Montanha silenciosa



A montanha silenciosa observa o rio caudaloso a descer rumo ao mar,
abundante corroendo as margens com intenso furor.

Águas nervosas aparentemente calmas que já estiveram na imensidão dos céus e retornaram em forma de orvalho, garoa ou tempestade.

A mesma montanha observa um mar de pessoas, irrequietas correndo para todos os lados, depredando não só o que o rodeia, mas causando marcas profundas, irreparáveis em tudo quanto seu campo de visão consegue alcançar.

Pessoas que provavelmente já estiveram em outros prismas e retornaram em formas diversas, desde anjos, garoas, orvalhos, até coisas cruéis, maléficas, tempestades.

Uns querendo construir, outros procurando destruir. Assim seguem corroendo margens, bases.

Lá permanece a montanha observando tranquila, com o bom senso de não interferir.

Bastaria uma de suas pedras para interromper, modificar o rumo do rio e do mar de pessoas. Mas continua só observando o andamento de tudo quanto passa aos seus pés, como o faz a milhares de anos. Banhando sua sombra sem se misturar as águas e sem se contaminar com as pessoas.

Autor: Antonio Ribeiro


Artigos Relacionados


Suicídio E Aconchego

Montanha De Lixo

Descobrindo

O Rio Da Transformação

Poesia: Acionista MajoritÁria

Esfera Felina

O Alarme. A Chuva Estava Chegando.