A ENCHENTE
Após abrir a porta, Totonho olhou para o alto, e não mais viu o verde de sua plantação de sorja.
Agora só via-se grandes valas abertas pela água da chuva, em quantidade as rugas no rosto de uma pessoa idosa.
Voltou-se para a esposa e os filhos, e sentiu um aperto no coração.
A junta de bois, com canga e ajoujo, seria entregue ao Armando, dono do Bom Preço, para saudar parte de sua dívida.
Com essa idéia ele já tinha se acostumado.
Agora, entregar seu pedacinho de chão ao banco, e deixar a esposa e os filhos sem terra, e sem teto, era doloroso demais.
Contudo não havia outra solução: o jeito era entregar sua terra ao banco, e seguir o exemplo de seu irmão Juca; e tornar-se membro do ( MST).
As notícias que chegavam do assentamento, onde estava juca, não era das melhores.
A ordem vinda do líder dos assentados era não adquirir bens. Pois assim eles continuavam recebendo verbas para o costeio das lavouras.
No entanto seu irmão ousou contrariar a ordem do líder dos assentados, e adquiriu algumas posses, e passou a ser perseguido pelos demais assentados.
Os olhos de Totonho encheram-se de lágrimas. Pois certamente logo, logo estaria convivendo com esse tipo de pessoas...
Autor: Juarez Fragata
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