CAOS E RADIAÇÃO




A famosa máxima de Lorentz precursora da teoria do caos, que diz "O bater de asas de uma borboleta no Brasil pode causar um furacão no Texas", também é válida na radiologia. Na radiologia, que é a parte da medicina que utiliza as radiações ionizantes para fins diagnósticos, podem ocorrer danos à pessoa que receber essa radiação, uma vez tal radiação tem como característica ionizar - arrancar elétrons de átomos, o que pode desestruturar a configuração de moléculas, implicando em danos reais ao paciente - como, por exemplo, queimadura de pele câncer.
Quando um paciente é submetido a uma radiografia ou tomografia, ele recebe uma dose - quantidade- de radiação na parte em questão. Dependendo da dose, duas situações podem ocorrer: 1) há dano imediato ou 2) há dano em longo prazo. Na primeira, chamamos de efeito determinístico, pois é determinado por um limiar de dose, ou seja, um limite de dose no qual é certo que um dano ocorrerá; na segunda, chamamos de efeito estocástico, um efeito puramente probabilístico, onde a pessoa pode ou não sofrer um dano. Enfatizemos o efeito estocástico.
Em tal efeito, como o próprio nome diz, há uma estocagem; armazenamento de dose no paciente. Ao longo dos anos, uma pessoa é submetida a uma determinada quantidade de exames que utilizam as radiações ionizantes. Em cada um, ela recebe uma dose de radiação característico do exame ? numa radiografia de mão, a dose é menor que numa de tórax, que por sua vez é menor que uma tomografia de qualquer parte do corpo. Essa dose vai sendo "armazenada" no corpo, aumentando a probabilidade de desencadear um câncer ao longo dos anos. Mas como é um efeito probabilístico, uma pessoa pode realizar um exame de radiografia de mão ? que é uma das técnicas com menor nível de dose- e ter câncer, ou realizar um exame de tomografia ? que tem alta dose- e não ter câncer. Como se costuma dizer em radiologia: "é uma loteria que ninguém quer ganhar".
O fato de que uma pequena dose pode desencadear um câncer, corrobora com a máxima de Lorentz. A pequena dose seria a borboleta batendo suas asas, e o furacão, o câncer. Temos que levar em conta também, a chamada radiação de fundo, que é aquela proveniente do espaço cósmico e da natureza ao nosso redor, que por menor que seja também pode desencadear câncer. Se um a pessoa aos 20 anos, é submetida a uma radiografia qualquer, e aos 60 desenvolve câncer, esse pode ter sido causada justamente quarenta anos atrás. Se ela não tivesse realizada aquela radiografia e tomado aquela pequena dose, não teria câncer. Concluímos então, que a dose tomada há quarenta anos foi o suficiente para desencadear o câncer.
Obviamente, o câncer tem muitos outros fatores associados que não as radiações ionizantes, mas essa possibilidade apresentada é real e justificada pelo efeito estocástico. Na verdade, qualquer dose que uma pessoa receba, mesmo sendo proveniente da radiação de fundo ou exames radiológicos, aumenta a probabilidade de desenvolver câncer. Mas, por ser uma probabilidade, uma pessoa pode receber altas doses ao longo da vida e nada acontecer

Autor: Leonardo Pacífico


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