BASTARDOS INGLÓRIOS: GLADIADORES ROMANOS VS LUTADORES DE MMA, UMA COMPARAÇÃO HISTÓRICA



BASTARDOS INGLÓRIOS: GLADIADORES ROMANOS VS LUTADORES DE MMA, UMA COMPARAÇÃO HISTÓRICA


Josias Acencio
Tradutor Intérprete pelo UNASP-EC
Especialista em Docência Universitária pelo UNASP-EC
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Resumo: O presente artigo mostra como as antigas lutas entre gladiadores nas arenas da Roma antiga e a atual luta de MMA ou UFC, o órgão mais conhecido por realizar lutas em uma jaula entre dois lutadores, tem uma relação histórica muito similar. As antigas lutas entre gladiadores eram realizadas para entretenimento do público com a política pão e circo e também fazia com que escravos se tornassem homens livres e oferecia fama aos infames, atualmente o mesmo ocorre, porém não são escravos que lutam, mas homens livres que optaram por essa profissão. Qual seria o objetivo principal por parte dos organizadores destas lutas na Roma antiga e atualmente? E porque há tantos espectadores durante a realização dessas lutas na antiguidade e atualmente? Analisaremos uma pequena linha histórica para observarmos o que há em comum com as lutas de gladiadores na Roma Antiga e as atuais lutas de MMA nos assim chamados octógonos.

Palavras - chave: Roma Antiga, MMA, UFC, Lutas e Gladiadores

Abstract: This article present how the fights among gladiators on the arens of the old Rome and the actual MMA (Mixed Martial Arts) fight or UFC (Ultimate Fight Championship), the most recognized organization of doing this kind of fight in a cage between two fighters, there?s a very similar historical relation. The old gladiators fight were done to entertain the public with the "Panis et Circencis" politics and also make that slavers became free man, and offer fame to the infamies, actually happens the same but not with slavers that fight but free men that choose this job. What would be the objectives by the organizers of these fights on the old Rome and actually? We will analyze a short historical line to see what there?s in common with the gladiators fight in the old Rome and the actual MMA fight on the called "cages".

Keywords: Old Rome, MMA, UFC, Fights and Gladiators

Introdução

Comparar a relação histórica entre as lutas de gladiadores romanos e as atuais lutas de MMA se torna uma tarefa um tanto árdua, visto que há uma grande falta de material crítico a respeito do MMA, porém tentaremos aqui apresentar alguns dos fatores que fez com que a luta entre gladiadores se tornasse o que foi: amada por uns e odiada por outros.
Tendo em vista que há vários argumentos divergentes a respeito do motivo pelo qual eram realizadas as lutas entre gladiadores podemos citar duas delas Garraffoni, nos diz que tais debates têm contribuído em diferentes medidas e estimulado os classicistas a repensarem abordagens mais tradicionais.
Entenda-se abordagens tradicionais como a citada por Lafaye in Garrafoni (2005, p. 29) "hoje não vemos mais nos combates de gladiadores senão que seu resultado sangrento, e isto é o bastante para que pareçam abomináveis."
De acordo com Lafaye (1896), isso era diferente aos olhos dos romanos; para eles a gladiatura era antes de tudo uma instituição destinada a encorajar a arte da espada e as virtudes guerreiras que ela desenvolve. Poderíamos dizer o mesmo da atual luta de MMA? Faremos um breve estudo sobre o "mundo" dos gladiadores e a razão pela qual era realizada as lutas e qual a força motriz que fazia com que os espetáculos estivessem sempre com um alto número de espectadores, seria talvez como nos diz Cornelli in Garraffoni (2005, p.15) "cada povo ama sua própria forma de violência". Talvez isto tenha relação com as atuais lutas de MMA que cobram um preço que apenas os mais abastados podem pagar, e ainda pagam para que possam ver um banho de sangue, talvez esteja aí uma diferença entre as lutas entre gladiadores e as lutas de MMA, o valor do ingresso. Não é objetivo aqui criticar nenhuma dessas modalidades, apenas mostrar a relação histórica que há entre esses dois tipos de espetáculo.




O início

A origem dos jogos entre gladiadores surgiu em 264 a.C em memória ao falecido Iunius Brutus Pera. Embora esse episódio tenha sido citado no livro de Tito Lívio, ainda é motivo de discussão entre historiadores (GARRAFFONI, 2005). A opinião mais consensual a respeito dos gladiadores ainda nos dias atuais é de que a arte da gladiatura era realizada apenas para entretenimento do púbico, e com isso os governantes não precisariam se preocupar com uma possível revolução, pois de acordo com Garraffoni (2005, p. 63) "... as lutas desempenhavam um papel importante tanto na política para controlar e divertir a população que, em geral era ociosa, como na constituição de uma identidade romana perante os bárbaros conquistados."
J. Carcopino em Roma no apogeu do império escreve para uma coleção francesa expressando essa visão de forma contundente. Segundo Carcopino (1990, p. 248) "Um povo que boceja esta maduro para revolta. Os Césares romanos não deixam a plebe bocejar nem de fome nem de tédio." Os espetáculos e as lutas de gladiadores em específico ao lado da distribuição de alimentos, teriam um papel bem definido, o de manter a plebs ocupada e satisfeita, (GARRAFONI, 2005.)
Renata Senna Garraffoni em seu livro Gladiadores na Roma Antiga apresenta um ponto de vista diferente do que é apresentado por esses autores acima mencionados. Ela acredita ser um erro analisar as lutas entre gladiadores através de uma única perspectiva, em seu livro ela leva em consideração não apenas a "violência ou pão e circo" que traz esses espetáculos, mas também o contexto no qual estava inserido o povo romano daquela época, essa visão de Panis et Circencis foi muito difundida no final do século XIX, porém com o embasamento teórico que ela traz é possível ter outro olhar sobre as lutas gladiatórias Garraffoni (2005, p. 80) nos diz que "embora a idéia de pão e circo tenha cruzado os caminhos da historiografia sobre os combates em diferentes momentos e com distintas significações ela não é a única maneira de interpretar os gladiadores."
Para Garraffoni (2005, p. 80):

Pensar os combates por meio de propagar a identidade e valores romanos é outra perspectiva que atraiu muitos estudiosos, podendo estar ou não em sintonia com os pressupostos do pão e circo. Neste contexto se atentarmos para a diversidade de propostas de interpretações que indicamos é possível perceber a complexidade do fenômeno, e por isso, antes de traçar um percurso acreditamos ser fundamental comentar esta outra perspectiva, pois ela lança luzes em alguns aspectos ofuscados pelo conceito discutido nas páginas anteriores.


Uma luta pra homens

O UFC como é conhecido mundialmente foi comprado por Dana White e os irmãos Ferttita no ano de 2001, e desde sua aquisição não houve desapontamentos por parte do público nem por parte de seus donos. É o esporte que mais ganha fama no EUA atualmente com um número enorme de telespectadores ao redor do mundo, jovens e idosos assistem as lutas. Neste ponto poderíamos destacar uma similaridade com os antigos combates gladiatórios, o número de telespectadores era enorme, como hoje também nas lutas de MMA os numero de espectadores é enorme e talvez seja até maior, pois, os meios de comunicação faz com que mais pessoas possam ser entretidas com o espetáculo. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as lutas gladiatórias nem sempre eram lutadas até que um oponente fosse morto, pelo contrário de acordo com Dane Miller em seu artigo A Real Man?s Game: Manipulations of Guilt and Rhetorical Displays of Masculinity by the UFC (2003) nos afirma que grande parte dos combates gladiatórios eram realizados para mostrar a qualidade ou a superioridade dos lutadores romanos na arte da esgrima, isso mostra uma outra perspectiva com a qual ainda não havíamos nos deparado a luta como uma arte, e não apenas como um banho de sangue. Miller ainda afirma em seu artigo que os lutadores mostravam virtude e moral ao lutar contra seus oponentes e não matá-los como era o costume. Podemos lançar esse olhar também sobre o UFC, se o observarmos como uma arte, da mesma maneira como Miller observa algumas lutas entre gladiadores. Ao observarmos essas lutas como uma arte levando em conta que toda habilidade necessita de tempo para ser desenvolvida podemos pressupor que os lutadores tanto os atuais como os antigos gladiadores estudaram essa arte até se tornarem profissionais no que faziam, com essa perspectiva podemos observar a luta como uma arte que é estudada da mesma maneira como é estudada as ciências físicas e naturais deixando de lado parte do antigo pré conceito que é infligido sobre a gladiatura e o MMA.


A arte

Da mesma maneira, como podemos observar sob várias perspectivas o assunto tratado acima, a docência pode ser observada de vários ângulos, existem pessoas que fazem da docência uma profissão rentável não dando importância para o verdadeiro significado do que seria ensinar, pensam apenas no lucro que podem obter através da necessidade alheia, como exemplo disso temos várias universidades brasileiras que dizem isso implicitamente, através de suas propagandas de marketing, sendo que a ênfase financeira que faz com que a propaganda do curso seja muito maior do que os benefícios que o curso traria ao estudante.
Uma outra perspectiva é a da diversão ou a da indiferença, pois ao entrar em uma sala de aula para lecionar entram despreparados. Pensam da seguinte maneira: "o dinheiro estava curto então resolvi dar umas aulinhas". Um pensamento egoísta, esquece de que esta formando adultos, jovens e profissionais, ao assumir que esta dando umas aulinhas essa pessoa não esta nada comprometida com a responsabilidade e com as implicações que recaem sobre ele como docente. Se por um lado temos as duas perspectivas acima descritas, por outro temos aqueles que fazem da docência uma arte há aqueles em que pra eles não há nada mais de importante além de fazer com que outros aprendam, mesmo que isso lhe roube horas de sono e adentre madrugadas, ou até mesmo sábados e domingos inteiros, não se importam em ir além da sala de aula, pois ser docente é ir além do necessário mesmo que outros digam que é loucura é fazer o que faz porque gosta e não porque esta precisando de um dinheiro extra é saber que no fim das contas após um ano inteiro de lutas não haverá nada mais gratificante, além de olhar no rosto dos discentes e poder ver que eles estão felizes por ter você como docente e você mais feliz ainda por fazer parte da formação desses estudantes. Ao observar o cenário das lutas gladiatórias e as atuais lutas de MMA

Metodologia

Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico. Os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.

Considerações Finais

O artigo não pretendeu lançar uma única perspectiva a respeito do assunto descrito acima, mas sim algumas para que o leitor pudesse ter um novo olhar a respeito das lutas de MMA e as lutas gladiatórias que eram realizadas na Roma Antiga, o que foi feito é apenas uma comparação histórica dessas lutas, para o autor não há possibilidade de posicionar-se defendendo uma única teoria, visto que as lutas eram realizadas para diversos tipos de público e para diversas classes sociais, da mesma maneira que o MMA hoje é realizado para diversas classes sociais. Seria incoerente dizer que as lutas são apenas um massacre ou um banho de sangue, precisamos levar em conta a arte existente nesses combates que eram e são organizados de forma minuciosa.
Há quem afirme que as lutas são apenas um massacre ou que realmente existiu uma política Panis et Circencis nessas lutas, porém precisamos observar todo o quadro e não apenas parte dele. Dessa maneira, precisamos observar a docência sobre a mesma perspectiva e lançar não apenas um único olhar, mas múltiplos olhares, pois sempre haverá quem faz dela um recurso financeiro afim de que possa lucrar muito, quem a faça por necessidade não tendo nenhum comprometimento com quem esta aprendendo, porém há os que a fazem e que a farão como uma arte dedicando tudo de si afim de que os alunos tenham o melhor desempenho possível. Acredito ser desnecessário observar de apenas um ângulo tanto a docência como o assunto descrito na página dois, três e quatro. Como já foi falado é necessário lançar múltiplos olhares a respeito do assunto a ser estudado, fazendo isso não corremos o risco de ter uma ideia equivocada ou parcial a respeito do que é tratado.

Referências bibliográficas

CARCOPINO, Jérôme. Roma no apogeu do império. São Paulo, Companhia das Letras, 1990.

GARRAFONI, Renata Senna. Gladiadores na Roma antiga. Campinas, Annablume, 2005.

MILLER, Danne. A Real Man?s Game: Manipulations of Guilt and Rhetorical Displays ofMasculinitybytheUFC.IN www.unh.edu/communication/media/pdf/.../Comm-entary2011TOC.pdf Acesso em 7/4/2011.

Autor: Josias Acencio


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