Dislexia: Distúrbio de aprendizagem.



Dislexia: Distúrbio de aprendizagem.
Mariana Damasceno Batista
RESUMO: O presente artigo expõe um distúrbio bastante freqüente na aquisição da linguagem, que de algum modo dificulta a aprendizagem, seguidos de suas respectivas definições, tratamentos nos diferentes campos que estudam a dislexia, pesquisas à cerca de tal problema, como professores e pais podem identificar, como agir diante de alguém com dificuldades, afinal muitas vezes a dislexia é confundida com falta de interesse em aprender por parte do aluno.

ABSTRAT: This article presents a fairly frequent disorder in language acquisition, which somehow hinders learning, followed by their definitions, treatments in the different fields that study dyslexia, the research about this problem as teachers and parents can identify, how to act in front of someone with difficulties, after all dyslexia is often confused with lack of interest in learning by students.
Palavras- chave: Aprendizagem. Dislexia. Disgrafia. Discalculia. Dificuldades.
Introdução
É significante o número de crianças que terminam o período escolar sem dominar a leitura e a escrita de forma considerada adequada para aquela faixa etária, sendo muitas crianças portadoras de dislexia, este fato tem preocupado especialistas, pais, educadores, psicólogos e médicos, que constitui um problema social. Em função de tal problema, mundialmente pesquisam meios capazes de resolver esta situação, nem sempre com resultados aceitos por todas as áreas que estudam. Pois a Dislexia é estudada por vários campos da ciência, por esse motivo os estudiosos não chegam a um censo comum de sua causa, pois suas pesquisas se direcionam em áreas distintas, chegando muitas vezes a conclusões diferentes; sem que nenhuma delas tenha sido universalmente aceita. Mas com o avanço tecnológico com destaque ao apoio da técnica de ressonância magnética funcional, as conquistas dos últimos dez anos têm trazido respostas significativas sobre o que é Dislexia.
Antes de qualquer aprofundamento maior sobre este distúrbio de aprendizagem a Dislexia palavra que deriva do grego "Dis (dus) significa dificuldade e "lexis", linguagem; portanto, dislexia é o nome que se dá à dificuldade que algumas crianças apresentam para aprender a ler, escrever ou para compreender o texto que lêem. Quero salientar que nem todas as crianças com linguagem prejudicada são disléxicas, e nem todos os disléxicos tem a linguagem prejudicada. Geralmente, os disléxicos têm dificuldades em relacionar as letras com os sons que elas representam invertem sua posição dentro da palavra. Essa desordem é confundida com desinteresse e má vontade do aluno ou como sinal de comprometimento da inteligência, uma conclusão equivocada porque essas pessoas costumam ser inteligentes e bastante criativas.
Em entrevista ao site do Dr. Drauzio Varela o Dr. Cláudio Guimarães dos Santos, neurocientista da Universidade Federal de São Paulo. Comenta o que entende sobre esta dificuldade em questão, segundo ele:
Dislexia é tanto o nome de um sintoma, como de uma síndrome e talvez de uma doença. Como sintoma designa a dificuldade para ler e pode acometer tanto a criança quanto o adulto e o idoso. Evidentemente, o indivíduo que é cego ou tem miopia não corrigida e não consegue ler, não é disléxico, tem problemas visuais, sensoriais. Como síndrome, a dislexia faz parte de uma série de situações deficitárias que podem ser decorrentes de lesões adquiridas ou de desenvolvimento, daí a divisão entre dislexias adquiridas e dislexias de desenvolvimento. As adquiridas acompanham lesões encefálicas como o acidente vascular cerebral (AVC) ou traumas, e o paciente apresenta dificuldade de leitura que pode ser pura, a chamada alexia sem grafia, ou pode ser acompanhada, por exemplo, de quadros afásicos, de dificuldades de linguagem oral. Para o diagnostico de dislexia adquirida é fundamental que o individuo nessa situação seja letrado, tenha aprendido a ler e sido alfabetizado. As síndromes relacionadas às dislexias de desenvolvimento acometem crianças em idade escolar, crianças que estão começando o processo de alfabetização. Eu mencionei que era um sintoma, uma síndrome e talvez uma doença existem determinadas situações da síndrome disléxica de desenvolvimento que permitiram pensar ela ser uma entidade com etiologia, fisiopatológica e quadro clinico e especificas, como a meningite meningocócica, por exemplo. Essa classificação merece, porém, estudo mais detalhado. Por isso prefiro dizer que a dislexia pode ser tanto um sintoma quanto uma síndrome. (Dislexia, Dráuzio Varela, HTTP//:WWW. Drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/744/dislexia), acessado em 07 de outubro de 2010.
DESENVOLVIMETO
A dislexia por ainda ser causa ignorada no ambiente escolar e social em nosso país, é uma das causas do chamado "analfabetismo funcional", estudos registram 20% da população americana como disléxica. Ainda devem ser considerados estudos americanos, que provam ser de 70% a 80% o número de jovens delinqüentes nos USA, que apresentam algum tipo de dificuldades de aprendizado.
Este distúrbio manifesta-se de três maneiras a primeira delas é a disgrafia que nada mais é que uma incapacidade ou atraso no desenvolvimento da linguagem escrita, especialmente da escrita cursiva, que compromete a comunicação de idéias e de conhecimentos através desse específico canal de comunicação, enquanto que escrever com máquina datilográfica ou com o computador pode ser muito mais fácil para o disléxico. Na escrita manual, as letras podem ser mal grafadas, borradas ou incompletas, com tendências à escrita em letra de forma. Os erros ortográficos, inversões de letras, sílabas e números ficam caracterizados com muita freqüência.
A dificuldade espacial se revela na falta de domínio do traçado da letra, subindo e descendo a linha demarcada para a escrita. Há disgráficos com letra mal grafada, mas inelegível, porém outros comentem erros e borrões que quase não deixam possibilidade de leitura para sua escrita cursiva, embora eles mesmos sejam capazes de ler o que escreveram. É comum que tenham dificuldades em matemática. Existem teorias sobre as causas da disgrafia, uma delas aborda o processo de integração do sentido visão com a coordenação do comando cerebral do movimento, como anteriormente foi mencionado, disléxicos, tem dificuldade em monitorar a posição da mão que escrevem, com a coordenação do direcionamento, por conta dessa dificuldade eles usam de artifícios como reforçar pesadamente o lápis ou a caneta, no ponto de seu foco visual procurando controlar o que a mão está traçando durante a escrita, inclinando a cabeça para tentar ajustar distorções de imagem em seu campo visual. Tarefas que envolvem coordenação de movimentos com direcionamento visual podem chegar a ser, até, extremamente complicadas. Razão porque se torna extremamente difícil para o disléxico aprender a escrever pela observação da sequência de movimentos ensinados pelo professor.
Nos disgráficos podem surgir atrasos no desenvolvimento da marcha, dificuldades em subir e descer escadas, ao tentar aprender a andar de bicicleta, no uso de tesouras, ao amarrar os cordões dos sapatos, jogando ou apanhando uma bola. Todas essas dificuldades vivenciadas pelos disgráficos podem trazer os mais sérios reflexos para o desenvolvimento do ego dessa criança, desse jovem, a falta de entendimento, de diagnóstico e do imprescindível e adequado suporte pedagógico são
Já na discalculia outro distúrbio de aprendizagem, que é a dificuldade com a linguagem matemática, que podem ocorrer por falta de habilidade para determinação de razão matemática ou pela dificuldade em elaboração de cálculo matemático, podendo estar vinculadas a problemas com o domínio da leitura e/ou da escrita. Há dificuldades que tem relação com a discriminação da sequência e da ordem precisas de fatos matemáticos, embora ocorra raramente, também podem existir dificuldades em avaliações comparativas: maior-menor, mais-menos. Podendo ainda ter fator emocional que dificulta ou mesmo bloqueia o pensamento matemático, não possibilitando concentração na lógica matemática.
Contudo pessoas disléxicas são bem dotadas em matemática, tendo habilidades de visualização em três dimensões que os ajudam a assimilar conceitos com mais clareza e rapidez que os não disléxicos, sendo comum a possibilidade de resolverem complexos problemas matemáticos mentalmente, mesmo não sendo capazes de decompor esse cálculo em etapas. Embora com essa particularidade e por causa desta, essas pessoas, surpreendentemente podem ter enormes dificuldades em cálculos aritméticos básicos. E quando apresentam dificuldades em direção, rota de memorização e sequência, podem apresentar dificuldades que impedem, que seus dons matemáticos possam ser evidenciados, já outros disléxicos ao contrário, não encontram grandes dificuldades, podendo desenvolver cálculos aritméticos, porém ao se depararem com uma abstração, ?incógnita" não conseguem decodificar.
Há ainda os disléxicos cujo problema central está na dificuldade de focar a atenção, como de alguma forma sempre existe o componente da atenção em dislexia, alguns especialistas nomearam essa dificuldade de aprendizado a partir do seu aspecto de deficiência de atenção, com as designações: "Attention Defircit Desorder-ADD" ? (Distúrbio de Deficiência de Atenção ? DDA); e "Attention Deficit Hyperativity Desorder ? ADHD" ? (Distúrbio de Deficiência de Atenção com Hiperatividade ? DDAH). Por existe uma oscilação no nível da capacidade de concentração dessas pessoas, em alguns dias elas podem melhor corresponder à expectativa de aprendizagem no ambiente escolar e em outros apresentam se dispersas, parecendo ter esquecido tudo já haviam aprendido. Podendo em um dia conseguir uma nota boa e em outro dia no mesmo conteúdo ser reprovada. Confundindo assim pais, professores e o próprio disléxico que não entende porque isso acontece.
Partiremos agora para os métodos de diagnósticos, menciono o teste central para detecção da disfunção perceptiva a reprodução, em cópia e em memória da Figura Complexa de Rey, caso seja necessário confirmar os dados da F.C Rey, é utilizado o teste de retenção visual de Benton, este permite avaliar a diminuição ou deterioração das funções cognitivas. Trata se de testes pontuáveis e ao mesmo tempo qualitativo que nos permitem avaliar com grande precisão o grau de disfunção dos indivíduos testados. Hoje dispomos da possibilidade de fazer um diagnóstico precoce de uma criança potencialmente disléxica, logo a partir do Jardim de Infância, sendo característica marcante nestas crianças o distúrbio psicomotor o qual permite ao técnico especializado fazer uma prévia do problema disléxico.
Segundo Dr. Sally Shaywitz que expõe uma visão fonológica, citando que nas últimas décadas surgiu um novo modelo coerente de dislexia que se baseia no processamento fonológico, sendo este coerente com sintomas clínicos da dislexia e com o que os neurocientistas conhecem sobre a organização e o funcionamento do cérebro. Ao produzir uma palavra, o aparelho de fala humana ? laringe, palato, língua e lábios- automaticamente comprime e mistura os fonemas, como resultado, as informações dos diferentes fonemas se fundem em uma única unidade de som.
Uma criança disléxica possui um déficit no sistema de linguagem no nível fonológico que prejudica sua capacidade para segmentar a palavra escrita em seus componentes fonológicos subjacentes. Está explicação de dislexia é chamada modelo fonológico. Um déficit circunscrito ao processamento fonológico prejudica a decodificação, impedindo a identificação da palavra, sendo o impacto mais evidente na leitura, mas ele também pode afetar a fala de modos previsíveis. Cabe comenta que muitos disléxicos aprender a ler e mesmo se destacam nos estudos, apesar de suas dificuldades são os chamados disléxicos compensados por desempenhar tão bem quanto os não disléxicos em testes de precisão de palavras. Porém não são automáticos nem fluentes em sua capacidade de identificar palavras e muitos relatam que a leitura é cansativa. Na leitura enquanto leitores não compensados, não prejudicados podem decodificar palavras automaticamente, indivíduos disléxicos precisam recorrer ao uso do contexto para ajudá-los a identificar palavras específicas. Tornando eles mais lentos.
No tratamento do disléxico, ao nível da clinica médica, três processos se completam, o primeiro trata da reprogramação postural e psicomotricidade, seguido pela modificação da informação visual através de lentes prismáticas de pequena potencia e a apoio psicopedagógico especializado. Segundo a Dr.ª Sally Shaywitz em seu artigo publicado na Scientific American, relatou que o tratamento é uma área que tem estado cheia de controvérsias e frequentes decepções. Segundo Shaywitz um dos mais elogiados tratamentos para os distúrbios de aprendizagem foi desenvolvido por um grupo liderado por Paula Tallal, co-diretora do Centro de Neurociência Molecular e Comportamental da Rutgers University em Newark, New Jersey, e por Michel M. Merzenich do Centro Keck de Neurociência Integrada da Universidade da Califórnia, em San Francisco.
Há alguns anos, vários pesquisadores associados desenvolveram a terapia computadorizada para o treinamento de crianças com linguagem prejudicada, é um programa de processamento de fala que permite aos pesquisadores a amplitude e a duração dos seus sons gravados, é fato que onze crianças treinadas com esses métodos adquiriram o equivalente a dois anos de habilidades de linguagem em apenas um mês.
Mas antes de qualquer tratamento é necessário reconhecer se a criança é disléxica ou não, cabendo aos pais e professores a observarem no que se refere ao desenvolvimento da linguagem oral, pois crianças com atraso nessa área podem apresentar dificuldades na aquisição da linguagem escrita e na habilidade de leitura mais tarde, sendo necessário ainda e não menos importante a relação pais-filhos, o ideal seria que percebessem as alterações de linguagem em casa, antes dos professores, que lessem para os filhos, pois a leitura serve de instrumento para verificar a capacidade que elas têm para lidar com as palavras, médicos que estudam o assunto reconhecem que quanto antes o diagnóstico, melhor as condições para intervir. Reconhecendo ser mais difícil tratar uma criança de dez, doze anos com dislexia fonológica do que uma de seis ou sete anos.
Mas na maioria das vezes a dislexia fonológica de desenvolvimento é detectada no momento da alfabetização, como se trata de uma dificuldade específica de leitura que se refletirá na escrita posteriormente, o fato de aprenderem com maior dificuldade, os problemas com escrita e a leitura não devem atrapalhar a absorção de outros conhecimentos que podem ser transmitidos por via oral ou auditiva. Provas orais revelam que essas crianças são capazes de dominar conteúdos programáticos, sob o ponto de vista de tratamento ou de acompanhamento pedagógico, é muito importante dar a elas a oportunidade para se escolarizarem, enquanto vão cuidando de suas deficiências, ao contrário do que acontecia no passado, quando toda ênfase era dada à observação de conhecimentos por meio da escrita.
Problema bastante considerável em relação à dislexia é a qualidade de ensino das escolas públicas, pois há o modismo em considerar disléxicas todas as crianças que não conseguem ser alfabetizadas antes de avaliar se o professor é bom e a sala de aula adequada, se a criança é bem alimentada e recebendo os estímulos propícios para aprender a ler e a escrever. Classificar as dificuldades como decorrentes de dislexia discursiva ou fonológica só é possível se ocorrerem apesar das condições ótimas de ambiente e de escolarização. Portanto, quando a qualidade de ensino deixa a desejar como ocorre em determinadas áreas do Brasil, fica extremamente difícil falar em dislexia.
Considerações finais
Considera se, portanto diante de varias exposições sobre o distúrbio de aprendizagem, que é apesar de inúmeros investimentos de pesquisadores sobre determinado assunto que a muito a se conhecer ainda, no meio cientifico e social no que diz respeito conhecimento comum, pois na maioria das vezes professores e pais acabam "diagnosticando" de maneira equivocada tal problema que envolve o psicológico da criança e muitas vezes a sua vida social, afinal muitos se afastam do convívio com colegas, procurando evitar ser motivo de brincadeiras.
Cabem ainda políticas públicas para prepararem o professor para que este consiga reconhecer um aluno com tal distúrbio, podendo assim auxiliar no tratamento e encaminhando para um profissional habilitado.
Bibliografia
http://WWW.jcsantiago.info/dislexia.html, acessado em 07 de Novembro de 2010.
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3804&ReturnCatID=1511,
acessado em 07 de Novembro de 2010.
http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo /774/dislexia, acessado em 07de
Novembro de 2010.






Autor: Mariana Damasceno Batista


Artigos Relacionados


A Informática Como Instrumento De Intervenção Pedagógica Em Crianças Com Dislexia

Dislexia: Um Disturbio De Leitura E Escrita

Dislexia

Como A LingÜÍstica Explica A Dislexia

Dislexia Na Sala De Aula

Dislexia: Um Distúrbio De Aprendizagem.

Dislexia Na Escola