Pense Fora Da Pirâmide!



A prática já demonstrou para mim que os processos de pensamento são tão importantes quanto o conhecimento técnico na resolução de problemas. De fato, o conhecimento técnico engessado por processos de pensamento rotineiros costuma constituir um forte obstáculo à formulação de soluções criativas, criando o que podemos chamar de "pensamento dentro da caixinha".

O pensamento, quando "dentro da caixinha", só permite que faça as coisas que você sempre fez, que veja as coisas como sempre viu, que entenda o mundo como sempre entendeu.

A princípio, não há nada de errado com as "caixinhas": a eficiência costuma caminhar ao lado das rotinas. O problema começa quando você enfrenta uma situação nova e tenta enquadrá-la a marteladas no esquema atual. As soluções rotineiras não funcionam e o problema permanece. A eficiência geral cai vertiginosamente e você não consegue entender o motivo. Parece que, quanto mais pensa no assunto, mais se afasta da solução.

Nesses casos, a solução começa exatamente na libertação do pensamento da "caixinha". Você precisa rever conceitos e definições. Precisa verificar pessoalmente a validade de algumas hipóteses, relativizar verdades absolutas e analisar criticamente os métodos normalmente empregados.

No limite, você precisa de uma folha de papel (ou uma tela de computador) em branco para planejar tudo do início, como se nada soubesse sobre a questão, como se estivesse enfrentando a situação pela primeira vez em sua vida. Durante o próprio ato de descrever o que precisa ser feito, você perceberá as irracionalidades da metodologia atual e removerá os obstáculos à tarefa que se propunha a fazer.

Veja, por exemplo, a caixinha de fósforos que aprisiona o pensamento dos webmasters no mundo inteiro, a tal "estrutura de navegação em pirâmide". Essa estrutura fazia sentido quando praticamente a totalidade dos internautas chegava aos websites digitando um endereço na barra de navegação: agá-tê-tê-pê-dois-pontos-duas-barras-dabliu-dabliu-dabliu...

Nesse contexto, uma estrutura de navegação em pirâmide refletia exatamente o comportamento do internauta. Ele entrava na sua página inicial, avaliava o conteúdo e clicava em algum link que parecia vagamente relacionado com o que estava procurando. Repetia o processo a cada nova página, indo do geral para o específico, até chegar à informação desejada. Tendo encontrado a informação, o nosso internauta começava a digitar novamente na barra de endereços do navegador: agá-tê-tê-pê...

Será que o comportamento descrito continua sendo representativo do comportamento do internauta médio?

Será que é descritivo do seu comportamento? Ou será que você se comporta mais ou menos assim...

Você precisa de uma informação. Clica no ícone da "casinha" (página inicial) do seu navegador, para ir diretamente ao Google ou, se você gosta da barra de endereços, apenas começa a digitar "goo" e o próprio navegador se encarrega de preencher o restante para você. Você digita alguma coisa vagamente relacionada à informação que está buscando e clica em "Pesquisa Google". Examina os primeiros resultados. Se parecem promissores, clica em alguns deles, tomando o cuidado de abri-los em nova aba do navegador. Se algum deles for satisfatório, fecha as outras abas e prossegue a navegação a partir daquele ponto. Se nenhum dos primeiros resultados for bom o bastante, volta ao Google e refina sua pesquisa, mudando, corrigindo ou acrescentando palavras à sua pesquisa.

Preste atenção: o Google leva o visitante diretamente à página web que contém as palavras digitadas pelo internauta. Os buscadores não querem saber se essa página está no topo, no meio ou na base de sua "pirâmide". Se tem as palavras, é para lá que o link na página de resultados vai apontar.

Então, por que você ainda não começou a "pensar fora da pirâmide"?

Porque você aprendeu a fazer sites assim. Porque todo site é assim. Porque todo mundo faz assim. Porque se você fizer diferente, seu chefe vai demiti-lo. Porque...

"Porque" uma série de motivos irracionais, que não têm rigorosamente nada a ver com as exigências de conhecimento técnico, o impedem de pensar fora da caixinha!

Eu não sou desenvolvedor web. Não entendo coisa alguma de "criação de sites". Mas entendo de marketing e comportamento do consumidor.

Isso explica a cara de espanto de um desenvolvedor quando pergunto "Por que o texto do link para a página inicial é 'Home'? Escreva o nome do produto principal ali"!

Isso explica também a cara ainda mais espantada de um cliente: "Por que você está jogando fora essa fortuna no AdWords, criando 1 anúncio com link para sua página inicial? Se você tem 500 produtos na sua loja, crie 500 páginas de produtos e faça 500 anúncios, um para cada produto e com link para sua respectiva página"!

Isso explica ainda a indignação geral quanto às risadas que dirigi à ridícula "escultura de page-rank com nofollow", o tipo de conceito que só faria sentido na era pré-Google.

Pense fora da caixinha e jogue fora o conceito de pirâmide. Deixe de lado os cânones do design e o deslumbramento com a tecnologia, comece a avaliar o modo como você mesmo usa a web e passe a desenvolver a estrutura de navegação de seus sites com base nesse conhecimento.

E, pelo amor de Deus, se você se diz profissional de SEO e ainda não começou a pensar em termos do real comportamento do usuário web na era Google... Cuide-se, ou o mercado de SEO vai implodir exatamente sobre sua cabeça!


Autor: Alexis Kauffmann


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