Como montar um mix e buscar resultados mais estáveis para o crescimento econômico



Todos especialistas econômicos indicam que a economia brasileira passa por um processo de desaceleração. Isto é bom ou ruim? Depende da visão e da crença do analista. Para muitos é ruim porque a economia não avança, para uma corrente menor, no qual eu faço parte, é hora de pensar racionalmente e perceber a sinalização real que a economia indica.

Vamos analisar sobre a perspectiva de uma política fiscal que pretende reduzir juros em curto prazo e objetivar um melhor resultado para o crescimento econômico em longo prazo ao responder a seguinte pergunta: como reduzir a taxa de juros? Parece simples, mas como economia não é uma ciência exata, a solução encontra muitas variáveis e que nem sempre são as melhores respostas.

Uma das variáveis que influenciam o crescimento do produto é o consumo privado e público. A propensão a consumir, quando alta, reduz a propensão a poupar. Dessa forma, o somatório entre poupar e consumir é igual à renda. Por exemplo: a propensão a consumir é de 90%. Como a renda é 100% do que a pessoa possui a propensão a poupar será de 10%.

O que percebemos na economia brasileira atual? O índice de inadimplência calculado pela Serasa Experian elevou em 4,5% para empresas, fora a elevação do índice das famílias. A informação dessa estatística é que o consumo está acima da renda, ou seja, 100% da renda e um pouco mais é propensão do consumo, extraindo dessa informação que a propensão a poupar é negativa. Sendo assim, a economia não gera poupança que será revestida para investimento. Logo o crescimento em longo prazo fica comprometido.

Uma forma de elevar a poupança e incentivar os agentes econômicos domésticos a poupar é reduzindo o consumo em curto prazo. Mas como fazê-lo? É complicada a resposta, mas tem um agente que não compreende o bê-á-bá da economia e mantém a roda girando como se isso resolvesse o problema. Esse agente é o governo!

Quais são as medidas que indico para melhorar o perfil econômico em médio e longo prazo? Primeiro eu indico a redução dos dispêndios públicos e privados. Neste caso, precisamos mirar nas famílias. Aqui o problema é bem complexo, pois muda muitas estruturas familiares e perfis culturais. Mas é uma dica. O dispêndio público tão repetido na imprensa e por vários analistas necessitam de redução, mas onde? Precisamos pensar mais racional do que emocional. Os únicos gastos que exploram a economia do governo são os de custeio voltados a projetos sociais e compromissos permanentes, como salários do funcionalismo. É complicado cortar por cortar. Parte daí o paradigma que o governo tem de cortar gastos públicos que em sua maioria são de investimentos.

Assumindo o mix de reduzir o consumo, a economia realmente desacelerará e muitos empregos, principalmente do varejo, perderão fôlego e o nível de desemprego de último estágio reduzirá. Mas vamos com cautela. Se cair o emprego no setor varejista, aumentará os empregos do primeiro estágio da economia (extração, industrialização, manufaturas, etc.), que são atividades de respostas mais duradouras e no médio prazo recuperará a economia e os empregos de último estágio (vendas, serviços, etc.) que são perdidos em curto prazo.

A redução da propensão a consumir no curto prazo elevará a propensão a poupar, reduzindo assim a taxas de juros de curto prazo e o nível de investimento elevam os empregos de primeiro estágio, adquirindo novas atividades na cadeia produtiva, como os empregos intermediários, que faz a circulação dos bens. O aumento da poupança será consumido no médio e longo prazo.

O que acontece atualmente é o exposto. Com uma política monetária expansionista e uma política fiscal de elevação de gastos e propensão a consumir elevada, o dinheiro que entra na economia é confundido como poupança e aumenta o poder dos especuladores, que tem como incentivos a geração de riqueza no curto prazo. A economia então se desorganiza e o nível de investimento é comprometido. Os empregos? Esses poderão ter problemas estruturais, já que as contabilidades das empresas não dão mostras de bons desempenhos, pois muito capital de terceiros entram especulados, fazendo da economia um cassino.

A regra para reduzir os juros é elevar a poupança privada e pública por meios de incentivos de redução da propensão a consumir em curto prazo. Creio que é mais fácil uma disciplina do governo do que orientar todas as famílias brasileiras sobre a definição de poupança e esperar bons resultados quando a nossa cultura nos leva ao consumo imediato. Isto provoca distúrbios nas taxas do spread bancário, cheque especial e nas taxas dos cartões de créditos porque provoca uma corrida para o consumo sem renda e os preços desses ativos bancários aumentam com a demanda elevada. É complicado, mas assim vive a economia brasileira!
Autor: Sérgio Ricardo Da Silva Farias


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