ARTE COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÕES NO SISTEMA PENITENCIÁRIO



ARTE COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÕES NO SISTEMA PENITENCIÁRIO
Moisés Felix de Oliveira1
Ana Maria de Barros 2



RESUMO

Este trabalho apresenta a arte como ferramenta de transformações no Sistema Penitenciário, o mesmo apresenta discriminações e exclusões sociais em relação aos detentos. Mas através da arte buscaremos ressignificar a relação entre educação e direitos humanos na prisão mostrando para os alunos/detento que a arte pode mudar as suas vidas, pois, eles podem ir além das palavras que é criar e fazer, dessa forma ter consciência que podem re-configurar seu futuro.

PALAVRAS-CHAVE: Consciência?Arte?Direitos Humanos


INTRODUÇÃO

A UFPE/CAA em parceria com o Conexões de Saberes vem integrando comunidade e universidade, para juntos buscar soluções para alguns problemas que afetam o Agreste pernambucano. O espaço da prisão é marcado pela discriminação e pelas exclusões sociais. A partir da arte buscaremos ressignificar a relação entre educação e direitos humanos na prisão. Neste projeto temos como objetivo principal orientar e preparar os alunos / detentos para que sejam percebidos como sujeitos portadores de direitos, e que a arte contribua para que a política voltada para a cidadania na prisão traga a arte como elemento mediador da qualidade de vida dos prisioneiros.
Como metodologia de caráter qualitativo, a partir de Mynaio (2007), o Projeto Arte terapia tenta contribuir para o exercício da cidadania dos reclusos da Penitenciária Juiz Plácido de Souza (PJPS), que fica localizada em Caruaru, Agreste de Pernambuco. A arte é um meio de sublimação das energias latentes que são acumuladas no inconsciente do preso e que de alguma forma tem que ser externada, de forma positiva ou negativa, aplicando-a como meio de socialização e de aumento de sua auto-estima. Freud (CARRARA 2004). Para o trabalho com esta realidade, autores de fundamental importância nos oferecem suporte: Paulo Freire, Carlos R. Brandão, Michel Foucault, Goffman, Hannah Arendt, e os documentos nacionais e internacionais de direitos humanos: Constituição Federal de 1988, Declaração Internacional de Direitos Humanos e Lei de Execução Penal.
Como resultados parciais, já que no nosso cronograma estamos na fase inicial de leitura do referencial teórico e visitas na unidade prisional para conhecer os educadores, os detentos, o espaço e os profissionais que nele circundam, já podemos apontar algumas percepções: ver que o detento tem potencial e que poder ter consciência que poder ser útil à sociedade e a sua família; que a arte pode atuar como auxílio à terapia não só busca a estética,mas, além trabalhando a psique do sujeito aprisionado, os detentos/alunos percebem que nos importamos com eles, que são estudados e atendidos pelos estudantes e profissionais. Mesmo que se sintam discriminados por muitos, nosso trabalho expõe à rejeição a descriminação, afirma a necessidade de o prisioneiro receber um tratamento humanizado para que possa se ressocializar e voltar ao convívio social.
As considerações parciais que fazemos é que a arte na prisão deve ser um instrumento de liberdade, combatendo a ociosidade, contribuindo para a qualificação e para o aumento da auto-estima do prisioneiro que podem ir além das palavras, podem criar e fazer o novo através da arte, dessa forma podem levar para a vida o cria e fazer em seu próprio ser. Apresentamos um projeto que está sendo avaliado pela direção da PJPS em Caruaru, trabalhando com arte para que quando os estudantes estiverem em liberdade poderem pintar casas, realizar pintura em telas, pintura em cerâmica, pintar em madeira, desenhar e realizar fotos de pessoas em praças, serem artistas plásticos, entre outros. Esses presos que até então não tinham uma visão de futuro, vêm através de muitas ações na PJPS adquirindo esperança de uma vida melhor para eles e para as suas famílias, pois eles sabem que são cidadãos e que podem configurar sua própria realidade, pois saber é poder, desde que você tenha consciência e seja ativo para a mudança que começa dentro de cada um de nós.
O início das oficinas só ocorrerá após maior conhecimento da realidade prisional, discussão da proposta, compra do material e organização de cronograma para atendimento das salas de aula em educação de adultos. É necessário, porém, observar que o maior impacto desse trabalho é na minha formação como estudante de pedagogia, que passa a enxergar o espaço prisional como espaço de resignificação da vida e de como o trabalho através da arte pode ajudar a transformar a vida das pessoas, reconhecendo-se como cidadãos e cobrando o seu lugar no mundo.





REFERÊNCIAS

ARENDT , H. Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 1978.
BARROS, A.M. Fé, Política e Prisão. Pastoral Carcerária e Administração Penitenciária: Um Estudo na Penitenciária Juiz Plácido de Souza em Caruaru de 1996 a 2002. UFPE: Recife, Doutorado em Ciência Política. Defesa em: 19 de janeiro de 2007.
CARRARA, K. INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO. São Paulo:Avercamp, 2004
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. A História da Violência nas Prisões. Petrópolis: Vozes, 1977.
PERALVA, A. Violência e Democracia. O Paradoxo Brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
SOARES, M. V.B. Cidadania e Direitos Humanos. In. CARVALHO, J.S.F. de. Educação, Cidadania e Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.
TOSI, G. História e atualidade dos Direitos do homem. In. NEVES, P, S C (org)Polícia e Democracia. Desafios à Educação em Direitos Humanos. Recife: GAJOP/Bagaço, 2002.
WAQUANT, L. Os Condenados da Cidade. Rio de Janeiro: Revan / Fase, 2001.

1- Bolsista pelo conexões de Saberes- Graduando em Pedagogia-Universidade Federal de Pernambuco Centro Acadêmico do Agreste- Graduando em Bacharelado-Teologia-Instituto Teológico Simonton-Extesão-1 artigo públicado a nívil nacional, proext (UFPE). E-mail: [email protected].


2 - Profa. Adjunta da UFPE, orientadora do aluno.

Autor: Moisés Felix De Oliveira


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