POR QUE FOUCAULT?







LÚCIA SOUZA VENANCIO MENDES


POR QUE
FOUCAULT?
NOVAS DIRETRIZES PARA
A PESQUISA EDUCACIONAL










Nova Iguaçu, 19/08/2011

LÚCIA SOUZA VENANCIO MENDES










POR QUE
FOUCAULT?
NOVAS DIRETRIZES PARA
A PESQUISA EDUCACIONAL










Nova Iguaçu

2011


RESUMO
Por,Lúcia Souza Venancio Mendes
Por que ler Foucault Hoje?
As questões educacionais que Foucault desenvolve em seu livro junto aos seus colaboradores, desenvolvem reflexões de estudos anteriores até aos dias de hoje, como a educação deve ser mudada de acordo com as épocas e estudos que veem dando nova estratégias, e rumos de uma educação tradicionalista ,para uma educação flexível para uma compreensão analítica das teorias anteriores para uma nova compreensão das condições sociais de cada época, e as capacidades de reflexões de cada humanidade, as referencias estudantis nos quais desenvolvem habilidades de consciência e pesquisa, criando estratégias e resistindo a autoridade e colocando suas idéias e estratégias no âmbito de luta e cooperação para uma democracia política, social e econômica, desfrutando de uma mudança de igualdade de luta pelos ideais de cada indivíduo, cabe o individuo lutar pelos seus ideiais. Sabemos que a população em termo de aprendizagem possuem suas deficiências em aspectos psicológicos, sociais, políticos e econômicos , as deficiências múltiplas de aprendizagem e físicas, nos quais devem ser tratados, cabe aos professores e toda política educacional desenvolverem atitudes de compreensão e preparação para incentivar e encaminhar para compreensão de como será administrada as orientações ao aluno . Foucault em seu livro, nos leva a pensar sobre a direção de Novas Diretrizes e bases para a Pesquisa Educacional. De acordo com a leitura do livro percebemos que o ser humano, mesmo que resista as mudanças passam a mudar espontaneamente, com o tempo percebe-se que houve mudanças em seus pensamentos e atitudes de acordo com a sociedade que vai evoluindo a cada tempo que se apresenta na sociedade nas políticas educacionais e Curriculares, nos quais as pesquisas são relevante para o desenvolvimento da aprendizagem.
Cultivar o eu é a base do trabalho ético, diz Foucault é o trabalho que se executam na tentativa de transformar-se a si mesmo em um sujeito ético de seu próprio comportamento, os meios pelos quais mudamos a nos mesmos a fim de nos tornarmos sujeitos éticos. Tal historia da ética é a historia da estética. Em sua entrevista On th genealogy of ethics, Foucault (1984b) explica que há:
Outro lado das prescrições morais, que na maior parte do tempo não é isolado como tal, mas é, penso eu, muito importante: o tipo de relação que você deveria ter consegue mesmo, rapport à soi, que eu chamo de ética, e que determina como o individuo deve constituir-se como sujeito moral de suas próprias ações (p.352).




















Autores
Michel A. Peters (org.) Professores de educação da ILLinois Universiy, Urbana Champaign. Professor adjunto da University of Glasgow.
Tina Belsey (org.) Professora do Departamento de psicologia e Orientação Educacional da California Estate University, San Bernardino.
Fabian Kessi. Conferencista da área de Ciência Educacional (Trabalho social) da University of Bielefeld, Alemanha.É membro do Co-Ordinating Office of Social Work & Social Policy.
James D. Marshall. Professor- pesquisador da Universty of Auckland, Nova Zelândia
.James Wong. Ph.D. em Filosofia pela University of Toronto.Profesor da Wilfrid Laurier University, Canadá.
Jan Masschelein. Professor de Filosofia da Educação da Catholic University of Leuven, Bélgica.
Ludwig A. Pongratz. Professor de Pedagogia Geral e Educação de adultos da Darmstadt Technical UniversitY,Alemanha.
Maarten Simons. Pesquisador, com pós-doutorado, no Centro de Política Educacional e Inovação da Catholice University of Leuven,Bélgica.
Mark Olssen. Professor da Teoria Política e Política Educacional no Departamento de Estudos Políticos Internacionais e de Política de Ação da University of Surrey.
Robert A. Doherty. Conferencista do Departamento de Estudo Educacionais da University of Glasgow, Escócia.
Susanne Maria Weber. Professora do Departamento de Estudo sociais da Fulda University of Applied Sciences, Alemanha.
Susanne Maurer. Professora de Educação e Pedagogia Social da University de Marburg, Alemanha.
Thomas Coelen. Professor de Pedagogia Social da University of Rostock. Professor de Filosofia e chefe de um instituto de avaliações em Hamburgo, Alemanha.


Fichamento

POR QUE FOUCAULT?

NOVAS DIRETRIZES PARA

A PESQUISA EDUCACIONAL

MICHAEL A. PETERS

TINA BESLEY

e colaboradores












SUMÁRIO
1 Introdução: Por que Foucault? novas diretrizes para a pesquisa educacional............................................................................................................ 09
Michel A.Peters e Tina Besley
2 Michel Foucault: pesquisa educacional Como problematização....................................................................................................... 11
James D. Marshall
3 Liberdade e disciplina: transformações na punição pedagógica.............................................................................................................. 15
Ludwig A. Pongratz
4 Pedagogia e cuidado de siNas relações mestre-aluno na Antiguidade............................................................................................................. 19
Thomas Coelen
5 Foucault, o falar a verdade e as tecnologias do eu: as práticas confessionais do
eu e das escolar....................................................................................................... 22
Tina Besley
6 Paradoxo de capacidade e poder: ontologia crítica e o modelo de Desenvolvimento
da infância ............................................................................................................. 25
James Wong
7 Assistência social como "governo": uma perespectiva analítica do poder ......................................................................................................................................28
Fabian Kessi
8 o "intra- empreededor" e a "mãe": estratégias de "formento" e "desenvolvimento" do empreendedor de si no desenvolvimento organizacional e na ação afirmativa........................................................................................................................30
Susanne Maria Weber


9 Pensando a governamnetalidade " apartir de baixo": o trabalho social e os movimentos sociais como atores (coletivos) em ordens movíveis/moveis............................................39
Susane Maurer
10 Somente o amor pela verdade pode nos salvar: falar a verdade na universidade (mundial)?...........................................................................................................................42
Maarten Simons e Jan masschelein
11 Foucault: A ética da autocriação e o futuro da educação.............................................46
Kenneth Wain
12 Pesquisa educacional: "os jogos da verdade" e a ética da subjetividade.......................49
Michael A. Peters
13 Uma política educacional criticamente formativa:
Foucault , discurso e governamentalidade.....................................................................52
Robert A. Doherty
14 Invocando a democracia: a concepção de Foucault
( com insights retirados de Hobbes)....................................................................................56
Mark Olssen










09
Capítulo 1
Introdução: Por que Foucault?
novas, diretrizes para a pesquisa educacional
Michael A. Peters e Tina Besley Belsey

POR QUE LER FOUCAULT HOJE?1
"Os estudos culturais alimentados pelo trabalho dos filósofos franceses contemporâneos foram além de sua fase pós-estruturalista: Foucault, Lyotard, Deleuze e Derrida estão mortos.Habernas, embora frequentemente hostil ao pensamento pós-estruturalista, em especial no início da década de 1980." (pag11)...
..."Foucault é uma questão hermenêutica na filosofia da leitura e na sociologia do conhecimento e da cultura". "A recepção de Foucault é muito diferente em distintos contextos nacionais e culturais , especialmente quando ele é lido por audiências e gerações diferentes e, com freqüências , por razoes diferentes. Podemos entender um pouco da dinâmica e das complexidades culturais por meio do exame da recepção de Foucault no mundo de língua inglesa." (pag12),
..."Muito do cânone pós-estruturalismo lidava com ato de literatura e desenvolveu formas de crítica que não era facilmente contidas nos limites disciplinares, transbordando em direção à filosofia., a literatura e aos estudos culturais." (pag12). "O trabalho dos pensadores da primeira geração pós-estruturalista era baseado na estrutura das humanidades e das ciências sociais."(pag 12)...
..."Talvez hoje sejamos mais sensíveis às valências do contexto cultural e menos propensos a ostentar nossos comprometimentos ideológicos como "verdades". (pag 13)...
"há interpretações de Foucault que são de fato má erradas e distorcidas. È isso que que se chama de princípio de assimetria interpretativa que abre o trabalho do autor ( o texto, o contexto,e o intertexto) a múltiplas interpretações,enquanto, ao mesmo tempo, protege o futuro contra o fechamento e oferece um horizonte aberto de interpretações.Foucault é como ele mesmo diz de Nietzsche,Freud e Marx, uma figura da discursividade ( Foucault, 1998a). Que um texto e estimule e permita novas interpretações é um sinal de sua riqueza, profundamente e complexidade. ." (pag 14).


10
Quem, o que e Por que Foucault?
" As questões quem ou que é Foucault?" têm sido mais frequentemente feitas do que " por que Foucault?. James Faubion, por exemplo, começa sua introdução a nova coletânea da obra de Foucault" ...(Faubion,1998) .." (pag 14)...
..."Foucault era bastante impaciente e cáustico em relação àqueles que atribuíam a ele posições que não defendia ou àquele que oferecessem descrições dele que não se encaixavam. ..." (pag 14).
... "Foucault constantemente remodela sua posição, e seu pensamento muda e evolui. Na verdade, ele estava sempre reformulando o que via como seu próprio projeto. Dreyfus e Rabinow ( 1982), em seu estudo sobre a obra de Foucault, propõem quatro estágios: um estágio heideggeriano (tipificado pelo estudo da loucura e da razão), um estágio arqueológico ou quase- estruturalista ( caracterizado pela The archaeology of knowledge" e Tem order of things), um estágio genealógico e, finalmente um estágio ético. ..." (pag 16 ).
"... em particular as complexas relações entre poder, conhecimento e corpo....Foucault está centrado, no corpo como objeto de certas tecnologias disciplinares de poder, e examina a geneologia das formas de punição e do desenvolvimento da moderna instituição penal,discutindo, por sua vez, a tortura (começando com o terrível relato de Damien, o regicida) a punição (com ecos claros da famosa lista de Nietzsche na Genealogy, 1956,p.213) a disciplina e a prisão. ..." (pag 16).
...ele define uma história crítica do pensamento como uma análise de condições sob as quais certas relações do sujeito para com o objeto são formados ou modificados, na medida em que tais relações constituem um conhecimento " savoir" possível....Em poucas palavras, é uma questão de determinar seu modo de "subjetivação".... e (pag16 continuando pág 17) objetivação.... Quais são os processos de subjetivação...e objetivação que tornam possível para o sujeito como sujeito tornar-se um objeto de conhecimento [connaissance] como um sujeito? p. 450-460). ... ( pág 17).
....Foucault tem atraído a geração atual dos estudiosos de sua obra na pesquisa educacional. Foucault oferece uma compreensão dos sujeitos educacionais- - o aluno, o estudante, o professor, etc. ... (pág 18).




11
Capítulo 2
Michel Foucault: pesquisa educacional como problematização
James D. Marshal
O título dede livro sugere que precisamos de novas diretrizes para a pesquisa educacional. Michel Foucault, contudo, não teria oferecido novas diretrizes para a pesquisa educacional, embora talvez tivesse oferecido sugestões sobre como pesquisa deveria ser feita. ... (pag 25)...
...Na pesquisa educacional e nas teorias subjacentes a ela, houve uma longa série de debates sobre como fazer a abordagem e como fazer pesquisa. ... (pag 25)....
....Outro debate foi chamado de quantitativo x qualitativo. Aqui questão volta-se à coleta de dados científicos (frequentemente espelhando o modelo médico duplo- cego cruzado) ou deveria se voltar aos estudos de seu primeiro caso... (pag 25/26). ...Foucault vê a relação entre conhecimento e o eu como algo que passou por imensas mudanças pós-Descartes, e que isso pode ser exemplificado pela observação de mudanças nas práticas do eu em relação à verdade. ... (pag 26).
....Na entrevista com Paul Rabino, um pouco antes de sua morte, Foucault disse em resposta a tal questão:
Acho que na verdade fui situado em quase todas as casas do tabuleiro, uma depois da outra e às vezes simultaneamente: como anarquista, esquerdista, marxista ostensivo ou disfarçado, niilista , marxista explícito ou secreto, tecnocrata a serviço do Gaullismo, neoliberal,etc. Um professor americano reclamou do fato de que um crepito marxista como eu fosse convidado a visitar os Estados Unidos, e fui denunciado pela imprensa do Leste europeu por ser cúmplice dos dissidentes. Nenhuma dessas descrições é importante em si mesma; tomadas em conjunto, por outro lado, elas dizem alguma coisa. E devo admitir que de fato gosto do que elas significam (Foucault, 1984, p.113).
Mas Foucault realmente entendeu o rótulo " pesquisador" que a ele se aplicou, e que ele abordava seu "ensino" como pesquisador... (pag 28,29)...

12
PROBLEMATIZAÇÃO
(... "Ele distinguia a história do pensamento da história das idéias e do domínio de atitudes que poderiam salientar e determinar o comportamento.". ... (pag 30)...
"....Questionar significados, condições e metas é ao mesmo tempo liberdade em relação ao que se faz. É tratar o objeto de pensamento como um problema. Um sistema de pensamento seria uma história de problemas ou uma problematização. Envolveria o desenvolvimento de um conjunto de condições nas quais possíveis respostas pudessem ser propostas." ...(pag 31)....
PROBLEMATIZAR
".... Primeiramente, abordaremos como prática da punição corporal penetrou o domínio do pensamento, como ela se tornou duvidosa como prática das escolas públicas e como ela havia se tornado "desconhecida" para um certo número de professores e pais. Em segundo lugar, como poderia ser abordada a partir de uma perspectiva foucaultiana." (Pag 31)....
"(...Devemos perguntar pelos efeitos econômicos da punição corporal do espancamento e do abuso infantil.... .Outras questões poderiam ser formuladas sobre medidas alternativas á punição corporal, e à educação de diretores de escola, funcionários e administradores. As escolas devem manter registros dos casos de punição corporal e tais registros devem se estudados: há questões relativas aos números de casos, ao status sócioeconômicos e ao status étnico dos recebedores ( há determinados indivíduos e grupos que recebem mais punição do que outros?) e os detalhes da infração pela qual foram punidos. Esses são exemplos apenas de questões que poderiam ser feitas sobre o objeto " punição corporal" sob o item condições; não e trata de uma lista exaustiva, longe disso. (PAG.36)"
"QUESTÕES E METAS ? Metas e objetivos são coisas reconhecidamente difíceis de especificar - são sempre deixados com termos gerais. também não se trata de uma lista exaustiva."


13 Cuidar de todas as crianças
2. Oferecer ordem no ambiente escolar e na sala de aula
a. propiciar uma ordem geral;
b. certificar-se de que não há bullying [ intimidação];
c. certificar-se de que os alunos conseguem aprender;
d. garantir a confiança dos pais;
e desenvolver cidadão socialmente responsáveis;
f. garantir que todos na escola sejam tratados com respeito e dignidade.
3. - Buscar metas de equidade
4. Buscar a excelência no ensino e na aprendizagem
5. Manter uma boa comunicação, relacionamentos e envolvimento com os pais e a comunidade. ... (Pag 36/37). )..."
RESUMO
... "Admitamos que tenhamos nossa problematização. O pesquisador pode responder por meio de outro conjunto de questões direcionadas à "Política" (ou Fórun, como a chamamos aqui). Admitamos também que não haja mais questões, ou que não haja mais necessidades de fazê-las.
Mas como esta pesquisa, pode se perguntar? (ou poderia perguntar uma autoridade financiadora). A pesquisa deve ser pesquisa, i.e., descobrir coisas e obter resposta positivas às perguntas feitas, ou para quais pesquisas futuras devem ser feitas em caso de falhas da primeira. Isso é fazer pesquisa, é isso o que você chama de pesquisa? Qual é a hipótese que estava sendo testada? E a que conclusões se chegou com essas questões?".


14
Nesse ponto, o pesquisador pode responder por meio de outro conjunto de questões .(pag 37)...
(... CONCLUSÃO
O que as noções de problematização de Foucault e a pesquisa revelam ou, pelo menos, indicam, é que ele está lutando por uma forma moderna de ascese, de chegar a uma posição que " o faria suscetível a conhecer a verdade" ( Foucault,1983,p.279).
A problematização envolve a produção de um objeto de pensamento livre de visões a priori, e a "sabedoria" de práticas e crenças reconhecidas".(pag.38)...














15
Capítulo 3
Liberdade disciplina:
Transformações na punição pedagógica
Ludwig A. Pongratz
CONTRADIÇÕES MODERNAS:
CONTRADIÇÕES DA MODERNIDADE.
"Por que Foucault?" Bem, a resposta mais óbvia é porque ele nos convida abandonar modos estabelecidos de pensar e a virar de cabeça para baixo as perspectivas já aceitas. Quem se envolve com Foucault tem de saber lidar com a irritação. Quem se envolve com Foucault tem de saber lidar com a irritação....
....Foucault chama nossa atenção para sutil rede táticas e restrições que há muito têm estado em ação por debaixo da superfície das proclamadas liberdades burguesa. "A disciplina é o outro lado da democracia"(Foucault,1977,p.126. )..." (pag 40)...
"Devemos lembrar que o modelo básico das formas feudais e medievais de punição fundavam-se na figura da exclusão repressiva. Qualquer coisa que se opusesse ás expressões do poder social Hierarquicamente organizadas eram extirpadas. O ladrão perdia sua mão, o assassino, sua vida. O aluno recalcitrante era pesadamente disciplinado. Não sem razão, a vara tornou-se o símbolo da disciplina do professor de escola. Contudo, essa violência aberta passou a ser questionada à medida que o mundo social medieval começou a se desintegrar....(pag 41)"...
"....No elemento final da punição, pode- se ver como essa forma de punição apenas fazia sentido em termos da virtude compartilhada entre aluno e professor: " e quando a punição se completa, a criança deve oferecer suas mãos ao professor... e solenemente prometer melhorar, (Francke,1957,p.116)."... (pág 43)

16
"....as condições situacionais e os meios pelos quais se davam as punições tornaram-se cada vez mais precisos. Mas a disciplina física não desapareceu completamente. ..." (pag 43)" ....A punição ocorre precisamente com a exclusão do público, talvez também com a vergonha secreta dos pedagogos sobre seu impacto aindadesigual. .... A punição era percebida como uma perda de pontos...."
....A punição usual de erros e transtornos é a redução dos pontos meritórios; transforma uma hora de estudos em uma hora de trabalho manual, em um longo período em uma sala vazia, de onde não se pode ver nada pela janela e onde se pode apenas ouvir os sons próximos de outros alunos estudando ou divertindo-se .(Basedow,1965,p.216). ... ( pag43,44)...
.... O desenvolvimento da disciplina moderna no século XIX demandou um sistema de aprendizagem para o qual o estilo de ensino de Pestalozzi oferecia um estimulo decisivo. Seu " método elementar" Apresentava um novo método de ensino, no qual a punição também tomou um significado já transformado. (final da página 44 ao início da pág 45)....
..."Nas instituições pedagógicas mais progressistas, novos procedimentos foram implementados, que, em resumo, visavam transformar as pessoas em " máquinas de aprendizagem" e as escolas, em "máquinas pedagógicas" (DreBen,1982). ....(pag 45)...
" Toda atividade, todo movimento" dizia dogmaticamente , " que devia a criança da instrução deve ser tratado como perturbação" ....( Ziller apud Rutschky,1977,p.212). E tal perturbação era sujeita à sanção. ....Ziller em geral rejeita a punição corporal: não se trata de um meio de educação e pode ser "deixada para a polícia". As formas aceitáveis de punição, ao contrário, funcionam no âmbito de uma sutil diferenciação de sanções ( restrições):
Punições durante a aula, em ordem ascendente:
a. Pausa, olhar desaprovador;
b. Um movimento da mão, bater de leve (ou fortemente) na mesa;
c. Uma advertência verbal;
d. Reprimenda acompanhada de uma ameaça séria e restrita;
e. Chamar o aluno de seu lugar, colcá-lo na lateral ou ao fundo da sala, isolando-o;
f. Relatório pessoal do aluno ao professor;
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g. E ao diretor (Ziller apud Rutschky,1997,p.213). ...(pag 46/47)

Essa prática punitiva demonstra o quanto o efeito das sanções está de uma distribuição estruturada de sanções nas instituições esolar (e além dela em todo corpo social). .... (pag 47)....
CONTROLE SUAVE E INTEGRAÇÃO
Com a transformação da escola em uma instituição a disciplinar; o caráter das técnicas de punição torna-se cada vez mais abstrato e anônimo. Certamente, a punição corporal está cada vez mais sujeita à crítica e passa entrar em ostracismo, mas o processo de disciplina ainda tem um caráter contraditório: a humanização das formas de punição repousa em um controle generalizado e cada vez mais abrangente sobre os indivíduos. A punição se torna cada vez mais preventiva. Ela não precisa ser de fato exercida, pois já tem um efeito inconsciente. Os procedimentos disciplinares demonstram sua completa eficácia justamente quando não mais precisam sequer ser visíveis. Nesse sentido a, a escola do século XIX. ....(pag 47)...
....Durante primeiro terço do século XX. Contudo, mesmo o modelo da pedagogia reformada foi incapaz de resolver a contradição entre a liberdade e a disciplina. Ela foi simplesmente disfarçada com o estabelecimento de novas e mais suaves formas de controle, mas não foi eliminada. O foco da pedagogia reformadora andornou o sistema escolar de disciplina e voltou-se decidamente para " a criança". O que agora se temátiza era menos os arranjos esternos para a regulação dos itens de aprendizagem (assentos dos alunos, higiene, gerenciamenteo de tempo e espaço no prédio da escola, etc.)....(pag47,48)....
...O programa da pedagogia reformadora enfatiza a aproximidade para com o mundo "real" da vida , para além da escola: ensinar torna-se " ensinar para a comunidade", a sala de aula torna-se uma " comunidade viva e em funcionamento", a educação torna-s" educação de si". Com certeza, o aluno é elvado mais a sério como sujeito autônomo do que havia saído anteriormente, mas na verdade para integrá-lo mais suavemente no modelo institucional estabelecido da escola. Kost (1985) ilustrou essa mudança da "pedagogia reformadora" (p.190) com o exemplo da relação do pedagogo com os bolsos das calças dos alunos; a "velha" pedagogia examinava
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os bolsos das calças dos alunos apenas para garantirem que eles continham lenços limpos; a " nova pedagogia" fez precisamente o inverso o inverso esvaziando tudo que continha sobre a mesa a fim de ganhar um insight sobre a vida escolar e para tornar pedagogicamente útil a paixão dos jovens pelos objetos que colecionavam ou possuíam."......(pag 48).
....O código pedagógico para essa suave disciplina é a educação para a "comunidade" por meio da "vida escolar".....(pag 49).....
... Claramente, a mais severa punição nesse ambiente é a exclusão da escola ou da própria comunidade da turma. A exclusão poderia ser precedida de sanções graduais, tais como a perda de uma colocação ou o direito de mantê-lo o direito de votar nas reuniões de classe ou a exclusão das atividades comunitárias, tais excursões, festas etc. ...(pag 49)
.... Os efeitos dos grupos pedagógicos como comunidades, contudo, não eram de forma alguma inferiores às velhas instituições disciplinares. No grupo, todo membro é sempre completamente utilizado e ocupado " (p.74). " Nós não estamos preocupados com ordem" declarou Petersen com um gesto desinteressando:
Os professores então só têm de fazer o pouco que lhes resta- lidar com formações de grupos inapropriadas ou fragmentadas ou genuinamente prejudiciais ou, ainda, mantê-los sob observação-. Mas eles se tornaram tão visíveis, que não podem causar nenhum dano sério(p.103). ... (pag 50)....
"....A pedagogia da reforma, concebida e programada como uma pedagogia da liberdade, promove o momento de controle externo de acordo com uma sociedade mobilizada e flexível. A velha contradição entre liberdade e disciplina foi transformada em uma nova forma de socialização, na qual a experiência intuitiva e a criatividade é entrelaçada com o gerenciamento planejado , a irracionalidade com a racionalidade técnica, em tal grau que o controle suave toma a forma de uma " tecnologia política" generalizada"(Foucault, 1977, p. 205). (pag. 51)....
...."A transformação das formas pedagógica de punição permanece ligada à mudança mais profundamente enraizada nas contradições sociais da modernidade, das quais nenhum salto abstrato para o reino da liberdade pode nos salvar. Mesmo o mais simples cenário pedagógico está sob tais contradições , que trazem à baila tanto a sujeição quanto a liberdade como contra
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movimentos determinantes. Em geral, tornam a práxis pedagógicas em uma caminhada sobre a corda bamba ? e, ao mesmo tempo, demonstram a impossibilidade de ajustar-se ao status que social." (.pag 52). ...

Capítulo 4
Pedagogia e cuidado de si nas relações
Mestre- aluno na Antiguidade
Thomas Coelen
UMA ALTERNATIVA PARA QUE OS MÉTODOS DISCIPLINARES E A COERÇÃO CONFESSEM?
Michel Foucault escreveu especificamente nos últimos quatros anos de sua vida sobre o tema que nuca deixou de interessá-lo,as conexões históricas entre poder e conhecimento, que continua até o dia de hoje. ... Foucault desenvolveu esse foco a partir de uma preocupação geral com a governamentalidade, uma maneira de pensar combinada com a habilidade de liderar e controlar a si mesmo e a outras pessoas e, portanto, dirigiu-se a temas de primeira importância para a pedagogia. ... (pag 54)... ...Foucault revela o monólogo da superioridade da razão sobre a não razão. ... (pag 55)....
.... Com sua jornada de volta à Antiguidade, Foucault tenta, entre outras coisas, pesquisar a geneologia da coerção moderna para confessar e das" técnicas de verbalização" (1993a,p.62). ....Além disso, " desde o século XVII e até o presente, os métodos de verbalização das assim chamadas ciências sociais têm sido transformados para outro contexto, em que foram instrumentais na criação de um novo eu (p.62). ... (pág.56)...
... " Nos últimos anos de sua vida, Foucault ocupou-se especialmente com a pedagogia. Ele descreve como:
Passar a verdade para os outros, função que consiste em prover um ou outro indivíduo de um perfil, habilidade, conhecimento, etc que ele não possuía antes de receber o apoio pedagógico mas que deveria possuir.( 2004,p.496-497)."...
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... Foucault diferencia pedagogia de passar uma verdade, cuja função que consiste em mudar " o ser essencial do sujeito " (p.497). Seu nome para última é "psicagogia".
.... (Esse processos psicagógicos, de acordo com Foucault, enfrentaram mudanças consideráveis entre filosofia grego-romana e o Cristianismo.Primeiramente, os processos pedagógicos estavam bem conectados aos processos picagógicos caracterizados pelo conhecimento do mestre/professor/conselheiro/amigo e sua transferência de conhecimento, mas amis tarde tomaram-se desconectados. Como Foucault argumenta, o sujeito que se ensina agora tem uma obrigação para com a verdade. Enquanto era exclusivo a mente do mestre no período grego-romano que se requeria a verdade, aceitar todas as regras e mudar seu ser essencial, na psicagogia cristã é o sujeito instruído e comandado que tem de pagar o preço. É de sua "alma" que se requer se testemunha de verdade, " algo que apenas aqueles que estão de posse da verdade podem fazer" (p.498). Exige-se agora do aluno que admita que seu ser essencial mudasse possivelmente instigado por uma abordagem pedagógica. Não se pergunta ao aluno sobre seu conhecimento, habilidades , sua atitude, mas sobre sua alma. Ele deve passar por teste, dar testemunha de seu conhecimento e produzir verdade sobre si mesmo.) ( Pag 57)....
CUIDADO DE SI E AUTOCONHECIMENTO
".... O auto conhecimento tornou-se, como o primeiro passo epistemologia , o princípio fundamental do modernismo.
Então vemos que, de acordo com Foucault, uma reversão da ordem aplicável na Antiguidade das máximas "cuide de si mesmo" e conheça-te a ti mesmo" ocorreu. O papel da pedagogia no cuidado de si pode agora ser demonstrado com base na relação entre mestre e aluno."( pag 58).
O FALAR A VERDADE DO MESTRE
... "Quem fala a verdade não é nem educador de criança nem pedagogo nem professor, mas um filósofo! Sem considerar a profissão ou a instituição, contudo, ele é um instrumento do controle social. O mestre deve despertar a dormente capacidade de alcançar o cuidado de si, mas não consegue fazê-lo integralmente. Mas Foucault não explica a interação inicial pela qual a pessoa imatura passa. Então como o aluno reconhece o mestre? E como se desembaraça da situação? Isso também não é explicado. É tarefa do mestre "contar tudo" (2004, p.447).Em contraste à lisonja e à retórica (cf. 2004,p.454-463), ele deve não apenas expressar o conteúdo
21
da verdade mas também aplicá-la habilmente e viver de acordo com ela. De acordo com Foucault essa atitude e esse processo foram descrito na Antiguidade como parrehsia" (2004,p.447). .... (pag 59)....
Independentemente de todas as interpretações os , parrehsia é em geral definido como " falar tudo",, a capacidade de falar livremente . Isso a torna simultaneamente uma virtude, um talento, uma capacidade e uma obrigação (cf.2004,p.454). ....(pag 60)....."
"... De acordo com os critérios de Foucault , não é em absoluto uma estratégia discursiva (cf 2004),p.454-463), pois não é pedagogia também!6 Parrhesia é, ao contrário, um genuíno "efeito antipedagógico" (p. 32). Parrhesia é a falta de técnicas didáticas ( do conhecido para o desconhecido), do simples ao complexo, da parte ao todo). Parrehsia não e consequentemente pedagogia porque, por um lado permite-independentemente das considerações práticas ? que o poder total da verdade seja experimentado e , por outro lado, o poder das características brutais que ela possui...."( pag 60).












22
Capítulo 5
Foucault, o falar a verdade e as tecnologias do eu: as práticas confessionais do eu e das escolas
Tina Belsey
Introdução

O seguinte cenário descarta um dilema ético relativamente comum nas escolas secvundárias. Em vez de ofercer soluções para esse dilema, o artigo o apresenta para destacar como as noções filosóficas de Foucault, do cuidado de si são relevantes para educação moral dos jovens das escolas de ensino médio. .... "Por isso , forma parte do currículo oculto e é algo a respeito de que a amior parte dos professores não recebeu treinamento ou compreende . este artigo divide-se nas seguintes seções que buscam as compreensões mutantes de Foucault sobre o eu: falar a verdade e as tecnologias do eu; e sua geneologia da confissão. O artigo termina com uma breve conclusão. (pag 650
... "A escola mantém uma política de expulsão quando há uso de drogas. Assim, se professor ou Jo "confessassem" Jo seria automaticamente excluído e, se for impedido de realizar os para a bolsa exames para bolsa , ingressar na universidade passará ser uma enorme batalha. Há escolas A escola B, tem uma política de intervenção para ajudar os alunos pegos com drogas a mudarem seu comportamento, há orientadores/conselheiros, psicólogos d educação, assistentes sociais, equipe que trabalha com a juventude e um sistema de orientação organizado. ..." (pag 66)....
... " O modo como as ciências psicopedagógica do século XX conceberam e posicionaram a juventude demonstra noções complexas do eu, do outro e está "intrinsecamente ligado à história do " governo" ( em sentido não- político). Que Nikola Rose (1998) sustenta."....(pag 66).



23
NOÇÕES DE FOUCALT SOBRE O EU
.... " Foucault não só apresenta uma mudança bastante grande em relação aos discursos anteriores sobre o eu, mas também apresenta noções de disciplinaridade,
governamentalidade, liberdade e ética, e também noções de corporeidade, política e poder e seu contexto histórico-social para a compreensão do eu. Sua própria compreensão sobre o eu mudou ao longo dos anos. No período tardio de sua vida, ele observa que pode ter concentrado " demais na tecnologia da dominação e do poder" (Foucault,1988b,p.19). ..." ( Pag 67).....
....Foucault historiciza questões de ontologia , subistituindo as investigações genealógicas do sujeito pela tentativa filosófica de definir a essência da natureza humana, tentando revelar as condições contingentes e históricas da existência. E isso porque, para Foucault, o eu ou o sujeito "não é uma substância. È uma forma, e esa forma não é primeiramente ou sempre idêntica a si mesma (Foucault,1997a ). Sef/eu também quer dizer tanto "auto" quanto "o mesmo", então entender o self/eu implica entender a identidade. ....(pág 67)...."
.....Foucault estabelece uma tipologia de quatro "tecnologias" inter-relacionadas, que são as tecnologias da produção, as tecnologias dos sistemas de sinais, as tecnologias de poder (ou de dominação) e as tecnologias do eu. Cada uma é um conjunto de razões praticas permeada por uma forma de denominação que implica algum tipo de treinamento e de mudança ou formatação dos indivíduos. Em vez de um entendimento instrumental da "tecnologia", Foucault usa a tecnologia no sentido heideggeriano como uma forma de revelar a verdade e de focalizar as tecnologias de poder e as tecnologias do eu.
As tecnologias do poder " determinam a conduta dos individuos e as submetem a certos fins de dominação, uma objetivação do sujeito" ( Foucault ,1998b,p.18). As tecnologias do eu são
Operações em seu próprios corpos e almas, pensamentos, conduta e maneira de ser que as pessoas fazem ou por conta própria ou com ajuda de outros para transformarem-se a
fim de atingir um estado de felicidade, pureza,sabedoria,perfeição ou imoralidade (p.18). ... (pag 68)...." ....


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... A GENEALOGIA DA CONFISSÃO
DE FOUCAULT COMO PRÁTICAS DO EU
" As noções contemporâneas de confissão não são derivados simplesmente dfa influência da Igreja católica e de suas estratégias para a confissão dos pecados, em que o pecado é em geral igualado com a moralidade sexual de maneira que a confissão se tornasse a tecnologia principal para controlar a vida sexual dos crentes, mas de noções filosóficas antigas, pré ?cristãs (Foucault ,1980ª, 1988b). Essas noções contemporâneas foram profundamente influenciadas pelas técnicas confessionais presentes nas nações puritanas do eu e a sua relação com Deus e pelas noções românticas e rousseaunianas do eu ( Gutman, 1988: PaNDEN,1988). Embora confissão queira dizer reconhecimento , também implica uma declaração ou desvelamento, reconhecimento de ou admissão de um crime, falta ou fraqueza. O reconhecimento diz em parte respeito a tornar alguém conhecido pela revelação de seus sentimentos privados ou sentimentos que formam parte de sua identidade. Em sua forma religiosa, a confissão implica o reconhecimento verbal dos pecados de alguém a outra pessoa. Está-se obrigado a executar essa confissão como arrependimento na esperança de absolvição.
Foucault aponta para a mudança das praticas confessionais do mundo religioso para o medição e depois para os modelos terapêuticos e pedagógicos das sociedades seculares contemporâneos , Na confissão, a agência da dominação não reside na pessoa que fala, mas naquela que questiona e ouve. A confissão sexual constitui-se em termos científicos por meio de "uma codificação clínica de indução à fala; de um postulado de uma causali8dade geral e difusa; do princípio de uma latência intrínseca à sexualidade; do método de interpretação; e da medicalização dos efeitos da confissão" (ver Foucault,1980a,p. 59-70)." ..... (pag 73/74)....






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Capítulo 6
Paradoxo da capacidade e poder: ontologia Crítica e o modelo de desenvolvimento da Infância1
James Wong
" O modelo de desenvolvimento da infância é agora fundamental para às práticas e políticas de educadores e de outros profissionais que lidam com as crianças e com seus cuidados,tais profissionais que lidam com as crianças e com seus cuida dores, tais como profissionais das áreas da saúde social.....(pag 81)...
.... Contra a crítica, Foucault alerta para o que ele chama de "chantagem do Iluminismo"(1984,p.42.)....(pag 84)...
... Os indivíduos em relação de poder que não a de dominação, contudo, têm a liberdade de coordenar as suas ações de maneira particular. Nesse tipo de problema de coordenação, os indivíduos se alinham de acordo com certas metas que cada um quer alcançar. A relação pode ou não pode ser hierárquica, dependendo do contexto no qual está situada. Não obstante, mesmo que fosse hierárquica,indivíduos em várias posição de sujeito são constrangidos. Quando um administrador, ou um chefe de departamento, planeja implementar novas iniciativas, ele pode fazê-lo apenas se os outros "aceitarem" os planos e trabalharem de acordo com eles. Os indivíduos sob tais circunstâncias podem escolher agir de acordo ou resistir. Podem até tentar modificar a maneira pela qual estão ligados aos outros tanto quanto puderem, mudando as regras que governam a própria relação. Nesse sentido, a relação de poder é recíproca entre os indivíduos e requer que eles tenham a liberdade de fazer escolhas (Ruouse,1994;Tully,1999). A mudança é, portanto, possível.10
De fato, o problema, escreve Foucault (1988a ), " é descobrir onde a resistência vai organizar" (pag.12). ....." (pag 86).....
... "Demonstrar que certas maneiras de pensar e agir são historicamente contingentes, contudo, não demonstra que sejam falsas ou mesmo problemáticas. Se alguém tivesse de sustentar que o desmascaramento das realções de poder que estão por detrás dos conceitos e práticas por si só demonstra que as proposições informadas por tais conceitos são falsas, então estaria

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cometendo a falácia genética. Foucault (1988a), contudo, está bem ciente dessa objeção possível. Ele diz que
Podemos demonstrar , por exemplo, quemedicalização da loucura... foi
ligada, em algum momento ou outro, a uma série completa de processos
sociais e econômicos, mas também a ionstituições ou praticas de poder.
Esse fato de maneira alguma prejudicar a validade cientifica da eficácia terá-
pêutica da psiquiatria.Não a garante, mas também não a cancela (p.16)...
(pag 87)...

... O MODELO DE DESENVOLVIMENTO DA INFÂNCIA
"Como uma ilustração das obras de uma ontologia crítica, considere o caso do desenvolvimento de uma criança. Se examinarmos com atenção a literatura pediátrica ou os livros de auto-ajuda para os pais, uma idéia que imediatamente de destaca é a de que as crianças devem se desenvolver de acordo com as normas físicas cognitivas e psicológicas. É difícil para nós, hoje, raciocinarmos sobre o que fazer pelas crianças sem pensar nelas como crianças que tenham de se desenvolver de acordo com tais normas. Ainda assim, a própria idéia de que as crianças devem desenvolver-se de acordo com normas é recente, mal em 200 anos." ... ( pág 89). ...
..." A visão de que há um índice de desenvolvimento , como uma norma , pode ser empregado na administração detalhada dos indivíduos. Mas as técnicas e
tecnologias para esse conhecimento não haviam sido inventadas até a metade do século XIX." ....(pág 91)....
.... "Os educadores também tinham grandes esperanças de que os estudos antropométricos fossem produzir conhecimento sobre as leis do desenvolvimento mental das crianças. Eles tinham interesse prático em tais estudos. Para eles, a chave para tornar a pedagogia mais eficaz era entender como a mente da criança se desdobrava.

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Quando as práticas educacionais são adaptadas à ordem de desenvolvimento natural das habilidades das crianças e de seus interesses, tais práticas seriam finalmente capazes de fazer o que deveriam fazer: moldar essas crianças para serem cidadãos do futuro. A questão do desenvolvimento mental das crianças rapidamente tornou-se um assunto quente para discussão nos clubes femininos e nas organizações de professores na metade do século XIX.".... (pág 92)...
.... "O desenvolvimento da mente era visto como algo que separava os seres humanos do mundo animal. O desenvolvimento mental das crianças tinha interesse particular, porque se pensava que ela estivesse entre o animal e o humano. Uma Certa quantidade de artigo sobre o comportamento infantil foi publicada na segunda metade do século XIX." ....(pág 93).....
.... "O conhecimento do desenvolvimento das crianças também mudou a maneira pela qual pensamos sobre elas e fazemos coisas para elas. As crianças são agora vistas como indivíduos que se desenvolvem ,mais ou menos normalmente , de acordo com normas físicas e psicológicas. Tal conhecimento teve impacto imediato sobre os pais. Autoridade, como James Sully, professor de filosofia e psicologia da Universidade de Londres e entusiasta do estudo do comportamento infantil, dizia aos pais que criar os filhos não era mais
uma questão de instinto e de regras práticas irrefletidas mas tinha se tornado objeto de discussão profunda e desconcertante. As mães ? ou seja, o tipo certo de mães ? sentem que agora devem conhecer ao fundo essa criatura que são chamadas a dirigir pela estrada que leva à idade adulta (Sully,1903, citado em Ross,1972,p.284)."... (pag 94)".....
... " A mensagem foi clara: bons pais iriam buscar e aprender as últimas descobertas sobre como criar seus filhos. Os pais especialmente os pais de classe média, buscavam tal conhecimento em panfletos e revistas populares, como a Parent?s Magazine. O desenvolvimento tornou-se parte de seu vocabulário funcional com as crianças entre si. De bom grado, transformaram suas casas e tornaram-se eles mesmos os tipos de pessoas que tal conhecimento requeria.Quem não gostaria que seus filhos fossem saudáveis e no normais? Pode ser verdade que, como diz o ditado popular, "é necessário uma aldeia para se criar uma criança", mas com a noção científica de desenvolvimento que tal aldeia inclua um especialista ou dois ou, pelo menos tenha acesso a eles.

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Capítulo 7
Assistência social "governo":
Uma perespectiva analítica do poder
Fabiana Kessl

A NÁLISE DO PODER EM FOUCAULT
" Para aqueles que são controladores, " O poder está neles investido, é transmitido por eles e por meio deles; exerce sobre eles, da mesma forma que eles próprios , em sua luta contra o poder, resista ao domínio que ele tem sobre eles" (Foucault,1994,p.27)." .... (pág100)..."
".... As perspectivas baseadas na analise de poder experimentam esse tipo de rejeição maciça não só nos debates sobre a assistência/ trabalho social. Os resmungões sócio pedagógicos também concordam em coro com o que os céticos alemães dizem de Foucault, cujo refrão comum e adaptado foi escrito por Jurgen Habernas ,1998,p.284).De acordo com essa sugestão, seguir Foucault implicaria o fim completo e total do Iluminismo. As atuais objeções desabonam essas reprovações: Foucault não apenas louva o Iluminismo, mas é um precursor da formação da teoria neoliberal (ver Reitz,2003). ....(pag 101)......"
"... A análise das práticas discursivas, a genealogia das formas de conhecimento, a reconstrução dos meios de subjetivação e jogos de verdade, análise do poder ? a obra de Foucault caracteriza-se pela busca dos instrumentos analíticos em relação a cada investigação particular em que está trabalhando. Não há algo com uma " teoria foucauldiana", nenhum "sistema" de categoria analítica fixas para uma análise de Poder daquilo que pode ser visto e dito. As obras de Foucault não nos deixam com muito mais , ou com muito menos, do que essa caixa de ferramentas. ..." (pag 103)...
... " Foucault (2003) cita o programa escolástico e pedagógico das filantropias na segunda metade do século XVII: "Precisamos de seus filhos, dizia-se. D~e seus filhos a nós. Nós, como você, precisamos que essas crianças sejam formadas normalmente. Então , confie seus filhos a nós para que possamos formá-los de acordo com certas normas [grifo meu] (p.256). As crianças são as pessoas que (ainda) correspondem às normas já estabelecidas.Os filantropos,
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assim, de maneira coerente e explícita identificam o treinamento de normas como seu programa educacional. As medidas sóciopedagogicas foram concebidas da mesma maneira desde o surgimento de sua institucionalização e profissionalização no século XIX: as metas de suas medidas intervencionistas são identificadas como normas como seu programa educacional. As medidas sociopedagogicas foram concebidas da mesma maneira desde osurgimento de sua institucionalização e profissionalização no século XIX: as metas de suas medidas intervencionistas são identificadas como normas. O comentário de herHerman Nohi com relação ao projeto de relações entre as gerações já tem isso com meta, quando em 1930, ele acrescentou à conclusão de seus pensamentos que estava preocupado com a "continuidade" do espírito (p.120)". ....(p. 105). ....
"....A tarefa de reunir sistemas sociopedagógicas é tornar possível ver a lógica da estruturação subjacente às ações sociopedagógicas (governamentais) que permanentemente a reproduzem. As convicções sobre as quais se baseiam essa conduta são o resultado de acordos historicamente específicos e assim particulares para sistematização do campo social. Em outras palavras, as interpretações dominantes apresentam um certo preenchimento ético de lacunas universais. O desafio sociopedagógicas requer que se perceba um conteúdo particular inevitável e sua conexão para com uma universalidade igualmente inevitável e intangível.Poder-se-ia apontá-la; as perspectivas analíticas de poder e controle mais do que as perspectivas da teoria da comunicação são inevitáveis.O trabalho social não escapa das estrutura de poder. É parte constitutiva do governo do social. ... (pag 107).








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Capítulo 8
O "INTRA- EMPREENDEDOR" E A "MÃE": ESTRATÉGIAS DE "FORMENTO" E " DESENVOLVIMENTO" DO EMPREENDEDOR DE SI NO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL E NA AÇÃO AFIRMATIVA
Susane Maria Webwe
Introdução
No setor privado alemão, o desenvolvimento organizacional e a ação afirmativa para as mulheres são conceitos correntes da mudança institucional. ....
.....Organizações diferentes usam as possibilidades de ambas os conceitos de maneiras diferentes. As variedades, inerentes ás organizações, de conhecimento de roteiro, isto é, dos conceitos correntes da racionalidade estão fundamentadas, estão estabelecidas. As estratégias específicas para cada empresa tornam-se manifestas. As organizações lidam de maneiras específicas com este conhecimento, e elas podem ser integradas nas tipologias de " mercado, "clã" e " burocracia". .....(pag 110).
... O conhecimento educacional pode ser descrito como conhecimento normalizado no âmbito de um dispositivo de poder (Foucault,1978,b.c). .... (Pag 111)
.....O conceito de "recurso humano" designa uma nova posição ao sujeito e à diferença de gênero. Na estrutura do "mercado" a diferença não é mais um déficit como era dentro da lógica da estrutura organizacional da "burocracia" ; não é também mais uma fronteira como no conceito de "clã". Na verdade, é um recurso que está no escopo de um "gerenciamento da diversidade" (Weber, 1999). ... (pag 111)...
... DIAGNÓSTICO DE PROBLEMAS:
RISCO , AUMENTO DE COMPLEXIDADE
E FALHA DE CONTROLE
Nos diagnósticos atuais o mundo parece extremamente complicado. As soluções do passado são problemas de hoje. As estratégias institucionais da resolução de problemas que
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mal são calculáveis e ajustáveis.Em face dos efeitos crescentes da ação instrumental, a falha do controle e a complexidade crescente são diagnosticados. A pesquisa e a prática lidam com questões do se e do como o imprevisível pode tornar-se previsível.
RISCO
O risco tem de ser calculado mesmo quando não pode ser limitado e previsível.Desse ponto de vista, a Sociedade tornou-se uma "Sociedade de risco" (Beck, 1986).
A entrada na sociedade de risco ocorre no mesmo momento em que ameaças sociais e, portanto, socialmente produzidas, dissolvem os sistemas de segurança válidos de cálculos de risco já existentes no estado de bem-estar: riscos atômicos , químicos ,ecológicos e de engenharia genética,de maneira diferente do risco da primeira era industrial, a) não devem ser delimitados nem localmente ou temporariamente, b) são incalculáveis, de acordo com as regras de causalidade,culpa e responsabilidade, c0 são irreparáveis e " não-seguráveis"(Beck,1993,p.451). .... (Pag 113)....
.... A categoria de risco refere-se,á vida dos sujeitos e sua identidade, à mudança institucional, às estratégias do estado-nação, bem como ao desenvolvimento global. ... ( pag 113/114)...
....AUMENTO DE COMPLEXIDADE
.... A situação é marca pelo rápido aumento dos problemas e desafios sociais tanto quanto pelo reconhecimento do fato de que cinco ou seis bilhões de seres humanos são afetados pó esses problemas (Gruppe Von Lissabon,1997,p.20). Eles afetam todas as áreas: política, economia, cultura e ecologia. "os novos perigos ambientais são globais, têm efeitos que vão além do seu lugar de origem e que são, as vezes, invisíveis: destruição em larga escala, o buraco na camada de ozônio, o derretimento polar, a poluição dos oceanos" (Beck 1997,p.9).Situações problemáticas não podem mais ser resolvidos pelo uso das estratégias lógicas causais da ação instrumental. O objetivo é não pensar nas relações de causa-e-efeito , mas chegar a uma compreensão das cadeias de efeito. No desenvolvimento organizacional, como nos programas de ação afirmativa, o aumento da complexidade é considerado um problema.


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FALHA DE CONTROLE
...Trata-se de um modelo de percepção que concerne ao desenvolvimento global tanto quanto à ação organizacional. Esse problema produz categorias de perda de controle em diferentes níveis de ação. ..... (pag 114)....
Os riscos, o aumento da responsabilidade e a falha de controle no discurso e como problemas, são igualmente relevantes no nível da ação local, mundial e organizacional. No nível organizacional o risco é visto como incapacidade de competir por causa de estrutura organizacionais rígidas e burocráticas. Em um mundo de mudanças rápidas a orientação unilateral em direção a manutenção do status quo é considerada disfuncional. A "burocracia" é cada vez mais considerada estática, hierárquica e segmentada. Observando o lado da família , o modelo tradicional de uma relação hierárquica e patriarcal não é mais aceito. Os ideais do casal igualitário e da relação igualitária entre crianças e pais vêm à tona ? assim como na privacidade as formas tradicionais de controle parecem perder terreno."
VELHO E NOVO PODER-CONHECIMENTO
DE CONTROLE: "BUROCRACIA" E " MERCADO"
.... "A estrutura organizacional da burocracia é criticada por colocar as decisões e as habilidades no topo e pelo fato de as relações serem lineares. Diz que a burocracia funciona independentemente das pessoas , porque vê os seres humanos como um fator de insegurança que precisa ser controlado. A burocracia é criticada por tornar lenta a iniciativa humana: qualquer independência de espírito é imediatamente colocada de volta no trilho dos regulamentos e procedimentos. ...(pag 116)"...
.... "Um novo modelo organizacional flexível é implementado contra essa prática hierárquica , segmentada e estática. E considera-se um modelo apropriado para ir ao encontro dos riscos da crescente complexidade e falta de controle, sendo divulgado como uma âncora de emergência para a eficácia da ação institucional. ... (pag 116). ...



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..." REDES ECONÔMICAS: "INTRA-EMPREEDEDORES",
EQUIPES E O PROCESSO CONTÍNUO DE MELHORIA?
"Quando se pesquisa a literatura atual da área gerencial sobre desenvolvimento organizacional é impossível evitar a figura da "rede" (Weber,1998). Há uma demanda por estruturas organizacionais abertas e flexíveis que detyerminam tão poucas coisas quanto possível , de antemão. Ou como diz o consultor organizacional Kuhl (1994): " Os processos de comunicação têm de ser organizados em uma rede permanente de retroalimentação. A conseqüência disso é que as organizações não são mais estruturas formadas , mas se transformam em um processo em que há retroalimentação e melhoria permanentes" (p.133). ...
..... Idealmente, as pessoas têm de ser empreendedoras (intra- empreendedoras) no Mercado. Esse mercado existe tanto dentro quanto fora da empresa. O mercado interno da empresa transforma antigos colegas em "provedores de serviço" e "clientes " ( Moldaschl e Schultz-Wild,1994,p.23). Esse modelo de mercado modifica também as funções dos departamentos e de sua interação. Os departamentos são restruturados como outros de lucro é baseado na descentralização e na localização do gerenciamento. Cada unidade é autônoma e economicamente responsável por si. ... "( pag 117).....
.... "OS MODELOS ORGANIZACIONAIS:
BUROCRACIA, CLÃ E MERCADO
....As décadas de 1980 e 1990 presenciaram o desenvolvimento de novos objetivos e princípios orientadores também para as organizações burocráticas . Conceitos como " administração de qualidade total" foram elaborados para aumentar a capacidade competitiva das empresas." .... (pag 118).....
... "A cooperação equilibrada entre iguais é uma demanda, mas os recém-criados empreendedores internos politizam a fim de sustentar seus próprios interesses.Os executivos usam medidas de reestruturação para seus próprios fins.Em vez do trabalho de equipe e da cooperação , o principio da competição começa a atuar. O foco não está no lucro da organização mas, no lucro do departamento de alguém. Em vez de nivelar a racionalização das hierarquias , ocorre a intensificação do trabalho e da terceirização.".... O clã lida com o aumento do lucro por meio de um papel na comunidade. O clã objetiva oferecer a seus
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empregados uma casa e uma família e trabalha com a solidariedade como recurso. Paz na empresa, harmonia entre os empregados e um bom ambiente social são muito importantes. .... O empregador volta-se aos valores em prol de situações reais e das pessoas. Ele controla os negócios por meio do "gerenciamento que circula pelo ambiente". O "chefe" se vê como um "pai". O modelo de clã enfatiza o princípio de " pastor e rebanho". O pastor presta atenção constante em seu rebanho e o acompanha todo o tempo. Corrige desvios e busca ovelhas desgarradas, mantendo o grupo unido. Enquanto o clã tem como base o princípio de lealdade e cuidado, de pastor e rebanho , no mercado o que se tem é total competição. ...(pag 119)"....
.....CONHECIMENTO EDUCACIONAL, O SUJEIO QUE MELHORA POR CONTA PRÓPRIA E A POSIÇÃO DA NORMA
... " A burocracia , o mercado e o clã representam modos diferentes de poder-conhecimento e de suas representações institucionais. A burocracia é ainda baseada na hierarquia, segmentação e estruturas estáticas e funciona com formalização e separação do público e do privado. O clã baseia-se em um princípio de baixa formalização. Ele integra o sujeito trabalhador em uma espécie de educação "baseada na família " em uma "unidade empreendedora" homogênea. O mercado, por ouro lado, favorece o sujeito que busca sua própria melhoria e que se volta ao conhecimento educacional de apoio e desenvolvimento. .....
...O conhecimento educacional tem tarefa de gerar esse assim chamado sujeito que melhora por iniciativa própria. Ainda assim a racionalidade de controle descrita aqui não deve ser manipulada de maneira afirmativa ou ideológica ?critica. Essa racionalidade tem uma qualidade subjetivadora e " percorre as partes internas do corpo" (Foucault, 1978c.) Ela não representa um modelo de poder repressivo, mas um modelo que ativa o capital humano." ... (pag 121)....
..."Essa prática de poder tem caráter pedagógico e de apoio, alem de implicar conexões e de ter um caráter pedagógico e de apoio , alem de implicar conexões e de ter um caráter convincente , tornando a não-comunicação um alto risco. Portanto, o gerenciamento preventivo tem de ser projetado como um monitoramento contínuo de processos. Por meio do conceito de aprendizagem de vida ineira, o sujeito se torna o sujeito que busca melhorar autonomamente e que tem de se emancipar e desenvolver-se de maneira constante."....(pag 122)...
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... A TÁTICA: AUTO ?ORGANIZAÇÃO,
CONFIANÇA E APRENDIZAGEM

O conhecimento pedagógico do mercado funciona no âmbito do dispositivo de poder da rede. Seus mecanismos são auto- organização, confiança e aprendizagem. Esse conhecimento pedagógico incorpora-se na figura do intra-empreendedor como personalidade de aprendizagem auto-organizada, e na relação entre empregado e gerente como relação pedagógica. ...(pag 123)...

...A TÁTICA DA AUTO-ORGANIZAÇÃO
O auto- organizado " empreendedor de si mesmo" não está mais na posição de um sujeito aleienado. Ele "percebe a si mesmo por meio daquilo a que aspira e pela autopercepção. Na organização de rede, as unidades autônomas e os centros de lucro estão conectados de maneira mais soltas. Eles podem agir flexivelmente e independentemente de outras partes do sistemas. Por meio das atividade que lhe são próprias e por uma auto-regulação de amplo alcance de todas as unidades relativamente independentes,otimiza-se a regulação. As necessidades de cada situação não apenas podem acelerar, mas sim moldar a habilidade do sistema como um todo para reagir e agir proativamente. .... (pag 23) "....
....A TÁTICA DA CONFIANÇA
As equipes , no dicurso gerencial dos profissionais visualizadas como tripulações de navegação ou como banda de jazz, constroem o corretivo para o intra-empreendedor. Aqui os poderes de aglutinaçãodos grupos e das equipes atuam como recurso. A utilidade do trabalho da equipe esta na qualidade emocional da "localização", os recursos da solidariedade, mas também na dimensão do evitar o anonimato e, protanto, do controle social. Os novos conceitos de comunidade não devem ser confundidos com " a velha ideologia do mundo de negócios em que a empresa é vista como uma família" (Esser,1992.p. 158). A diferença está na orientação coerente do intra-empreendedor e do grupo como um todo em direção a um objetivo empresarial comum. Os empregados são elos de uma cadeia e não " carregadores de
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realizações" isolados (Sommerlatte,1996,p.120). nesse discurso, as equipes devem criar solidariedade, confiança e controle social. ...(pag 124). ...
...A TÁTICA DA APRENDIZAGEM
A aprendizagem facilita a forma e a otimização dos processos. As equipes conectam as realizações à aprendizagem (Katzenbach e Smith, 1993). As características da aprendizagem são mente aberta, não-linearidade, processamento de informação, integração de erros e feedbacks crendizagem parece
ser um processo em forma de rede e holístico de informação no cérebro. Capra 1996) descreve claramente a relação entre o paradigma da rede e a aprendizagem:
Pelo fato de as redes de comunicação serem capazes de criar feedbacks constantes, elas também são capazes de gera a habilidade da auto-regulação. Por exemplo, uma comunidade que mantém uma rede ativa dfe comunicação será capaz de aprender a partir de seus erros, porque as conseqüências se espalharão pela rede e retornarão ao ponto inicial. Isso possibilita à comunidade corrigir erros e sistematizar-se e se organizar (p.101)." ... ( pag 125/126). ...
.... ".ESTRATEGIAS DE "LIBERDADE", "SISTEMAS
ORGANIZADOS MAIS LIVREMENTE"
E "SEGURANÇA SISTÊMICA"
A atividade autodirigida do intra-empreendedor, a organização conectada por meio de equipes poderosas, os empregados que aprendem de maneira permanente e a organização que constantemente se otimiza são elementos de um discurso- estratégia. (pag 126)....
.... "A ESTRATÉGIA DA PREVENÇÃO
Em que tipo de racionalidade está baseada a prevenção? A prevenção define os tipos de risco e presume que eles pioram se nenhuma intervenção ocorrer. Intervenções precoce e/ou oportunas prometem reduzir riscos. Em estratégias preventivas, medidas são estabelecidas e conceitualizadas como "auxílios". Tal problema padrão é institucionalizado e pressiona outras organizações para que desenvolvam medidas similares." ... (pag 127)....

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.... "A ESTRATÉGIA DE SISTEMAS
ORGANIZAÇÃO LIVREMENTE
.... O principio de rede é em si mesmo o principio de conexão frouxa e mais livre de partes do sistema que são independentes uma das outras." .... (pag 127)...
.... "O procedimento de navegação" das imagens corresponde ao princípio de sistema organizado livremente. As imagens criadas discursivamente não impõem normas sociais nem morais. Elas atuam de maneira regulada deixando que as
imagens "fluam", o que tem efeitos normalizados. " O poder de tecnologias de relacionamento se baseia em nada impor , nem novas nem velhas normas sociais. Ele permite que ambas naveguem lado a lado até que cheguem a um ponto de equilíbrio " ( Donzelost,1979,p.220)." ... (pag 128)..
.... "A ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA SISTÊMICA
A estratégia da segurança sistêmica integra tática da liberdade, comprometimento e aprendizagem. Nessa estratégia ampla de segurança, a aprendizagem se torna um direito individual. Os " direitos" correspondem a "livre escolha" ? você pode exigi-los, eles dão opções ao sujeito. ....
.... As estratégias sistêmicas funcionam com efeitos amplos e totalitários de poder e autoridade de controle." ... (pag 128). ....
..."GERENCIAMENTO DE GÊNERO
E DIVERSIDADE NAS REDES ECONÔMICAS?
Quando buscam as posições de " diferença" e a categoria de " gênero" em modelos diferentes de organização, três diferentes localizações se tornam aparentes: exclusão, marginalização e uso. O discurso sobre diferenças contém igualmente diferenças de gênero, culturais e físicas." ... (pag129)....
..."NEGAÇÃO E EXCLUSÃO
DE FEMEA: A " BUROCRACIA"
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A burocracia ocorre em espaços públicos. Alegadamente neutro, o espaço público prova ser um clube masculino em que a autoridade feminina não está simbolização. Não há espaço para a "privacidade", a qual está conectada a femenilidade.... A ação afirmativa para as mulheres transforma-se em uma ferramenta para a integração das mulheres na família e para excluí-las do mercado de trabalho. As mulheres que recebem uma "licença remunerada para maternidade" são
compensadas com prêmios em troca do direito de retornar a seu trabalho antigo depois da licença. ... (pag 129/130). ...
.... MATERIALIZAÇÃO DA MULHER: O "CLÃ"
Que posição as mulheres e a feminilidade têm no discursos analisados e no modelo organizacional do "clã"? O "clã" tem uma cabeça: é masculina e no modelo o entendida como um "pai" ou um patriarca. Na maior parte das vezes, ele decide pessoalmente se as mulheres tem alguma chance no negocio ou não. ....
..... USO DOS RECURSOS EMPRESARIAIS FEMENINOS: o "MERCADO"
O terceiro tipo de organização o "mercado", usa recursos. O modelo de mercado apenas sustenta os "capazes". Aqui, apenas as realizações contam. As medidas de apoio as mulheres e o desenvolvimento pessoal são uma só coisa.( Diz-se que) as mulheres possuem "habilidades femininas", tais como habilidades de comunicação e talento para vendas, sendo vista como um recurso. O modelo de mercado funciona para as realizações e é portanto, menos discriminatório do que a burocracia ou os modelos de clã. Contudo, ele define o que é feminino usando todas as características e traços. Por exemplo, a amizade e uma atitude simpática integram o ato de vendas como " qualidade de serviço." ... ( pag 130/131). ...





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CAPÍTULO 9
Pensando a governamentalidade " a partir de baixo": o trabalho social e os movimentos sociais como atores coletivos) em ordens movíveis /móveis
Susane Maurer
As considerações deste capítulo tentam explorar a noção foucauldiana de governamentalidade relacionada aos auto-entendimentos , perspectivas e experiências coletivas no contexto do trabalho social crítico/ "radical" que está historicamente conectado aos movimentos sociais. ( por exemplo, " ação social"). ...
... Falando em trabalho social como produto e como ator em um processo profundo de dinamização da sociedade, o mesmo pode ser dito sobre os movimentos sociais: eles representam tentativas diferentes de transformação. ....Contudo os movimentos sociais são "produtos" de experiências específicas de "vida em sociedade" ... ( pag 135). ....
... MOVIMENTOS SOCIAIS E TRABALHO
SOCIAL NA ALEMANHA IMPERIAL...
... os movimentos sociais de fato desenvolveram uma certa percepção e perspectiva e, por ultimo mas não menos importante, como de fato desenvolveram políticas práticas para lidr com as mudanças sociais e os conflitos relacionados ao processo de industrialização e ao surgimento da moderna sociedade burguesa . em outras palavras, estou interessada no "poder da problematização" que está conectado aos movimentos sociais, de acordo com a noção foucauldiana de uma " historia da problematização" (i.e., criar um tópico a partir de algo que depois será reconhecido como relevante e significativo0, criando um tópico a partir da desigualdade social e suscitando a questão da justiça social. ...( pag 136)....
...... "Michel Foucault nos ensina que vale a pena prestar atenção á história da própria problematização enquanto se reconstrói historicamente os processos de mudança social e o ? tão óbvio quanto sutil ? estabelecimento de novas ordens sociais ( e mentais!). .... O foco específico no movimento da classe trabalhadora permite-nos perceber as relações de poder e conexão com um certo tipo de economia; permite-nos perceber as contradições de classe e os
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interesses políticos e econômicos divergentes dos diferentes grupos sociais. A relevante "posição social" é a posição de classe, e a metáfora escolhida relacionada à transformação social é "luta" (luta por justiça/luta por liberdade) ? e se não for "luta", será, pelo menos, "política de ação" ou simplesmente "política". ..... ( pag 138) ....
..."OS MOVIMENTOS DE EMANCIPAÇÃO
DO FINAL DO SECULO XX E A SEDUÇÃO
DO NEOLIBERALISMO
.... Os movimentos do final do século XX transformaram antigas noções de emancipação ( em um sentido mais jurídico ou formal ) em " subjetividade" ? entendida como um processo interno e externo de autoliberação e auto-realização. ...
....Michel Foucault fala sobre aspectos traiçoeiros do "poder" que são recepções que atraem e ao mesmo tempo não atraem tanto quanto energias de luta de forças opostas em direção a formas/modos de governo que já historicamente perderam seu peso. O aspecto ainda mais traiçoeiro aqui parece ser o fato de que isso aconteça com a ajuda e/ ou por meio da teoria crítica (ver Foucault,1997). .... (pag 139/140)...
....TRABALHO SOCIAL COMO MEMÓRIA
SOCIAL DA SOCIEDADE SOBRE OS CONFLITOS SOCIAIS
... As memórias e contra memórias estão circulando no campo do trabalho social. Traços dos conflitos passados têm com freqüência múltiplas camadas e são
contraditórias. Tais memórias " pertubadoras " pode irritar o processo de construir uma "tradição" ? podem também iluminá-lo de maneira crítica. ( pag 143) .....
... ao dar mais destaque aos processos de múltiplas camadas da "invenção de tradições" ( e também esquecê-lo, talvez ao mesmo tempo) em suas funções muito específicas para certos "atores" sociais ( profissionais, ativistas, projetos, instituições, etc .) e para " participantes" do "complexo do trabalho social", a visão mais estrutural da "memória" também será aberta a uma visão mais dinâmica pela noção de "recordação". "Recordação" permite observar as diversas lutas sobre o passado, as tentativas diversas , e controversas de transmissão cultural, a
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fim de construir ou (re) estabilizar uma "comunidade imaginada"" (consciente ou inconscientemente).
Pelo dado de as "lutas sobre o passado" estarem tornando as "diferenças" visíveis e acessíveis, elas estão potencialmente reabrindo-as para a política. Em outras palavras, a (re) construção histórica pode (re) abrir o trabalho social ao debate político desde que permaneça algo pertubador, algo irritante.... (143/145).
PERSPECTIVAS
... " Um certo espaço ou lugar em que as memórias de restyrição e lutas com e contra essas restrições podem se "salvas/guardadas" precisa ser criado. Tem de haver um lugar em que os processos de lembrança/memória serão cultivados de maneira crítica ? nem que seja menos para se tornar ciente do envolvimento com e na "rede de relações de poder". A partir daí, novos impulsos para os movimentos críticos de mudança poderiam emergir." ... (pag 145). ...













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Capítulo 10
Somente o amor pela verdade pode nos salvar: falar a verdade na universidade (mundial)?
Maarten Simons e Jan Masschelein ¹
É claro que não há tempo- estamos enfrentando desafios importantes e nos confrontamos com amplas transformações em nossas universidades. O que está em jogo é nossa sobrevivência. Nossa sobrevivência como universidade, como grupo de pesquisa, como palestrantes, como universidade, como grupo de pesquisa, como palestrantes, como pesquisadores. O que se precisa é de responsabilidade final. ... (pag 147). ...
... AS ORIENTAÇÕES DA UNIVERSIDADE
AO FALAR A VERDADE CIENTIFICO

A ORIENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE MODERNA
Usamos a expressão "universidade moderna" para nos referirmos à universidade como ela é conceituada ao ao final do século XVIII. ...(pag 148)....
.... "A universidade moderna vê no Estado uma garantia para sua autonomia (isto é, a lei da erudição/sabedoria como a condição para a pesquisa e educação livres e autônomas), e o estado deveria garantir que a universidade institucionalizasse essa autonomia." ...(pag 149). ...
....."A compreensão da universidade via conceito de funções não mais fundamenta a orientação da universidade em uma idéia (de humanidade) que transcende a sociedade". ....(pag 152)...
... Em um ambiente mais competitivo, a universidade não dispõe de algo como uma norma fixa para a boa pesquisa, a boa educação e o bom serviço." .... (pag 152)...
... "A competição em relação a educação ocorre com instituições de educação superior (profissionalizantes). Essas instituições , também orientam-se à sociedade do conhecimento e tentam oferecer uma educação que estimule a capacidade de pesquisa." .... (pag 153) . ....

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... PROPOSTAS PARA A REORIENTAÇÃO DO FALAR
A VERDADE NA UNIVERSIDADEFALAR
Em "nossa" sociedade do conhecimento, a universidade precisa aparentemente orientar-se (e difereciar-se) de tal maneira que seja, ao mesmo tempo forçada a desmantelar-se. Portanto perguntamos se a Universidade ainda tem o poderia ter outro significado para a sociedade que não o atual da sociedade do conhecimento de hoje. Para argumentar que esse significado não relaciona a uma nova orientação (e a uma submissão a um novo tribunal), primeiramente discutimos tentativas recentes de reorientar a universidade." ....(pag 156)...
.... " Na pesquisa transdisciplinar, o ponto de partida são as questões e domínios de problemas como eles aparecem na sociedade de uma maneira geral ( e não como eles aparecem no escopo limitado de disciplinas separadas). Esse tipo de pesquisa implica um tipo de orientação geral e oferecer à universidade um novo potencial para um edificar geral (Mittelstrass, 2002).
O objetivo de Mittelstrass , portanto é de repensar a universidade (na tradição alemã) como uma universidade de pesquisa na qual a pesquisa transdisciplinar e o ethos correlativo têm um potencial edificante." .... ( pag 156)...
.... " E, enquanto o especialista oferece à sociedade seus serviços com o foco na aplicação, o acadêmico como intelectual pode julgar no âmbito da própria sociedade de acordo com as leis da razão, embora Mittelstrass repense a universidade tradicional e leve em consideração os reais desafios, sua proposta reintroduz a idéia de que falar a verdade na universidade diga a respeito à orientação, ao discurso orientado a alguém e à jurisdição." (pag 156/157)....
.... " A ciência e a educação fundamentadas em disciplinas impedem que certos desafios e demandas externas entrem na universidade.".... (pag 157). ...
....OUTRA IDÉIA: UMA UNIVERSIDADE
PROFANA SEM ORIENTAÇÃO
A universidade de hoje já não se orienta para uma idéia ( de humanidade universal ou de racionalidade universal ) que transcenda a si mesma. Em vez disso, move-se para a excelência e a qualidade (isto é, o que é funcional para a sociedade do conhecimento). Entretanto, em tal posição a sentença de morte da universidade parece estar assinada quando outras organizações
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(monofuncionais) executam as funções dela ( pesquisa, instrução, serviço) e quando a combinação dessas funções já não é funcional. Embora a qualidade e a excelência sejam consideradas como a condição para nossa sobrevivência , esta orientação de fato parece ser o começo do fim da universidade (moderna). ...(pag 158)...."
.... " Fazendo uso de Foucault ( e principalmente de seu ethos ), há outra idéia da universidade se estivermos preparados para desconectar o significado de universidade da busca excessiva por orientação e se desconectarmos o falar a verdade na universidade (isto é, "verisdição" ) do julgamento ou ou da jusrisdição. Propor outra idéia de universidade implica que primeiro desistamos do conforto de ter uma posição (uma posição definida em relação a um tipo de tribunal e suas leis ). Propor essa idéia é enviar um convite para praticar outro ethos "experimental" caracterizado por uma exposição desconfortável em direção ao presente)." .... (pag 159)....
... A PESQUISA DO PRESENTE E O ETHOS EXPERIMENTAL
O que está em jogo é abandonar o conforto da proteção por um tribunal e fazer questão do presente ( em vez de trazer o presente, ou a sociedade presente , a julgamento). ... (pag 159)....
... " Tal pesquisa implica desistir do conforto de uma posição ( um lugar estabelecido, uma fundação, uma base ) e expor-se ( e expor seus pensamentos ) até seus proprios limites . o que precisa portanto é de uma ascesis, colocar-se à prova ou exercitar seu pensamento.
Essa exposição ao presente é desconfortável por causa da falta de um tribunal e dos critérios, mas também por que se pertence ao presente e se tem sua própria posição em jogo. O objetivo não pode ser limitado a ganhar um insight sobre o conhecimento especializado ou adquiri-lo. Acima de tudo, colocar-se à prova é uma pratica de autotransformação sem a promessa de uma melhor posição no futuro. (Pag 160).
FALAR A VERDADE: ASCENTISMO
E EXPERIÊNCIA...
.... " Atividades tais como xercitar-se, ler (os clássicos), escrever 9 e/ou copiar à mão), ouvir, repetir, rtecitar, etc. podem ser consideradas praticas educacionais disciplinares que colocam os alunos e os professores em uma condição na qual algo pode acontecer, em que uma experiência torna-se possível e na qual ele 9 sua relação com o eu e com os outros) pode ser
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transformada. Essas práticas educacionais, portanto, são também sempre um tipo de sés-imunização* (deixar para trás uma posição e a submissão a um tribunal). Por outro lado, tais praticas oferecem a oportunidade de momentos educacionais.". ...( pag 162 )...
...UMA FALA NÃO DIRECIONADA:
...UMA QUESTÃO DE AMOR?... "O falar a verdade mundano ou discurso não-dirigido não trata de propreidade ou apropriação.18 Falar no mundo-universidade leva em consideração a idéia de que no mundo ninguém é verdadeiramente especial, e que essa opinião ou hipótese relacionada à equidade requer um tipo particular de verdade." ... (pag 164)...

... "OBSDERVAÇÃO DE CONCLUSÃO
Com esses pensamentos sobre o falar a verdade na universidade, colocamos primeiro e principalmente nossa posição em jogo: qquem somos nós como pessoas que falam a verdade? Baseados nisso, expressamos uma idéia e a comunicamos. Contudo, essa idéia não nos pede para julgar a universidade hoje. Isso não significa que seja somente idéia . portanto, mencionaremos muito brevemente pontos específicos de atenção e práticas que articulam essa idéia.21"









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Capítulo 11
Foucault: a ética da auto criação e o futuro da educação
Kenneth Wim
Ética e Moralidade
" A última fase da obra de Foucault , coberta por seus dois últimos livros e últimos ensaios, é frequentemente descrita como "ética".Isso significa que, em termos gerais, ele se voltou menos a descrever o funcionamento do poder disciplinar na sociedade moderna, como havia feito em seus primeiros escritos, e mais a definir os espaços para a liberdade que tal a sociedade permite aos seus membros tanto na esfera política quanto na ética."... (pag 171). ...
... ÉTICA NA ESFERA PRIVADA
"Tanto para Nietzsche quanto para Foucault, a ética, como trabalho que o sujeito faz sobre si mesmo, e a educação são uma e a mesma coisa. Nietzsche define ambas como auto criação, portanto localizando-se tanto na esfera moral quanto na estética. O mesmo vale para algumas diferenças importantes, para Foucault .De acordo com sua definição , educação e auto-educação, mas isso não quer dizer que não requeira professores, grandes educadores, como Nietzsche os chama. ... (pag 175/176)...
... AUTOCRIAÇÃO E IMORALISMO
.....O imoralismo de Nietzsche foi também auto declarado. De fato ele usou o termo "imoralismo" para si mesmo uma variedade de contextos. O mesmo não aconteceu com Foucault, Nietzsche descreveu-se como "o primeiro imoralista"; identifica Zaratustra como a realização do imoralismo ? " a auto?superação da moralidade, a partir da veracidade "; e argumenta que a palavra imoralista é "um símbolo e um
emblema de honra para mim" (Berkowitz, 1995,p.280n). Nietzsche descreveu a si mesmo como imoralista em uma carta a Carl Fuchs em que também se refere ao
imoralismo como " a mais alta forma até agora de "integridade intelectual" (Berkowiz,1995,p.280n). ... (pag 178)....

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... " É importante entender neste ponto que o imoralismo de Nietzsche e sua ética da auto -criação não foi um ataque sobre a moralidade como tal."... (pag 179)...
....Quando falamos em benevolência, Nietzsche (1974) diz, precisamos distinguir
A questão central da educação, para Nietzsche, não é promover novas formas de
subjetividade, mas descobrir " como alguém se torna o que é", como ele coloca no
subtítulo de Esse homo; descobrir o seu eu autêntico. Processo que requer amor fato,
uma noção que não encontra espaço em Foucault:
O fato que um homem não deseje que nada seja diferente no que diz
respeito ao que está à sua frente ou atrás dele, ou por toda eternidade.
Não só deve o necessário ser suportado, e de forma alguma escondido...
Mas deve também ser amado o fato de que se esteja perfeitamente satis-
Feito com a vida que se tem vivido (Nietzsche,2004,p.54). (pag 181). ...
A AUTOCRIAÇÃO E A ÉTICA DO CUIDADO
Com efeito, a ética de Foucault é complexa e multidimensional. Alguma referência foi feita antes sobre uma dimensão- sua auto compreensão e auto constituição na esfera pública como um cidadão ?intelectual, em que ele adota a ética de um parrhesiasta.Há de fato duas outras dimensões. Uma, o aspecto poético, privado e esteticista a que Rorty se refere no contexto da autocriação de seu ironista, que tem a ver com a maneira com que se lida com a "solidão no mundo",como Rorty (1989) diz, e que coincide, como vimos antes, com sua percepção de sua vida filosófica. É a este ponto que Rorty envia a atividade filosófica também. O outro aspecto publica-privado, em que se interage e inter-relaciona com os outros não como cidadão mas como ser humano, como uma pessoa, como tendemos a dizer, com quem se pode compartilhar todo um aspecto de relações, da mais intima a mais casual. Essa dimensão interpessoal e informa de nossa relação com os outros como seres humanos é a moral. É geral e informalmente regulada por imperativos morais, autônomos ou heterônomos, enquanto nossa relação com os outros como cidadãos é formalmente regulada por imperativos morais, autônomas ou heterônomas , enquanto nossa relação com os outros como cidadãos é formalmente reguladas por leis, estatutos, constituições, etc."... (pag 184) ....
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....Contudo, uma vez que se retira a ética do reino ascético-estético e que se revolta ao reino do interpessoal, especialmente o da moralidade,para- se de falar a língua da autocriação ou autoconstituição e se volta à língua do autodomínio: a moralidade antiga " supõe que se estabeleça para si mesmo uma certa relação de dominação, de domínio , que que foi chamada de arché _ poder, autoridade" ( Bernaeur e Rasmussen,1994,p.6).A noção de autodomínio,na verdade, como a autocriação, está, contudo, no âmbito do reino da liberdade (do domínio de outros ou por outro), e no âmbito do reino do controle e do governar. De fato, existe na tensão entre os dois. Ao contrário , como a autonomia, o autogovernar-se implica obediência a regras que se faz para si mesmo. Foucault resume a relação entre cuidado de si e moralidade. Ele diz:
O cuidado de si é naturalmente conhecimento de si ? esse é o aspecto
socrático- platônico mas é também o conhecimento de um certo número
de regras de conduta ou de princípio que são ao mesmo tempo verdades
e regulações. Cuidar de si é prover-se dessa verdade. É aí que a ética se
relaciona ao jogo da verdade (Bernauer e Rasmussen,1994,p.5),

(i.e., o jogo da política e da moralidade). "Mas há também o outro lado: "Eu não acho", ele diz, que possa haver uma moralidade sem um número de práticas de si" (Kritzman,1990,p.260). Em outras palavras ,toda moralidade tem suas próprias práticas éticas. É assim que, para retorna O? Leary (2002)(2002), a ética é " um subconjunto da categoria da moralidade (p.11)." .... (Pág 185)....
... " O imoralismo, por outro lado, é alguém, é alguém que não deseja ou não pode responder moralmente à presença dos outros em nossas vidas; é alguém que não deseja vê-los como uma característica intrínseca de seu próprio projeto ético, que é, sempre e de qualquer maneira, como Glover (2001) sugere, social, alguém, enfim, que não está, portanto, isento de dominar." ... (pag 187). .....



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" ..... Capítulo 12
Pesquisa educacional: os "jogos da verdade" e a ética da subjetividade

" De nós mesmo não somos " conhecedores"... (Nietzsche, 1956)
Introdução; Foucault
E A PESQUISA EDUCACIONAL1
"A influência de Foucault sobre a pesquisa educacional é inegável e está crescendo rapidamente, tanto em termos de um pensador descrito sob o rótulo mais amplo de " pós- estruturalista" (Peter e Wim,2002) quanto como um filosofo singular que transcendeu sua própria época (Peter,2000a). ... " O impacto de Foucault sobre a pesquisa educacional está ainda no processo de desenvolvimento e avaliação ( ver Peter, 2003a; Peters e Burbules,2004), mas está claro que sua influência, cerca de 20 anos depois de sua morte, é extensa a sua abordagem oferece aos pesquisadores na área de educação uma perspectivas crítica baseada em uma teor ia original de poder que nada deve ao pensamento liberal ou marxista. Foucault também oferece um conjunto de metodologias históricas (arqueologia e genealogia) e um refinamento das ferramentas de análise que capacitam as epistemologia social e espacial dos regimes discursivo e institucional." ...(pag 189/190). ...
.... " Os estudo sobre Foucault na educação oferecem ferramentas pára análise que acabaram por inspirar abordagens históricas, sociológicas e filosóficas que cobrem uma gama desconcertante de tópicos: genealogias de alunos, estudantes, professores e orientadores; as construções sociais das crianças, adolescentes e jovens; epistemologias sociais da escola em sua forma institucional em mudança, e os estudos sobre a emergência das disciplinas; estudos filosóficos e dos conceitos educacionais que cresceram com humanismo europeu, especialmente nas suas formações do Iluminismo e especificamente Kantianas, focalizando os conceitos-chave: homem, liberdade, autonomia, punição, governo e autoridade. Em todos os


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casos, o arquivo foucauldiano oferece uma abordagem para a problematização de conceitos e práticas que pareciam resistentes a uma análise mais profunda antes de Foucault- em outras palavras, que pareciam institucionalizadas, ossificadas e destinadas a uma repetição interminável na compreensão e na interpretação acadêmicas. Depois de Foucault, é como se devêssemos revisar a maior parte das questões importantes relacionadas ao poder, conhecimento, subjetividade e liberdade da educação." ... (pag 191/192).....
.... " FOUCAULT, JOGOS DA VERDADE
E PESQUISA EDUCACIONAL ...
... A História do sujeito humano para Foucault estava intimamente atrelada ao desenvolvimento das ciências humanas em relação ao conhecimento e à verdade. Em sua obra inicial, Foucault tratava a verdade como um produto da arregimentação de frases em discursos que haviam progredido ou estavam em processo de progressão para o estagio de disciplina científica. Nessa concepção, o sujeito, historicizado em relação às práticas sociais, tem sua liberdade ou ação efetivamente negada. Essa primeira concepção de Foucault deve ser constatada com sua noção tardia do sujeito, em que liberdade e falar a verdade é visto como um aspecto essencial de sua constituição como concito de " governamentalidade" , " A verdade deve ser entendida como um sistema de procedimentos ordenados, para a produção, regulação, distribuição, circulação e operação de frases" (Foucault,1980,p.133).
Foucault dá uma virada, dos "regimes de verdade" para os "jogos de verdade", o que reflete uma mudança em seu pensamento relativo à agência do sujeito e também à sua noção de verdade. Foucault diz em uma entrevista com Gauthier(1988):
Tentei descobrir como sujeito humano entrou nos jogos de verdade,
sejam eles jogos da verdade, que tomam a forma de ciência ou que se
refinam a um modelo cientifico, sejam jogos de verdade como aqueles que
podem ser encontrados nas instituições ou práticas de controle (p.3)." ....
(Pag 193/194). ...

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.... Com Foucault podemos distinguir
Pelo menos dois grandes modelos para o entendimento da pesquisa educacional. Primeiro , juntamente com o primeiro Foucault podemos criar a hipótese de a
pesquisa educacional é um conjunto de práticas que são fortemente influenciadas por formações culturais epistêmicas mais gerais e códigos que modelam as condições de possibilidades para o conhecimentos educacional e determinam as "regras de formação" para as racionalidades discursivas que operam além do nível da consciência subjetiva do pesquisador. Essas regras Foucault chama de o histórico a priori que opera como um "inconsciente positivo" e constitui todo um campo epistemológico , ou episterme. As regras da formação discursiva não são a invenção do pesquisador, mas, antes, o histórico a priori de uma comunidade de pesquisa dinâmica." ... (pag 195/196)...
....""Em seu trabalho tardio, Foucault passa do " regimes da verdade" aos "jogos da verdade" e a ênfase, em concordância , cai sobre como o sujeito humano se constitui por meio da entrada estratégica em tais jogos e por jogá-los para obter melhor vantagem. Formas de pesquisa educacional historicamente engastadas em seus vários contextos institucionais ( associações de pesquisa, conferências, revistas científicas , regimes de treinamento) assim constituem "jogos da verdade" em que os pesquisadores se constituem e c constituem o pesquisado. O modelo genealógico são "anticiências" porque contestam " os efeitos [ coercivos] dos poderes centralizadores que são conectados à instituição e ao funcionamento de um discurso científico organizado" (Foucaul, 1980,p. 84). ... (pag 196)....







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... " Capítulo 13
Uma política educacional criticamente
formativa: Foucault, discurso e governamentalidade
Robert A. Doherty
" A análise da política é um campo diverso e interdisciplinar que envolve muitos pesquisadores e especialistas, em vários ambientes institucionais, trabalhando sob bandeiras tais como defesa de política, pesquisa de política e desenvolvimento de política." ... (pag 201)...
.... "Ao abordar a análise da política da política no contexto da nova complexidade, este capitulo assume uma dimensão político-social em relação ao fenômino da política educacional. A política educacional é tomada como expressão da racionalidade política, e como um elemento constituinte da preparação dos andaimes que sustentam e mantêm determinados projetos hegemônicos." (pag 201/202). ....
...DISCURSO
Discurso, sob uma perspectiva central das ciências sociais, poderia talvez se repensado como um corpo de idéias, conceitos e crenças que se estabeleceram como conhecimento , ou como uma maneira aceitável de olhar o mundo. ... (pag 202)...
.... "A obra de Foucault tem sido uma grande inspiração para o crescimento do interesse pela idéia de discurso nas humanidades e nas ciências sociais." .... (pag 202)....
.... GOVERNAMENTALIDADE
A abordagem de Foucault para o conceito de governo não foi problematizada no âmbito de termos convencionais do estado, da teoria constitucional ou da filosofia política, mas em um sentido amplo da " conduta da conduta ", abarcando todos os procedimentos, invenções , cálculos, táticas e instituições aplicada nessa " forma de poder particular e complexa". Nesse sentido, "governar" leva à consideração da profusão de técnicas, esquemas , estruturas e idéias deliberadamente mobilizadas na tentativa de direcionar ou influenciar a conduta dos outros. Para Foucault, a família, o local de trabalho, a profissão, a população, são apenas alguns dos

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muitos locais nos quais a operação de "governar" se encontra. Em relação ao estado, Foucault volta-se para o desvelamento das racionalidades em desenvolvimento do "governo", ilustrada por sua identificação do movimento para além da problemática de Maquiavel sobre o fortalecimento do poder do príncipe , para uma nova racionalidade par o estado em relação a si mesmo e a seu próprio florescimento. .....
.... "A governamentalidade é um prisma que ilumina um estrato particular de investigação, uma perspectiva que examina, com um olhar histórico, o governar, como uma atividade deliberada, propositada e técnica, dirigida ao sujeito, à sociedade ou a alguma subdivisão categorizada do corpo social." ... (pag 204). ...
... "A atenção de Foucault se volta à tarefa de relata a "razão do governo", sua natureza evolutiva, incrementos históricos, períodos de ascendência, suas mudanças e descontinuidades. Essa analise é particularmente sensível a padrões de intervenção do estado nas vidas dos cidadãos.para Foucault , o estado o estado da mordenidade é caracterizado por um aumento da governamentalização da ordem social já que o estado intervém em nome do que percebe ser seu próprio interesse. A chegada do liberalismo marca o advento de uma forma de governo distintamente moderna. O liberalismo é identificado por Foucault como o propagador de uma forma singular da arte de governar, emergindo da ruptura das restriçõs do feudalismo e da aurora de uma sociedade capitalista de mercado."... (pag 205)...
... "A TRADIÇÃO LIBERAL
.... "o liberalismo tornou-se a tradição política dominante da idade moderna. Tem tanto batalhado quanto se desenvolvido em relação seus oponentes, o marxismo socialista e o conservadorismo. O liberalismo define o espaço problemático do governar de uma maneira distinta: O estado sob a insígna é encarregado da manutenção das condições nas quais dois setores vitais, o mercado e a sociedade civil, podem operar e prosperar. Foucault criticamente, localiza o surgimento da "sociedade" no advento do liberalismo e de seu estabelecimento como a cultura do governo."
"O final do século XIX testemunhou o surgimento do liberalismo social, ou do "novo liberalismo" em resposta ao que talvez possa ser descrito como as falhas do liberalismo clássico em cumprir suas promessas no campo do social. Foi a fé das "massas" sob a demanda do

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capitalismo industrial que começou a minar a formulação clássica do liberalismo." ... ( pag 206)....
.... "Esse liberalismo do "bem estar", caracterizado por um estado mais intervencionista, durou até o inicio do século XX e ecoou mais longe. O ressurgimento, na década de 1980, de poderosas correntes do pensamento do liberalismo clássico na razão governamental marca a mais recente aparição do pensamento liberal na orientação da racionalidade para governar." ..... (pag 206/207). ...
POLÍTICA EDUCACIONAL
A política é comumente definida como uma declaração das intenções do governo. Trata-se de algo que tem um propósito, que é dirigido a um problema , necessidade ou aspiração, especificando princípios e ações projetadas para cumprir as metas desejadas. O processo de criação de políticas pode ser modelado de diferentes maneiras, privilegiando, por exemplo, os processos, a razão ou conhecimento de especialistas." .... (pag 207)....
..... "A política está, portanto, ligada ao exercício do poder político. Isso provoca a constestação, o conflito, interesses distintos e visões competitivas, refletindo assimetrias no poder, na representação e na voz, em um meio político fraturado por divisões de classe, raça e gênero. Há uma conexão inextrincável entre política, elaborada de uma política , e a política como arte de governo. A elaboração de políticas públicas, em essência, é a maquina do estado moderno, o próprio tecido da fisiologia do estado." .... (pag 207)....
..."A política, em uma leitura auto-consciente da governamentalidade , oferce uma janela para a problemática e ambiciosa alma da "razão do estado".
De maneira bem ampla, poderíamos dizer que os governantes tentam representar o interesse de curto prazo da coalizão dominante e temporária de forças no âmbito de uma formação social; essas coalizões são representadas por partidos políticos e a linha de ação de um partido que reflete por um lado , as mudanças de interesse e a influencia entre grupos que formam a coalizão e, por outro, suas concepções do que se requer para garantir o maior apoio eleitoral. De certa forma, então, os atos de governo para mediar o estado e seus sujeitos entre si. (Dale, 1989,p.53).".... ( pag 208)....

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... "NEOLIBERALISMO
A política da parte final do século XX foi marcada pela última materialização do pensamento liberal, o surgimento do neoliberalismo. Peters (2001), com base no trabalho dos neofoucauldianos britânicos, oferece uma anatomia muito concisa da governamentalidade neoliberal. Ele mapeia entre suas características essenciais elementos como: manutenção do comprometimento liberal com uma critica perpetua do estado; o movimento do naturalismo rumo à compreensão do mercado como um artefato moldado pela evolução cultural e uma focalização da moldura legal e reguladora da esfera econômica; a extenção da racionalidade econômica como base para o político ; um reviver do racional, do auto-interesse, da maximização da utilidade do tema da economia clássica; a liberação das técnicas e da racionalidade dos negócios, do comercial, do privado, nos serviços públicos e nas operações do estado." .... ( pag 210).
... "O estado liberal democrático, fechado nos limites alocados pelos emissários globais do neoliberalismo, desenvolve uma arte de governo restrita pelas opções limitadas pelo auto interesse que se desdobra no âmbito das possibilidade operacionais de seu campo de ação. Esse "estado posicionado" é um marcador contextual para a propagação de certas formas de razão estatal. Tal mapa das prerrogativas do estado aloca zonas para o privado, para o público e para novas combinações e junções do público, do privado e do terceiro setor." ...(pag 211) ...
... " A análise da governamentalidade parece oferecer aos estudos das políticas um modelo potente e interrogativo a partir do qual se pode examinar a mudança e a reforma educacional. Uma leitura da política educacional a partir de uma perspectiva da governamentalidade centraliza o uso da liberdade como um recurso do estado, da constituição e regulação do eu, do desenvolvimento de subjetividade e da ativa formação do cidadão. Ela também coloca nossa atenção na reforma do cidadão, na modernização do cidadão de antigos projetos, na reengenharia do cidadão, na modernização do de antigos projetos, na reengenharia do cidadão para harmonizá-lo com os projetos atuais da razão estatal."... (pag 11).



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... "Capítulo 14
Invocando a democracia:
A concepção de Foucault (com insights
Retirados de Hobbes)
Mark Olssen
William Connolly (1998) sugeriu que:
Foucault não articula uma visão de democracia. Suas primeiras objeções contra ideais políticos, tais como as prisões vão contra isso; e sua afirmação mais tardia e cautelosa de uma imaginação política positiva nunca toma essa forma. Mas numerosos comentários relativos ao contexto de sua participação em protesto público e em passeatas são sugestivos. Parece-me que uma série de correspondência pode ser delineada entre a sensibilidade ética cultivada por Foucault e um ethos de democracia que ela invoca (p.120)." ...( pag 213) ...
... "Farei naturalmente a diferença entre o pensamento de Foucault e aquilo que foi suplementado e acrescentado por mim. Já que Foucault não desenvolveu uma teoria abrangente da democracia , a questão torna qual de suas idéias e formulações são relevantes para uma teoria da democracia: como ele poderia ter problematizado as concepções e formulações existentes, e que linhas de argumentação poderia sugerir para estudos futuros. Minha abordagem tem como premissa o fato de que apesar de Foucault ter demonstrado pouco interesse e até alguma aversão pela teorização política normativa, não tenho tais inibições."... (pag 213)...
... "Minhas argumentações e conclusão serão a de que Foucault sugere uma teroria da democracia e uma serie de concepções de democracia que nos levam além de nossos modelos e praticas atuais.2 Empenho-me em delinear o que tal concepção seria. A base para tal argumento deriva dos últimos escritos de Foucault sobre ética e auto-criação, liberdade, autonomia e direitos. Mais especificamente, considerável as seguintes áreas de seus pensamentos.


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Uma concepção relacional e dialógica da ética com implicações para agencia (ação), liberdade, autonomia e interdependência.
? Uma concepção de liberdade como não-dominação ou como algo que envolve uma equalização de relação de poder.
? Um principio político pragmático que necessariamente oporia as políticas do governo que conflitam com o cultivo do eu ou que o inibem.
? Uma crítica do monismo filosófico e político e um argumento para o pluralismo político.
? Um discurso histórico-político sobre direitos.
? Insights derivados de seus escritos sobre poder e resistência.
? Uma defesa da parrhesia ou falar a verdade ao poder.
LIBERDADE, ÉTICA E DOMINAÇÃO
As concepções de Foucault sobre liberdade e ética pode ser vistas como pressuposto de um contexto democrático.embora historicamente a democracia tenha sido associada, como defende weber, a uma burocracia hierárquica que se expande e como uma forma de conhecimento especializado técnico como fins em si mesmo, Foucault consideraria essas tendências como episódios históricos contingentes e como desafios a serem suplantados mais do que como as conseqüências necessárias da expansão do processo democrático."... (pag 214). ....
... "Em seus últimos dois volumes de The history of sexuality e em uma variedade de artigos e entrevistas, Foucault desenvolve uma concepção do eu que,ao mesmo tempo que evita a concepção humanista liberal daquele que escolhe autonomamente, incorpora um sentido de ação e de liberdade. Nesta nova preocupação com um sujeito ativo, há, na superfície, uma virada em relação ao interesse de Foucault, que se distancia do conhecimento como pratica coercitiva de sujeição e se aproxima de uma pratica da auto formação do sujeito. Ainda assim, essa proposta de um sujeito mais ativo e evolutivo não envolve uma ruptura com sua obra anterior e nem está em desacordo com ela. Além disso, em outro ensaio, ele diz:
Se agora estou interessado...na maneira pela qual o sujeito se constitui a si mesmo de maneira ativa, pelas práticas do eu, essas práticas são, não obstante, não algo que o individuo
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inventa por si mesmo. São padrões que ele encontra em sua cultura e que são propostos, sugeridos e impostos por sua cultura, sua sociedade e seu grupo social (Foucault, 1991, p.11).
Cultivar o eu é a base do trabalho ético, diz Foucault é o trabalho que se executam na tentativa de transformar-se a si mesmo em um sujeito ético de seu próprio comportamento, os meios pelos quais mudamos a nos mesmos a fim de nos tornarmos sujeitos éticos. Tal historia da ética é a historia da estética. Em sua entrevista On th genealogy of ethics, Foucault (1984b) explica que há:
Outro lado das prescrições morais, que na maior parte do tempo não é isolado como tal, mas é, penso eu, muito importante: o tipo de relação que você deveria ter consegue mesmo, rapport à soi, que eu chamo de ética, e que determina como o individuo deve constituir-se como sujeito moral de suas próprias ações (p.352)." ... ( pag 214/215)...
... "A compreensão de Foucault do cuidado de si implica um sujeito politicamente ativo atuando em uma comunidade de sujeitos, envolvendo práticas do eu que requerem o governar tanto quanto os problemas da política pratica. Foucault fala, por exemplo, da liberdade como algo que implica relações complexas com os outros e como o eu. A ação ética não é para Foucault um evento individual, mas pressupõe uma certa estrutura política social com respeito à liberdade , para a liberdade ou a liberdade cívica existirem, deve haver um certo nível de liberação concebido como a ausência de dominação. Assim, a atividade do sujeito está intrinsicamente mediada pelo poder, que coexiste com a liberdade no fato de que as relações de poder são mutáveis e podem modificar-se. Mas onde os estados de dominação resultam em relações de poder fixados "de tal maneira que são perpetuamente assimétricas,
[ então a ] margem de liberdade é extremamente limitada" (Foucault, 1991,p.12). Foucault (1991) dá o exemplo da relação conjugal tradicional nos séculos XVIII e XIX:
Não podemos dizer que havia apenas o poder masculino, a própria mulher podia fazer muitas coisas: ser infiel a ele, extrair dinheiro dele, recusá-lo sexualmente. Ele era, contudo, sujeita a um estado de dominação, na medida em que tudo aquilo não era no final das contas mais do que um numero de truques que jamais traziam à baila a reversão da situação (p.12)." ... (pag 216)

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... "Nas palavras de Foucault:
O cuidado de si sempre objetiva o bem dos outros... Isso implica também uma relação com os outros na medida em que o cuidado de si considera alguém competente para ocupar um lugar na cidade, na comunidade ou nas relações interindividuais...Acho que a tese de toda essa moralidade era a de que aquele que cuidava de si corretamente encontrava-se, pelo próprio fato, em uma medida de comportar-se corretamente em relação aos outros e para os outros. Uma cidade em que todos estivessem corretamente voltados a si mesmo seria uma cidade que estaria bem, e encontraria nisso o principio ético de sua estabilidade (1991, p.7)." ... (pag 217) ...
... " Para Foucaut, o principio da diferença sustenta sua abordagem do político tanto quanto sua concepção global de cidadania. É a teoria da diferença que estabelece a relação e a diversidade como atributos sociais e políticos fundamentais. É também sua concepção de diferença que estabelece o caráter particular do comunitarismo de Foucault como "adelgaçado", e que regula a esfera legitima do estado e das ações de grupo face a face com os critérios individuais e de grupo." ... (pag 217)...
... " DIREITOS COMO UM DISCURSO HISTÓRICO-POLÍTICO" ...
... "Foucault veria às práticas de democracia mais amplamente como representantes de discursos "historicos-politicos", abrangendo uma variedade de táticas, estratégias e mecanismos.
A que tais táticas, estratégias e mecanismos se voltam? Na visão de Foucault, o discurso de direitos é um "discursos histórico-político" voltado á proteção das vidas. Como ele afirma (2003):
Os juristas do século XVII e especialmente do século XVIII estavam, compreeda-se, já fazendo essa questão sobre o direito da vida e da morte. Os juristas perguntavam: quando é que participamos de um contrato, o que os indivíduos estão fazendo no nível do contrato social, quando eles se reúnem para constituir um soberano, para delegar poder absoluto a um soberano? Eles o fazem porque são forçados por alguma ameaça ou necessidade. Eles, portanto, o fazem a fim de proteger suas vidas (p.241)." ... (pag 219). ....

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... Os direitos são, parte da tecnologia " individualizadora- totalizadora" da tecnologias jurídicas encarregadas da proteção do pluribus enquanto promovem o unum.Embora os direitos constituam as tecnologias individualizadoras de poder, uma nova forma surgiu no final do século XVIII, o que também se aplicava aos direitos, no sentido de que possibilitava que os indivíduos fossem monitorados , contados, comparados, processados e tratados de maneira equânime." ...(pag 220)...
... " Os direitos cristalizam qualquer desequilíbrio dado de poder e riqueza existente na sociedade.no século XVII, as teorias do direito natural foram desenvolvidas por pensadores conservadores em defesa da propriedade e da competição e de outros valores burgueses. Um sistema de direitos era parte de um ambiente histórico- político .No sentido de Rawls (1996), esse ambiente pode ser representado como um modus vivendi, o que é o mesmo que um tratado, ou aliança de interesses diversos, o que pode constituir um consenso superposto.Em situações de guerra, o ambiente entra em colapso e os direitos nada significam. Nesse sentido, o conceito de ambiente, embora não usado explicitamente por Foucault , é útil pois atesta o caráter histórico dos direitos conforme são incorporados em um arranjo discursivo de uma determinada época. Os direitos são uma estratégia para impedir a guerra. Eles constituem um sistema de regulação universal do que se atribui a alguém e do que lhe é devido." ... (pag 220/221). ...
... "CONTESTAÇÃO E DELIBERAÇÃO...
... A concepção de direito aqui invocada parece estar além da soberania e da disciplina, algo que Foucault (1980) apontava ao final da segunda palesta sobre poder (14 de janeiro de 1976), em que disse:
Quando se quer buscar uma forma de poder não disciplinar, ou mais do que isso, lutar contra as disciplinas e o poder disciplinar, não é para o antigo direito à soberania que devemos nos voltar, mas para a possibilidade de uma nova forma de direito, que deve na verdade ser antidisciplinar, mas ao mesmo tempo liberada do princípio da soberania. (p.108).
Uma concepção de direito não sujeita à normalização e que não legitima os interesses do monarca poderá então existir como contestação, segundo o que decorre das discussões de Foucault sobre resistência ao poder. Tal resistência ocorre onde quer que a dominação ocorra. Está presente também em suas últimas discussões sobre a parrhesia, termo que tem
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uma variedade de significados e usos, sendo o principal deles o que funciona em relação às instituições democráticas, e significa essencialmente falar a verdade ao poder.Foucault (2001 ª) aponta para uma tradição antiga que gira em torno do discurso livre, conforme incorporado na parrhesia, que ele define como "fraqueza ao falar a verdade" (p.11).Traduzindo comumente para o inglês como " fala livre", parrhesiazomai ou parrhesiazesthai é usar parrhesia, e o parrhesiates é aquele que usa a parrhesia ( i.e., aquele que fala a verdade). Mas se diz que alguém usa a parrhesia " apenas quando há um risco ou perigo para ele ao falar a verdade... o parrhesiastes é alguém que ocorre riscos" (2001a,p.16). Além disso:
A função da parrhesia... tem a função de crítica...Parrhesia é uma forma de crítica, seja em direção a outra pessoa, seja em direção a si, mas sempre em uma situação em que o falante ou confessor está em uma posição de inferioridade no que diz respeito ao interlocutor. O parrhesiastes tem sempre menos poder do que aquele com quem fala. (p.16).
Finalmente, "em parrhesia, falar a verdade é um dever" (p.16). Foucault (2001a) coloca os vários elementos juntos. Assim,
parrhesia é um tipo de atividade verbal em que o falante tem uma relação específica com a verdade por meio da fraqueza uma certa relação com sua própria vida por meio do perigo um certo tipo de relação consigo mesmo ou com outras pessoas por meio da crítica... e uma relação específica com a lei moral por meio da liberdade e do dever. Mais precisamente, parrhesia é a atividade verbal na qual o falante expressa sua relação pessoal com a verdade, e arrisca sua vida porque reconhece o falar a verdade como um dever de melhorar ou ajudar outras pessoas (tanto quanto a si mesmo). Na parrhesia, o falante usa liberdade e escolhe a fraqueza em vez da persuasão, a verdade em vez da falsidade e do silêncio, o risco de morte em vez da vida e da segurança, a crítica em vez da lisonja, e o dever moral em vez do interesse próprio e da apatia moral. Esse é, então, em termos bastante gerais, o sentido positivo da palavra parrhesia na maioria dos textos gregos... do século V a.C. ao século V d.C. (p.19-20)." ... ( pag 225)....
... "AMPLIANDO FOUCAULT E A DEMOCRACIA
DEPOIS DO 11 DE SETEMBRO ...

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... A globalização, o terrorismo e as armas de destruição em massa fazem tal modelo, baseado em uma concepção ética da ordem global, mais uma necessidade do que uma opção plausível no século XXI. O surgimento do terrorismo internacional e as armas de destruição em massa, assim como fenômeno como a mudança de clima , SARS, AIDS e gripe aviária alteram a "equação", pois tornam a sobrevivência coletiva e individual uma importante preocupação ética. As possibilidades de terrorismo nuclear, juntamente com a democratização do conhecimento e do acesso ao conhecimento nuclear e a tecnologia, fazem ainda mais formidáveis os desafios que a humanidade tem de enfrentar. Nessa situação, a sobrevivência constitui um novo imperativo, um "ambiente final", para justificar uma lei global de moralidade entre as nações. A globalização e o trazem à baila a questão da "sobrevivência", tanto para os indivíduos quanto para as nações." ...(pag 228)....
... "Embora a sobrevivência possa justificar a democracia, como fim ou meta ela é singela demais para estar completamente adequada, é claro, pois a mera sobrevivência não pode satisfazer um relato completo dos fins e objetivos da vida. E não pode ser algo sobre o qual haja um acordo universal, se entendemos " universal" Como " acordados por todos", pois há, sem dúvida, pessoas como os terroristas suicidas, para quem ela não tem influência nenhuma. Em uma análise , essa é a escolha de um caminho, e com certeza ela atrai a concentração. Pois se a democracia é a precondição da sobrevivência , então requer um mandato democrático para ser eficaz. ... (pag 230).....
NOTAS
1 Não estou sugerindo que Foucault não poderia ter justificado sua própria posição , mas simplesmente indico que meu próprio interesse está em derivar as inferências normativas a partir dessa análise. As razões de Foucault para rejeitar a teoria normativa, embora interessantes, estão além do escopo deste artigo.
2 Ao alegar que Foucault "sugere" uma teoria da democracia, eu busco apenas relacionar seletivamente alguns fragmentos sociais e ontológicos do pensamento de Foucault para avaliar as implicações para uma concepção normativa de democracia. Minhas afirmações são de uma natureza distintamente limitada e exploratória em relação tanto aos estudos foucauldianos, quanto à teoria democrática. Estou bastante ciente de que estou pegando seletivamente certos temas e ênfases em Foucault para montar minha própria concepção, e ele que a concepção oferecida é de alguma forma especulativa e longe de estar completa. Reconhece-se também
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que o próprio Foucault oferece apenas valores limitado no que diz respeito a gerar princípios normativos de democracia e de que insights de escritores como Heidegger,Nietzsche e Spinoza são necessários para dar forma à figura e torná-la coerente. Tal perspectiva ampliada está além do escopo desta investigação, porém.
3 Este é o substituto de seu artigo em Política Theory (1997).
4 Tal ênfase sobre equalização ou equilíbrio de poderes tem potencialmente afinidades interessantes com a teoria de Montesquieu em Tem spirit of, the laws (o espírito das leis).O jurista Charles Eisenmann (1933) sustenta a idéia de que a representação da tese de Montesquieu como uma tese de "separação de poderes" é um mito, e que Montesquieu estava de fato desdobrando uma tese referente ao equilíbrio de forças, em que a preocupação relacionava-se com o "equilíbrio" ou com a "combinação" mais do que com a separação. Embora interessante como futura área de investigação, não é possível explorar tais afinidades neste artigo.
5 Termo usado por Tom Paine, 1989,p.170.
6 O conceito de "ambiente" no que sugere um conjunto de elementos de uma época particular está de acordo co as teorias historicistas como as de Foucault. Constituiria uma forma de "aparato discursivo". Já que Foucault não usou o conceito ele próprio, fico feliz por estar "ampliando" o quadro de referencia foucauldiana de alguma forma.
7 Hart diz: "se há ainda alguns direitos morais, segue-se daí apenas um direito natural, o direito que todos os homens têm de ser livres" (1955,p.175). Para Hart, os direitos naturais são claramente não-convencionais e pré-políticos.
8 Embora ele não necessariamente concorra com tudo o que autores como Hobbes ou Boulainvilliers dizem, é a função de direitos como estratégias historicamente especifica contra a guerra e o casos que Foucault extrai de seus escritos como tema central.
9 A tese de Foucault aqui parece ser a de que o discurso de direitos possa servir tanto para proteger indivíduos quanto para cristalizar o poder e a riqueza simultaneamente. Neste sentido, os direitos podem ter funções múltiplas.
10 Escritores como Nancy Fraser (1989) e Jurgen Habernas (1987) acusam Foucault de "criptonormativismo" pelo que em parte eles querem dizer que ele invoca os argumentos liberais enquanto critica o liberalismo . O conceito de parrhesia pode contar nesse sentido,
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sendo indistinguível do direito ao discurso livre. Mas Foucault responderia facilmente a tal acusação, pois apesar de concordar claramente com muitos ideais e valores liberais, ele sustentaria que a base ontológica e epistemológica do liberalismo é incapaz de sustentá-los. Parte dessa busca pode ser vista como a procura por um tipo diferente de sustentação filosófica para tais ideais.
11 Hobbes de fato defendeu a idéia de que havia principio naturais e propôs dezenove leis da natureza (ver Hobbes, Leviatã, Capítulos 14 e 15). O problema nas relações internacionais, como no estado da natureza, é a dificuldade em estar certo de que os outros agiriam de acordo com elas.
12 Para a obra contemporânea acerca dessa tradição, veja Emglish of Martin Wright (1992) e Hedley Bull (1977).
13 A concepção de Grotius era "pré-liberal" e, notavelmente, colocava-se contra o principio de " não-interferência", argumentando que ele às vezes é justificável (ver Beitz,1979,p.71).
14 Embora se coloque contra Hobbes, como Beitz (1979, p.60) observa, ele produz conclusões similares sobre a fraqueza das regras morais nas relações internacionais.
15 Minha visão é a de que a sobrevivência é uma base melhor para justificar a democracia do que a idéia de um "contrato social" fundante ou original. A sobrevivência é um fim que abrange dois aspectos: autopreservação (individualmente e coletivamente) e bem-estar . Não está baseada na natureza humana, mas constitui uma escolha que deve ser realizada. A inspiração aqui é mais spinoziana que foucauldiana, embora eu não possa deixar de dizer que haja incongruências para com a abordagem de Foucault.
16 Essa reconciliação entre Foucault e Nussbaum exigiria um esforço muito maior do que o que é possível fazer aqui. Há algum ponto favorável ao argumento de que o foco de Nussbaum sobre a sobrevivência e o bem-estar daria frutos apenas se representado em um quadro de referencia mais construtivista influenciado por Nietzsche e Spinoza.
17 Bernstein está citando Hiley (1988, p.103).





ANEXO
Conclusão Pessoal (Lúcia Souza Venancio Mendes)
A leitura do livro de Foucault ,nos chama atenção da compreensão das práticas pedagógicas, que estão ainda "submetidas "em caráter de "práticas de resíduos da pedagogia anterior", com reformas exigida pela próprio corpo escolar, no qual mudam a cada ano entrada e saídas de pessoas, desde o aluno, professor, direção e as políticas educacionais que são reformuladas para atender o corpo discente e docente que vem de outras dimensões de aprendizagem e vários contextos familiares, social e econômicos, "os tempos mudaram", a violência cresceu e a vida social está crescendo em termos econômicos, sociais e política, as chamadas "políticas" em que a pedagogia precisa ser reformulada e pensada toda a vez que uma nova geração vem chegando, as "pessoas" estão se informando cada vez mais e passando a cobrar o que é de direito, da reforma concebida e programada como uma pedagogia da liberdade, promove o momento de controle externo da instituíção de acordo com uma sociedade mobilizada e flexível.
"A velha contradição entre liberdade e disciplina foi transformada em uma nova forma de socialização, na qual a experiência intuitiva e a criatividade é entrelaçada com o gerenciamento planejado, a irracionalidade com a racionalidade técnica, em tal grau que o controle suave toma a forma de uma " tecnologia política" generalizada (Foucault, 19977, p. 205). Foucault expressa a questão do "eu" de uma forma de concretizar sua personalidade e as características que se pode mostrar para o desenvolvimento social , as suas diferenças e aceitação do outro em relação as condições no qual é compreendido fora ou dentro da escola. Foucault, neste livro descreve as demandas políticas educacionais, políticas, sociais, cognitivas e psicológicas na aprendizagem , a ética como forma de respeito e aceitação do "eu" como se aprende e de que maneira se aprende. O autor como Nietzsche (1974) diz, precisamos distinguir entre o impulso para submeter-se, e perguntar se é o mais forte ou o mais fraco que é benevolente. Alegria e desejo, "ele continua" aparecem juntos no mais forte, que quer transformar algo em uma função; alegria e o querer ser desejado aparecem juntos no mais fraco, que quer tornar-se uma função (p.176). Depois de Foucault é como se devêssemos revisar a maior parte das questões importantes relacionadas a poder, conhecimento, subjetividade e liberdade da educação.( P 192 Por que Foucault?)."
As analises de Foucault desenvolve o pensamento das mudanças e não mudanças em cada instituições educativas , no qual a ética do corpo da escola, faz com que as dificuldades são encontradas e podem ou não estarem disponíveis a mudanças, a ética profissional e constitucional desenvolvem uma política governamental, por isso algumas questões econômicas, social e educacional, ficam estagnadas aguardando as ordens superiores serem aprovadas, no qual há um tempo longo.

Autor: Lúcia Souza Venancio Mendes


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