Formação do professor



DA DISJUNÇÃO PROFESSOR/MESTRE: ELEMENTOS PARA PENSAR A DOCÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE


Ultimamente, temos ouvido com bastante frequência queixas a respeito da perda da autonomia do professor. Vários são os fatores que podem influenciar esse fenômeno da desterritorialização como a política educacional atual, a forma cada vez mais competitiva e excludente com que a sociedade comporta-se, tudo isso nos ajuda a entender melhor essa questão.
Foi-se a época em que o professor tinha autonomia e era respeitado em sala de aula, fato que se tornou mais marcante a partir dos anos 1990, que Heasbaert relaciona à pós-modernidade.
A ideia que se tem de desterritorialização está intrinsecamente ligado com modernidade e pós-modernidade, podendo ser entendida pelo ponto de vista da ruptura ou da continuidade.
Alguns autores consideram que com a pós-modernidade houve uma ruptura, uma quebra de paradigmas que modificaram os laços da sociedade, a introdução das tecnologias romperam barreiras com o mundo, fazendo com que as relações humanas fossem cada vez mais enfraquecidas, a realização de contatos cada vez mais distantes, introduziu novos valores na relação das sociedades.
Para outros autores, a pós-modernidade é apenas um processo evolutivo da modernidade. A pós- modernização somente acentuou algumas características já existentes. Assim, vejamos o que nos diz este autor quando analisa o movimento de ??desconstrução?? próprio da pós-modernidade:
O movimento se realiza em múltiplas formas, vistas por muitos tanto como armadilhas ou como máscaras da desordem. O vocábulo pós-moderno ajusta-se a esse inventário especulador da ?desconstrução? e das simulações. Há alguns anos forma-se progressivamente a lista dos desaparecimentos (...). As aparências, as ilusões e as imagens, o ?ruído? da comunicação desnaturada e efêmera tornaram-se pouco a pouco os elementos constitutivos de um real que não é uno, mas que é percebido e aceito sob esses aspectos.(BALANDIER apud HAESBAERT, 2004, p.146).
Balandier que entende a pós-modernidade como uma radicalização de ideias e comportamentos já existentes na modernidade, descreve características comuns do pós-modernismo, fundamentadas em ideias da ordem do descentramento, desordens e desconstrução. Seja qual for o posicionamento da continuidade ou ruptura entre modernismo e pós-modernidade, é notório que houve mudanças nas relações sociais, econômicas e políticas. Adotando essa noção de pós-modernidade, podemos compreender melhor a mudança de paradigma na contemporaneidade, principalmente às questões ligadas à educação e ao professor.
Algumas revoluções como a Gloriosa, a Francesa e a Independência norte-americana influenciaram muito nas formas de relacionamentos de um modo geral, afetando inclusive a relação professor-aluno, seu valor nas instituições e na produção do conhecimento na contemporaneidade, fazendo com que o docente sinta-se desvalorizado, desmoralizado, desrespeitado, e desautorizado.
Situação diferente podemos encontrar na ??gênese da profissão docente??, a Educação tinha destaque na sociedade. Alguns fatores como a formalização docente juntamente com o surgimento dos institutos de formação e capacidades de organização dos docentes em associações contribuíram muito para consolidar a profissão.
Tal prestígio perdurou até a década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, passam por períodos de incredulidades e incertezas.
A massificação do ensino contribuiu para a fragilização da profissão, pois não deu condições de que mesmo acontecendo esse processo, permanecesse a mesma qualidade ou mesmo cuidado que se tinha antes com relação ao professor e ao ensino.
Com a revolução de maio de 68, que foi uma grande revolução de jovens estudantes que lutavam pela liberação sexual, ampliação do direito civil, fim das posturas conservadoras e quebra de hierarquias, surgiu um relacionamento horizontalizado entre professor e aluno, quebrando os paradigmas de outras épocas.
Hoje, em sala de aula, os professores encontram uma série de dificuldades relacionadas ao seu trabalho como pouco reconhecimento profissional, sobrecarga de tarefas entre outros.
Devido às mudanças nas áreas social, econômica e cultural, podemos verificar que houve uma mudança também em relação à escola que era vista como um local para busca de conhecimentos, hoje é notório que existem outras fontes mais rápidas como a internet. E a partir dai, surgem outros descontentamentos e incômodos por parte do professor que é a falta de interesse e o desrespeito do discente. É necessário que professor e aluno busquem uma relação de respeito, considerando novas fontes de produção de conhecimento em que professor e aluno realizem juntos a busca pelo saber.
Em entrevistas feitas para entender a condição em que se encontra o hoje o professor, principalmente na construção do conhecimento/saber, observa-se que a grande maioria dos professores entrevistados concorda que a construção é feita com reciclagens, troca de informações, porém, os alunos vêm o professor como àquele que aconselha que dá apoio e não exatamente como alguém que transmite conhecimento, porém, apesar do declínio da profissão docente, alguns alunos relatam a importância de aulas mais atraentes e dinâmicas que prendam sua atenção.
Desta forma, acredita-se que a inclusão de formação inicial e continuada do docente, seja de fundamental importância.
Referência
BEZERRA, Ana Ocilêide de Lima & LEAL, Fernanda de Lourdes Almeida. Da Disjunção Professor/Mestre: Elementos Para Pensar o Saber na Contemporaneidade: In: LEAL, Fernanda de Lourdes Almeida & FARIAS, Paulo Sérgio Cunha (org.)
A formação do professor em foco, Campina Grande: EDUF CG, 2007 (17-51)



Autor: Ana Daisey Lessa De Farias


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