Proteção Integrada de Plantas (Julio C.Galli & Wilson C.Pazini)



PROTEÇÃO INTEGRADA DE PLANTAS SEGUNDO A IOBC/WPRS (Julio Cesar Galli & Wilson C. Pazini) A seletividade de produtos atualmente é um dos enfoques principais da proteção integrada de plantas em sistemas de produção sustentável. De acordo com a IOBC/WPRS-2010 (International Organisation for Biological and Integrated Controlo f Noxious Animals and Plants), deve ser dada prioridade a todas as medidas de controle disponíveis antes de serem utilizadas medidas diretas de controle de pragas. A decisão de aplicar métodos diretos deve basear-se em níveis econômicos, avaliações de riscos e previsões de ocorrências de organismos pragas. A IOBC orienta que deve ser dada prioridade aos métodos naturais, culturais, biológicos, genéticos e biotecnologias para o controle de pragas e doenças, minimizando-se o uso de inseticidas e acaricidas. O emprego de organismos geneticamente modificados poderá ser autorizado após o estudo de cada caso em particular. Os inseticidas e acaricidas deverão ser empregados unicamente quando a necessidade for bem justificada e devem ser relacionados os produtos mais seletivos, menos tóxicos, menos persistentes e com o máximo de segurança possível para o homem e o meio ambiente. DEZ RECOMENDAÇÕES DA IOBC 1. As populações dos principais inimigos naturais devem ser protegidas e incrementadas quando possível. Em programas e diretrizes nacionais e regionais de controle de pragas devem ser mencionados no mínimo três inimigos naturais chaves para cada cultivo de importância agrícola. Isto implica que o uso de produtos tóxicos para os inimigos naturais chaves deve ser reduzido ao mínimo possível e tais produtos poderão ser usados nos períodos de baixa atividade ou de baixo risco para o inimigo natural. 2. Recomenda-se a prática de se permitir áreas não tratadas como refúgios para a entomofauna benéfica (inimigos naturais parasitóides e predadores). 3. As populações de pragas devem ser estimadas e registradas continuamente nos cultivos agrícolas. Devem ser empregados os métodos de avaliação cientificamente estabelecidos e apropriados para cada local ou região. Para cada praga deve ser estimada um nível de infestação relacionada ao dano e a decisão de se aplicar ou não medidas de controle deve ser tomada, quando possível, com base em níveis cientificamente já estabelecidos. 4. Sempre que se estime necessária a aplicação de uma medida de controle deverá ser priorizado um método de controle biológico, genético ou biotécnico (por exemplo, a liberação de inimigos naturais), desde que tais sistemas estejam disponíveis e que tenham eficiência comprovada. 5. Quando for necessário o uso de inseticidas e acaricidas, deve ser selecionado o produto menos perigoso ao homem, aos animais e ao agroecossistema. 6. As diretrizes das organizações de produção integrada devem estabelecer medidas obrigatórias para minimizar o risco de desenvolvimento de resistência de artrópodes aos inseticidas e acaricidas. A estratégia deve contemplar a alternância de produtos que possuam diferentes modos de ação. As diretrizes nacionais ou regionais estabelecerão em tempo oportuno o número máximo de aplicações de cada grupo de agrotóxico a fim de minimizar o risco de resistência. No caso de acaricidas, o número máximo para qualquer grupo de produto deve ser de apenas um por cultivo em cada ano agrícola. 7. Nas diretrizes das organizações de proteção integrada, os produtos que forem inócuos aos principais inimigos naturais dos cultivos devem compor uma lista de produtos permitidos (lista verde) e outra lista deve ser elaborada contendo relação de produtos permitidos com restrições (lista amarela). Os demais produtos não devem ser permitidos e devem compor uma lista vermelha. 8. Recomenda-se considerar os seguintes critérios para classificar os produtos em "permitidos", "permitidos com restrições"e "não permitidos": a) Toxicidade ao Homem. b) Toxicidade aos inimigos naturais chaves (parasitóides e predadores). c) Contaminação de águas superficiais e subterrâneas. d) Capacidade de estimular a recorrência de pragas. e) Seletividade. f) Persistência. g) Nível de informação sobre o produto. h) Necessidade da utilização. i) Atualização de informações sobre produtos novos. 9. Produtos não permitidos: a) Inseticidas e acaricidas piretróides. b) Reguladores de crescimento de plantas. c) Inseticidas e acaricidas organoclorados. d) Herbicidas muito persistentes que contaminam a água. 10. Produtos permitidos com restrições: a) Fungicidas ditiocarbamatos (restritos por no máximo três aplicações por ano e em períodos que não afetem os ácaros fitoseídeos predadores). b) Fosetil-Al fosfonato potásico (restrito a no máximo duas aplicações por ano). c) Metalaxyl (restrito a no máximo 2g por metro quadrado). d) Herbicidas residuais, com restrição aos produtos tóxicos, contaminantes da água ou muito resistentes (nos três anos após o plantio, restrito a uma única aplicação por ano). A IOCB ainda destaca que a presença de resíduos de inseticidas e acaricidas sobre os frutos na colheita deve diminuir aumentando-se ao máximo os prazos de carência e reduzindo-se ao mínimo os tratamentos químicos em regime de pós-colheita. Quando possível, recomenda-se a aplicação dirigida de produtos diretamente sobre os alvos e deve ser estabelecido o volume máximo de calda aplicada por hectare em função do volume ou porte da planta. Recomenda-se também que as pessoas realizem as aplicações com conhecimento e treinamento em técnicas de pulverização, respeitando-se sempre a legislação atual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS: GALLI,J.C. ; PAZINI, W.C. Seletividade de Inseticidas e Acaricidas: apostila para a disciplina de Controle químico e Seletividade para Artrópodes do CPG/Entomologia Agrícola/FCAV-UNESP. Jaboticabal-SP, 2011. 30p. GRAHAM-BRYCE,I.J. Chemical methods. IN: BURN,A.J.; COAKER,T.H.; JEPSON,P.(Ed.). Integrated pest managemente. London: Academic Press, 1987. p. 113-159. HASSAN, S.A. et al. Standard method to test the side-effects of pesticides on natural enemies of insects and mites developed by the IOBC/WRPS Working Group: pesticides and benefical organisms. Bulletin OEPP, Oxford, v.15, p. 214-255, 1985. HULL,L.A.; BEERS,E.H. Ecological selectivity: modifying chemical control pratices to preserve natural enemies, p. 103-122. In: HOY,M.A.; HERZOG,D.C. (Eds.), Biological control of agricultural integrated pest managemente systems. New York: Academic Press, 1985. 589p. IOBC/WPRS. International Organization for Biological and Integrated Controlo f Noxious Animals and Plants: West Palaearctic Regional Section. Guidelines for integrated production of Citrus. Technical guideline 3.204. Disponível em . Acesso em: 30 set. 2010.
Autor: Julio Cesar Galli


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