POSSÍVEL EXPLICAÇÃO PARA O FRACASSO ESCOLAR & EXCLUSÃO SOCIAL - BOM JARDIM



Adilson Motta, 10/2009



A explicação para o fracasso escolar relacionado à evasão e reprovação tem suas origens no interior da sociedade e da própria escola.

No interior da sociedade ? Observa-se a desestruturação do trabalho familiar e a violenta expulsão do homem do campo, por parte de posseiros e fazendeiros.
De outro, o seu acentuado deslocamento em direção à periferia dos centros urbanos. Consumando-se deste modo, um crescente processo de exclusão social ocasionada pela expropriação de suas terras por parte daqueles que vão adquirindo com o poder econômico, e destes que vão embora por fala de apoio político e condições econômicas de permanecerem na terra. Indo somar-se àqueles que vão "inchar" os centros urbanos nas cidades, com igual situação e despreparados para o mercado formal de trabalho (que requer mão de obra qualificada). No centro urbano é o problema socioeconômico ou questão do desemprego. Confirmando com a referida explicação veja o que diz o JMTV, (13 / 7 / 2004): "A falta de renda é a principal causa do abandono precoce nos estudos". É o que também afirma o Ipea (2009): "Entre crianças com renda mais elevada, a taxa de frequência é de 93,6% e as de renda mais pobre é de 75,2%".

A maior causa de evasão escolar em muitas instituições são: os baixos salários, o desemprego, a desmotivação dos pais e baixa autoestima dos alunos que acham que a escola não resolve o problema do desemprego. A gravidez precoce também é um dos motivos que causam a evasão escolar. Cita-se também, que a baixa qualidade do ensino é um incentivo para a evasão.

Por parte da escola - Percebe-se que a ausência de uma pré-escola abrangente na rede municipal é um dos fatores que permite perpetuação de altos índices de evasão e reprovaçãonas séries iniciais do ensino fundamental e seguintes, onde se observa que a maioria do alunado abandona a escola logo no ensino fundamental. Deste modo, os alunos sem pré-escola entram "cegos" na 1ª série do ensino fundamental. Essa "deficiência" vai acompanhá-los ao longo de toda sua vida escolar, gerando reprovações, desistência, distorção idade-série, enfim, o futuro aluno do EJA ou aqueles que jamais voltam para a escola. A grande maioria da população estudantil, entretanto, acaba desistindo da escola. Desestimulada em razão das altas taxas de repetência e pressionada por fatores socioeconômicos que obrigam boa parte dos alunos ao trabalho precoce. Deste modo, o fracasso escolar reforça e exclusão social. Onde as maiores vítimas são as crianças das camadas populares. Sendo, portanto, poucos os que chagam ao ensino médio. Como no caso do município de Bom Jardim, onde se ver no gráfico da página 109, em que apenas 5,5% dos alunos terminam o ensino fundamental e ingressam no Ensino Médio. Grande parte da evasão está associada à repetência. Em Bom Jardim existe126 escolas do ensino fundamental e apenas duas do ensino Médio.
Percebe-se a inexistência de uma política educacional que prenda o homem do campo no campo, em condições que este lá se desenvolva e se fixe. Sendo que 64,8% da população do município está localizada na zona rural,
percebe-se nos indicadores, que os filhos do analfabetismo têm garantia de acesso, e, no entanto, não têm de sucesso. Problemas estes, ligados também à estrutura social (ou socioeconômico e político), com a ausência de política de cunho municipal para a questão em sucessivo governo. A LDB 9394/96, define que "A Educação infantil é de responsabilidade dos municípios". Porém o que se percebe em muitos municípios é um total descaso para essa primeira fase da educação, que será alicerce para a construção do futuro de ensino fundamental, médio e posteriores formações. Com a criação do FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), o financiamento do ensino público no país, aumentou de R$ 700,00 para R$ 1.200.00; ampliando atendimento à demanda a creches e ensino médio. Apesar do FUNDEB prever a criação de conselhos nos três âmbitos da Federação compostos por governos, trabalhadores, pais e estudantes, com a responsabilidade de fiscalizar a aplicação dos recursos do FUNDEB e o censo escolar estadual ou local, cabe, no entanto a sociedade civil organizada agir para defender o que é de todos. (Já que as casas legislativas de muitos municípios assim não o fazem, descaracterizando sua função). Se o dinheiro não for repassado, a autoridade poderá ser denunciada por crime de responsabilidade. (Diário de Natal, copyright 2006).
A solução, segundo Professor Hamilton Werneck (2002, p.30), é... Enquanto o ensino fundamental resolve os seus problemas, as prefeituras devem aumentar os pré-escolares e creches, que, por sua vez, melhoram as crianças para um futuro fundamental, o que fará, certamente, que elas tenham êxito nas escolas. E, a capacitação de professores que trará melhoras em todos os sentidos. Acrescentando-se, é claro, a continuidade nos cursos de formação a nível superior e melhor remuneração para conservar um quadro docente decente para a qualidade. Sendo também imprescindível no combate à evasão, a adequação daescola à comunidade; Principalmente em municípios como Bom Jardim, onde 65% da população é rural. Quando no período de safras, muitos alunos saem para trabalhar, e em muitas aulas perdidas... Acabam desistindo. A educação dessa camada da população representa uma forma de inclusão social. Caso contrário, o município estará negando a possibilidade de uma vida digna e dias melhores para a referida classe. E nesta, um grande número depessoas que foram e são vítimas do fracasso escolar, que compõe a modalidade EJA, além de outros que nem retornam à escola.

As propostas para uma educação de qualidade e inclusiva é vista nos PCNs (2001, p. 13), que impõe a necessidade de investimentosem diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores, uma política de salários dignos, um plano de carreira, a qualidade do livro didático, de recursos e de multimídia, a disponibilidade de materiais didáticos.

Um problema que afeta o futuro da juventude, produzindo exclusão socialreside no fato de não existir cursos de qualificação técnico-profissional em Bom Jardim. Ensino médio não é formação, é nível de escolaridade. Existem apenas cursos que formam para a educação. E as demais áreas sociais? Nem todos querem ser professor.
Um provérbio muito conhecido de todos: "Não dê peixe ao homem, ensine-o a pescar...". Ensinar o povo a pescar na pescaria da vida e do mercado de trabalho ? é prepará-lo, é educá-lo, e qualificá-lo para essa jornada da exigência da vida e do mercado de trabalho.

? Questão salarial (é um dos maiores motivos);
? A política partidária, que boicotaa cidadania e a liberdade de opção, que gera pressão por parte daqueles que não sabem diferenciar política partidária de política pública - onde a promessa eleitoreira de emprego faz demitir bons profissionais em nome do "acordo" fechado pelo voto.

A saída, como já acontece em muitos municípios por pressão da justiça e não vontade deliberada de gestores, é a realização de concursos públicos.

Autor: Adilson Motta


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