Experiência Feliz



Experiência Feliz
Amanda ao relatar a dor que sentia, repetia a todo mundo: "amar é verbo intransitivo!" Aos dezesseis anos, deixou a escola para trabalhar no comércio local e viver uma vida adulta, adulterada pela necessidade; a escola tomava muito do seu tempo e tempo é dinheiro. E o tempo foi marcante, passou em ordem e paz, até quando ela fez vinte anos, sua adorável mãe, depois longa enfermidade veio a falecer.
A dor foi enorme para Amanda, uma dor que permaneceu por muito tempo. Estranho, mas ela curtia sentir essa dor! Ela a saboreava, entregava-se, como as outras pessoas se entregavam a grandes felicidades, cultivou essa dor doida e doída, com mil lembranças de infância, tirou dela o máximo que pôde, pois era a sua primeira experiência emocional tensa e intensa.
Qualquer mudança de temperatura, põe a prova nosso estado de espírito e contradizer os anseios de esperança e fé. No entanto para Amanda, ela ainda acreditava que a vida é um bem, não importava senos traz ou não o que chamamos de "felicidade", pensava assim, e amava a vida. Ninguém sabia com que intensidade ela, que havia renunciado, não por vontade própria à maior felicidade que a vida pode oferecer, saboreava então, as alegrias que lhe eram permitidas. Trabalhar, conviver, olhar o sol, sentir o frio na pele, o gosto das frutas ? não deveria ser grata por essas coisas?
Amanda também sabia que é preciso cultura para desenvolver a capacidade de saborear as coisas, que o prazer corresponde a capacidade de sentir, por isso tratava de adquirir cultura. Comprou um violão e passou a apreciar a música; com dedicação, logo estava fazendo uns arranjos. Embora ao tocar, assumisse uma postura estranha, desconforme, alegrava-se com as melodias que conseguiu produzir.
Aprendeu que tudo vale a pena ser apreciado, e que é tolice fazer diferença entre experiências felizes e infelizes. Aceitava agora, viver todas as emoções e cultivava-as , alegres ou tristes: também os desejos nunca realizados ? os anseios. Amava-os, puro e simplesmente por saber que eles existem, alegava que, concretizados, perderiam o melhor que tinham, "a dor!"

Autor: Renilda Alves De Albuquerque


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