PREVENÇÃO DE SAÚDE VOCAL E MENTAL DO PROFESSOR - UM ESTUDO DE CASO: DOCENTES DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS ? UEA



PREVENÇÃO DE SAÚDE VOCAL E MENTAL DO PROFESSOR - UM ESTUDO DE CASO: DOCENTES DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS ? UEA


Maria de Fátima Falcão da Silva

RESUMO

A saúde do trabalhador em educação, enquanto questão vinculada às políticas mais gerais, de caráter econômico e social, implica desafios das mais diversas ordens. Os problemas de saúde vocal e mental dos professores afetam seriamente a todos os envolvidos em educação. Eles, antes de iniciar uma aula devem preparar-se de forma planejada, ensaiada e emocional, a fim de evitarem doenças, como: o estresse, que o levará a infindável anos de tratamento psicológico afastando-o, muitas vezes da sala de aula e também, a disfonia, perda de voz. A disfonia é causada por alteração de voz, o principal instrumento de trabalho do professor. Dessa forma, o profissional deve evitar fazer esforço demasiado na prática instrumental ou vocal errônea, que poderá levá-lo a apresentar um alto desequilíbrio nervoso. Toda essa problemática resulta num certo desequilíbrio físico e emocional, muitas vezes agravado por uma postura inadequada, respiração incorreta, tensão nervosa causando problema de coluna, cansaço, irritabilidade, distensão muscular, dores de cabeça, depressão, e profunda desmotivação em tudo o que faz. Por outro lado, o estresse mental pode ser evitado, já que as Emoções geralmente contêm uma mensagem, o de preparar-se melhor. O medo é um aliado para o sucesso. O professor deve saber lidar produtivamente com medos. A auto-expectativa irreal de que se tem que saber tudo e responder a tudo não é certo. Então, para evitar todos esses problemas, medidas devem ser tomadas através de técnicas aprendidas no treinamento para o exercício do magistério.
Palavras-chave: saúde, vocal, mental, professor.


ABSTRACT

The health of workers in education, as a matter linked to broader political, economic and social in nature, involve challenges from various orders. The health problems and mental voice of teachers seriously affect everyone involved in education. They, before beginning a lesson should prepare themselves in a planned, tested and emotional in order to avoid diseases, such as stress, that will lead to endless years of psychological treatment away from the often classroom and also, dysphonia, loss of voice. The dysphonia is caused by change of voice, the main instrument of work of the teacher. Thus, the professional should avoid making too much effort in practice instrumental or vocal erroneous, which could lead him to submit a high imbalance nervous. All these problems result in a certain physical and emotional imbalance, often compounded by an inadequate posture, breathing wrong, causing nervous tension problem of column, fatigue, irritability, muscle distension, headaches, depression, and deep demotivation in everything we do . On the other hand, the mental stress can be avoided, since the Emotions often contain a message, to prepare themselves better. Fear is an ally for success. The teacher should know productively deal with fears. The self-unrealistic expectation that they have to know everything and respond to everything is not right. Then, to avoid all these problems, measures must be taken through techniques learned in training for the exercise of the teaching.
Keywords: health, vocal, mental, teacher.





1-INTRODUÇÃO

Esse Artigo solicitado pelo Curso de Pós-Graduação em Administração Hospitalar apresenta uma contextualização sobre as dificuldades que interferem no desempenho dos professores, decorrentes das relações que o profissional da educação estabelece com o trabalho podendo assim sua saúde ficar implicada no mais alto nível.
Ouve-se falar cada vez mais, em desgaste ou deterioração pelo trabalho, mas ao mesmo tempo, o trabalho pode servir como fator essencial para saúde, equilíbrio e desenvolvimento. As condições de trabalho inadequadas contribuíram para o aumento dos acidentes e os princípios da manutenção da saúde, ou da prevenção da doença foram incorporados aos objetivos das grandes empresas. A doença profissional é produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho, peculiar a determinada atividade. A doença do trabalho é desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele, se relacione diretamente.

A voz é o instrumento de trabalho de aproximadamente 25% da população economicamente ativa, que dela depende todos os dias para alcançar o sucesso em suas ocupações.

Estudo realizado em 1989 por M. Calas mostrou que 96% dos Professores entrevistados sofriam de fadiga vocal, 86% tinham lesões (frequentemente nódulos) e 85% usavam técnica vocal falha.

Dados de 1995 relativos a licenças de saúde para professores mostram que as doenças do aparelho respiratório se destacam como a maior causa de afastamento referentes à laringe e faringe. Esses órgãos são responsáveis também pela fala, o principal instrumento de trabalho do professor.

Uma sala de aula com grande quantidade de alunos faz com que o professor tenha esforço extra da laringe podendo causar disfonias.

A voz do professor é vulnerável ao tempo e ao uso inadequado, sem cuidados especiais, deve não ser tratada como voz profissional. As condições de sua rotina de vida e trabalho apresentam situações estressantes e fatores de risco para a sua saúde vocal e geral.
Num cenário destes, seria fundamental a intervenção de um fonoaudiólogo para a localização e correção destes problemas que impedem inclusive as vendas. Portanto, a comunicação humana é hoje, mais do que nunca, necessária ao indivíduo e a sua inserção na sociedade. É imprescindível estarmos atentos, pois algumas sensações constantes, queixas freqüentes podem indicar problemas nas cordas vocais.
Os professores têm testemunhado que a escola exige cada vez mais competência, dedicação e uma grande capacidade de adaptação perante as diversas situações impostas pelo próprio ritmo de trabalho. No entanto a mudança de valores, o desprestígio profissional e a desvalorização da carreira docente, entre tantas outras coisas produzem no professor lamentações que se traduzem em sua cultura, no simbolismo e em sua imaginação.
A qualidade de vida do trabalhador é vista, pelo menos como uma política de relações públicas, ou como uma meta quase recorrente. Deve-se perguntar o que no trabalho pode ser apontado como fonte específica de nocividade para a vida mental. A trama em que essa questão está envolta é quase evidente: a luta pela sobrevivência leva a uma jornada excessiva de trabalho, e as condições em que o trabalho se realiza repercutem diretamente na fisiologia do corpo.

O rompimento de vínculos de relações fundamentais para manutenção e fortalecimento da subjetividade humana atua de certa forma que pode desencadear o assédio moral, o qual tem sido compreendido, atualmente, como a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho; e passam a ser mais desestabilizadora. A qualidade total sem qualidade de vida não é integral, mas parcial.

O trabalho como regulador social é fundamental para a subjetividade humana, e essa condição mantém a vida do sujeito; quando a produtividade exclui o sujeito podem ocorrer as seguintes situações: reatualização e disseminação das práticas agressivas nas relações entre os pares, gerando indiferença ao sofrimento do outro e naturalização dos desmandos administrativos; pouca disposição psíquica para enfrentar as humilhações; fragmentação dos laços afetivos; aumento do individualismo e instauração do pacto do silêncio coletivo; sensação de inutilidade, acompanhada de progressiva deterioração identitária; falta de prazer; demissão forçada; e sensação de esvaziamento.

A vivência depressiva em relação ao trabalho e a si mesmo alimenta-se da sensação de adormecimento intelectual, de esclerose mental, de paralisia da fantasia e da imaginação; na verdade, marca de alguma forma o triunfo do condicionamento em relação ao comportamento produtivo e criativo.

Esses desdobramentos na evitação do sofrimento por parte do ego podem também ocorrer em relação ao trabalho, tanto do ponto de vista físico quanto mental.

Assim sendo, o trabalho, não só como uma condição externa, pode propiciar sofrimento insuperável para o ego, empobrecendo-o e restringindo sua ação a mecanismos defensivos repetitivos e ineficazes, não lhe possibilitando aferir, de acordo com suas atividades, a satisfação de determinadas pulsões, que, não satisfeitas, tensionariam o problema no aparelho psíquico, gerando angústia; estados depressivos; ansiedade; medos inespecíficos; sintomas somáticos, como sinais marcantes de sofrimento mental, com a agravante de que um ego debilitado e frágil não consegue diferenciar, pela sua condição, a origem de seu sofrimento.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Determinações históricas: homem x trabalho

Marx (1996:31) nos diz:

"A produção é também imediatamente consumo. Consumo duplo, subjetivo e objetivo. O indivíduo, que ao produzir desenvolve suas faculdades, também as gasta, as consome, no ato da produção, exatamente como a reprodução natural é um consumo de forças vitais".

Se a produção coincide com o consumo dos meios que obrigatoriamente foram utilizados e gastos para que ela ocorresse, o próprio ato de produção vai ser, como se verá, em todos os seus momentos, também ato de consumo. O resultado, em síntese, é que a produção é consumo, e que, imediatamente, é produção.

Marx (1996:32) diz ainda:

"Cada qual é imediatamente seu contrário. Mas, ao mesmo tempo, opera-se um movimento mediador entre ambos. A produção é mediadora do consumo, cujos materiais cria e sem os quais não terá objeto. Mas o consumo é também mediador da produção ao criar para os produtos o sujeito, para o qual são os produtos".


Para entender quais as determinações históricas da relação homem x trabalho na modernidade, tem-se de penetrar na "máquina" que tece sua trama nevrálgica, a produção que cria seu produtor e consumidor, com base no momento em que foi gerada. Então, o trabalho configura-se como o representante da força dos impulsos que o homem emprega para executá-lo, para poder ou não consumir o que foram por ele produzidos, abrindo possibilidades de constituição de subjetividades, correspondentes a cada época histórica, que tem, por domínio, uma forma de produção. Sujeito, trabalho, produto, consumo, lucro. Elementos constitutivos de um intrigante eixo gravitacional, em que consumidor e produto mantêm uma relação eqüidistante.

Para Adorno e Horkheimer (apud Rouanet, 1983:147):

"A atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural moderno não precisa ser reconduzida a mecanismos psicológicos. Os produtos mesmos, a partir do mais típico, o filme falado, paralisam aquelas faculdades por sua própria constituição objetiva. São feitos de tal forma que sua compreensão adequada exige rapidez de o mundo".

Uma ameaça, com objetivo certeiro faz com que milhares de pessoas sintam-se sobressaltados, pois a úniimplementação de recursos que tenham como resultados, melhores condições de saúde para a população. Na visão de Bleger (1984), não interessa apenas a ausência de doenças, mas o desenvolvimento integral das pessoas e da comunidade. A ênfase, então, na saúde mental, desloca-se da doença à saúde e à observação de como os seres humanos vivem em seu cotidiano.

Para Dejours (1994:47), a psicopatologia tradicional está alicerçada no modelo clássico da fisiopatologia das doenças que afetam o corpo. Dedica-se, exclusivamente, ao diagnóstico das doenças mentais, dos transtornos mentais orgânicos, da esquizofrenia, dos transtornos do humor e dos inúmeros transtornos de personalidade.

O debate, porém, que este artigo pretende explorar abrange as condições de milhares de pessoas sem imunidade que, embora suportem as pressões, conseguem, de alguma forma, escapar de um transtorno psicótico severo, mas que se mantêm, por assim dizer, no campo da normalidade.

Não é raro encontrar pessoas que, por uma condição de sua psicodinâmica interna, possuem a propensão a toda a ferramenta de que dispõem sua força de trabalho, pode ser dispensada a qualquer momento. O desprezo assola o universo do trabalho e traz conseqüências drásticas para todos os que têm em seu trabalho sua única forma de sobrevivência. Contudo, a força de trabalho exigida precisa de especial qualificação, mesmo que seja, como antigamente, para apertar um simples botão. Assim, para a maior parte das atividades exige-se um trabalhador complexo, que saiba muito mais além do que seria preciso para a execução de determinada tarefa.

Acompanhando a tecnicidade do mundo, vai-se, paulatinamente, necessitando de um trabalhador com maiores habilidades, ágil, que saiba lidar com uma nova representação de mundo, mesmo que seja para ocupar um cargo simples como o de telefonista. Essa pessoa tem de dominar sua língua, em alguns casos outro idioma, tem de ter rapidez tanto manual, como na voz e na mente, além de uma bagagem de informação disponível enquanto recurso pessoal para, ante qualquer dificuldade, utilizá-la.

Assim, o mundo do trabalho torna-se, de forma rápida e surpreendente, um complexo monstruoso, que se por um lado poderia ajudar auxiliar o homem em sua qualidade de vida, por outro lado ? patrocinado pelos que mantêm o controle do capital, da ferramenta diária que movimenta a escolha de prioridades ?, avassala o homem em todos os seus aspectos. Alguns são absorvidos, exigidos, sugados. Outros alçados a solidão, a perda irreparável. Fala-se em corrosão do caráter porque ninguém, nem os que teriam todas as razões para estarem satisfeitos com o sistema já que representam seu próprio ideal, encara seu emprego num horizonte em longo prazo.

O comportamento de curto prazo, como Sennett (1998:67) observou, distorceu qualquer senso de realidade, confiança e comprometimento mútuo. As empresas descartam seus funcionários e os que podem fazem o mesmo. As pessoas parecem não mais estarem preocupadas com o significado do seu trabalho ou com a oportunidade de vivência e troca coletiva. A preocupação volta-se para a acumulação de um valor de troca, como se todos se convertessem em uma ação de mercado, cujo preço é julgado por outrem. A verdadeira identificação com o trabalho parece viver de um objetivo que não chega a concretizar-se: acumula-se aprendizado, dinheiro, experiência; aumenta as páginas do currículo, tudo para o próximo processo seletivo já que o trabalho atual será apenas momentâneo. No presente, ao contrário da classe de mineiros descrita em Germinal, por Zola, o que se encontra são pessoas isoladas, esquizóides, que olham o colega como alguém não confiável, não só pelo fato do que o outro realmente é, mas, muito mais, pelo que representa: sofrimento e dor.

No universo pós-moderno são muitos os que colocam em plano muito secundário, ou simplesmente esquecem, o povo, as classes, os grupos e os movimentos sociais, assim como as correntes de opinião pública e os jogos das forças sociais [...]. Em especial, esquecem as formas de organização social e técnica do trabalho, compreendendo as condições sob as quais se desenvolvem e realizam a produção, distribuição, troca e consumo, processos com os quais se funda uma parte fundamental da ?fábrica? da sociedade, em escala nacional e mundial (IANNI, 2000:74).

Retrocedendo na História, assim como sugere Marx (1996:53), mais dependente aparece o indivíduo, e, conseqüentemente também o indivíduo produtor e o conjunto ao qual pertence. De início, esse aparece de um modo ainda bastante natural, no seio da família e da tribo, esta uma família ampliada. Mais tarde, surge nas inúmeras formas de comunidade resultantes do antagonismo e da fusão das tribos. Somente no século XVIII, na "sociedade burguesa", é que as diversas formas do conjunto social passaram a apresentar-se ao indivíduo como simples meio de realizar seus fins privados, como necessidade exterior. Todavia, a época que produz esse ponto de vista, o do indivíduo isolado, é precisamente, aquela na qual as relações sociais (e, desse ponto de vista, gerais) alcançaram os mais reflexos, dotes de observação, competência específica, mas também a absoluta suspensão da atividade mental do espectador, se este não quer perder os fatos que se desenrolam diante de seus olhos.O espectador não deve trabalhar com a própria cabeça; o produto prescreve todas as reações: não por seu contexto objetivo ? este se esvai no momento em que é submetido ao pensamento ? mas através de sinais.

Toda conexão lógica, que exija esforço intelectual, é escrupulosamente evitada. O produto posiciona o consumidor na mesma situação de uma linha de montagem e não se restringe apenas a filmes, mas a amplo universo de necessidades criadas, consumidas sem qualquer reflexão, como se os efeitos da paralisia mental sofrida na produção fosse transferida em gênero, número e grau, para aquele que o adquire.

No que se refere à produção, e por que não dizer o mesmo para o consumo, a situação que se encontra na atualidade não surgiu por geração espontânea, mas ocorreram marcos no capitalismo, que, para melhor rendimento e maior produção, desenvolveu métodos, muitos dos quais, aperfeiçoados em diversas versões.

Taylor (apud HELOANI, 1994:47) formulou uma forma de organização do trabalho caracterizada pelo amplo funcionamento das tarefas e concomitante o monitoramento dos movimentos dos trabalhadores. Tal forma rígida de controle objetivava a eficiência como meta e princípio. O modelo de Taylor, por seu lado, foi aperfeiçoado por Henry Ford, que desenvolveu a concepção de linha de montagem. O trabalho, então, é dividido de tal forma que o trabalhador passa a ser abastecido de peças e componentes através de esteiras, sem precisar, desse modo, movimentar-se. A administração do tempo passa a se dar de forma coletiva, pela adaptação do conjunto dos trabalhadores ao ritmo imposto pela esteira. O fordismo não se limitará apenas à questão disciplinar no interior da fábrica. Ele incorporará, tal como o taylorismo, um projeto social de "melhoria das condições de vida do trabalhador".

2.2 Os Problemas Mentais do Professor

Uma das discussões mais instigantes no campo da educação refere-se à definição, caracterização e classificação da deficiência mental. É uma discussão que vem ocorrendo em razão da dificuldade teórica relacionada à cognição humana. Assim, convivem atualmente diferentes definições com base em referenciais teóricos e perspectivas de análise diferentes.

As expressões referentes ao deficiente mental ao longo do tempo foram se modificando, débil mental, imbecil, idiota, oligofrênico, retardado, entre outras, foram utilizadas. O que se evidencia em todas elas é o rótulo do intelectualmente diferente, que é empregado, por educadores e profissionais da educação. As explicações sobre essas mudanças são variadas e, muitas vezes, conflituosas.

Para Ashcroft et al. (1977, p. 41), isso se deve ao fato de que: Primeiro, a civilização ocidental valoriza tanto a inteligência, que valores negativos são desde logo atribuídos ao termo usado para qualificar pessoas com limitações intelectuais. Em segundo lugar, o retardamento mental é área tão complexa, com tantas e tão diversas causas e graus de variação, que parece impossível incluir toda diversidade sob uma rubrica; entretanto prosseguimos na busca de um termo capaz de classificá-lo. Finalmente, muitas disciplinas, tais como educação, psicologia, sociologia e serviço social são responsáveis por diferentes aspectos do assunto. Desse modo, cada uma delas se inclina a criar um termo ou apresentar uma definição própria à sua área.

Segundo esta visão, o problema da conceituação da deficiência mental é puramente de âmbito científico, na medida em que a sua indefinição decorre somente da complexidade do retardamento. Esta tem sido a visão hegemônica, disseminada por todos os quadrantes.

A concepção de deficiência mental como patologia, gerada pela teoria positivista, resistiu ao tempo e até meados do século XX era praticamente a única formalmente aceita, tanto pela comunidade científica, quanto pelos profissionais atuantes na área. Segundo esta concepção, a normalidade é estabelecida por uma média e vincula-se à saúde e a anormalidade, à doença: o que determina a qualidade do fenômeno, em relação à sua normalidade ou patologia, é a sua freqüência (BUENO, 2004:58). Avança ainda mais nessa análise, pois para ele existem dois modelos teóricos diferenciados de normalidade/anormalidade, o modelo patológico originado na medicina, e o modelo estatístico, fruto da psicologia.

O modelo patológico define o normal/anormal de acordo com a presença ou ausência de sintomas biológicos detectáveis. Os processos biológicos que interferem na conservação do sistema são "maus" e patológicos, aqueles outros que aumentam a vida do organismo são bons e saudáveis. Assim, pois, o modelo patológico é bipolar. Em um pólo se encontra o normal (ausência de sintomas patológicos e presença de saúde); em outro pólo está o anormal (presença de sintomas patológicos e de enfermidade, e ausência de saúde). O modelo patológico é essencialmente evolutivo: ser anormal é não estar são; isso é "mal", e deve ser prevenido e aliviado.

O professor deve sempre estar preparado para a aplicação de uma aula. Ele deve planejá-la, ensaiar, preparar-se emocionalmente, segurar as rédeas da turma, ajustar as expectativas e colocar-se no lugar do aluno.

Mediante todos esses detalhes, ele terá controle emocional, não desgastará nem a voz, nem a mente.

É muito difícil chegar a esse patamar, mas alguns professores muito facilmente ultrapassam seus limites e tendem a ano após ano, repetir seus métodos de ensinar e de lidar com a sua turma de modo errado. Desgastam-se facilmente e com isso, abrem espaço para a depressão, que a cada dia piorará prejudicando sua saúde mental.

Um professor pode ter algumas reações desagradáveis, como ansiedade e medo ao enfrentar uma sala de aula. Ele também pode acreditar que é tímido, e ter dúvidas quanto ao seu desempenho em sala. Isso não pode ser considerado "normal", mas são reações freqüentes. Decorre de uma avaliação distorcida que se faz: já que ele pode se imaginar dando aulas e as coisas saindo errado, só que não inclui na avaliação a preparação que irá fazer. Podem-se considerar os medos e ansiedades como procedentes, se fossem dar aulas naquele momento. Uma preparação no caminho entre o agora e o momento das aulas deve ser inclusa e o professor irá perceber que as emoções vão se modificando a medida que ele vai se preparando.
Um planejamento detalhado do que vai fazer, em conteúdo e estrutura, o que vai por no quadro, o que vai dizer servem de orientações para o professor. Improviso é para quando ele estiver mais maduro e mais à vontade. Além disso, os mapas mentais ajudá-lo-ão a planejar, seja para apresentar o conteúdo para os alunos, seja para estes estudarem. Mapas mentais também requerem prática e dedicação para saírem bem-feitos, mas está no futuro das escolas. Se um professor os usar, já estará se diferenciando dos outros professores, para melhor.

Será muito bom que o professor tenha experiência significativa com o conteúdo, aí ele pode se concentrar na parte didática. Se não tem, terá que adquiri-la rapidamente ou lecione outra matéria. Nada pior do que um professor teórico, que acaba investindo a maior parte do tempo em seu próprio aprendizado e não no aperfeiçoamento do planejamento, da comunicação e outros aspectos do ensino.

Todos os alunos gostam de variação e não de monotonia e para isso o professor deve fazê-los se mexerem, trabalhar em dupla ou em grupo, além de se certificar de que estão acompanhando a aula, pois um conceito perdido compromete o restante. O possível para dar plantões ou ter plantonistas para atendimento individual deve ser feito, os alunos aprendem muito melhor com as respostas às suas próprias perguntas.

Emoções geralmente contêm uma mensagem, o de preparar-se melhor. O medo é um aliado para o sucesso. O professor deve saber lidar produtivamente com medos. A auto-expectativa irreal de que se tem que saber tudo e responder a tudo não é certo. O que dá credibilidade é o professor dizer o que é, quando sabe, dizer que acha que é quando não tem certeza e dizer que não sabe, quando realmente não sabe. Isso é o que o torna confiável.

Um ponto essencial em classe é reconhecer e saber quem é a autoridade. Os alunos testam os limites do professor para saber como se portar e usam o que acontece como referência para o que vão fazer. Se alguém conversar alto e nada for feito, abre caminho para que aconteça de novo. E se o professor disser que vai mandar alguém embora se esse alguém atrapalhar, e o fizer duas ou três vezes, vai ter um padrão que permite aos alunos prever o que vai acontecer, e aí não vai precisar mandar ninguém embora. O importante aqui é ele ter bem claro para si mesmo o que quer e saber que é o responsável por fazer isso acontecer.

Por outro lado, é importante preservar um bom e amigável relacionamento com os alunos, senão não conseguirá alcançar o objetivo. Assim, um dos objetivos iniciais é construir um bom relacionamento com a turma e com os alunos, o que vai lhe permitir depois chamar a atenção deles sem que eles achem que os odeia. Para isso é necessário procurar os lados bons de cada um: um é estudioso, o outro é cordial e respeitoso, todos têm qualidades, e o professor tem que percebê-las. Se tiver que fazer algo drástico, como mandar alguém embora, deve fazê-lo, sem "matar" o relacionamento com ninguém. O que diz é secundário; a maneira como o diz é muito mais significativa.

O papel do professor em sala é análogo ao de uma boa enfermeira, que não liga se o doente é chato ou não, ela tem uma missão e precisa fazer o que é preciso para cumpri-la, e precisa então relevar, ignorar e esquecer as coisas que a tiram do foco e não contribuem para os objetivos.

Um exercício que pode ser feito é, estando relaxado, visualizar-se sentado numa das carteiras, na posição de aluno. Um professor prepara as aulas assim: lê a matéria, monta o quadro na mente e se coloca na posição de um aluno para verificar se está bom.

Outra coisa boa é lembrar-se das próprias experiências como aluno, como o que gostava nos professores e como se relacionava com eles, o que sentia, como se motivava e a influência dos colegas (DOLL,1932:171-176).

E se o professor acredita que é tímido, deve se permitir não acreditar nisso, já que uma vez preparado o suficiente, vai se sentir mais confiante e com vontade, sabendo que vai fazer um bom trabalho ou pelo menos que fez o seu melhor para isso, e vai continuar melhorando na medida de sua dedicação. Para isso só precisa de foco: durante um tempo, priorizar a sua atividade e dedicar todo o tempo possível. É querer de verdade fazer o melhor possível. Depois é mais tranqüilo.

Haverá sempre algo a mais para se aprender, seja com livros, com colegas, com o coordenador ou com feedbacks de alunos. Descobrir que não sabe algo é um avanço. Conforme o Millôr, "Aula em que o professor não aprende nada é uma aula inútil".

O mais importante é: vai acontecer, e o professor precisa se preparar para isso. A certeza de que vai acontecer, junto com a vontade de fazer bem-feito, é que mobilizam seus recursos e suas capacidades, é que fazem com que se dedique cinco minutos a mais. O resto é decidir como será feito e aprender com a experiência ao invés de lamentá-la. O enriquecimento virá devagar, um passo de cada vez.

Se o professor levar em consideração todos os detalhes pormenorizados, com certeza evitará o desgaste mental, que o levará ao stress, prejudicando seu desempenho durante os anos de trabalho que ainda o esperam. E dessa forma, com sua saúde mental abalada que o levará permanentemente à procura de ajuda psiquiátrica, nada mais terá a contribuir para o desenvolvimento de seus alunos.

As pessoas mentalmente doentes têm a etiologia de sua anormalidade relacionada a fatores genéticos, orgânicos, sociais etc. que, muitas vezes, é desconhecida.

Na realidade, grande parte dos professores apenas recebe o laudo de cansaço mental após sucessivos fracassos escolares, por serem considerados professores que não correspondem à média, à normalidade. Eles são culpados por não conseguirem ensinar, como se a culpa estivesse apenas no indivíduo, desconsiderando-se aspectos relacionados à sua história familiar, cultural e social, bem como aspectos políticos que também envolvem o seu fracasso. Mas, existem tentativas de mudar a forma de analisar essa questão, pois hoje parece ser de particular importância a idéia de que os problemas mentais não devem ser vistos como um atributo do indivíduo, como se este fosse meramente portador de diferenças individuais acentuadas, que a educação deve remediar ou minimizar.

O debate sobre a terminologia mais precisa não é recente. Mas essa imprecisão não se dá também por falta de base teórica, tendo em vista a complexidade do assunto? Segundo Skrtic (1996, p. 44 ), o problema não é nem de falta de base teórica nem de utilização de bases teóricas equivocadas, mas de limitação da caracterização a determinados campos científicos: a medicina e a psicologia.

Para este autor, embora os conhecimentos médico e psicológico sejam fundamentais para a caracterização do problema, se, se considerar que este é um fenômeno social, faltam bases sociológicas para sua caracterização. Portanto, a questão não se define apenas por mudanças na nomenclatura, ela é terminológica, conceitual e política.


2.3 Problemas Vocais

A problemática dos transtornos vocais dos professores, que são submetidos à intensa demanda vocal e com freqüência, o grau de Disfonia que põe em perigo sua profissão é destacada também. Oyarzún, et al. (1984).

Garcia, Torres & Shasat (1986) em seus setenta casos estudados encontraram um com um número maior de casos de laringite e nódulos: Como a ocupação de professor. Pinto & Furck (1988) justificaram que alterações na voz do professor levam, a modelos lingüísticos e psicológicos inadequados, uma vez que o estado de saúde dos professores, tanto físico (rouquidão, dor de garganta, perda de voz etc.) quanto emocional (fadiga geral, tensão pela dificuldade em falar etc.) interfere em sua atuação em sala de aula.

Calas, et al. (1989) descreveram que as patologias vocais em professores mais freqüentes foram os nódulos com formação nodulares.

Sendo a voz tão importante na ação pedagógica e tão desgastada no uso constante, abusivo e muitas vezes inadequado constatou-se o quanto este instrumento de trabalho do professor vem se apresentando alterado, com prejuízo para ele mesmo. Pinto (1990:10).

Com a implantação de um programa vocal do professor nas cidades de Salto e Itu ocorreu três fatores básicos: alta incidência de professores com queixas vocais; número elevado de licenças médicas secundárias e distúrbios vocais em professores observados pela vigilância epidemiológica (BROSOLOTO).

Chan (1994) descreveu no seu estudo de algumas medições de vozes instrumentais em um grupo de professores de jardim e infância sobre o uso vocal e dentre os tipos mais comum identificados foi o abuso vocal. Relatou ainda que é relevante o número de professores que apresentam hábitos e conduta vocal inadequada, dificultando na adaptação da voz ao uso profissional, dor ao falar, cansaço vocal rouquidão e afonia.

Os professores apresentaram mais queixas de distúrbios vocais. O que indica maior necessidade de orientações profiláticas de uso vocal adequado nestes grupos de profissionais. Com certeza a maior incidência de disfonia em professores da voz falada está entre os professores, cujos problemas de adaptação profissional de condições de trabalho e de remuneração e de preparo vocal correspondem aos principais fatores etiológicos das alterações vocais.

Menezes, et al. (1996) observaram que a maioria dos professores apresentou nível de informações insuficiente com relação ao aparelho fonador e aos cuidados específicos com o uso da voz. Os professores normalmente trabalham em lugares velhos, sujos com poeiras de giz, acústica pobre e sem amplificação. A maioria dos professores não aquece a voz antes de ensinar, tem intervalo de descanso inadequado, e toma pouca água. Como resultado, problemas vocais.

O perfil dos pacientes disfônicos no posto de saúde foi predominante de professores da rede pública e portadores em sua maioria de nódulos vocais. Ficam evidentes as conseqüências negativas da disfonia na atividade do professor, uma vez que, além de implicar sanções sociais e até econômicos, compromete seu bem estar físico e psíquico. Servilha, (1997).

De forma geral, podemos dizer que a voz do docente tem influência de três conjuntos de fatores, o primeiro deles, e que chamaríamos de individuais, refere-se aos aspectos orgânicos (integridade do sistema fonatório) e emocionais (estabilidade de estresse, etc). O segundo relaciona-se ao entorno físico, abrangendo as características do meio físico onde a docência se desenvolve (luminosidade, ruído, limpeza, umidade, números de alunos, dimensões da sala de aula).

O terceiro vincula-se a aspectos inerentes à atividade profissional implicados na interação entre professor e ambiente de trabalho, portanto últimos fatores se traduzem não só em diferentes estratégias de aulas, domínio da sala, concepção de educação, mas também em como o uso da voz toma forma em funções das características ambientais inerentes ao local de trabalho.

A relação interpessoal para a troca de informações constante de conhecimento que ocorre no ensino aprendizagem é realizado basicamente, por linguagem oral. Linguagem oral está evidentemente associada à voz, e sabemos que a psicodinâmica vocal resulta em vários parâmetros de relação interpessoal que podem ser negativos ou positivos dependendo da qualidade vocal emitida (BACHA,BRASIL e MONREAL,1998:275).

Além desse enfoque sabemos num âmbito mais concreto, que essa voz do professor é o seu principal instrumento de trabalho, ele necessita usá-lo por vários dias por semana e vários meses por ano por muitos anos de exercício profissional.

Uma das profissões que apresentam problemas vocais em maior incidência é a do professor. As condições de uso vocal nesta profissão são em grande parte inadequadas como, o uso constante, durante horas, intensidade elevada e competição vocal devido ao ruído ambiental. Os efeitos desse uso vocal abusivo inerente à função do professor em vários graus, indo desde a alteração quase imperceptível auditivamente até alterações vocais severas. Após a utilização de voz por horas seguidas podem ocorrer modificações vocais devido à fadiga muscular a atrito entre as pregas vocais, alterando o padrão de vibração da mucosa. Essas modificações vocais podem ser caracterizadas, acusticamente, espectro, aumento de Jitter/Shimmer, como diminuição de energia de diminuição na proporção harmônicos ruído e modificações na freqüência fundamental.

Auditivamente a voz pode apresentar, perda de projeção, agravamento, rouquidão e outras características. Além disso, sinestesicamente, o professor pode sentir desconfortos localizados, como dor, sensação de corpo estranho e acúmulo de secreção na laringe.

Após os resultados das videolaringoscopia do programa preventivo com grupos de usuários profissionais de voz para realização de perícia médica em fase de admissional e mudança de padrão da Prefeitura Municipal de Curitiba com os professores; constatou-se que 25% de alterações de voz mais freqüentes foram disfonia hipercinética e nódulos vocais. Professores são por excelência àqueles que se utilizam a voz, pois esta é o principal na transmissão de seus conhecimentos.

Estes educadores, apesar de grande demanda vocal, não são conscientes de que é seu instrumento de trabalho, provavelmente por não terem recebido preparo específico algum para tal. Pois vêem no aspecto vocal uma possibilidade de melhora em seu desempenho profissional.

O fator tempo de serviço na profissão mostrou-se fortemente associada aos sintomas de rouquidão e perda de voz, pois a freqüência de ocorrência desses sintomas foi à medida que foram aumentando aos anos de magistério.

Os professores consideram à escola muito ruidosa gerando irritação dificuldade de concentração e presença de hábitos vocais inadequados como falar alto e gritar como dizem Anjos & Menezes, (1998).

No perfil do paciente com perda auditiva associado à disfonia; entre os profissionais que mais destacou com perda auditiva associado a disfonia foi a ocupação de professor. Oliveira (1998) relatou que dentro das vozes profissionais faladas, destacou o professor, com raras exceções, sabemos que este não possui preparo de voz prévio para a atuação profissional. Os professores dentre outros profissionais fazem parte do grupo de risco para disfonia devido ao uso abusivo da voz. Eles deveriam ter consciência da importância dos cuidados com a voz, como estratégia preventiva de surgimento de possíveis alterações vocais.

Alves, & Cavalcanti, (1998) relataram que é significante o número de professores que apresentam hábitos vocais e conduta vocal inadequada dentro e fora de sala de aula pelo desconhecimento dos cuidados básicos da voz.

As alterações vocais, e as queixas mais freqüentes do professor: Sintomas auditivos, rouquidão falhas na voz, perda de voz, dor na garganta, dor na nuca, ardência na garganta, cansaço para falar garganta seca.

Os professores são responsáveis pela transmissão de conhecimentos e experiências a um grupo de espectadores. Neste processo de transmissão de conhecimentos, um dos recursos mais utilizados é a Voz. Este importante instrumento de trabalho, além de ser o veículo de transmissão de informações, também deve despertar confiança, autoridade e segurança, os quais irão influenciar diretamente no processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, é desejável que o professor tenha não somente um bom domínio do conteúdo a ser ministrado, mas também a expressividade indispensável à boa comunicação e a saúde mental equilibrada. A voz e a fala são responsáveis por atrair a atenção do aluno por meio da entonação, da articulação, da projeção e da velocidade, as quais podem ser devidamente exploradas .

Torna-se necessário, ainda, preparar o professor para a grande demanda vocal exigida pela profissão, evitando-se não somente danos à sua saúde, como também transtornos às instituições de ensino e aos alunos, gerados pelas corriqueiras licenças médicas de professores vítimas de alterações vocais decorrentes do mau uso e abuso vocal.

Considerando que a disfonia é um freqüente sintoma na classe de professores, estudos acerca das relações entre qualidade de vida, condições de trabalho e voz tornam-se apropriados para o ??planejamento?? e execução das ações fonoaudiológicas.

2.4 ? A Arte Musical como benefício à saúde

Acompanhando o progresso da humanidade sempre esteve presente a ciência da arte musical.

Um dos fatores de grande importância na formação da personalidade do individuo é a sua cultura musical.

Não apenas porque desperta a criatividade, mas, porque enriquece e desenvolve as faculdades humanas de um modo geral. A música contribui e apela para o desenvolvimento da sensibilidade, inteligência, perseverança, amor, criatividade, memorização, vontade, auto-estima, autodisciplina, improvisação e muito mais. Proporcionando alegria ao compositor, ao executante e ao ouvinte. Sentimos que, por todas essas razões, a música é um fator cultural extremamente necessário para o ser humano, para sua saúde física e mental.

Os gregos, árabes, hebreus, hindus, chineses e outros povos da antiguidade possuem inúmeros documentos referindo-se ao poder terapêutico da música. O mais típico exemplo desse fenômeno mencionado na Bíblia é o de Davi tocando harpa para acalmar o rei Saul, restaurando-lhe a paz. O declínio espiritual da música, bem como, a transformação da natureza e da mentalidade humana são responsáveis pelos raros efeitos terapêuticos da música atual.

Certas músicas contemporâneas, não só como o Jazz e Rock podem provocar sério desequilíbrio no sistema nervoso. O uso extensivo de síncopes, ostinatos, polirítimos, dissonâncias, bem como o volume do som extremamente alto, concorrem gradualmente para o aparecimento de enfermidades graves no individuo, principalmente a perda da audição que é irrecuperável. O filosofo romano Boethius (480-524) disse: "A saúde é tão musical, que a doença não é outra coisa, senão uma dissonância e, essa dissonância pode ser resolvida pela música".

Inúmeras são as pessoas que têm experimentado os efeitos terapêuticos ouvindo música erudita, executando-a, simplesmente improvisando-a, ou compondo-a descontraídamente. A prática pessoal de algum instrumento ou canto contribuem para o equilíbrio físico, emocional, e mental do individuo.

Simples exercícios rítmicos, de relaxamento, canções bem melodiosas e execução descontraída das peças musicais exercem efeitos saudáveis sobre o sistema nervoso fazendo desaparecer no profissional as tensões acumuladas durante o dia.

Por outro lado podemos constatar que, certos profissionais que utilizam a voz, como os professores, muitas vezes, usando um esforço demasiado na prática instrumental ou vocal errônea, apresentam um alto desequilíbrio nervoso.

Toda essa problemática resulta num certo desequilíbrio físico e emocional, muitas vezes agravado por uma postura inadequada, respiração incorreta, tensão nervosa causando problema de coluna, cansaço, irritabilidade, distensão muscular, dores de cabeça, depressão, e profunda desmotivação em tudo o que faz.

O professor deve estar sempre alerta a tais situações motivando-se a escolher um repertorio adequado, respeitando suas condições físicas, emocionais. Relembrando o pensamento de um amigo: "Pela música encontramos a maneira mais emocionante de recordar um passado triste ou alegre". Diante disso necessitamos adaptar diferentes estratégias de ensino e repertório de acordo com as situações emocionais do executante. Deve-se evitar forçar ou causar tensões desnecessárias, pois, a música tem como objetivo trazer saúde, paz e harmonia para nossa vida, no ambiente em que vivemos e ao nosso mundo. Ao contrário, muita ruidosa música atual, prejudica a saúde e causa desequilíbrio total na vida do individuo e do seu mundo.


3 RESULTADOS


Estudo realizado por lzuka, et al. apontaram mais freqüentemente professores da Rede Estadual com cisto e lesões nodulares.

Estudos concluíram que é relevante o número de professores que apresentam conduta vocal inadequada, causando dor ao falar, cansaço vocal, rouquidão e afonia evidenciando a pouca importância conferida a voz.

Programa de Saúde Vocal do professor desenvolvidas na cidade de Salto e Itu (1991) apontaram para altas incidências de professor com queixas de sintomas vocais. Encontraram ainda sintomas de cansaço e fadiga vocal perda de intensidade além de um alto índice de disfonia constantes pelo grande número de licenças médicas de professores encaminhados a Otorrinolaringologia.

Há necessidade de os profissionais que labutam na área da saúde do trabalhador ter condições de orientar de forma adequada o encaminhamento de um caso de acidente do trabalho ou em serviço e de doença profissional e do trabalho. Para tanto o profissional da área deverá ter acesso a decretos e leis que respaldem a sua prática.

No trabalho e levantamento de queixas vocais e mentais dos Professores evidenciaram que professores apresentaram mais queixas de distúrbios vocais. A disfonia e o estresse em professores da Pré-Escola concluem uma evidente correlação Disfonia x estresse x Professor.

A Revista Proteção ? abril de 97 p.63 que trata dos anexos de decreto regulamentador dos benefícios e custeios da previdência social, afirmam que o aparelho de fonação nas situações de perturbação da palavra em grau médio ou máximo, desde comprovados por métodos clínicos e objetivos, é passível de auxílio de acidentes.

A Consciência Vocal em Docentes Universitários evidenciou as conseqüências negativas da disfonia na atividade do professor.
Estudos aqui citados e outros estudos analisados evidenciaram via de regra a relação disfonia x estresse x professor, suas causas e conseqüências. E, mais que isso apontaram para a necessidade de programas preventivos com profissionais da educação, inclusão no curso de formação de professores de disciplinas ligadas a Saúde vocal. Apostaram que a melhor forma de prevenir os problemas de voz é o entendimento do mecanismo vocal e a sua utilização.

É necessário, após o estudo, propor medidas de prevenção junto a professores na ativa, que necessitam ser orientados também, quanto à importância do tratamento qualificado no caso dos distúrbios já instalados.

Resumindo, o professor deverá ter treinamento vocal e mental durante a sua formação, saber da importância do seu trabalho e de seu preparo para lidar com alunos. Como estratégia preventiva de surgimento de alterações de voz e estresse deve obter orientações com relações ao abuso vocal e mau uso da voz, assim como, a necessidade de relaxamento mental, como medidas sanadoras no caso do problema já instalado.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelos problemas aqui abordados, as questões envolvendo a psicodinâmica do trabalho tornam-se pontos fundamentais de preocupação, para os que lidam com Saúde Pública, sobretudo, quando se sabe que a separação entre mente e corpo é apenas uma questão semântica, didática, e que o conceito de saúde vai muito além do que a mera ausência sintomática de doenças. Quanto à psicologia, esta assinala que "um psicólogo que não se ilude sobre a dificuldade de descobrir a própria orientação neste mundo, efetua um esforço para avaliar o desenvolvimento do homem, à luz da pequena porção de conhecimentos que obteve através de um estudo dos processos mentais de indivíduos durante seu desenvolvimento de criança a adulto".

Não se pode ser fiador de futuras ilusões para a grande massa de trabalhadores, que sofre com o trabalho ou com a sua falta. O trabalho não pode ser uma negatividade da vida, muito pelo contrário, sua expressão, coisa que o capitalismo, em suas mais variadas versões apresentadas no decorrer da história, não permitiu que ocorresse. Eis a Esfinge que cabe ao homem contemporâneo decifrar, para não ser definitivamente devorado por ela.

Analisar a construção e disseminação, particularmente por meio do conteúdo veiculado oficialmente, como na revista Educação, permite compreender o ideário difundido nos anos 1920 a 1940. Por meio de um discurso moderno de educação para todos, procuravam selecionar os incapazes e fracassados escolares, imputando-lhes um ensino que atendesse às suas necessidades. Ensinar atividades manuais em detrimento do acadêmico significava acreditar na incapacidade do aluno, nas suas limitações e, muitas vezes, na incurabilidade de sua deficiência. O discurso científico do médico, nos anos de 1910 e 1920, e do psicólogo, posteriormente, contribuíram para que essas concepções fossem difundidas. Aos professores caberia a formação profissional para atender a essas novas exigências sociais e escolares. Preparados pelos cursos normais e orientados, muitas vezes, por revistas destinadas ao professor como a Educação, os professores reiteravam, por meio de suas ações, o discurso seletivo e homogeneizador da cientificidade.

Que os profissionais da área de educação deverão ter acesso a Decretos e Leis que respaldam sua prática permitindo-lhes atendimento gratuito a seus problemas de saúde. Além disso, todos devem procurar treinamento para o desenvolvimento de voz e controle do estresse mental.




































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BROSOLOTO A. Efeitos acústicos do uso profissional da voz pelo professor. Laringologia e Voz Hoje.








Autor: Fátima Falcão Da Silva


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