A Via - Crucis do Pânico



A Via - Crucis do Pânico

"O quê será que me dá, que me bole por dentro que não devia...? que brota à flor da pele, que é revelia... que é como estar doente de uma folia, que é como uma aguardente que não sacia...?"
(Chico Buarque de Holanda)



"Preparo-me para sair, tenho aquela onda de medo, sem nenhum motivo. Meu coração disparou, tive dor... e me aterrorizo pensando que vou ter outra crise de pânico. " Cada vez mais pessoas experimentam tais sintomas em suas vidas ? é a Síndrome do Pânico, que vem se instalando de maneira gradual em nossa sociedade.
Tal doença, classificada como "mal do homem moderna", antes considerada como uma manifestação rara, cresceu de maneira vertiginosa nas últimas três décadas acometendo cerca de 02 a 04% de toda população. O Pânico, originalmente advindo da mitologia grega baseada nas lendas do deus Pã, ainda é hoje fator de complicação entre os especialistas visto que não se pode confirmar as suas origens. Sabe-se que o sistema de "Alerta" do organismo humano tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem que haja qualquer motivo real. As vítimas deste distúrbio apresentam quase sempre pontos em comum como estafa, nervosismo, stress, franqueza emocional e, não raramente, doença cardíaca. Os sintomas quando se manifestam são sempre muito aparentes e causam grandes complicações às pessoas atingidas, pois no meio de uma atividade rotineira como fazer compras num supermercado, tomar um elevador ou ir ao portão de sua própria casa podem ser alteradas por sensação de irrealidade, iminência de morte, calafrios, perda do foco visual, despersonalização, desmaios súbitos, sudorese, náusea, calafrios ou medo de enlouquecer. A ansiedade antecipatória e a divisão entre a experiência cognitiva (da mente) versus a somática (do corpo) denunciam fortes tendências da síndrome, anunciando a necessidade de um acompanhamento de especialistas.
Num primeiro momento de crise, é muito importante a participação da família como elemento de apoio para que a pessoa possa se tranquilizar e sentir-se segura durante o período de tratamento. Grandes avanços vêm sendo galgados junto às pesquisas inspiradas numa visão integrada do ser - humano (psico-soma). Com a associação realizada entre psicoterapia e medicamentos o paciente tem boas perspectivas de recuperação, de uma maneira gradativa e saudável. Sessões psicoterápicas contribuem enormemente para o fortalecimento do ego que se encontra desamparado nas principais etapas da síndrome, desta maneira o paciente vai adquirindo mecanismos de potencialização para o seu fortalecimento tornando-se assim o próprio agente da mudança de seu estado. A partir deste momento, a pessoa atingida pela doença passa a ter condições de assumi-la e não mais escondê-la de toda a sociedade por pudores ou tabus. O retorno ao seu cotidiano deve dar-se de maneira natural até que o paciente sinta-se seguro para poder atravessar uma estrada congestionada ou enfrentar situações conflituosas que poderiam levá-lo ao desencadeamento de uma nova crise.
Apesar de todas as pedras que costumam interpor-se ao caminho daqueles que buscam o resgate de suas vidas tentando, muitas vezes heroicamente, romper a síndrome do pânico faz-se necessário uma busca incansável na reconstrução de suas vidas através do resgate de suas personalidades pautadas em sólidas realidades e não em fantasias oriundas do imaginário.
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Adriana Camargo do Nascimento
Psicóloga Clínica
CRP 14/01893
[email protected]
923287421

Autor: Adriana Camargo Do Nascimento


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