O valor de um paisagismo bem elaborado



O paisagismo didaticamente é uma das áreas estudadas na arquitetura que trata do trabalho com a vegetação, ou seja, a escolha das espécies e o projeto, claro que isso vai muito além dessa designação, afinal a diversidade das espécies são enormes e as possibilidades de um projeto também, mas vale lembrar que é altamente considerável o valor que esta atividade possui quando é bem elaborada.
Para iniciar as questões voltadas ao paisagismo, com relação às espécies brasileiras e as trazidas de outros lugares que posteriormente adaptaram-se nas diferentes regiões do país nos permitem uma gama de opções aliada a uma beleza esplendorosa. De acordo com pesquisas há no Brasil mais de 55 mil espécies de plantas superiores e cerca de 10 mil de briófitas, fungos e algas, um total equivalente a quase 25% de todas as espécies de plantas existentes, já as exóticas trazidas inicialmente pelos estrangeiros, adaptaram-se perfeitamente as diferenças climáticas e podem até ser taxadas de nativas. Exemplo disso é o coqueiro (Cocus nucifera) é originário da Ásia, a fruta-pão (Artocarpus communis) e a jaqueira (Artocarpus integrifolia), originários da região indo-malaia, segue também a mangueira, cafeeiro e algumas espécies de eucaliptos.
Há uma série de flores no território brasileiro, uma lista extensa, mas algumas devem ser salientadas, tais como o lírio-da-paz, alternando do verde escuro para o branco, podendo ser usado sozinho ou em maciços. Açucena é exemplo de espécie ornamental, majestosa e alegre, vai do branco, rosa e vermelho, cuidar a hibridação, pois em algumas as folhas podem desaparecer no inverno. A azaléia é considerada um arbusto, porém a abundância de flores agrada todos os gostos, a cor típica é a rosa, mas existe branca, vermelha e mescladas. Estrelítzia é uma planta rústica de baixa manutenção, porém não deixa de embelezar, geralmente plantada em grupos, suas cores graduam do branco, amarelo, laranja, vermelho e detalhes em azul. A gérbera tem aspecto mais delicado, flores coloridas (rosa, amarela, laranja...) e graciosas, em conjunto transmitem um efeito divertido.
O Crisântemo, espécie usada em larga escala, podendo ser colorido artificialmente após o corte. As tulipas possuem haste comprida e na ponta a flor, há atualmente várias tonalidades (híbridas), em conjunto conseguem um grande efeito. A Vinca pode ser utilizada como forração, possui flores simples e coloridas nas cores vermelha, roxa ou branca, com o centro branco ou róseo. A Moréia de características rústicas é uma folhagem abundante com flores brancas manchadas de amarelo, ficando muito interessante se plantada em grupos. Esse pequeno grupo de belas espécies contribui para a confirmação da riqueza da flora presente no país e a partir disso realizar projetos atraentes. Baseado nesse ideal, o projeto paisagístico precisa de um planejamento, ou seja, um passo a passo que contribuíra para seu desenvolvimento, portanto o conhecimento das espécies contribui muito, mas isso é só mais adiante. Inicialmente é a análise do local de intervenção (local do trabalho), observar as vegetações existentes, identificar, montar um banco de dados e para isso fotografias auxiliam bastante. Cuidar e marcar as curvas do terreno, pois estas podem ser aproveitadas, por exemplo, se quer ter um efeito degrade impactante é nas diferenças de níveis que elas chamarão a atenção, principalmente se usarem cores contrastantes. Após isso, partir para o desenho do local, quando concluído segue para a escolha do "estilo do paisagismo", se é algo temático ou não, preferência por cores, altura da vegetação, traços e se os posicionamentos das espécies são rígidos ou curvilíneos... Feito esse parâmetro podem ser escolhidas as espécies e aí está um ponto importante, conhecer o ciclo de vida das mesmas, exemplo, caso seja longo, com flores, devem-se escolher espécies chamadas de perenes, mas se a ideia é que o projeto tenha uma imagem no inverno e outra no verão escolhe-se as anuais.
Para dar continuidade ao projeto, é feita a distribuição das espécies escolhidas de acordo com a ideia do autor, mas não é simplesmente colocar as flores, folhagens, árvores... Deve-se ter um princípio ordenador de referência, ou seja, um objetivo deve ser alcançado com essa "organização" e o que o ocupante do espaço deverá ver e sentir. Isso é uma das qualidades do paisagismo, a capacidade que o trabalho tem de transmitir sensações, sentimentos, atitudes... Por isso que muitas vezes é o próprio paisagismo que realça algumas edificações que se fossem vistas por si só não teriam nenhum atrativo.
Além da necessidade do planejamento de um paisagismo tanto para uma residência, edifício público, comercial, entre outros... Há também o das cidades, pois no meio urbano é preciso vegetações e arborização, principalmente nas praças.
Analisando o cenário das cidades, é encontrada uma visão caótica na arborização, ocasionada pelo plantio errado das espécies, por pessoas desinformadas e não qualificadas. Quando houver qualquer intervenção em uma área urbana e esta implique na introdução de árvores, o primeiro aspecto observado é o meio em que essa árvore será inserida, ou seja, presença ou não de rede elétrica, quanto ao espaço e o principal o porte da espécie. Deve considerar a altura, optar preferencialmente por árvores nativas, cuidar se não possui folhas ou frutos tóxicos, o comportamento das raízes... Aqui há alguns aspectos que contribuem para uma boa escolha no momento do plantio, vale lembrar que as praças também devem ser organizadas, por ser um dos lugares mais marcantes e importantes das cidades, por isso devem oferecer sombra, locais de descanso, lazer e a visibilidade por questões de segurança.
Portanto, um ambiente ou lugar onde a natureza se faz presente tem o poder de transformar e exercer influências positivas naqueles que o apreciam e esse é o poder do paisagismo que como foi mencionado anteriormente não é a simples escolha das espécies, há todo um trabalho entorno do projeto e com um único resultado, o de mexer com a sensibilidade e o bem estar das pessoas.
Autor: Roberta M. Doleys Soares


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