Independência, corrupção e desenvolvimento: As forças e as fraquezas do Brasil



Neste ano de 2011 o Brasil completa 189 anos de independência de Portugal tendo neste período experimentado situações boas e muitas não tão boas. Nestes quase duzentos anos o país passou de uma nação periférica e sem nenhuma expressão do ponto de vista econômico, político e social para um país que está pronto para ser um dos protagonistas da economia mundial nos próximos anos. É um país que deixou de ser agrário para ter uma indústria respeitada com o emprego de tecnologias das mais avançadas e com o setor de serviços representando dois terços do PIB e também empregando tecnologias e mão de obra altamente qualificadas. Mas o nosso povo está vivendo melhor em todo o país? O respeito às pessoas tem sido praticado em nosso país? A moralidade na gestão dos recursos públicos tem sido praticada sistematicamente em todo o país?

Desde a proclamação da independência, o Brasil ofereceu melhora de vida ao seu povo, mesmo tendo enfrentado períodos de turbulências como as ditaduras Vargas e Militar, ter sofrido diversas crises econômicas, a falta de capital privado para alavancar um crescimento econômico independente do capital estrangeiro e dos constantes problemas de endividamento externo levando a muitos constrangimentos pelos quais o país passou. Ainda bem que o Estado não ouviu as críticas e investiu pesadamente na criação de indústrias que pudessem levar ao desenvolvimento ao mesmo tempo em que possibilitou a instalação de várias indústrias de capital estrangeiro. Isso, juntamente com os capitais internos privados e outras ações de política econômica, proporcionou ao final dos anos 1990 termos uma economia forte e respeitada.

Mas os problemas estruturais como a inflação alta, a dependência do capital estrangeiro e a dívida externa foram fatores fundamentais que levaram ao retardamento e a magnitude de nosso desenvolvimento. Pode-se acrescentar como fatores que também ajudaram a travar o desenvolvimento do Brasil a forte concentração de renda e a deficiência do ensino praticado no País. Esses cinco fatores foram determinantes no impedimento do Brasil sair do século XX como uma nação pertencente ao primeiro mundo, com renda per capita comparável ao dos países mais ricos. Mas entramos na segunda década do século XXI com inflação muito baixa, com a dívida externa baixíssima, com a melhora significativa na distribuição de renda, melhora razoável no ensino e com o capital interno muito mais forte. As principais condições estão dadas para a elevação do progresso e do desenvolvimento do nosso país e de nossa gente.

Mas, infelizmente, ainda existe em nosso país uma praga que flagela e inibe o ânimo de nosso povo, macula a honra das pessoas sérias, ajuda a travar o desenvolvimento do país e inibe a melhora de vidas das pessoas. Essa praga, a corrupção, está impregnada em todas as instâncias do poder sendo praticada com mais força, naturalidade e recorrência nas cidades mais distantes e menores. Em recente viagem ao interior do Estado do Ceará, este escriba descobriu vestígios claros de corrupção que saltam aos olhos de qualquer pessoa. São pessoas que assumem o comando de municípios como prefeito ou prefeita e colocam em postos-chaves pessoas da própria família com a intenção de obter ganhos pelas mais diversas formas, o que resulta no milagre da multiplicação da riqueza de toda a família. Isso foi encontrado em vários municípios do Estado. Não é nem preciso dizer que o povo padece da falta de serviços oferecidos por essas prefeituras. São municípios que não experimentam progresso e nenhum tipo de desenvolvimento e ainda assistem os seus dirigentes ficarem muito ricos e o povo sofrendo em razão da existência de duas coisas muito perversas: corrupção e ineficiência dos gestores públicos desses Municípios.

Estamos vislumbrando um futuro muito bom para o Brasil fundamentados na situação econômica presente, entretanto, a moralidade, a ética, o respeito às pessoas e à coisa pública são fatores preocupantes. O custo social e econômico da corrupção é muito alto, tanto direto quanto indireto. Além dos fatores que são mais visíveis para a sustentação do desenvolvimento do Brasil é necessário que se encontre mecanismos que impeçam ou pelo menos inibam significativamente essa prática tão nociva para a sociedade. Devemos dizer não à corrupção, não devemos lembrar somente dessas notícias vindas do governo federal ou dos governos estaduais, mas também dos municípios menores e mais distantes. Nestes, onde a mídia pouco alcança e os órgãos de controle atuam com menos força são propícios à prática de atos de corrupção. Este é um dos grandes desafios das pessoas de bem em nosso país. Devemos, todos, combater os atos de corrupção praticados por todos agentes que atuam no setor público brasileiro em todas as instâncias e em todos os lugares.
Autor: Francisco Castro


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