Socorro! O SUS está na UTI!



Socorro! O SUS está na UTI!

A nossa Constituição é clara ao estabelecer que todos os cidadãos brasileiros têm direito à saúde. Essa saúde deve ser garantida pelo Estado desde os atos mais simples, como uma marcação de consulta em postos de saúde, até atos mais complexos, como uma cirurgia de alto risco. Mas, infelizmente não é essa a realidade vivida em nosso país.
As denúncias contra o Sistema Único de Saúde não param. Quando não são casos de corrupção e desvio de verba, nos deparamos com falta de medicamentos, leitos hospitalares, condições precárias dos prédios onde funcionam os hospitais, negligência médica, quadro de médicos insuficiente para a demanda de pacientes e, como se não bastasse isso, muitos dos próprios profissionais da saúde se dão ao luxo de aparecerem para trabalhar de acordo com a vontade própria.
Quando uma pessoa enferma sai de sua casa com o intuito de ser atendida por um médico, logo de cara ela se depara com o primeiro obstáculo: acordar de madrugada para enfrentar fila no posto por uma das poucas fichas que são distribuídas.
Vencida essa batalha dos postos de saúde, os pacientes partem para o atendimento no consultório. Aquilo que deveria ser uma consulta médica de qualidade e suficiente para evitar que esses pacientes se dirijam aos hospitais acaba sendo não mais que uma consulta para pegar encaminhamento. Por que os médicos de postos de saúde se dariam ao duro trabalho de diagnosticar se eles podem mandar os enfermos para especialistas e voltarem correndo para seus consultórios particulares?
Vamos partir de uma idéia básica. Os médicos que trabalham para o governo são, em sua maioria, concursados e lotados para trabalharem naquele local. Alguém pode explicar que raios eles ficam fazendo o dia inteiro? Afinal, eles aparecem muito pouco nos postos de saúde e, quando aparecem, atendem no máximo vinte pacientes. Ah! Deve ser por causa do consultório particular deles...
Partindo para outra análise chegamos aos atendimentos de emergência dos hospitais. Lá o paciente enfrenta mais uma enorme fila e aquele atendimento de que deveria honrar o nome e ser de urgência acaba levando horas para acontecer. Na realidade, muitos dos pacientes que ali se encontram poderiam ter seus problemas resolvidos nas unidas de saúde de seu bairro.
Obviamente não podemos esquecer que, por vezes, a má administração, a corrupção e o desvio de verbas estão por trás dessas situações de abandono e descaso. Por outro lado, não olvidemos que vivemos em um dito Estado Democrático de Direito. Se o diretor de um hospital não sabe administrá-lo, que seja eleito um novo diretor. Se um funcionário público é comprovadamente corrupto, que seja exonerado sem direito a nada. Se governantes sabem da situação precária da saúde pública e não fazem nada para reverter a situação, que seus governos sejam derrubados e se convoquem novas eleições.
Vale também um pouco mais de vigilância em relação aos médicos que prestam serviços ao Estado, sejam eles concursados ou contratados. Não é de hoje que falsos médicos estão espalhados por aí receitando, examinando e até mesmo realizando cirurgias importantíssimas.
A questão é que cada vez mais os brasileiros correm atrás de melhores condições no atendimento de saúde oferecido. Aliás, deveriam fazer uma "Maratona do SUS" anualmente, onde o paciente que conseguir cruzar a linha de chegada leva para casa o grandioso prêmio: uma cartela de Paracetamol; vai que o coitadinho está com dengue...
O Sistema Único de Saúde permanece na "UTI" e somos obrigados a conviver com o descaso daqueles que elegemos como nossos representantes, somos forçados a assistir os noticiários dizendo que mais vítimas de erro médico se fazem Brasil afora e, como se não fosse suficiente, ainda temos que aturar a falta de vontade daqueles que se dizem comprometidos em salvar vidas. Enquanto esse quadro "clínico" não se reverte, alguém aceita um Paracetamol?


Autor: Ariel Cunha


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