O DESPERTAR DO GOSTO DE LER ATRAVÉS DE FORMAS INOVADORAS
Autora: Elisa Oliveira da Conceição
1. INTRODUÇÃO
Durante a vivência em sala de aula, pode-se notar o desinteresse dos alunos na hora de ler. A leitura é o meio mais importante para a aquisição e construção de conhecimento. Por meio dela, o aluno formula suas próprias opiniões, desenvolve o seu pensamento e a sua postura diante do mundo, contribuindo para a sua formação integral e exercício da sua cidadania. A ela atribui-se também a função de organizar as informações adquiridas ao longo dos anos através dos livros e outros meios de aquisição do saber para a consolidação do seu próprio pensar. Por isso, ele deve tê-la como um exercício indispensável na sua vida. Não ler um texto porque, obrigatoriamente, ele precisa, mas ler por prazer, por desejo de conhecer e de expandir seus conhecimentos a respeito do assunto que está contido ali.
Embora muitos alunos saibam da importância da leitura no cotidiano de cada um, observa-se um descontentamento por esta prática e ela não é vista como um objeto de agrado.
Alguns motivos devem ser explanados aqui como causas desse desestímulo pelo ato de ler. O primeiro diz respeito à família. Esta tem um papel muitíssimo importante no desenvolvimento do hábito da leitura em seus filhos, pois é a primeira fonte de motivação para o aluno neste ato. Muitos pais, por serem analfabetos, não incentivam seus filhos a ler. Outros, embora instruídos, poucos fazem para que esses desenvolvam esta prática. Os pais, que não mostram aos seus filhos a importância e o porquê da necessidade de ler em seu dia-a-dia, estão contribuindo para que o desestímulo pela leitura neles cresça assustadoramente. O segundo refere-se aos educadores. O professor que não é um leitor insaciável dos livros não despertará jamais em seus educandos o interesse pela leitura, afinal, esses o vêem como um ponto de referência, um modelo a ser seguido. O terceiro envolve a sociedade da qual o aluno faz parte. Ao seu redor, ele precisa encontrar pessoas que gostem de apreciar bons livros e notar que a leitura é uma atividade essencial não só para ele, mas também para todas elas. O quarto diz respeito aos materiais colocados a disposição dos alunos. É conveniente que, inicialmente, não sejam oferecidas a eles obras literárias de difícil compreensão. Em primeiro lugar, é necessário colocá-los em contato com aquilo que eles costumam e gostam de ler. Aos poucos, na adolescência, enquanto ampliam os seus conhecimentos lingüísticos e aprofundam a sua observação e reflexão sobre a língua, os alunos poderão reconhecer e valorizar os aspectos literários.
Os professores devem conseguir um diálogo emotivo, compreensivo e crítico com as obras literárias para que as leiam com proveito e gosto. Seria interessante que, desde cedo, todo aluno tivesse acesso aos livros, revistas, catálogos, jornais e outros meios que despertassem nele o amor pela prática da leitura, como visitar bibliotecas, livrarias, museus de livros. Sem a motivação, o ato de ler para o aluno será visto como um ato mecânico e superficial que impossibilita seu enriquecimento intelectual, o desencadeamento de ações para o exercício da sua cidadania e seu desenvolvimento como ser humano.
2. As atividades didáticas na leitura em sala de aula
Desde os primórdios da escola, a leitura exerce um papel fundamental e incontestável na vida do aluno. Ela funciona como o caminho mais eficaz para levar esse ao conhecimento, para formá-lo intelectualmente e desenvolver nele a análise crítica, consciente e reflexiva do meio ao qual ele está inserido, a partir da construção do seu próprio pensamento.
Porém, o que se observa, há muito tempo, é um desvio na função da leitura. Ela deixou de ser uma atividade prazerosa, de satisfação pessoal e de grande estímulo e motivação para que o aluno goste da escola e de estudar. Hoje, ela só é trabalhada com o intuito de preparar o indivíduo para os exames vestibulares, concursos públicos e para redações de documentos, quando ele precisar fazê-la em seu trabalho. Por isso, vêem-se as dificuldades e a desmotivação que o aluno demonstra ao iniciar uma leitura.
Visto que o ato de ler tratado dessa maneira pelas escolas não tem contribuído muito para uma formação eficaz de seus alunos (embora possuam conhecimentos técnicos, eles não são bons leitores e, consequentemente, bons escritores e argumentadores de idéias), elas estão mudando a sua metodologia para trabalhar a leitura de forma satisfatória e eficiente na condução do aluno ao enriquecimento cultural e intelectual e, na descoberta de mundo, de acordo com a sua imaginação e experiência individual.
Um dos frutos dessa mudança e que vem dando muito certo em algumas realidades é o Projeto de Leitura. Tanto a escola quanto o professor precisa trabalhar para o bom desenvolvimento deste. Comênio, em seu livro "Didática Magna", dizia que a educação já estava saturada de métodos rígidos e conversadores de ensino e que era necessário romper com este trabalho para que o sistema educacional fosse renovado. O melhor caminho, afirmava ele, era a aplicação de uma nova metodologia pedagógica, onde estão juntos o ensino e a diversão, pois só assim os alunos assimilavam os conteúdos rapidamente, concomitantemente às brincadeiras. A escola que possui um bom Projeto de Leitura tem em suas mãos as armas necessárias para formar um bom leitor e, conseqüentemente, um bom cidadão.
Assim, através deste artigo iremos propor algumas atividades que o professor pode aplicar em seu Projeto de Leitura para mudar a visão que o aluno tem a respeito da leitura: de um ato chato e cansativo a algo gostoso de fazer dentro e fora da escola:
2.1 A poesia
"Trata-se da poesia não infantil, mas daquela que valoriza a construção e a apreensão do real mediante a utilização artística da linguagem, despertando tanto os sentidos e as emoções da criança; Trata-se da poesia que apela à imaginação.
É importante que o professor faça a aproximação da criança com o texto poético, trabalhando poesias que exploram basicamente a repetição de versos, as aliterações, as sonoridades, envolvendo a criança no jogo que estabelece com a própria linguagem. Há poesias que, trabalhando com a construção do real, se apóiam no jogo verbal de imagens, estimulando a imaginação e criatividade da criança. "Outra possibilidade de poesia diz respeito àquelas que oferecem à sensibilização da criança com a poesia aliada á música ou inserida em espetáculos musicais." (Piletti, 2000, 23-26)
2.2 A Literatura Infantil
A literatura infantil contribui para o crescimento emocional, cognitivo e para a identificação pessoal da criança, propiciando ao aluno, a percepção de diferentes resoluções de problemas, despertando a criatividade, a autonomia e a criticidade, que são elementos necessários na formação da criança de nossa sociedade atual.
As situações de interação, contato e manuseio de diferentes materiais escritos são importantes para a aprendizagem da leitura e da escrita. Mas, será ainda mais enriquecedor se este manuseio e contato for com histórias de literatura infantil, pois os desenhos maravilhosos e os enredos instigantes que se encontram explícitos nos livros são como uma chamada, um convite que fascina a criança, proporcionando-lhe imenso prazer e interesse
2.3 O Brinquedo e a brincadeira
O brinquedo e a brincadeira traduzem o mundo para a realidade infantil. Brincando a criança suaviza o impacto provocado pelo tamanho e pela força dos adultos e do mundo que ainda desconhece diminuindo, assim, seu sentimento de impotência e entendendo a realidade que a rodeia. Brincando, sua inteligência, sensibilidade, habilidades, a motricidade, a mente e a criatividade estão sendo desenvolvidas, além de aprender a socializar-se com outras crianças e com os adultos.
2.4 O Teatro
O teatro é um recurso didático excelente que pode ser trabalhado na sala de aula para despertar no aluno o interesse pela leitura, bem como, pode ajudá-lo no desenvolvimento da personalidade, por meio da expressão, sugestões e auto-realização do educando.
"O teatro com representação de pequenas peças, possivelmente escritas pelos próprios educandos" (Nérici, 1983: 223) ou compostas de fragmentos de alguma obra literária e montadas pelo professor; "as pantomimas, em que os personagens tentam expressar idéias e sentimentos mais por gestos, ações e expressões, do que palavras; o teatro de fantoches, em que os tipos de personalidades são caracterizados pelos diversos bonecos de cena, e o teatro de sombra, que é derivado do teatro de fantoches, com seus personagens e objetos recortados em papelão ? todos são eficazes veículos para incutir boas maneiras, idéias e ideais" (Nérici, 1983: 223), bem como despertar no aluno o hábito da leitura.
2.5 O Cinema
A partir da observação de filmes extraídos de romances, o professor pode iniciar uma discussão a respeito das semelhanças e diferenças entre cinema e literatura, acentuando os elos oferecidos pelo eixo da narrativa e os desafios enfrentados na busca de equivalências (ou não) no plano do estilo e na definição de um ponto de vista para a representação. A ênfase será dada ao rendimento pedagógico da comparação entre filme e livro em sala de aula ? de como o cinema pode ser um motivo de estímulo à boa leitura.
2.6 O Jornal
O professor pode utilizar as notícias contidas num jornal para criar dentro da sala de aula uma discussão sobre os acontecimentos que ocorreram fora do ambiente escolar. Isso pode ajudar o aluno não só a despertar o interesse pela leitura de jornais e revistas científicas (uma vez que ele vai querer participar deste debate para expor suas idéias) como também o seu senso crítico. Todos conversarão, trocarão as idéias a respeito daquele assunto, discutirão e assim, o pensamento reflexivo de cada um será desenvolvido. Está nas mãos do educador provocar, estimular a curiosidade do educando por esse meio de comunicação, para fazer relações com outros textos e utilizar as reportagens para a construção do saber.
2.7 A música
A comunicação verbal é por excelência a primeira na escala comunicativa humana. A maioria dos professores, sacerdotes etc. comunicam, ensina e transmite o saber através da linguagem verbal. Por este motivo, a música é considerada uma linguagem universal por meio da qual uma idéia é mais bem difundida na sociedade do que pela escrita no papel. Algumas gerações de monges orientais, por exemplo, continuaram pelos séculos entoando palavras que aprenderam cantando desde a mais tenra infância com seus mestres. Essa é a transmissão verbal-oral-cantada do conhecimento. O aluno que tem a oportunidade de fazer experiências musicais amplia a sua forma de expressão e de entendimento do mundo em que vive, dessa forma, possibilita o desenvolvimento do pensamento criativo, além de crescer do ponto de vista emocional, cognitivo e afetivo.
As letras e as melodias musicais expressam reações, sentimentos e pensamentos de quem as compõem, características de determinado período da história da sociedade. Por isso, elas podem e devem ser aproveitadas na sala de aula como um estímulo à leitura de poesias e outras obras literárias expressas na música apresentada aos alunos. Outro meio muito eficaz para levar o aluno a ler é despertar a sua curiosidade.
O professor pode omitir o desfecho de um livro que trabalhado na sala de aula e informar à turma que o fim será contado na próxima aula. Isso mexerá com a sua imaginação e criará dentro dele a vontade de saber o que aconteceu depois do momento em que o professor parou. Consequentemente, levá-lo-á a recorrer ao livro para saciar a sua impaciência para descobrir o que o educador só irá revelar depois. Fazer perguntas e propor desafios aos alunos após uma leitura também pode levá-los aos livros, afinal, eles gostam de vencer uma disputa.
3. CONCLUSÃO
Assim, através deste podemos "definir" que o educador deve ter como objetivo principal verificar como as atividades didáticas podem ser trabalhadas na sala de aula para despertar no aluno o gosto pela leitura. E além desses aspectos detectar as dificuldades do aluno na hora de ler; Observar as causas que desmotivam o aluno a ler; Pesquisar algumas atividades didáticas que podem ajudar o professor nos trabalhos de leitura, desenvolvidos na sala de aula; Observar como essas atividades contribuem para desenvolver no aluno o hábito e o gosto pela leitura.
REFERÊNCIAS
Piletti, Claudino. Leitura. In:_____. Didática Especial. São Paulo. Editora Ática. 2000. p. 17 ? 37.
Nérici, Imídeo G. Material Didático. In: ______. Didática Geral: Dinâmica. São Paulo. Editora Atlas. 1983. p. 204-249.
Autor: Elisa Oliveira Da Conceição
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