Deus ou Mamon: A quem servimos?



Deus ou Mamon: A quem servimos?

Estou iniciando este artigo profundamente preocupado, pois, tenho visto no seio da Igreja do Senhor, muitos lideres e não poucos irmãos cheios de avareza. Desgraçadamente esses crentes desconhecem o senhorio de Cristo sobre suas aquisições materiais e transformaram-nas num crudelíssimo e perverso ídolo. Sem o saberem, estão a adorar a Mamon.
Em Mateus 6.19-24, temos um texto clássico sobre o poder das riquezas sobre a vida do cristão. Jesus ensina que nosso tesouro deve estar no céu, não na terra. Aprendemos nestes poucos versos que lemos de Mateus que o apego demasiado aos bens da terra acorrenta completamente o servo de Deus. Primeiro, está aprisionado seu coração. Onde está o tesouro está o coração. Há um magnetismo descomunal, uma atração irresistível. Segundo, a mente está aprisionada. Os olhos são usados nas Escrituras para simbolizar a mente, a forma como vemos as coisas, ou como tomamos nossas decisões. Terceiro, a vontade está aprisionada. Jesus diz que é impossível servir a dois senhores ao mesmo tempo, a Deus e a Mamon. Este termo aramaico significava riqueza e passou a ser usado para representar um deus maligno.
Certa vez, afirmou Francis Bacon:"O dinheiro é como o adubo: só serve, quando espalhado". O que o genial filósofo inglês quis dizer com este axioma? Ele quis dizer é que, se o dinheiro não for usado a fim de promover o bem comum, não passará de um monte de esterco.
Logo, Mamon é um deus que cheira mal!

Conhecendo Mamon

Quando eu era adolescente gostava muito de ler gibis e tinha varias coleções daqueles pequenos livros. Dentre aquelas coleções de gibis tinha uma que eu era apaixonado: As Viagens do Tio patinhas. Suas historias eram muito cômicas. Na televisão, entre os anos de 1988 a 1996, passa DuckTales, os Caçadores de Aventuras. É impossível esquecer das aventuras e excursões empreendidas por Tio Patinhas e seus sobrinhos a procura de novos tesouros em terras distantes.
Tio Patinhas, considerado o pato mais rico do Mundo, tem acumulada uma fortuna que faz dele o dono de um vasto império empresarial espalhado pelos quatro cantos do planeta. Sendo originário de uma família escocesa, começou a trabalhar desde pequeno, como engraxador, onde ganhou a sua primeira moeda, a famosa moedinha número 1 que guarda desde então e que se tornou numa obsessão para a malvada Maga Patológica (uma bruxa com poderes mágicos), que está sempre a tentar roubá-la.
A principal casa do Tio Patinhas é a Caixa Forte, edifício imponente e emblemático, de espessas paredes, que se localiza em Patópolis, a imaginária cidade dos patos e das outras personagens Disney. Aí guarda o seu dinheiro num enorme depósito, no qual toma banho e anda de barco. Não dispensa contá-lo ou limpá-lo. O seu objetivo principal é adquirir mais riquezas!
De fato, o personagem criado por Carl Barks é verdadeiramente um adorador de Mamon. Ele vive na ambição de possuir riquezas e não abre mão de um centavo, pois é sovina, capitalista, arrogante avarento e ama o dinheiro!
Infelizmente muitas pessoas dentro da Igreja são semelhantes ao Tio Patinhas. Precisam ser libertas, pois não são generosas com os necessitados, não são dizimistas e não são ofertantes. O coração avaro dessas pessoas inclina-se ao senhorio de Mamon, o deus que cheira mal.
Por que os avarentos amam loucamente o dinheiro? Porque eles sabem que o dinheiro é um deus que tem poderes para operar as mais fantásticas transformações. Marx era bom teólogo; ele conhecia o poder de Mamon para operara milagres. Veja os comentários que ele fez de textos de Goethe e Shakespeare. "Eu sou feio, mas posso comprar a mulher mais bonita para mim mesmo. Conseqüentemente eu não sou feio, porque o efeito da feiúra, o seu poder para repelir, é anulado pelo dinheiro. Como indivíduo sou um aleijado, mas o dinheiro me dá vinte e quatro pernas. Portanto eu não sou aleijado. Eu sou um homem detestável, sem honra, sem escrúpulos e estúpido, mas o dinheiro é objeto de admiração universal e portanto eu, que tenho dinheiro, sou admirado. Sou curto de inteligência, mas desde que o dinheiro é o espírito de todas as coisas, como poderia aquele que o possui não ser inteligente? Eu, que pelo poder do dinheiro, posso possuir tudo aquilo que o coração humano deseja, não sou possuidor também de todas as virtudes humanas."
Querido leitor, pense nas misérias do Brasil. Elas não foram produzidas pela ira, pela preguiça, pela inveja, pela gula, pela arrogância, pela luxúria. Esses demônios são fracos. Nossas misérias são produzidas pela avareza. As delícias da riqueza justificam qualquer tipo de corrupção. Reflita nas tragédias do mundo, as guerras, os genocídios... Esses sofrimentos foram produzidos pelo uso de armas que foram pensadas por inteligências científicas e fabricadas com cabeças técnicas e vendidas por amor ao lucro, isto é, por amor a Mamon (dinheiro)!
No famoso Sermão do Monte, o Senhor Jesus foi mais do que explícito quanto ao correto uso das riquezas terrenas: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon" (Mt 6.24).
Quero deixar bem claro que, não está aqui o Senhor dizendo que o crente não pode ter bens materiais. O que Ele está ensinando é que não podemos servir às riquezas como se estas fossem um ídolo. Mas delas devemos nos servir para adorar a Deus com as Primícias (Prv 3:9,10), o Dízimo (Ml.3:10), as Ofertas (I Cron. 29) e amparar os mais carentes (1 Jo 3.17).
Os que se fazem servos do dinheiro não o têm apenas como senhor de sua vida, mas como o deus de toda a sua existência. É por isso que o dinheiro era visto pelos contemporâneos de Jesus como o abjeto Mamom, como acima falei, palavra aramaica que significa riqueza - man. Por conseguinte, Mamon é a riqueza que se opõe a Deus, e conscientemente ignora-lhe o senhorio.
Quem na verdade era Mamon? É provável fosse ele originário da mitologia caldaica. Alguns o identificam como o senhor das riquezas e o deus dos avaros. De uma forma ou de outra, o Senhor Jesus adverte-nos, e com energia o faz, a que não sirvamos as riquezas. Se o fizermos, estaremos desagradando o ETERNO, e servindo a Mamon!

"Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro..." Mt. 6:24

? Como posso saber se estou servindo a Mamon?

- Sofro de preocupação e ansiedade sobre dinheiro? Mt 6:25-34
- Não sei para onde foi o dinheiro? Mt 25:14-30
- Incapacidade de resistir ao desejo de comprar (compulsividade) Gl 5:23
- Descontentamento contínuo ? Fp 4:11; 1 Tm 6:8
- Servidão a dívidas (escravo do sistema de juros) Rm 13:8
- Desejo excessivo de possuir mais (cobiça)1 Tm 6:17
- Incapacidade de entregar as Primícias e de dizimar (avareza) Lv 27:32; Prv.3:9

? Como posso saber se estou liberto de Mamon?

- Entrego as Primícias e o dízimo regularmente ao Senhor? Com alegria no coração?
- Tiro ofertas (alçadas) (especiais) para o reino de Deus sem me preocupar se fará falta ou não?
- Sou sensível a toques divinos sobre ajudas específicas a alguém e obedeço a Deus com alegria nessas ocasiões?
- Resisto com certa facilidade aos desejos de comprar algo que, na verdade, não estou precisando?

No Livro de Lucas temos a triste historia de um rico servo de Mamon (Lc. 12.16-21):

"E propôs-lhes uma parábola, dizendo: a herdade de um homem rico tinha produzido com abundância. E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus."

"...aquele que para si ajunta tesouros...", neste texto, significa fazer de Mamon o seu deus!

Reconhecendo o senhorio de Jesus

A Bíblia afirma claramente que Deus é o único dono de tudo. "Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contem, o mundo e as que nele habitam" (Salmo 24:1). As Escrituras revelam até mesmo itens específicos possuídos por Deus. Levíticos 25:23 identifica-o como o dono de toda a terra: "Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra e minha". Ageu 2:8 revela que "Minha é a prata, meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos". E o Senhor nos diz no Salmo 50:10, "Pois são meus todos os animais do bosque e as alimárias aos milhares sobre as montanhas."
Deus é o Criador de todas as coisas e jamais transferiu a posse de Sua criação as pessoas. Colossenses 1:17 diz que "Nele tudo subsiste". Neste exato momento, o Senhor mantêm tudo junto pelo Seu poder. Reconhecer que Deus tem o domínio é crucial para se permitir que Jesus Cristo seja o Senhor de nosso dinheiro e posses.
Se queremos ser seguidores genuínos de Cristo e libertos de Mamon, devemos transferir o domínio de nossas posses ao senhorio do Filho de Deus. "Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo" (Lucas 14:33). Em minha experiência de 25 anos servindo a Deus, descobri que Ele testa-nos algumas vezes perguntando-nos se temos o desejo de renunciar todas as nossas posses mais queridas.
Um exemplo clássico das Escrituras é o do momento em que o Senhor disse a Abraão: "Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas... oferece-o ali em holocausto" (Gênesis 22:2). Quando Abraão obedeceu, demonstrando seu desejo de renunciar ao bem mais precioso que possuía, Deus providenciou um cordeiro para a oferta, e Isaque não foi sacrificado.
O Senhor providenciará tudo para nossas vidas se ousarmos obedecer e confiar nEle como Abraão!
A grande verdade é que, através de nossos haveres e bens materiais, demonstremos ao Senhor que lhes reconhecemos o senhorio sobre a nossa vida e sobre tudo que dEle recebemos. Quando entregamos as primícias devidamente honramos ao nosso Deus (Prv.3:9). É desnecessário lembrar que o dízimo é um mandamento divino e não está restrito à Lei Mosaica. Pois Abraão, que viveu mais de 500 anos antes da decretação da Lei, adorou a Deus com os seus dízimos (Gn 14.20). O mesmo faria o seu neto (Gn 28.22).
Àqueles que alegam ser o dízimo exclusivamente da Lei Mosaica, deveriam ter em mente um pressuposto bíblico-teológico mui elementar; 1) Abraão entregou os seus dízimos a Melquisedeque que representava a ordem sacerdotal de Cristo (Sl 110.4); 2) Melquisedeque, aliás, representava o próprio Cristo (Sl 110.4); "Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos" (Hb 7.4,5); 3) Ora, se até Levi, na pessoa de seu ancestral, Abraão, pagou dízimos ao Senhor Jesus (tipologicamente representado por Melquisedeque) por que haveríamos nós de negar os dízimos a Deus, consagrando-os a Mamon?
Querido leitor, cuidado! O que é de Deus não se retém. Pois se Ele retiver a menor de suas provisões todos pereceremos. Leia com atenção Malaquias 3.9,10. O profeta não fala apenas de dízimos; fala também de ofertas. Isto significa que o dízimo, na vida do crente, deve ser o referencial mínimo e obrigatório. O crente realmente fiel e liberto de Mamon não se limita a dizimas; sabe ele também ofertar com liberalidade (Rm 12.8).

Atenção!

A fim de que o nosso dinheiro seja realmente abençoado, é mister que, além de sermos fiéis dizimistas e ofertantes, sejamos bons administradores. Um mal administrador acabará por ser um péssimo colaborador da obra do senhor. Por isso, todas as vezes que você for assediado por ímpetos consumistas, ouça a pergunta do profeta: "Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?" (Is 55.2).
Cuidado com os gastos exagerados! Deus tem compromisso com a nossa subsistência, e não com os luxos e oferendas que muitos depositam aos pés do perverso Mamon. O crente que for sábio haverá de se safar das armadilhas proporcionadas pelos cartões de crédito, cheques especiais, agiotas etc.
Deus quer que todos os seus filhos tenham uma vida tranqüila e abençoada. Peça-lhe, então, que o ajude a administrar os seus recursos.

Conclusão

"Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Tm 6.10)

A Bíblia não diz ser o dinheiro a raiz de todos os males, e sim o amor a ele. Quem o ama, coloca-o acima de Deus, como fez aquele mancebo de qualidades (Lc.18:18-27). Pondere acerca da recomendação do apóstolo: "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína" (1 Tm 6.9).
Certo comerciante, que ia muito bem de negócios, foi ficando cada vez mais indiferente a sua fé, à medida que prosperava financeiramente. Afinal, afastou-se inteiramente da igreja. Então o visitou um velho amigo que, depois dos cumprimentos, colocou sobre a mesa uma folha de papel, na qual estava escrita uma palavra.
? Você é capaz de ler esta palavra?
? Perfeitamente: Deus.
Então o amigo tirou do bolso uma moeda, colocou-a sobre a palavra e perguntou:
? É capaz de ler, agora, o que está escrito aí?
? Não.
? E por que não?
? Porque a moeda está encobrindo a palavra.
Então o velho falou, com toda seriedade:
? Ó meu amigo, é sempre assim: o dinheiro encobre a Deus de nossa vista. Como você ficou rico, já não enxerga a Deus nem a Sua causa. Não quer desviar-se do seu falso caminho?

Encerrando este artigo, acho mui apropriado citar o comentário do renomado pastor F. B. Meyer. Ele afirmou que não podemos olhar para duas direções ao mesmo tempo. Ou seja: para Deus e para as riquezas. Isto é estrabismo espiritual.

Querido irmão, para quem você está olhando neste momento? Para Cristo ou Mamom, o deus que cheira mal?

"Não podeis servir a Deus e a Mamon" (Mt 6.24b).

Shalom Uvrachot!
Paz e benções!

Pr. Ronaldo Carvalho,
Bacharel em Teologia pela Faculdade de Teologia e
Ciência da Religião-Fatem ?Am, e Especializado no Hebraico Bíblico.
[email protected]
[email protected]




Autor: Ronaldo Carvalho


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