O Mendigo
Onde eu podia me imaginar reparando em um mendigo?Ele mora na rua, cada dia dorme em uma calaçada, na porta de alguém. Alguns lhe dão comida, roupa, cobertor.Mas ele não agressivo, não interpela as pessoas.
Se você chegar pra conversar ele te responder, se passar sem olhar, ele também fica na dele.Não sei de onde vem tamanho turbilhão de sentimentos e emoções ao vê-lo.Posso sentir pena, raiva, medo,culpa, inveja...Inveja?Era só o que faltava!Inveja de um mendigo? Não todo mundo, mas muitos podem querer, por um instante, ter a liberdade, o descompromisso do mendigo.Ter piedade é normal , raiva porque tenho de trabalhar e esse vagabundo...Medo que ele me ataque; culpa por ter uma casa, comida, trabalho, e ele não ter.
E tantos outros sentimentos.Porém raras vezes vamos olhar para ele e lembrar que um dia foi um bebê, que veio ao munmdo sem defesa, sem poder definir seu futuro.Agora cresceu!É um homem!E, não é nada parecido com o que se espera de um futuro brilhante.
O que terá acontecido no meio do caminha?Quando será que ele se viu perdido?A pressão dos problemas, o stress da vida, tudo isso pode apertar demais e quem não souber se segurar vai acabar perdendo as referências, o sentido, a direção.
Tantos por aí, que já tiveram uma vida digna, uma família, um nome, um emprego, uma história.Hoje, só têm uma figura, uma aparência, nada mais.
Tudo isso me faz lembrar de aproveitar bem meu tempo, reaparar nos momentos de graça, de ternura que tenho, e me centrar naquilo que realmente interessa:viver mais e correr menos; porque a pressa pode não me deixar ver as oportunidades que a vida me oferta.E me desligar às vezes, tirar férias, descansar; "me fazer de mendigo" e ficar só observando o correr da vida.Sem precisar correr também.
Autor: Maristane Freire Jardim De Paula
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