Relação das dificuldades de aprendizagem e os vinculos familiares das crianças institucionalzadas.



A RELAÇÃO ENTRE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E OS VÍNCULOS FAMILIARES EM CRIANÇAS INTITUCIONALIZADAS ELIZETE CASSOLA RESUMO Este trabalho trata da relação dos problemas de aprendizagem com os vínculos afetivos familiares de crianças abrigadas. As dificuldades de aprendizagem se dão por vários fatores e esse trabalho visa tratá-las pelo viés dos vínculos afetivos saudáveis ou pela sua falta. As crianças que vivem em abrigos trazem na sua trajetória de vida um percurso de privações, rupturas e defasagem na vida escolar. O abrigo conta com uma rede de apoio que se entende o abrigamento como medida de proteção, pode proporcionar novos estímulos para que a criança possa resignificar suas experiências. Foi analisado um estudo de caso de uma adolescente tem ao longo da sua trajetória no abrigo uma história de superação e perspectivas de evolução. Ficam evidenciados com esta pesquisa os transtornos que a criança sem vínculo seguro sofre e suas conseqüências na vida escola, social e pessoal. Dado a complexidade do tema e suas variáveis se faz necessário que o estudo das relações vinculares e educação requerem mais aprofundamento. Palavras-chave: vínculo; família; crianças abrigadas; aprendizagem. INTRODUÇÃO As crianças dependem de vínculos afetivos e ambiente seguro para terem suas necessidades básicas desenvolvidas. No entanto, as condições socioeconômicas e psicossociais de muitas famílias não garantem que sejam capazes de oferecer a seus filhos o que eles necessitam para viver satisfatoriamente e se desenvolverem. As crianças institucionalizadas chegam ao abrigo por diversas razões, mas todas invariavelmente estão sofrendo algum tipo de risco. Podem ter sido vítimas de abuso sexual, violência doméstica, negligência, situação de miserabilidade e tiveram de alguma forma seus direitos violados. Elas são retiradas de sua família, que independente da condição, é sua única referência de lar. Esta ruptura da criança com o vínculo familiar pode ser parcial ou total, dependendo do entendimento e julgamento da Vara da Infância sobre cada caso. Essa criança é transportada a um novo espaço de convivência, e passará a residir no Abrigo, onde terá uma nova vida. Terá de enfrentar uma grande mudança e sofrer adaptações pessoais, sociais, emocionais e intelectuais. As conseqüências dessas mudanças se manifestam de diversas formas, e a escola é um dos cenários onde isso aparece com freqüência. As dificuldades de aprendizagem apresentam uma gama de causas, e quando se descarta as advindas de comprometimentos neurológicos, prescinde ?se que se investiguem outros fatores de caráter emocional e relacional. É certo que essas crianças por proverem de lares desestruturados já apresentem alterações de comportamentos, oscilações de humor, e muitas vezes o aspecto cognitivo comprometido em algum nível. Investigar como esses processos se interligam e podem ocasionar, na maior parte dos casos, dificuldades de aprendizagem, é fundamental, pois isso nos possibilita uma reflexão no sentido de buscar melhores estratégias de acolhida e suporte na direção da superação gradativa dos obstáculos na aquisição do conhecimento e de uma vida melhor. A opção em se fazer um estudo de caso se deu por ele permitir um aprofundamento qualitativo, onde se pode observar a importância do vinculo e seus desdobramentos na vida da criança. Desenvolvimento As dificuldades de aprendizagem contemplam aspectos multifatoriais e exigem uma ampla pesquisa em diversos campos do conhecimento. O que varia em cada caso é a origem dessa dificuldade de aprendizado. "Assim temos dificuldade de aprendizagem de origem orgânica, de origem intelectual e/ou cognitiva, de origem emocional (incluindo a familiar/relacional)". (POLITY, 2001,p.18). Dentro do amplo espectro que engloba essas dificuldades, este trabalho busca investigar o universo que envolve a criança proveniente de lares desestruturados e que foram abrigadas por estarem em situação de risco. Para isso buscamos entender qual a importância da família e do vínculo que se estabelece entre seus componentes. Constituir uma família faz parte do nosso imaginário. Como nos explica Costa (2004, p.216), a partir do sec. XIX os casamentos deixaram de ter como condição as razões econômicas, os interesses sociais e passaram a ver no amor sua premissa básica para acontecer. "O ponto culminante da união conjugal era o amor. Mas ao contrário do amor romântico, o amor higiênico era pragmático. Reclamava seus vínculos com a sexualidade e procriação". (COSTA 2004) p. 231. A partir daí, a família passa a ser concebida sob novos paradigmas. E os filhos passam a ser o centro deste núcleo familiar. Somos herdeiros da história e da cultura que vivemos. Vemos na nossa sociedade que mulheres que não se casaram, são vistas como alguém que falhou no seu projeto de vida. Nos últimos anos, em algumas famílias essa cobrança social tem diminuído pelo fato delas terem conquistado a sua independência financeira. Essas mulheres atuam no mercado de trabalho abrindo espaço político, intelectual e pessoal e muitas vezes sendo arrimo de família. Mesmo assim podem em algum momento lamentarem não terem tido a oportunidade do casamento e da maternidade. É nesse ideal de amor que homens e mulheres atualmente se casam independente da condição socioeconômica. As famílias ora chamadas de desestruturadas um dia sonharam em reproduzir este modelo de amor. Casam e querem filhos. Sendo assim uma criança nasce muito antes do dia do seu parto. Ela foi pré-concebida na mente dos seus futuros pais, em meio ainda às juras de amor do período do namoro ou noivado. Se for menino poderá torcer pelo mesmo time de futebol do pai, se for menina deverá ser bonita e terá os olhos da mãe. Esse filho será orientado a seguir o mesmo caminho profissional dos pais caso esses tenham obtido êxito na sua profissão. Por outro lado se esse pai for traficante de drogas, essa condição poderá não ser oficialmente desejada para o filho, mas estará servindo de modelo da mesma forma. E aqui não nos cabe nenhum julgamento de valor. Desta forma, os pequeninos seres vão sendo constituídos. Winnicott, (1989, p.19) chama de ambiente facilitador este clima de amor e proteção criado pela mãe e profundamente vivenciados por ambos, resultando numa integração plena. Corroborando com esta idéia (Pereira, 2006 apud SANTOS, 2011, p.3) considera que a família é um espaço privilegiado para o desenvolvimento e construção dos primeiros laços afetivos, assim como a base para vínculos futuros. Neste sentido (Bowlby, 1982, apud MOTTA; ALMEIDA, 2004, p.16) corrobora de que "existe uma forte relação entre as experiências afetivas de um individuo com seus pais e o modo como se estabelecem vínculos afetivos posteriormente". Segundo Cerveny (1977, p.33) "seria possível afirmar categoricamente que toda família transmite o seu modelo, mesmo aquelas que cuidam para não fazer". Assim, no discurso das mães de crianças abrigadas aparece a vontade de que seu filho tenha uma "sorte" diferente da dela, no entanto, segundo (Bion, 1994 apud Polity, 2001, p.41) "toda criança precisa ter o consentimento dos pais, ainda que inconsciente, para crescer. O grupo familiar exerce um controle mútuo para impedir que qualquer membro faça contribuições diferentes ditadas pelas regras da família". A psicologia e a psicanálise têm trazido valiosas contribuições e Winnicott entre outros é um dos autores escolhidos para tratar deste tema. Ele desenvolveu uma teoria embasada na importância do vínculo entre mãe e filho. Muito antes do nascimento o bebê se torna bebê antes de ser e a mãe também se torna mãe antes de ser. Na gestação seu comportamento começa gradualmente a se transformar, como nos explica Winnicott (1988, p. 4), culminando com uma profunda "transformação", fruto inconsciente de suas lembranças infantis. Se esta mãe teoricamente tiver sido bem cuidada enquanto bebê, de modo adequado e satisfatório, o processo agora como mãe "dedicada" terá êxito. No atendimento a família das crianças institucionalizadas percebe-se ser recorrente um repertório carregado de traumas por abandonos, vícios e violência. A privação cultural aparece sempre como conseqüência desse contexto. Podemos perceber com freqüência que algumas crianças em abrigos resistem a aceitar um novo padrão de vida por ainda estarem arraigadas ao seu modelo familiar. Cerveny (1997, p.50) também contempla a idéia de que "as gerações anteriores oferecem modelos de padrões subseqüentes, não só em nível da fusão/diferenciação e triangulação, mas também por meio da comunicação, dos mitos, das regras, da hierarquia, das seqüências, da afetividade". Não só serão transmitidos as crianças os valores morais, crenças e princípios como também a dinâmica que envolve a aquisição do saber. Qual é a importância que a família dá ao desenvolvimento intelectual e qual é o papel que o conhecimento tem dentro desse contexto familiar? Estas são indagações necessárias para entender a dinâmica não só da família como também da criança em torno dos problemas de aprendizagem, como explica a autora: (...) podemos observar uma particular "modalidade de aprendizagem", quer dizer, uma maneira pessoal para aproximar-se do conhecimento e para conformar seu saber. Tal modalidade de aprendizagem constrói-se desde o nascimento, e através dela nos deparamos com a angústia inerente ao conhecer-desconhecer. (FERNANDES, 1991, p. 107). As crianças abrigadas têm na sua maioria famílias com baixo grau de escolaridade, portanto, tiveram muito pouco contato com informações através de livros, jornais, quase nenhum acesso à arte, cultura, o que pode constituir um fator importante dentro do quadro da dificuldade de aprendizagem da criança. Muitas dessas crianças sequer freqüentavam escolas antes do abrigamento. Depois que foram recolhidas de suas famílias e passaram a ser tuteladas pelo estado é que começaram a freqüentar a escola. Além desta condição familiar enfrentam também o preconceito da própria escola, conforme nos diz Polity (2001, p.33). "[...] em famílias com baixo grau de escolaridade é muitas vezes a escola, que espera que a criança não seja bem sucedida." Naturalmente, essa baixa expectativa da escola pode criar um ambiente desfavorável e desmotivador para esta criança que aprende. Outro aspecto importante é que às vezes as famílias mantêm um segredo, ou seja, algumas informações que são vinculadas dentro do grupo familiar devem ser ocultadas. Segundo Fernandes (1991, p.101) "o sujeito que deve guardar este segredo pode construir um problema de aprendizagem". Passa a criança então a ter dificuldades de manejar as informações, uma vez que a angustia e ansiedade de querer sepultar o segredo, em geral faz com que todo potencial do desejo de aprender fique culpabilizado. Não raro ouvir das crianças abrigadas relatos de cenas trágicas, como crimes, suicídios, espancamentos, abusos, etc. Fatos esses que foram vistos em tenra idade e que ainda permanecem vivos na memória. O segredo acaba por ocupar um lugar que pode afetar as relações necessárias à aquisição de conhecimento. Segundo Winnicott (1975, p.154) o rosto da mãe funciona não como um espelho, mas sim como uma referência onde o bebê espera se ver. Ao olhar para o rosto da mãe, há uma percepção de si mesmo. Ou não. Podemos nos perguntar se essas mães que abandonam ou que maltratam seus filhos um dia conseguiram se ver no rosto de suas próprias mães. No histórico das famílias de crianças abrigadas na FEBEM, segundo (Guirado, 1980 apud MOTTA; ALMEIDA, 2004, p. 24) as mães aparecem como o primeiro e mais importante fator da internação dos filhos. Nesse caso, 78% dos 298 internos da FEBEM foram internados pelas mães. São elas que abdicam da função materna e entregam essa função ao poder público. A importância do papel e função da mãe (com o suporte do pai) tem uma abrangência social que vem ganhando reconhecimento com o tempo. Corrobora com esta idéia a própria criação em 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente no art. 19. Apregoa o direito da criança de ser criada e educada pela família ou família substituta, no entanto a contra partida do poder público com a implantação de políticas sociais ainda fica muito aquém da demanda real. Quando esta integração na família é falha ou inexistente, Winnicott (1988, p.09) nos relata, "trata-se de algo intolerável. É uma das ansiedades mais inconcebíveis e básicas da infância". No entanto, entre os motivos mais recorrentes de abrigamento constatou-se através do Levantamento Nacional feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (IPEA) e promovido pela Subsecretaria de promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) que a pobreza atinge 24% da população abrigada, abandono 18,9 %, violência doméstica 11%. De acordo com Oliveira (2006, p. 40) das 589 instituições existentes no Brasil, a região sudeste se destaca no panorama nacional de abrigamento pelo maior número de abrigos (49%), sendo que cerca de 200 estão situados em São Paulo (34% do total), 58 no Rio Grande do Sul (9,8%), 45 no Rio de Janeiro (7,6%) e 41 no Paraná (7%). A sociedade é feita de indivíduos, portanto, a importância da mãe, como figura determinante na efetiva formação deste indivíduo que precisa arregimentar recursos para viver em sociedade é fundamental e inquestionável. Neste espaço/família/mãe é que teoricamente se tece com os primeiros fios a teia de segurança e bem estar da criança. Segundo Pereira (2006) é aqui que se estabelece o primeiro sentido de pertinência. Tão importante como seu nascimento, que materializa como ser biológico, é o processo de socialização, que a identifica como ser sociocultural [...]. Sabem quem é, qual sua origem, quem são seus pais, sua família, identifica a criança como pessoa, como ser que pertence a um universo social próprio (PEREIRA, 2006, p.30 e 31). Desta forma a autora deixa clara a importância de manter os vínculos familiares, principalmente nos casos de abrigamento. A maioria das crianças abrigadas não teve esse percurso trilhado. Foram vítimas de negligências e maus tratos, portanto o abrigo surge como medida de proteção salutar e indispensável, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu artigo 101, VII. É sabido por quem convive com as crianças dentro de abrigos que essa medida não é a solução mais apropriada, sendo-o um local temporário até que se encontre uma família substituta ou se restitua a família de origem. E que segundo Benedito (2004, p.10) [...] transformar essa medida de proteção no melhor instrumento para a colocação da criança e do adolescente no lugar a que se tem direito. A família. Sem dúvida, o seu melhor abrigo. Acreditamos que o abrigo deva manter diálogo com a comunidade para que se entenda que a longa permanência dentro do abrigo não é salutar para o desenvolvimento da criança. Sempre entendi, e continuo pensando assim, que o abrigo por melhor que esteja estruturado, não preenche as necessidades afetivas, emocionais e sociais da pessoa em formação. O trabalho dos responsáveis por estas instituições, que são necessárias deve estar voltado para o retorno da criança e do adolescente para sua família ou para colocação em família substitutiva, pela adoção. (BENEDITO, 2004, p.12). Sabemos que uma grande parcela de crianças no país não recebe os cuidados básicos na sua tenra infância e continuam a não receber quando mais velhas, até que haja uma intervenção publica. É estimado pelo Levantamento Nacional de Abrigos para Crianças e Adolescentes, realizados pelo IPEA em 2004, que há cerca de 80.000 crianças institucionalizadas no Brasil. Essas crianças e adolescentes se desenvolveram carregando toda sorte de feridas psíquicas e muitas vezes físicas, chegando a um estado crítico de negligência que assim o Estado assume a responsabilidade da garantia dos seus direitos. O artigo 101, VII, do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a colocação da criança e do adolescente em abrigo como medida de proteção. Se é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar a integridade da criança e do adolescente (ECA, art.4º) Título I- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES) a pergunta que nos inquieta é se de fato todas as famílias têm condições de assumir quer do ponto de vista sócio econômico, quer psicológico e moral a criação e educação de seus filhos. Não podemos simplesmente julgar essas famílias desestruturadas, segundo o autor Llonguertas (2004, p.28) onde há uma criança ou adolescente abandonado há também uma família e uma comunidade abandonada. Percebemos no contato com essas famílias que os recursos, quer internos do quê? completar, quer externos são precários. Muitas vezes ao chegarem para a visita de seus filhos abrigados, não conseguem se aproximar e ficam olhando para o relógio num dilema, que envolve a culpa e a obrigação de ali estarem. Esse conflito também é observável nas crianças que esperam ansiosamente a chegada dos progenitores que quando chegam, o silêncio e certo constrangimento os acometem como se estivessem diante de estranhos. Esse desconforto que cercam os momentos de visitas, segundo Winnicott (1999, p.11) é explicado pelo estado depressivo que comumente o abrigamento e o estado de privação causam. E este estado emocional da criança dificulta a ela manter viva a idéia daqueles a quem amam. Ela fica como que desconectada. Por isso que a idéia de abrigo foi muito combatida entre os que estudam direito da família, da infância e da juventude. A relação entre a comunidade e a instituição é muito distante. A família vai se distanciando numa acomodação gerando abandono. O abrigo é uma medida valiosa sim de proteção em diversas situações, no entanto há de se investigar profundamente as possibilidades latentes de retorno ou não no seio da família ou da família substituta. Evidentemente que crianças com históricos de maltratos e negligência, geralmente apresentam relações iniciais caracterizadas por diversos conflitos. Apresentam dificuldade de aprendizagem na escola e de convivência social. Nesse momento a equipe de educadores do abrigo se constitui como elos que poderão resgatar confiabilidade possibilitando que o desenvolvimento dessas crianças aconteça. Consciente que estamos da vital importância do papel da família na constituição da criança podemos inferir que a ruptura com a mesma traz conseqüências em vários aspectos. Vínculos positivos ou negativos que foram deixados para traz serão geradores dos futuros vínculos que esta criança recém chegada no abrigo desenvolverá. É comum a criança ou adolescente se queixar da Instituição e pedir para ir embora. Quando conversado com eles sobre a necessidade de lá estarem por motivos reais e concretos como, por exemplo, lembrá-los que está no abrigo porque antes estava com sua mãe morando na rua, com frio e fome. Geralmente se mostram indiferentes, e respondem: "mas eu prefiro ficar lá com ela". Marcadas pelo sofrimento de uma infância de privação, onde a segurança e o afeto, praticamente inexistem, muitas vezes o abrigamento, como previsto no ECA art. 101/VII., vem para trazer alívio e esperança para aquele que já teve todos seus direitos violados. A criança na maioria das vezes não consegue fazer essa leitura e apesar de ter sua vida mudada para melhor pede para voltar para casa. A vida no abrigo obriga ao recém chegado, uma adaptação profunda de hábitos, pois a dinâmica agora será muito mais coletiva do que individualizada. E essa criança passará a lidar com outra realidade. O abrigo possui regras próprias a fim de manter a convivência mais agradável e organizada possível. Nem sempre há habilidade dos educadores para fazer com que essa criança obedeça por compreender que as regras são necessárias para o bom funcionamento do ambiente e das normas de convivência, e sim obedecem por imposição e autoritarismo. A angústia sentida pela criança pela ruptura familiar, ainda que essa família fosse negligente aparece na maioria das crianças, assim como uma série de características que fazem parte de um quadro comum dentro do abrigo. Desmotivação, agressividade, isolamento, instabilidade emocional, dificuldades de aprendizagem, entre outras. Há um grande contingente de crianças dentro do abrigo que vivem a angústia de não conseguir aprender de forma satisfatória e com isso engrossar os índices de fracasso escolar. O fracasso escolar é entendido por Fernandes (1991, p.81) como advindo de duas vertentes. A primeira fala de causas externas a estrutura familiar e outra a causas internas à estrutura familiar. Há também a dificuldade de aprendizagem reativa que se relaciona com a necessidade de planos de prevenção nas escolas, para que o espaço do desejo de aprender seja garantido. A abordagem mantida por algumas escolas, onde o que se vê é o conteúdo e não o aluno, a nota e não o desenvolvimento gera desmotivação contínua. E como num ciclo vicioso, o desinteresse vai evoluindo de tal forma que traz problemas de aprendizagem, mas não afeta sua capacidade de aprender. Por isso quando levados a trabalho de apoio pedagógico não respondem positivamente, pois o que querem mostrar com sua dificuldade é uma reação à Instituição escolar, aos professores, aos métodos, enfim, algo que de alguma forma é resolvido com mudanças de metodologias, mudança de escola, etc. Já os problemas relacionados à estrutura individual e familiar da criança configuram-se em sintoma ou inibição conforme explica Fernandes neste caso Vai ser requerida uma intervenção psicopedagógica especializada: grupo de tratamento psicopedagógico à criança, grupo de orientação paralelo de mães, tratamento individual pedagógico, oficina de trabalho, recreação e expressão com objetivos terapêuticos, etc. (FERNANDES 1991, p.82). Neste caso, do sintoma, observamos que a criança fica afetada integralmente. Seu comportamento altera-se na medida em que começa a sofrer as retaliações do ambiente, quer dos professores, da família, dos colegas, da instituição. No caso do abrigamento que cobra o seu rendimento por achar que está fazendo de tudo para que aquela criança ou adolescente apresente bons resultados, desconhecendo que as razões pelo fracasso escolar são inconscientes. A criança então fica estigmatizada, sofre. Sua auto- estima fica rebaixada e geralmente é criticada por qualquer recusa em ir a escola ou a fazer seus deveres. O olhar individualizado poderia neste momento fazer uma avaliação diferente, no entanto, no abrigo isso não é possível, devido à própria dinâmica do seu funcionamento cotidiano. A dificuldade na aprendizagem acaba por ser constituir em mais um fator de exclusão. A questão da inclusão/exclusão das crianças institucionalizadas é bastante delicada. A princípio a medida de proteção deveria proteger, mas na prática a vida dentro da Instituição corre o risco de embotar ou subestimar a capacidade de pensar, criar, expressar, se relacionar da criança, ou seja, pode não favorecer o desenvolvimento da autonomia. Sua vida e suas necessidades se limitam as fronteiras do abrigo. Nesse sentido a escola poderia ser um fator importante de inclusão, pois é um espaço privilegiado de trocas, desafios e construção de novos vínculos. No entanto a dificuldades de aprendizagens acabam por se configurar em mais um fator de exclusão. Um dos fatores relacionados à satisfação de vida é a rede de apoio social, que se caracteriza como um "conjunto de sistemas e pessoas significativas que compõe os elos de relacionamentos recebidos e percebidos do indivíduo" (SIQUEIRA;DELL AGLIO, 2010, p. 408). Fica então o abrigo como núcleo responsável também em promover através dessas novas redes um dispositivo capaz de proporcionar bem estar e equilíbrio para construção de novos vínculos. A participação efetiva em cursos, a liberdade para transitar em locais próximos, a freqüentar a comunidade de forma natural e segura, vai aos poucos transmitindo um sentido de familiaridade e pertença que a vida no abrigo dificulta. Método Apresentaremos um estudo de caso com o intuito de conhecer a história de uma adolescente abrigada com dificuldades de aprendizagem. O objetivo em conhecer sua trajetória de vida e das conseqüências que uma família desestruturada pode causar ao desenvolvimento da criança, assim como seu percurso dentro do abrigo, a fim de compreender e promover condições de superação com a instalação de novos vínculos e ambiente seguro. Foi realizada a leitura do prontuário do Serviço Social da Instituição, os registros do Grupo de Apoio Pedagógico, e os relatórios do atendimento psicoterápico, com a finalidade de coletar mais informações acerca do acolhimento institucional de M.R. em um abrigo na cidade de São Paulo. M. 17 ANOS, nasceu em 03/06/1994. Seu pai, N.F. tem 42 anos e sua mãe, A.R.A., 38 anos. Tem mais cinco irmãos M¹. 19 anos; E. 15 anos; E¹. 14 anos; E².13 anos; e E³. 09 anos. E¹, E², E³ foram encaminhados para adoção em 2007 e as três irmãs mais velhas permaneceram abrigadas. A mãe e o pai de M. apresentam comprometimento psiquiátrico de acordo com dados do prontuário, mas estes não foram especificados. Em entrevista a mãe relata que os filhos presenciaram muitas brigas e agressões físicas no ambiente familiar, sendo este seu padrão de relacionamento conjugal. A família é de baixa renda e nenhum dos dois tem trabalho fixo. O pai cuja saúde mental está sendo investigada mostra-se um homem violento e calado. Ausenta-se esporadicamente de casa sem dar explicações. A mãe apresenta um quadro atual de depressão. M. e suas irmãs foram abrigadas em 01/10/2003, por denúncia de maus tratos e seu pai indiciado por atentado violento ao pudor e estupro consumado a M¹, a irmã mais velha. M. e a irmã mais nova não relatam história de abuso, M. apenas conta que via a irmã ser vitimizada e era ameaçada pelo pai caso contasse a alguém o que via, portanto, M. carregou este segredo por muito tempo, o que pode ter gerado uma agravante maior em torno do histórico de sua dificuldade de aprendizagem. M. conta através de um trabalho feito pelo abrigo, chamado "A História da minha vida" todo um percurso de privação e de maus tratos. Conta da surras e do medo que sentia refugiando- se na casa de parentes e vizinhos. Assim foi durante toda sua infância. O avô é visto por ela como uma pessoa boa e protetora, mas nada fez para intervir na situação. Ao chegar ao abrigo, a condição psicológica de M. era bastante peculiar. Tímida, amedrontada e reclusa. Passou por certo isolamento e com dificuldade de socialização. As marcas das crianças que foram institucionalizadas podem ser muito profundas e dolorosas, uma vez que são frutos de algum tipo de violência e toda sorte de privação. Segundo (Bowlby, 1982 apud MOTTA; ALMEIDA, 2004, p.15) essas marcas se juntam às que agora se darão por conta do luto que o abrigamento produz. Os vínculos formados anteriormente podem ter sido destrutivos ou pouco saudáveis, como no caso de M., mas são os que ela constituiu na sua história e que, portanto, bons ou maus, sofreram o choque do rompimento. A adaptação da criança ou adolescente no abrigo é sempre carregada pelo luto maior ou menor, dependendo do que a ruptura do vínculo ocasiona isto vai depender da qualidade que envolvia esse vínculo. O conhecimento sobre esses vínculos anteriores podem ajudar a entender o tipo de vínculo que M. fará no futuro. (Bowlby, 1992 apud MOTTA; ALMEIDA, 2004, p. 16). Esse conceito defende que esse enfoque pode ajudar aos educadores e profissionais da área a lidarem com as dificuldades que M. apresenta para socializar-se. Segundo estudos feitos por Bowlby (1988, p. 35) sobre os danos produzidos em crianças que sofreram privação materna foram apontados algumas características típicas: relacionamento superficial; nenhum sentimento verdadeiro- capacidade de se interessar pelas pessoas; inacessibilidade, exasperante para os que tentam ajudá-la; falsidades e evasivas, freqüentemente sem motivo; furtos; falta de concentração da escola. As dificuldades de M. abrangem um amplo espectro e atingem também a área escolar. Quando M. chegou ao abrigo não era alfabetizada, não conhecia cores, nem formas, tinha dificuldades para falar, pela timidez e também por uma disfunção na fala. Foi encaminhada a fonoaudióloga e começou o tratamento que se estende até hoje. Foi encaminhada também a psicoterapia. Relata a profissional que foi investido muito tempo na formação de vínculo, pois M. se mantinha calada durante as sessões. Através do lúdico, dos jogos e dramatizações percebia-se o quanto M. estava com seus sentimentos embotados. Com o passar do tempo, e estabelecido o vínculo de confiança com a psicoterapeuta, M. passa a relatar episódios de sua infância e por mais fragmentados que fossem já tinham uma representação e puderam ser trabalhados mais profundamente. Em dado momento do tratamento a psicóloga aponta o fato de que através das brincadeiras ela sempre representava algum personagem que era obrigado a ficar calado. Esses personagens que não podiam falar remete ao trauma vivido na ocasião em que via a irmã mais velha ser abusada e era ameaçada de morte pelo pai, caso falasse sobre o que via fazer. Esse trauma parece ter sido extremamente implacável na sua formação. Durante cinco anos foi acompanhada pelo GAP - Grupo de Apoio Pedagógico- dentro da própria instituição e fez progressos lentos e graduais. O trabalho girava em torno da alfabetização. Em 2007 entra na fase pré-silábica e com ajuda da psicopedagoga com quem estabeleceu um vinculo afetivo forte e seguro, continuava motivada a aprender. Em 2008 segundo a mesma profissional, M. está quase alfabética, mas tem vergonha de se expor, sua auto estima é prejudicada pelo fato de não conseguir ler e escrever, nem acompanhar o ritmo dos colegas de sala de aula. Na matemática as dificuldades não são menores e até hoje faz contagem até o número dezesseis, também não consegue ler os enunciados dos problemas e nem consegue efetuar sozinha as operações fundamentais. Foi atendida pela APAE para avaliação de comprometimento neurológico. Os exames nada atestaram. Em 2009, numa festa de final de ano, onde as crianças apresentavam um jogral, coube a ela o desafio de ler três linhas. A psicopedagoga conta emocionada ao lembrar-se da cena que ficou atrás de M. com as mãos nas suas costas, dizendo palavras de estímulos, como: "você é capaz, eu estou aqui, vá devagarzinho, eu estou aqui..." M. tremia muito, mas leu e todos aplaudiram emocionados. Hoje ela ainda não reconhece dinheiro, não consegue fazer troco, tem dificuldades para reter informação, não consegue fazer relações e associações lógicas, e seu rendimento está muito aquém da idade. Diante de tantas dificuldades de aprendizagem de conteúdo formal, a equipe multi disciplinar entende que M. deverá desenvolver outras habilidades e competências. Diante do interesse da adolescente em estética é proposto um curso de maquiagem e outro de designer de sobrancelha. Atualmente ela cursa os módulos finais, e não apresentou nenhuma falta. .O desenvolvimento de outras competências poderá proporcionar a M. capacitação e apropriação de saberes que apontem para um futuro pessoal e profissional que lhe dê satisfação. Ao contrário, na vida escolar, conforme mostra os boletins em anexo, o número de faltas é alto e suficiente para retê-la. Reclamam os educadores que ela se recusa a acordar para ir à escola e quando vai, passa mal, chora, o que a leva a um desgaste emocional muito grande. Ainda assim os educadores da casa todos os dias fazem um trabalho de estímulos positivos na intenção de motivá-la. O que não acontece. Obviamente a frustração de não conseguir acompanhar as aulas é doloroso e causa constrangimento diante dos colegas que percebem sua dificuldade e vez por outra fazem comentários jocosos. Mesmo assim dentro do sistema da educação continuada, M. chega a 7ª série portando analfabetismo funcional. O fato das irmãs permanecerem juntas no mesmo abrigo, foi muito importante para M. pois minimiza em parte a angústia, o medo e a frustração inicial, pois tudo a partir de agora, é novo. Há uma perda de espaços e relações, e um corte abrupto no seu modo de vida. Terá que se adaptar a um sem número de novos estímulos. A escola geralmente também mudará, já que não necessariamente as crianças abrigadas pertencem à sua comunidade de origem. Esta medida acertadamente prevista pelo ECA no art. 92º, item V - não desmembramento de grupos de irmãos; garante que pelo menos a criança pode contar com o apoio ainda que silencioso dos seus irmãos, que representa um sub sistema dentro da família gerando segurança e estabilidade emocional inegáveis. É natural o mais velho querer cuidar do mais novo, numa declarada ansiedade e apelo de proteção. A visão da autora (Pereira, 2006 apud SANTOS, 2011, p.32 ) que afirma que permanência de grupos de irmãos propicia benefícios positivos, a medida que mantém a unidade familiar e o sentimento de pertinência é algo visto com muita freqüência dentro dos abrigos. O sentimento de não estar sozinho, de manter consigo outro significativo Garante a sensação de união, fortalecendo os vínculos de fraternidade entre crianças e adolescentes que pelo processo de institucionalização tiveram seus laços rompidos com demais familiares. (PEREIRA, 2006, p. 109). É fato que quando a criança chega no abrigo, mal consegue falar, constrangida pela surpresa de que agora dividirá sua vida com pessoas estranhas, perdendo sua individualidade, pois tudo será coletivo. A começar do local onde dormirá suas coisas, seus pertences pessoais, vestuário, higiene, muitas vezes serão dividas no mesmo espaço da colega, ou seja, uma estranha. Colega essa que muitas vezes não demonstra nenhuma receptividade com a nova moradora, já que ela representa mais uma pessoa a ter com que se dividir tudo. A comida, o horário do banho, as cobertas, as roupas, enfim a vida será dividida. O tempo também será dividido com mais 20 pessoas em média, portanto, atenção, é um artigo de luxo. As regras passarão a fazer parte do seu cotidiano. No abrigo a maioria das famílias são monoparentais. Os filhos antes do abrigamento geralmente são mantidos pela mãe, com a ajuda da avó, geralmente a mãe da mãe, sem a ajuda do pai que na maioria das vezes é ausente ou está desaparecido desde o nascimento da criança. São famílias desestruturadas, quer pela condição socioeconômica, ou pela condição moral e psicossocial. Ainda assim todos um dia buscaram o ideal do imaginário, levados pelo sentimento de amor, mas que acabam se transformando em foco de violências, privações e sofrimentos que conseqüentemente atingem graus inaceitáveis pondo em risco a segurança e bem estar dos filhos. E agravando também a possibilidade de melhoria futura, uma vez que as habilidades de aprendizagem dessas crianças são diretamente afetadas pelas experiências vividas no lar. CONCLUSÃO Com a apresentação deste trabalho de pesquisa, é possível refletir e avaliar a importância da família, dos vínculos, e de seus desdobramentos em relação à aprendizagem. Para se evitar que o número de abrigamentos cresça no país é necessário a implantação de políticas publicas que atendam a demanda sócio-econômica das famílias que não possuem recursos para se manterem integras e capazes da criação e educação dos seus filhos, como, renda mínima, bolsa família e outros. Assim como políticas publicas que atendam e apóiem as famílias através de técnicos e profissionais da área da saúde mental, de programas de combate a dependência química, à privação cultural e social que cada família em particular apresenta. É preciso que uma vez abrigada à criança tenha seu direito à preservação aos vínculos familiares. Cabe ao abrigo estreitar suas relações com a comunidade e a família minimizando assim os efeitos do abrigamento. Os problemas relativos à aprendizagem, também são minimizados com a preservação dos vínculos saudáveis e afetivos que a criança mantinha antes do abrigamento e com os que foram construídos depois do abrigamento como visto no estudo de caso apresentado. O domínio da escrita e leitura é fundamental, pois propiciam a entrada na vida cidadã. Cidadania esta que inclui os mais variados tipos de aprendizagens. No entanto, o caráter assistencialista que alguns abrigos adotam inviabilizam o desenvolvimento da autonomia necessária para despertá-los de novas habilidades. Cabe aos cuidadores/educadores desenvolverem no sentido de permitir e propor as crianças e adolescentes o exercício do pensar, refletir, criticar e criar. Os educadores precisam estar conscientes da árdua tarefa que executam no sentido de acolher crianças e adolescentes que já chegam trazendo marcas emocionais profundas. Através de um trabalho de construção de bons vínculos afetivos baseados na confiança e no respeito é dado o ponto de partida para que a passagem pelo abrigo seja de fato vista como medida de proteção. A partir das informações colhidas nesse estudo, considera-se o retorno á família fundamental, pois restitui à criança o que é seu por direito. No entanto quando isso não for possível e todas as possibilidades foram esgotadas o Ministério Público através da destituição do "poder familiar" colocará a criança na condição de ser adotada lhe restituindo assim a vida em família ainda que em família substituta. O estudo de caso tentou mostrar como a família, os vínculos afetivos, a presença do segredo, e uma rede de apóio são importantes na constituição do ser e como eles podem ser os protagonistas no desenvolvimento ou na dificuldade da aprendizagem. A idéia de que o modelo familiar se repete na vida de uma criança é notadamente factual, a partir das evidências de casos registrados na Instituição. Esse contato primário com a mãe representa seu segundo nascimento. Ele nasce com o corpo, que foi gerado pela mãe, e depois nasce como pessoa e também é gerado pela mãe. Nesse sentido que Winnicott (1988, p. ) busca provocar uma reflexão maior em torno do papel e função materna diante da sociedade e do mundo. Esse histórico trazido para a instituição que o abriga é também levado à escola onde irá manifestar os reflexos de tais faltas também através da dificuldade de aprendizagem. Cabe aos profissionais que lidam com a complexa questão da criança abrigada e de sua educação formal e informal trabalharem em uma abordagem multiprofissional. Ampliando suas pesquisas e estudos dos melhores métodos a serem empregadas nesses casos essas crianças terão a oportunidade de reescreverem a sua história a partir de novo momento de vida e assim buscarem seu bem-estar físico, emocional e sua felicidade. REFERÊNCIAS BOWLBY, John. Cuidados Maternos e Saúde Mental. São Paulo: Martins Fontes, 1988. MOTTA,Maria Antonieta Pisano (Coord. Geral). Dialogando com Abrigos. São Paulo: CeCIF, 2004. CERVENY,C., BERTHOUD,C.M.E. Família e Ciclo de Vida. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. COSTA,Jurandir Freire.Ordem Médica e Norma Familiar. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2004. DALBEM, Juliana Xavier; DELL AGLIO, Debora Dalbosco. Apego em adolescentes institucionalizadas: processo de resiliência na formação de novos vínculos afetivos. Psico, Porto Alegre, PUCRS, v, 39, p.33-40 jan./mar. Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo: 2004. FERNADEZ, Alicia. A inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artmed, 1991. MIRIAM, Veras Baptista. Abrigo: Comunidade de Acolhida e Socioeducação.São Paulo: Instituto Camargo Corrêa, 2006. PEREIRA, Eliane Vecchi. A voz da criança institucionalizada: Representação sociais de família e abrigo- Estado de São Paulo- Brasil. 2006. 173f. Tese (Doutorado em Serviço Social). Universidade Estadual Paulista (UNESP). Franca, 2006. POLITY, Elizabeth. Dificuldade de Aprendizagem e Família: Construindo Novas Narrativas. São Paulo: Vetor, 2001. SANTOS,G.A.G. A História da Minha Vida. Universidade Presbiteriana Mackenzie ? Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.São Paulo: 2011. SIQUEIRA, Aline Cardoso; DELL AGLIO, Debora Dalbosco. Crianças e adolescentes intitucionalizados: desempenho escolar, satisfação de vida e rede de apoio social. Psico. Teor e Pesq., Brasilia, v.26, n. 3,Sept. 2010. Disponível em Autor: Elizete Cassola


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