Governança de dados já é realidade no Brasil



A segurança de dados das empresas e a privacidade de consumidores e usuários de redes sociais ? como Facebook, Twitter, Linkedin, etc. ? estão continuamente expostas a riscos. Em meio a esse cenário, empresários, acadêmicos, pesquisadores e legisladores se debruçam sobre as questões que envolvem segurança e privacidade de dados. A gestão dos recursos de dados (GRD) se apresenta entre as disciplinas da Governança de Dados como aquela capaz de minimizar os riscos e garantir a segurança de dados sensíveis.

Nesse contexto, um personagem, com papel estratégico para o sucesso da governança de dados, aporta no mercado brasileiro, a exemplo do que já ocorreu em outros países. Trata-se do Data Steward, que no Brasil é conhecido como gerente estratégico de dados, também chamado de governador ou de curador de dados.

Esse novo personagem, que começa a ser buscado pelas empresas e instituições, tem como premissa de atuação identificar novas oportunidades de negócio a partir de uma gestão estratégica dos dados (credibilidade, qualidade e integridade). A isso se soma o objetivo de garantir mais eficácia e eficiência na utilização desses dados (Origem e Destino dos Dados); Ser o responsável pela voz dos dados (Transparência dos Dados); e responder pela Governança de Dados, fator catalisador no sucesso do Chief Data Steward.

De acordo com Renato Opice Blum, um dos poucos advogados especializados em Direito Eletrônico no país e professor de Direito Digital da FGVLaw, mais cedo ou mais tarde essa função tende a se consolidar de forma irreversível, a exemplo do que ocorreu em outros países, seja como resposta às necessidades do mercado, seja da legislação. Segundo o advogado, o mercado é de quem detém a informação, que precisa ser guardada com segurança" e para agir de forma preventiva "temos de partir do princípio, de que um dia os dados poderão vazar, e se vão vazar, que seja da melhor forma. E a melhor forma de vazar tem dois enfoques, a técnica e a legal. Nos estado de Massachusetts, por exemplo, há a exigência de criptografar os dados, para que se vazar estejam inteligíveis".

Independentemente desse cuidado, o gestor estratégico de dados tem o papel principal de gerenciar prioridades estratégicas relacionadas à governança e gestão de dados, além de ter responsabilidades por políticas, padrões gerais de dados, e garantir colaboração estreita entre a estratégia da organização e as questões voltadas para dados, bem como a aderência total aos os padrões regulatórios nacionais.

Nesse contexto localiza-se Manoel Dutra, que responde pela área de Governança de Dados do HSBC Bank Brasil, instituição que saiu à frente criando uma atividade que no Brasil ainda é incipiente, até porque, segundo Dutra, "as organizações têm dificuldades em perceber que há problemas com gestão, qualidade e integridade dos seus dados. Quando a organização entender e priorizar essa questão e principalmente tratar seus dados como ativos, essas dificuldades desaparecerão".

Frisando a importância desse profissional também em órgãos públicos, Opice Blum lembra as discussões de um anteprojeto de lei de tratamento e proteção de dados, que trata da privacidade no uso de dados e exige a criação de um gestor responsável pela base de dados de empresas com mais de 200 funcionários (o texto completo em elaboração pode ser encontrado em http://www.cgu.gov.br/acessoainformacao/arquivos/anteprojeto-lei-protecao-dados-pessoais.pdf).

A esses papéis específicos de um profissional em formação em nosso país, Miriam Bretzke ? professora da FGV-SP e PUC-SP. Fundadora da Bretzke Consultoria ?
agrega mais alguns: "o gestor terá a função de cuidar dos protocolos atualizados dos dados, definir rotinas de validação de entrada de novos dados e aumentar o controle da gestão eficiente do CRM (Customer Relationship Management), com criação de rotinas efetivas de tratamento e de atualização e verificação de dados".

Nesse cenário, a consultora garante que a presença do gestor "é a garantia de que os dados cadastrais terão qualidade e consistência" e coloca a relação entre a gestão dos dados e o CRM como via de duas mãos: "O CRM ajuda o gestor de dados, pois, com profissionais motivados, a empresa terá um banco de dados mais atualizado e mais enriquecido, permitindo mais riqueza nas análises da organização, influenciando seu processo decisório. Além disso, a melhor qualidade de dados favorecerá a troca de dados entre as diferentes áreas da empresa de modo mais eficiente e mais rápido".

Frente a todas as atribuições e necessidades, como formar um profissional que possa desempenhar essas funções com qualidade? Que disciplinas precisa dominar e conhecer?
Para Bretzke, "necessita de grande conhecimento em segurança e tecnologia, assim como ter experiência eclética em tecnologia e protocolos de segurança, além de ser voltado a negócios".

Como um dos poucos profissionais com atuação nesse setor no Brasil, Manoel Dutra, do HSBC, lembra que algumas instituições de ensino já estão percebendo a necessidade de suprir o mercado com profissionais com esse perfil: "A Universidade Positivo já colocou na sua grade de banco de dados conceitos e fundamentos sobre Governança de Dados, cujas principais competências são visão holística do ciclo produtivo dos dados, visão de negócios e como os dados podem agregar valor ao negócio".

"O fato de existir um governador não indica a solução para todos os males e problemas relacionados a dados enfrentados pelas organizações, mas certamente a governança corporativa passa a ter mais um elemento de peso no combate a erros e fraudes", alerta Rossano Tavares, presidente do Capítulo Brasil da Data Management Association (DAMA), instituição mundial responsável pela disseminação das melhores práticas em governança de dados. Apesar de no Brasil o assunto ainda ser novidade, "a DAMA antecipou-se e já conta com seu Capítulo brasileiro, que vem promovendo eventos e crusos para conscientização e fortalecimento da atividade", garante.

Com o objetivo de apresentar as melhores práticas em governança de dados, o Capítulo Brasil da DAMA (Data Management Association) trouxe ao debate a figura do gerente estratégico de dados. Isso acontecer durante a Enterprise Data World - Latin America 2011, versão latino-americana da Enterprise Data World ? conferência anual organizada pela DAMA International, nos Estados Unidos.

A conferência foi realizada nos dias 17 e 18 de agosto de 2011, em São Paulo, e marcou o primeiro ano de atividades do Capítulo Brasil da DAMA internacional, que reúne fornecedores independentes, técnicos e profissionais da América Latina dedicados ao avanço dos conceitos e das práticas de gerenciamento de dados, recursos e informações empresariais, com o objetivo de promover a compreensão, o desenvolvimento e a prática de gerenciamento de dados e informações de apoio a estratégias de negócios.

Versão latino-americana da Enterprise Data World ? conferência anual organizada pela DAMA International, nos Estados Unidos ? a EDW Latin America interessa, especialmente, aos gestores das áreas de tecnologia da informação, marketing, business intelligence, modelagem de dados, CRM (Customer Relationship Management); assim como a todos aqueles que administram grandes bases de dados e aos interessados em aprender, aperfeiçoar-se e explorar conceitos e técnicas.

Autor: Katia Penteado


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