A questão da nacionalidade na obra de Delius.



A Alemanha sempre foi um país marcado por fatos conturbados de sua história, sua unificação foi um longo processo que foi finalizado no ano de 1871, pois, até então o território alemão era dividido em diversos reinos, ou senhores de terra, após muitos anos de luta, esse processo foi feito pelo chamado Segundo Reich, que era então representado por Otto von Bismarck.
Esses pequenos reinos tinham em comum somente a identidade cultural e a língua, apesar de também haver certas variações desta. Otto devolveu aos alemães a sua identidade, deu as pessoas um país para acreditarem, apesar de seu ato ter causado diversas consequências, como a instabilidade européia, que mais tarde daria inicio a I Guerra Mundial.
Após a Primeira Guerra, com a perda da Alemanha, o país foi obrigado a assinar um acordo (Tratado de Versalhes) onde era então apontado como o principal causador da guerra.
Com o fim da Primeira Guerra e o Tratado de Versalhes, o país estava completamente destruído e sem uma identidade, sem uma cultura, a ser seguida, uma vez que uma boa parte da população havia morrido na guerra.Surge então a pergunta: E agora?
Em 1933 sobe ao poder, com o apoio de uma boa parte da população, uma figura peculiar chamada Adolf Hitler, que tinha como principal modo de governo o regime totalitário. Hitler consegue o apoio da população alemã com seus discursos, onde sempre fazia questão de lembrar que a identidade daquele povo seria devolvida, temos a presença de um ministério cultural, com o fim de unificar a cultura alemã, porém isso causou também uma certa disseminação da propaganda nazista e acabou caindo no gosto da população.
Com o fim da segunda guerra, e mais uma vez a perda e destruição total da Alemanha, teremos mais uma vez a perda de identidade e de cultura de um povo, uma vez que durante aquele periodo nazista, muitas manifestações culturais foram proibidas e então, mais uma vez o país se fazia a pergunta: E agora?
A Alemanha então foi dividida em dois blocos, um bloco pertencia ao sistema capitalista, enquanto outro pertencia ao sistema socialista. Muitas pessoas que pertenciam a Alemanha oriental, durante esse período ficaram mais uma vez expostas a uma imposisão cultural , como exemplo podemos citar o fato de que a música até a decada de 60 era somente alemã, e controlada, pois não podiam conter propagandas anti-socialistas. Temos portanto uma preocupação em devolver aos alemães a identidade cultural, porém ao mesmo tempo em que esta é devolvida, ela é tirada.
Já no lado ocidental, temos a presença de uma cultura livre,uma cultura onde os valores socio-culturais seriam resgatados, com a ascenção sócio economica do país,tinhamos uma cultura democrática, porém tinhamos também a presença de elementos estrangeiros que contribuiram para esta.
Com a unificação alemã, a cultura ocidental, será aos poucos implantada na cultura oriental. O narrador no livro As pêras de Ribbeck, nos mostra exatamente essa imposicão cultura, a tentativa de resgatar aos alemães orientais, a cultura que lhes foi tirada, a cultura que também lhes foi imposta após a segunda guerra. E é esse fato que o narrador irá criticar, o narrador nos irá mostrar em diversos momentos do texto que essa cultura não pode ser imposta, ela não surge de uma hora para outra, ela simplesmente deve acontecer naturalmente, uma vez que todos ainda estão assustados coma nova situação, e que essa imposisão cultural se dará de forma rápida, pois os alemães veem na unificação uma forma de encontrar novamente sua identidade cultural.

´´ tinhamos que nos acostumar, e precisavámos nos acostumar e queriamos nos acostumar a algo que não conheciamos.´´ (DELIUS, 1991, p.14)

Autor: Mariana Frederico J. Dos Santos


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