POMBAS NÃO LIGAM PARA BENS MATERIAIS
E então chegamos a esta gelada primeira semana do mês de agosto, mais especificamente a uma quinta-feira que amanheceu siberiana. Após um café fumegante e fundamental, tomo um banho escaldante e vou me vestir. E foi então que tive um surto de arrogância pequeno burguesa: vou usar meu fantástico casaco francês. As pessoas vão achar bonito e perguntar "Nossa! Que casaco bonito! Onde você comprou?" e Eu, soberbo, vou cravar: "Paris". E foi com esse casaco perfeito e este pensamento ridículo que parti para o trabalho.
Após o almoço, meu amigo Miller resolveu tomar um sorvetinho. Rejeitei a guloseima gelada num dia tão frio, mas sentei-me ao seu lado no banco da sorveteria, sob as árvores peladas, para fazer companhia e curtir um solzinho gostoso. Enquanto discutíamos bolsas, projetos, artigos científicos e o namoro de Rodrigo Santoro com J-Lo, recebi uma lição de humildade bíblica. Uma pomba muito precisa conseguiu, a uns seis metros de altura, acertar um jato de bosta em meu ombro. Fugi para o banheiro sob uma salva de gargalhadas, para salvar meu casaco e minha dignidade. Em frente ao espelho, esfregando papel higiênico molhado sobre o local atingido, filosofei. Pombas não ligam para bens materiais. Talvez seja por isso que em toda imagem de São Francisco de Assis, o mais humilde dos santos vem sempre acompanhado de dois ou três desses cagões voadores.
Autor: Rodrigo Cassio Sola Veneziani
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