Quem roubou nossa coragem?



Começo escrever essas mal traçadas linhas me valendo da frase usada por Renato Russo em uma de suas canções. Essa é a pergunta que não quer calar. Que não me deixa dormir em paz.
O motivo de remoer essa questão é um só: a sociedade perdeu a capacidade de indignar-se, o que por si só não basta, também se negam em fazer valer a tal democracia, que alguns teimam afirmar que existe nessa Terra de Santa Cruz!
Quando o assunto são as mazelas e falcatruas orquestradas por verdadeiras quadrilhas existentes em todas as esferas do poder, vem à tona aquela velha e malfadada frase, que me causa náuseas: rouba, mas faz! Ora, tem que fazer sim, mas, sem roubar. Já ganham para tal, e muito bem, diga-se de passagem.
Em todos os setores da sociedade cobra-se a ética como preceito básico para a existência: jornalista tem que ser exemplo de conduta ilibada ? e tem que ser mesmo-, padre, pastor, então, nem se fala. Médicos, advogados, professores, todos, sem exceção, são vigiados constantemente. Até jogador de futebol: as torcidas ficam de olho se estão fugindo da concentração, se estão "se acabando" nas baladas... E o político, ah, esse pode fazer o que quer, com o nosso dinheiro.
Muito se deve essa conduta ao medo de retaliações, já que verdadeiros coronéis, que nada mais são que misturas de Kadhafis, Hitlers e Mussolinis, de uma forma mais contida, claro, ainda ocupam cadeiras e tem o poder nas mãos. Verdadeiros holocaustos morais acontecem diariamente, não só em Brasília, por conta do descontentamento destes com aqueles, tidos como loucos, que teimam em querer a verdade. E como não poderia ser diferente, ainda existem os bobos da corte, que se organizam para defender o poderoso chefão.
Eu, por exemplo, não sou nenhum herói, estou bem longe disso, mas, ainda sendo chamado de maluco, mesmo vendo a sociedade inerte, estática, não consigo ficar sem me exaltar ao ver tanta "lambrecagem" feita por aí.
E você, caro leitor, também deve se mexer, pois, as mais importantes conquistas populares foram obtidas através da ousadia, da coragem dos personagens históricos da época. O primeiro passo para mudar uma realidade é indignar-se com ela.
Depois, temos que ir à luta, mostrar que não compactuamos com tais feitos, e claro, na hora do voto, "botar pra correr" aqueles que não honraram a confiança depositada.
Já dizia o grego Tucídedes que "o mal não deve ser imputado apenas àqueles que o praticam, mas também àqueles que poderiam tê-lo evitado e não o fizeram", nesse caso, nós, eleitores. Ou seja, colocar a culpa nos políticos no bate-papo entre amigos, dizer que nenhum presta, e ficar por isso mesmo, já "não cola". Ou faz-se alguma coisa, ou o país "irá à falência".
Com a arrecadação que possuímos, as escolas deveriam ser "de primeiro mundo". A saúde deveria estar impecável, as estradas, um tapete, e sem pedágio. A realidade é completamente diferente, e você, nobre leitor, sabe muito bem o motivo.
Sei que muitos balançaram a cabeça enquanto liam; concordaram com as afirmações, mas, ao terminar esse texto, voltarão à sua rotina, ouvirão inúmeras denúncias de corrupção nos noticiários e se afundarão em seus afazeres, deixando os "ratos" à vontade. Precisamos descobrir logo: Quem roubou nossa coragem? Quem roubou nossa indignação? E claro, precisamos recuperá-las, antes que seja tarde demais!



Autor: Cléber Luís Da Silva Chiaradia


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