelecimento comercial, seja lá qual for a sua natureza em menos de 24 horas, embora alguns ponham em risco até mesmo a vida dos cidadãos. O interessado procura o poder público local, resolve as exigências burocráticas e o município, estado e união, ganham com a arrecadação de tributos.
Entretanto se o interesse for criar um estabelecimento de ensino, instituição altamente saudável para o engrandecimento do homem, o poder público reage de forma austera. As exigências vão variar de acordo com o grau de relacionamento da parte envolvida. Nesta situação se aplica o fraseado "para os amigos as benesses da lei e para os inimigos os rigores da lei".
Mas, nem tudo está acabado. Uma luz brilha no fim do túnel e ela se chama desburocratização do sistema educacional. É preciso alçar vôos mais altos neste segmento e deixar que as iniciativas, todas elas, populares ou de elite, se manifestem através da criação de diversas academias em todos os recantos do Brasil, pregando suas filosofias e seus saberes, exercendo a arte de pensar livremente, envolvendo a todos com o espírito da liberdade e da democracia.

JOSE STENIO NEVES GAMELEIRA
Educador

Autor: Jose Stenio Neves Gameleira


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