RESUMO: O homem cordial. In: Raízes do Brasil




O Capítulo V sobre o "homem cordial" aborda características que nos são próprias. O "homem Cordial" apresenta inicialmente uma oposição entre o círculo familiar e o Estado, um jogo de relações diferentes. Encontram-se presente os dois princípios de Sófocles: Creonte encontra a nação abastra, impessoal da cidade em luta contra essa realidade concreta e tangível que é a família, e Antígona contra as ordenações do Estado, atrai sobre si a cólera do irmão, que não age em nome de sua vontade pessoal, mas da suposta vontade geral dos cidadãos, da pátria. Nessa relação observa claramente um verdadeiro conflito, que se encontra presente ate hoje, de família e Estado.

O resgate de uma Educação familiar dotada de limitações e valores tende cada vez mais, a separar o individuo da comunidade doméstica, de libertar-los por assim dizer das "virtudes" familiares, sendo um dos princípios básicos da velha Educação a obediência que é dotada de regras e opiniões. Essas limitações e padrões familiares são impostos desde muito cedo pelo circulo doméstico. A criança era forçada a ajustarem-se, aos interesses, atividades, valores, sentimentos, atitudes, crenças adquiridas no convívio familiar. E a oposição à família que ditava valores passa com a exigência de uma Sociedade de homens livres e de inclinação cada vez mais igualitária.

Em nosso País o tipo primitivo da família patriarcal, e o desenvolvimento da urbanização, criaram um "desequilíbrio Social", cujos efeitos mantêm-se vivos ate hoje. Devidos a Max Weber a fim de elucidar o problema e dar um fundamento sociológico a caracterização do "homem Cordial", conceitua de "Patrimonialismo" e "Burocracia", fazendo uma relação aos interesses objetivos e as capacidades próprias que são inerentes a esse "homem cordial".

Max Weber ressalta a separação do funcionário "patrimonial" e do "burocrata". O funcionário patrimonial encontra-se ligado aos interesses pessoais e o burocrata aos interesses objetivos, mas salienta que para exercer funções publicas, o homem faz de acordo com as confianças pessoais e não com suas capacidades próprias. O funcionário patrimonial pode com a progressiva divisão das funções e com a racionalização, adquirir traços burocráticos. Mas em sua essência ele é tanto mais diferente do burocrático.

O "homem cordial" não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva, inclusive suas manifestações externas, não necessariamente sinceras nem profundas. A Cordialidade é um traço definido brasileiro, mas encontra-se em expressões de fundo emotivo, carregado por manifestações de um "homem cordial" e estas por sua vez são espontâneas, porém uma cordialidade "mascarada", onde o individuo consegue manter uma posição ante o social.

A vida em Sociedade no "homem cordial" é antes um viver nos outros, de certo modo, uma libertação da agústia que sente em viver consigo mesmo. Dentro dessa visão Nietzsche enfatiza que "Vosso mau amor de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro".

Por fim, o capitulo faz uma exaltação dos valores cordiais. Que no domínio da lingüística o modo de ser dos brasileiros empregam as terminações em "inho", os chamados diminutivos. E o caráter intimista e popularista do brasileiro com aversão a religião e a devoção que é explicável porque no ambiente que vivemos não é comum a reação de defesa, o brasileiro recebeu o peso das " relações de simpatia", que dificulta a incorporação normal a outros agrupamentos. Por isso não acha agradáveis às relações impessoais características do Estado, procurando reduzi-las ao padrão pessoal e afetivo.



REFERÊNCIA:

HOLANDA, Sérgio Buarque de. O homem cordial. In: Raízes do Brasil: 26 ed. São Paulo: companhia das letras, 1995.




Autor: Ludimila Souza Almeida


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