PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO: TESTES QUÍMICOS E BIOLÓGICOS



Egle Sateles Mendonça (1)
Juliane Vilela Ferreira Salomão (2)

(1) Acadêmicos do 8º semestre de Enfermagem da Faculdade São Francisco de Barreiras ? FASB.
(2) Docente da Faculdade São Francisco de Barreiras - FASB, Orientadora do artigo.

1. REFERENCIAL TEÓRICO

2 ESTERILIZAÇÃO:

E um meio de desinfecção consumada mediante processos capazes de destruir os inúmeros tipos de microrganismos existentes, bactérias, vírus e esporos. (MARTINS, 2001)


2.1 MONITORAMENTO DO PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO

Segundo Melo (2009) p. 16 discorre sobre as seguintes peculiaridades:
? A área de monitoramento de processamento de produtos para saúde deve possuir área mínima de 2,00 m2.
? Esta área deve dispor de incubadoras de indicadores biológicos e sistema para guarda dos registros dos monitoramentos.
? O monitoramento do processo de esterilização deve ser realizada diariamente com indicadores químicos e físicos, seguindo rotina definida pelo próprio CME.
? O monitoramento do processo de esterilização com indicadores físicos deve ser registrada a cada ciclo de esterilização.
? O monitoramento do processo de esterilização com indicador biológico deve ser feito diariamente em pacote desafio, que deve ser posicionado próximo ao dreno.
? O monitoramento do processo de esterilização dos produtos para saúde implantáveis deve ser feita em cada carga com indicador biológico

A eficácia da esterilização de cada artigo processado, qualquer que tenha sido o método utilizado, deverá ser testada através de constante monitoramento por meio de indicadores químicos, biológicos, bem como integradores. O monitoramento do processo faz-se em três níveis: a) teste de eficácia, que deverá ser realizado quando da aquisição da autoclave e após mudança para outro local. B) como rotina diária. C) verificação da eficácia após qualquer alteração do processo. (MARTINS, 2001p.717).

Salienta Martins (2001) que o processo que garante a eficácia do equipamento é assegurado quando são realizados três ciclos consecutivos de esterilização com resultados negativos tanto para indicadores biológicos, assim como mudança de coloração dos indicadores de integrantes químicos.


2.2 INDICADORES BIOLÓGICOS:

Os indicadores biológicos são composições estabelecidas aparte de esporos bacterianos normalmente armazenados em ampolas. Tem como objetivo demonstrar se o processo de esterilização foi alcançado nas condições do pacote-teste, o resultado alcançado deve ser interpretado considerando-se a variabilidade inerente aos microrganismos vivos: resultados positivos ou negativos podem ser obtidos do mau posicionamento das ampolas dentro dos pacotes, de conservação inadequada, não se observando as condições de umidade e temperatura recomendadas pelo fabricante; incorreção na incubação; e pelo número de ampolas usadas no teste ao se monitorarem autoclaves a oxido etileno e formaldeído. (COUTO, PEDROSA, NOGUEIRA, 2003)

De acordo com Martins (2001), indicadores biológicos são sistemas quem contêm esporos de dois tipos: Bacillus subtilis (esterilização a óxido de etileno) e Bacillus stearothermophilos (esterilização a vapor).

Os indicadores biológicos verificam a eficiência dos esterilizadores e somente eles podem detectar a morte dos esporos microscópicos dentro do esterilizador e isso explica o porquê da importância do controle de carga, processo pelo qual cada carga é monitorada e liberada com base no indicador biológico (SOBECC, 2003).


2.3 INDICADORES QUÍMICOS:

Os indicadores químicos apresentam resultados tanto na esterilização por processos físicos como por processos químicos. Esses indicadores evidenciam se um determinado parâmetro do processo foi atingido ou não, porém não revelam se ocorreu esterilização do material (MARTINS, 2001).

Indicadores químicos são caracterizados por fitas de papel impregnadas com uma tinta termocrômica que mudam de cor quando expostas a alta temperatura por certo tempo. Elas podem apenas indicar a exposição ou não ao calor (indicadores específicos de temperatura) ou ainda indicar a ação de diferentes componentes como tempo, temperatura e vapor (integradores). (ROMANO, 2010).
Essas fitas são utilizadas para a detectação de falhas no equipamento com relação a penetração do calor em estudos ou autoclaves, além de ajudar na identificação dos pacotes que foram esterilizados. Devem sempre ser associados aos testes biológicos, pois isoladamente não garante uma esterilização eficaz. (BRASIL, 2001).

Os indicadores externos são fitas de auto-adesivas utilizadas basicamente para diferenciar os pacotes processados dos não processados. (BRASIL, 2001)

Menciona Brasil, 2001 que os tipos de indicadores internos variam de acordo com os processos de esterilização. Eles São divididos em:

Classe 1: indicadores de processo (ex: fita zebrada).
? Indica que o material passou pelo processo de esterilização.
? Devem ser utilizados em todos os materiais a ser usados.
? Para uso de materiais tipo pacote ou caixa.

Classe 2: indicadores para uso em teste específicos (ex: Bowie e Dick).
? Serve para testar a eficácia do sistema de vácuo nas autoclaves de pré-vácuo. Realiza a detecção de bolhas de ar e avalia a habilidade das autoclaves, pré-vácuo em remoção de ar quando o vapor e admitido, formando o vácuo. Não deve haver formação de bolhas que possam comprometer o processo de esterilização.
? Deve ser realizado diariamente, antes do processamento da primeira carga.

Classe 3: indicadores de parâmetro.
? Projetados para medir um dos parâmetros críticos do processo de esterilização: vapor, tempo, temperatura ou vapor saturado.

Classe 4: multi-parâmetros:
? Utilizados para medir dois ou mais parâmetros críticos do processo de esterilização.
? Indicam a exposição ao ciclo de esterilização.

Classe 5: indicadores integrados:
? Projetados para reagir com todos os parâmetros críticos do processo de esterilização, dentro de um intervalo específico de ciclo de esterilização.

Classe 6: Simuladores:
? Projetados para reagir com todos os parâmetros críticos do processo de esterilização. A leitura do indicador é capaz de mencionar possíveis falhas em algum parâmetro específico
Teste de Bowie-Dick, conforme Romano, 2010. p.2
Para a sua realização faz-se um pacote com campos empilhados um sobre o outro formando uma pilha de 25 a 28 cm de altura, no meio desta pilha coloca-se um papel com fitas de autoclave ou fitas zebradas coladas em forma de cruzes, cobrindo toda a superfície do papel. O pacote deve ser colocado acima ao dreno da autoclave, com esta vazia. Processa-se então um ciclo a 132oC por 3 a 4 minutos. Se as fitas não apresentarem homogeneidade na coloração indica que ocorreu a formação de bolhas de ar e deve ser feita a revisão do equipamento. Este teste deve ser realizado todos os dias, antes da primeira carga ser processada.
O Teste de Bowie-Dick serve para verificar a eficácia do sistema de vácuo na autoclave de pré-vácuo.

2.4 VALIDAÇÕES DO PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO

Segundo Bueno 1996, p. 668
O termo validação é definido como "ato de validar; legalização; legitimação". No contexto das instituições de saúde, o termo busca definir o processo por meio do qual se tornam legítimas as etapas relacionadas ao processamento de artigos médico-hospitalares (limpeza, desinfecção e/ou esterilização), para garantir que estas sejam realizadas sempre da mesma forma, com a mesma qualidade.

De acordo com SOBECC (2000), os principais aspectos a serem considerados são: Identificação do processo a ser validado; especificação dos artigos utilizados no processo; objetivos e critérios para determinar se a validação foi bem sucedida; extensão e duração da validação; equipamentos utilizados no processo; operadores envolvidos no processo; identificação dos instrumentos acessórios para a mensuração do processo; descrição completa do processo; parâmetros do processo a ser monitorado com seus métodos de controle e critérios para revalidação.

A validação requer um processo contínuo, incluindo o treinamento e reciclagem do pessoal, objetivando demonstrar que o processo continuará sendo reproduzido mediante condições normais de operação.


REFERÊNCIAS:
BUENO, F. da S. Minidicionário da língua portuguesa. ed. rev. e atual. por Helena Bonito C. Pereira, Rena Signer. São Paulo: FTD: LISA, 1996.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de assistência à saúde Orientações gerais para a central de esterilização. Brasília, 2001.p.26-28
COUTO, R.; PEDROSA, T.; NOGUEIRA, J. Infecção hospitalar: epidemiologia, controle e tratamento. 3 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2003 p.290

MARTINS, M. Manual de infecção hospitalar: epidemiologia, prevenção e controle. 2. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2000 p.706, 717.
MELO, D. ANVISA: Agência nacional dos serviços de saúde. Consulta Pública nº 34, de 3 de junho de 2009. Disponível em acessado em 2010
ROMANO, J. Monitoramento dos métodos de esterilização. Disponível em acessado em 2010.
Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico (SOBECC). Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização: práticas recomendadas da SOBECC. 2. ed. São Paulo: SOBECC; 2003.
Autor: Egle Sateles


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