Discurso da autoridade sem autoridade



DISCURSO DA AUTORIDADE SEM AUTORIDADE

Sempre que um amigo vê uma notícia na televisão ele acredita nela, por mais improvável que seja o fato relatado ou por mais improvada que a matéria seja. Ele vive na mesma sociedade em que todos nós vivemos, sem tirar nem por.
A única diferença deste meu amigo com as outras pessoas é que ele acredita! Ele diz que prefere acreditar no inacreditável do que viver desacreditando de tudo.
Nunca passou pela cabeça dele que acreditar nos outros é bom, mas acreditar em tudo que os outros dizem, sem questionar, é duro!
Mas a culpa por esta crença absoluta nas pessoas não é dele, mas do sistema de comunicação que se criou. São tão grandes as possibilidades de investigação por parte da imprensa, que é muito difícil mesmo não acreditar em tudo o que eles dizem. Assim, "se saiu na TV é verdade", mesmo que seja uma rematada mentira ou uma meia verdade.
Este amigo muito mais precisa acreditar do que efetivamente acredita. O sistema político e econômico está tão confuso, para se dizer o mínimo, que o que nos consola é a ideia de que a imprensa nos representa, fala aquilo que nós não temos condições de falar porque não temos voz pública.
Mas ele também acredita em juízes, promotores, policiais, médicos, qualquer um que tenha algum conhecimento sobre qualquer coisa, pois eles são "autoridades no assunto".
As autoridades sabem que são vistas como "autoridades no assunto" mesmo quando conhecem pouco do assunto, mas não fazem nenhuma questão de esclarecer ao meu amigo. Aí, para este meu amigo, o que resta é o "discurso da autoridade" e não a "autoridade do discurso". Esta só ocorre quando a "autoridade" realmente domina o discurso e não quando apenas, por disposição legal ou social, tem autoridade, inclusive para falar sobre o que não domina.
Mas, sem dúvida, meu amigo vive feliz, porque o que precisa saber as autoridades dizem. Dá muito trabalho pensar por conta própria. A culpa não é do meu amigo, mas minha, que sou um chato e estou sempre a duvidar de tudo, inclusive das discurso das autoridades sem autoridade no discurso.
À propósito, o nome do meu amigo é José Manoel. Alguns o chamam de Zé Mané.
Maldade!


Autor: João Marcos Adede Y Castro


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