O Significado de Maria para a Igreja Evangélica



O Significado de Maria para a Igreja Evangélica
Roberto dos Santos*
A figura de Maria na teologia evangélica não pode ficar a margem de uma religiosidade inferior ou submissa a desconfiança de uma espiritualidade sindicalizada, que, às vezes, pode levar a redução da revelação ao uma espécie de "jesuismo " disfuncional, ou seja, quando à teologia evangélica reduz o papel de Maria na história da salvação coloca-a sob suspeita de todo um processo de libertação , onde a imagem de Maria na teologia, é por assim dizer, parte de uma construção profética, sacerdotal e escatológica. Maria é a base critica e determinante no cenário de revelação e fundamentação soteriológica, e não apenas, uma figura feminina isolada do eixo teológico da fé cristã.
A igreja evangélica, em sua espiritualidade deve, por sua vez, aprender na missão de Maria à busca por uma teologia feminista moderada, onde o papel da mulher na igreja e na sociedade reflita submissão e devoção ao Senhor Jesus Cristo. Por outro lado, é de suma importância procurar o significado da práxis feminina no século XXI, sem, contudo, perder a essência do socialismo cristão, que é o de manter a igualdade entre todos os irmãos. Maria não deve ser objeto de adoração ou idolatria, de mediação ou sacramento. Ela deve ser a ponte de construção da teologia do acolhimento, da teologia da diaconia, enfim, da teologia da escuta da palavra. Ao escutar a palavra de Deus é que Maria soube ser a serva do evangelho, deixando de lado sua vontade e entregando-se totalmente ao Deus vivo e verdadeiro.
Nós evangélicos amamos Maria e sabemos o quanto ela tem sido mal interpretada ao longo da história do cristianismo, tendo chegado até ser vista como uma "deusa". Maria não é uma "deusa". Maria é a serva do mistério divino, mas não é Divina, Maria é a mãe do Deus-Homem, mas não é a mãe da Divindade, por não ser uma "deusa", ou muito menos, uma "divindade". É assim que vemos Maria à luz do testemunho evangélico. Por conseguinte, Maria é a serva de Deus por excelência, a bendita entre todas as mulheres e o ser humano mais sublime de todos por ter sido escolhido pelo próprio Deus para ser a genitora do Salvador Jesus Cristo. Dizer que Maria é nossa intercessora é contradizer a palavra de Deus , quando declara que só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem.
O catolicismo virou marianismo em função do seu afeto religioso a Maria, que nas missas tem muito mais ênfase do que o próprio Cristo que, aliás, se a igreja católica romana tirar Maria da sua teologia e liturgia, passa a ser muito mais evangélica e cristocêtrica. Pelo que sabemos os católicos dão muito mais importância a Maria do que o Senhor Jesus Cristo. Não é heresia amar Maria, heresia é colocar Maria como o centro da teologia e do culto. Maria é parte da teologia evangélica, mas não é o centro e nem o fundamento. Jesus se revela em Maria para que ela se salve nEle. Uma simples leitura do Evangelho basta-nos perceber que não há embasamento bíblico para rezarmos a "Ave Maria " da igreja católica. O único papel de Maria na história da redenção foi o de ser a mãe do Salvador Jesus Cristo e nada mais.
A pobreza do catolicismo está em conceber Maria como "Divina", mesmo que isso não parecer ser muito claro em sua teologia, mas na prática, insistimos, todo católico romano e toda missão não passa de um "culto à santidade de Maria", em substituição ao único e verdadeiro culto a Deus e Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Leia Jo 17.). Por essa razão é que o catolicismo beira a idolatria.
Para concluir nossa reflexão, vejamos o que nos diz um dos pais da igreja antiga:
"Eva foi causa de morte para si e Adão, e para todo homem ao olhar para traz e ouvir o tentador, introduzindo na humanidade o pecado pela desobediência e pelo orgulho as próximas gerações, a segunda Eva Maria, torna-se causa de salvação para si e para humanidade por causa do seu sim (obediência) a Deus, introduzindo a Redenção e a vida, ao homem, por que na sua humildade traz ao mundo a Graça que só ela tinha achado, volto-se e fincou os olhos em Deus. (Santo Ireneu de Lião. Séc. II)".
A teologia católica romana está alicerçada em um paganismo mariano, razão pela qual, a abençoada Maria tem sido considerada muito mais divina do que humana. Veja abaixo:
"O Culto a Ísis, deusa-mãe do Egito e esta religião, foram absorvidas no Cristianismo, substituindo-se Ísis por Maria. Muitos dos títulos que eram usados para Ísis, como "Rainha dos céus", "Mãe de Deus" e "theotokos" (a que carregou a Deus) foram ligados a Maria. A Maria foi dado um papel exaltado na fé cristã, muito além do que a Bíblia a ela atribui, com o fim de atrair os adoradores de Ísis para uma fé que, de outra forma, não abraçariam. Na verdade, muitos templos a Ísis foram convertidos em templos dedicados a Maria. A primeira indicação clara da Mariologia Católica ocorre nos escritos do teólogo Origen, que viveu em Alexandria, Egito, que por acaso era o lugar principal da adoração a Ísis"(www.gotquestions.org).

Maria deve ser lembrada no cristianismo como a Mãe de Jesus, o Deus revelado na história; ela deve ser lembrada como a serva obediente da palavra de Deus ao dizer Sim; ela deve ser lembrada como o vaso mais sagrado de todos os seres humanos por ter sido o tabernáculo de Deus; ela dever ser lembrada como o maior exemplo de serviço a Deus. Mas nunca Maria deve ser lembrada como redentora, salvadora, imaculada. Sem Maria não teríamos Jesus, sem Maria não conheceríamos o Cristo de Deus, mas com Maria Deus é revelado, com Maria Deus é visto entre os homens na pessoa de Jesus. Maria não é a salvação, mas trouxe-nos a redenção e a vida de Deus. Amemos Maria em seu exemplo de serviço, fé e graça. "Tudo por Jesus, nada sem Maria", constitui apenas uma verdade mal interpretada. Por qual razão? Respondo: o ministério de Maria começa com a visita do anjo do Senhor e termina com o nascimento de Jesus. Maria foi somente o veículo da redenção e não a redenção em si. Jesus é o Verbo encarnado, crucificado e ressuscitado e, portanto, o único, pelo qual, devamos servir e adorar para sempre. Maria não é nossa senhora, é nossa irmã.
Roberto dos Santos é pastor auxiliar na Sede do Belém , SP, Mestre em Ciências da Educação pela Universidad Evangélica Del Paraguay e PhD pela Cambridge International University

Autor: Roberto Dos Santos


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