PIOLHO DE DEFUNTO
Ainda existe no mundo pessoas que se comportam de forma individualista e egoísta, como se o eu delas fosse mais importante. Pessoas que tentam elevar a sua importância ceifando a importância alheia e que mesmo sem perceber provocam o mal, de marcar seus compromissos e agilizar as soluções de seus problemas contando exclusivamente com o tempo dos outros tentando aumentar seu tempo de vida disponível, simplesmente usando e diminuindo o tempo de vida dos outros. Aproveita-se de favores ou chantagens emocionais, sempre pedindo com jeitinho para que ninguém perceba a sua real intenção. Esquece que cada vida tem sua história e todos têm seus próprios problemas. É até justo que numa sociedade cooperativa, alguns favores sejam feitos, mas que se enxergue o valor da reciprocidade. Muitos sequer tentam compreender se o outro não pode ajudá-lo por seus próprios compromissos. Para esse tipo de pessoa, todos devem estar disponíveis aos seus caprichos e ao seu imediatismo. Existe aquele que prefere pedir um prego para um carpinteiro, do que comprar algo que lhe será útil, apenas para não gastar seu tão importante dinheiro. Muitas vezes, quando da bondade própria de muitos seres humanos, alguém passa a emprestá-lo e servir de quebra galho, o aproveitador se encosta e nem se dá ao trabalho de procurar o comércio. Pede-lhe uma bucha, depois o parafuso, quando na verdade veio-lhe pedir também máquina. Não são muito raros também, aqueles que se esforçam e trabalham para comprar aquilo que lhe é útil e sempre vive de servir quem lhe pede ajuda e quando precisa não encontra ninguém que lhe sirva. Aquele que compartilha o básico de sua utilidade até mesmo com o que gasta apenas com futilidade. Pessoas que deveriam se permitir ajudar mutuamente, mas que preferem usarem até mesmo o tempo de outra vida que não lhe pertence. Isso não parece diferença entre o esperto e o tolo e sim mostra de personalidade de honesto e desonesto. O homem não é senhor do tempo nem de sua vida, que dirá da vida alheia. Não se alimenta a fome da linha do tempo com o tempo de outra vida e não se enriquece a alma nua com o dinheiro do bolso de um terno caro. Ainda assim, existem homens que se vendem ao diabo comprando o tempo de outras vidas com cheque sem fundo. As vantagens conseguidas serão como a de um piolho, que procura sangue quente na cabeça de um defunto e terá sua morte, com a morte de seu hospedeiro e então, ele será lembrado apenas como um parasita social.
Autor: Cesar Gonçalves
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