INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS HOSPITALIZADOS (Neusa Amorim)



3.3 INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS HOSPITALIZADOS (Neusa Amorim) O número de Classes Hospitalares ainda é pouco, em relação a demanda. Nem em todos os hospitais há esse segmento e, portanto, são poucas as crianças que usufruem desse benefício. Em contrapartida, uma das finalidades da classe hospitalar, segundo Esteves (2008, p. 5), é "promover uma melhor qualidade de vida para as crianças hospitalizadas", pois é algo benéfico a elas, daí a necessidade de estar acessível à todas as crianças e adolescentes hospitalizados. Por se tratar de um direito, Esteves (p. 2008, p.5) esclarece que: "desde que seja desenvolvida e tratada com responsabilidade e seriedade, sua criação é uma questão social, que pode proporcionar para a criança e adolescente hospitalizado uma melhor qualidade de vida", porém no momento, ainda são poucos os hospitais que dispõe desse atendimento pedagógico. A implantação de novos espaços voltados para a questão social, que promova o bem estar social, constitui-se numa questão de cidadania, a qual precisa ser vista como uma necessidade da atual sociedade, conforme afirmam Matos; Mugiatti (2008, p. 80): Destacando a questão do respeito à cidadania, cada vez mais voltada às necessidades de uma sociedade mais humana, cabe ao cidadão reformulá-la sob novos aspectos de bem-estar e promoção social. É onde se evidenciam novos deveres, no que tange ao respeito a espaços diferenciados e decorrentes apoios, como contribuição a uma melhor qualidade de vida. Esse atendimento constitui-se numa forma de garantir uma melhor qualidade de vida aos alunos hospitalizados, não apenas no sentido de dar continuidade aos estudos evitando que se perca o ano letivo, mas também contribuindo para o processo de desenvolvimento principalmente no período da infância. De acordo com Justi; Fonseca; Souza (2011, p. 23): "[...] o atendimento escolar hospitalar para a faixa etária de zero até seis anos incompletos é necessário porque contribui para os processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança pequena [...]", já que em alguns casos, por causa de longo período de internação acaba convivendo pouco tempo com a família, podendo comprometer o desenvolvimento saudável em vários aspectos. Dessa forma observa-se a relevância e a necessidade deste atendimento de inclusão escolar para com este público, no sentido de proporcionar um desenvolvimento saudável, evitando assim, distúrbios que poderiam comprometer o futuro destas crianças. As crianças e adolescentes hospitalizados, são carentes de atenção, já que estão distantes dos seus entes queridos, foram interrompidos do convívio social bruscamente, por isso, precisam de pessoas que possam lhe ouvir. Diante disso Ross (1996, p.271) relata: Frequentemente, os pacientes reagem com uma admiração quase exagerada por quem cuida deles e lhes dedica um pouco de tempo. Ficam privados de tais gentilezas num mundo atarefado, de números e aparelhos, e não é de estranhar que um toque leve de humanidade provoque uma reação tão positiva. Porquanto, pode-se afirmar que o trabalho educativo realizado em classe hospitalar, tem a função de tornar este ambiente mais humano, oferecendo um pouco de atenção, a qual poderia ser chamada de escuta pedagógica, uma vez que o docente se dispõe a ouvir estes pequenos pacientes. Essa atenção oferecida pelo educador hospitalar é mencionada e ponderada por Matos; Muggiati (2008, p. 69): [...] a atenção pedagógica, mediante a comunicação e diálogo, é essencial para o ato educativo e se propõe a ajudar a criança (ou adolescente) hospitalizado para que, imerso na situação negativa que atravessa no momento, possa se desenvolver em suas dimensões possíveis de educação continuada, como uma proposta de enriquecimento pessoal. Percebe-se que o atendimento em classe hospitalar é de suma importância diante das circunstâncias pela qual passa essas crianças e adolescentes, não apenas no sentido de oferecer-lhes a oportunidade de dar continuidade aos estudos, mas também no sentido de amenizar ou evitar as possíveis conseqüências que estes momentos difíceis de internação poderiam causar, por exemplo, tédio, revolta e até mesmo a perda do interesse em retornar aos estudos posteriormente. Para citar este trabalho: AMORIM, Neusa da Silva. A PEDAGOGIA HOSPITALAR ENQUANTO PRÁTICA INCLUSIVA. Porto Velho, 2011. disponível em: Para conhecer este trabalho na íntegra ou outras obras da autora envie email para: [email protected] REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Maria Isabel. Educação para a saúde: Guia para Professores e Educadores. Lisboa :Texto Editora, 1995 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. 3ª Ed. São Paulo: Moderna, 2006. BOWLBY, John. Cuidados Maternos e Saúde Mental. Tradução de Vera Lucia de Souza e Irene Rizzini.São Paulo:Martins Fontes, 1995. BRASIL. Lei 9394 ? LDB ? Lei das Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de dezembro de 1996. ________. Lei 8.069, de 13/07/90: Estatuto da Criança e Adolescente. Brasília, 1990. ________. CORDE. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília, 1994. ________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: Secretaria de Educação Especial, 1994. ________. Secretaria de Educação Especial. Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial. Brasília, SEESP, 1995. ________. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal: Subsecretaria de Edições Técnicas, 2007. ________. Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações. / Secretaria de Educação Especial. ? Brasília: MEC; SEESP, 2002. ________. Ministério da Justiça. Resolução n. 41, de outubro de 1995. Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Brasília, 1995. BRINGIOTTI, M.I.; A escola com crianças maltratadas. Buenos Aires: Paidos.2000. CURY. Augusto Jorge. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes.Rio de Janeiro: Sextante, 2003. ESTEVES, Cláudia R. Pedagogia Hospitalar: um breve histórico. Publicado em 2008. Disponível em Acesso em: 22 mar. 2011. FARFUS, Daniele. Espaços Educativos: um Olhar Pedagógico. Curitiba:Ibpex, 2011. FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 7º ed., 2009. FONSECA, Eneida Simões. A situação brasileira do atendimento pedagógico-educacional hospitalar. Revista Educação e Pesquisa. Universidade de São Paulo, v. 25, n. 1, p. 117-129, janeiro-junho,1999. ________. Atendimento pedagógico-educacional para crianças e jovens hospitalizados. Série Documental. Textos Para Discussão. Brasília: MEC/INEP. 25 p.1998. ________. Classe Hospitalar Jesus. Saúde. Jubileu de Ouro ? 1950-2000. RJ: Gráfica da UERJ, 2000. ________. Atendimento Escolar no Ambiente Hospitalar. São Paulo: Editora Memnon, 2003. FONTES, R. S. Narrativas da infância hospitalizada. In: Infância (in) visível. Araraquara, SP: Junqueira & Marin, 2007. FRANCO, M.A.S. Pedagogia como ciência da educação. Campinas: Papirus, 2003. GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. 8ed. São Paulo: Ática, 2010. GADOTTI, Moacir. Pensamento Pedagógico Brasileiro. 8ed. São Paulo: Ática, 2009. GIL, Marta.(Org.) Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso? São Paulo: Imprensa Oficial, 2005. GONÇALVES, C. F.; VALLE, E. R. O Significado do Abandono Escolar para a Criança com Câncer. Revista Ata Oncológica Brasileira, São Paulo, v.19, n.1, p.273 -279, jul.1998/dez. 1999. GONZÁLEZ, Eugenio. (et.al.) Tradução Daisy Vaz de Moraes. Necessidades Educacionais Específicas. Porto Alegre: Artmed, 2007. JUSTI, Eliane Martins Quadrelli; FONSECA, Eneida Simões da; SOUZA, Luciane do Rocio dos Santos de. Pedagogia e Escolarização no Hospital. Série Dimensões da Educação. Curitiba: Ibpex, 2011. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 8.ed. São Paulo: Cortez, 2005. LIMA, Fernanda Teles de. Classe Hospitalar do Hospital das Clínicas. 2003. Disponível. em. . acesso em: 12 mar, 2011. MARQUES, C. A.; MARQUES, L. P. Do universal ao múltiplo: os caminhos da inclusão. In LISITA, V. M. S. de S.; SOUSA, L. F. E. C. P. Educação e Inclusão ? Rio de Janeiro: DP&A, 2003. MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGGIATI, Margarida M. Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 3ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. MEZOMO, João Catarin. Gestão da qualidade na saúde: princípios básicos. São Paulo: Manole, 2001. MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: contextos sociais. Tradução Windyz Brazão Ferreira. Porto Alegre: Artmed, 2008. MOTA, C. H. Princípio 7. In: SANTOS, L; JORGE, A; ANTUNES, I. Carta da Criança Hospitalizada: Comentários. Lisboa: Instituto de Apoio à Criança, Caderno n.1, p.59-60. Novembro, 2000. OLIVEIRA, Helena. A enfermidade sob o olhar da criança hospitalizada. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 9, p. 326-332, jul./set. 1993. PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira de. O ensino fundamental na escola do hospital: espaço da diversidade e cidadania. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Saúde Coletiva, 2003. PIMENTA, S.G. Pedagogia, ciência da Educação? 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1998. Resolução 02 CNE/MEC/Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Especial, 11/09/2001. RONDONIA. Constituição (1989). Constituição Estadual. Porto Velho: Assembléia Legislativa, 1989. ROSS, Elizabeth Kubler. Sobre a Morte e o Morrer: o que os Doentes têm para Ensinar a Médicos, enfermeiras, Religiosos e aos seus Próprios Parentes. Tradução Paulo Menezes. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. SCHILLER, Paulo. A vertigem da imortalidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. SILVA,L.P.P.; TONETTO, A.M.;GOMES, W.B. Prática psicológica em hospitais: adequações ou inovações? Contribuições históricas. Boletim Academia Paulista de Psicologia, ano XXVI, n.3,v.06, p.24-37, 2006. VASCONCELOS, Sandra Maia F. Clínica do discurso: a arte da escuta. Fortaleza: Premius, 2005. VIEGAS, Drauzio (org) Brinquedoteca hospitalar: isto é humanização. Rio de Janeiro, Wak Editora, 2007. Zanotto, M. L. B. Formação de Professores: a Contribuição da Análise do Comportamento. São Paulo: Fapesp, 2000. Para citar este trabalho: AMORIM, Neusa da Silva. A PEDAGOGIA HOSPITALAR ENQUANTO PRÁTICA INCLUSIVA. Porto Velho, 2011. disponível em: Para conhecer este trabalho na íntegra ou outras obras da autora envie email para: [email protected]
Autor: Neusa Amorim


Artigos Relacionados


A Pedagogia Hospitalar Enquanto Prática Inclusiva

HistÓrico Da Pedagogia Hospitalar

A Aprendizagem Em Ambiente Hospitalar (neusa Amorim)

SaÚde E EducaÇÃo: Uma Parceria PossÍvel (neusa Amorim)

O Ser E O Fazer Do Pedagogo Na Classe Hospitalar

A Pedagogia Hospitalar Enquanto Prática Inclusiva

A AtuaÇÃo Do Pedagogo Em Classe Hospitalar - (neusa Amorim)