CHARLES CHAPLIN E O NAZISMO.
João Paulo Filgueiras
Filho de um casal de artistas britânicos, o cigano canhoto Charles Chaplin foi um dos grandes atores e diretores do cinema. Começou a carreira na época do Cinema Mudo, e resistiu ao falado. Seu primeiro filme sonoro foi uma sátira ao regime nazi-fascista, segundo a Wikipédia esse filme:
O primeiro filme falado de Chaplin, O Grande Ditador (1940), foi um ato de rebeldia contra o ditador alemão Adolf Hitler e o nazismo, e foi lançado nos Estados Unidos um ano antes do país abandonar sua política de neutralidade e entrar na Segunda Guerra Mundial. Chaplin interpretou o papel de Adenoid Hynkel, ditador da "Tomânia", claramente baseado em Hitler e, atuando em um papel duplo, também interpretou um barbeiro judeu perseguido frequentemente por nazistas, o qual é fisicamente semelhante a'O Vagabundo. O filme também contou com a participação do comediante Jack Oakie no papel de Benzino Napaloni, ditador da "Bactéria", uma sátira do ditador italiano Benito Mussolini e do fascismo; e de Paulette Goddard, no papel de uma mulher no gueto. O filme foi visto como um ato de coragem no ambiente político da época, tanto pela sua ridicularização do nazismo quanto pela representação de personagens judeus ostensivos e de sua perseguição. Adicionalmente, O Grande Ditador foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator (Chaplin), Melhor Ator Coadjuvante (Oakie), Melhor Trilha Sonora (Meredith Willson) e Melhor Roteiro Original (Chaplin). (Wikipédia).
Este filme foi um marco da atuação política do cinema, embora sendo uma comédia, teve uma repercussão muito importante que dura até hoje, para os professore de História, seria junto com "Tempos Modernos" um dos grandes filmes do Charles Chaplin usados para se compreender momentos históricos, (este filme narra as dificuldades de adaptação do proletariado às inovações tecnológicas).
A caracterização do nazismo e denúncia das perseguições sofridas pelas minorias como judeus e ciganos foram fundamentais para mobilizar a opinião pública americana contra os horrores praticados pelos regimes totalitários. Segundo a Profª Diana Mara Galber:
Em seu filme O Grande Ditador, Chaplin vive uma brilhante sátira a Adolph Hitler. O climax clássico deste filme é o célebre discurso final, um libelo ao triunfo da razão sobre o militarismo. Atuando e sendo o diretor do filme o Grande Ditador, Chaplin foi acusado pelo Comitê das Atividades Antiamericanas, além de ter sido confundido à figura de um comunista com um discurso anti-nazista e humanitário. É certo de que a grande provocação à ideologia americana foi o discurso anti-nazista já que os Estados Unidos, paradoxalmente, estavam em guerra contra a Alemanha e ao lado da União Soviética. Eis a fala proferida no filme O Grande Ditador: "O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, desviamo-nos dele. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da produção veloz, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz em grande escala, tem provocado a escassez. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura! Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido." Este discurso foi responsável em grande parte pela sua expulsão dos Estados Unidos uma década depois. Para fins de estudo, salientamos que se trata de uma comédia, porém, de cunho conscientizador, agindo como um filme que denuncia a barbárie ocorrida na Europa. De consciência social intensa, o filme busca questionar um período efervescente de movimentos fascistas na Europa, criticando a apologia do cidadão que, por patriotismo, tolera o assassinato de milhões de judeus. Um detalhe importante é que o personagem Carlitos era um judeu. Os professores de História da Educação recomendam aos seus alunos como fonte de contextualização de um período fortemente marcado pela tirania hitleriana, o que proporcionará aos mesmos uma oportunidade de reflexão crítica. Professora Diana Mara Gerber, Coordenadoria de Educação a Distância - CEAD - UDESC Virtual.
Esse fato mostra que os americanos embora combatessem os nazistas, compartilhavam com eles alguns de seus métodos, o ódio comum ao comunismo era utilizado como justificativa para perseguir qualquer pensamento contestatório e é claro que um artista popular e crítico como Charles Chaplin embora tivesse servido em um primeiro momento aos interesses antinazistas, assustava qualquer sistema político.
O discurso do filme mostra o pensamento do autor que retomou as críticas ao processo de modernização já evidenciadas em "Tempos Modernos" e ao processo de alienação dos trabalhadores, critica também a intolerância racial, uma das bases do Imperialismo, que ruiu com o fim da Segunda Guerra Mundial, como os libertadores que combateram as atrocidades nazistas mantinham o mesmo tratamento nas colônias que os nazistas davam aos Judeus? Questionar a modernidade assustou os americanos, para quem sua sociedade era o modelo universal escolhido por Deus (nação de puritanos). Dessa forma o adorável Carlitos, desajustado que os fazia rir por ser o contrário deles e o exemplo a não ser seguido, se torna um personagem sério, político. O ator não poderia ficar pregando contra os "valores superiores" dos americanos, sendo expulso do país. Vejamos o discurso:
O Último Discurso
Do filme: O Grande Ditador
Texto e filme de Charles Chaplin
Texto do Discurso
Desculpe!
Não é esse o meu ofício.
Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja.
Gostaria de ajudar - se possível -
judeus, o gentio ... negros ... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros.
Os seres humanos são assim.
Desejamos viver para a felicidade do próximo -
não para o seu infortúnio.
Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos.
A terra, que é boa e rica,
pode prover todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenenou a alma do homem ...
levantou no mundo as muralhas do ódio ...
e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que máquinas, precisamos de humanidade.
Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura.
Sem essas duas virtudes,
a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes.
Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano.
Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo.
E assim, enquanto morrem os homens,
a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos.
Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade!
No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós!
Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas.
O poder de criar felicidade!
Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ...
de fazê-la uma aventura maravilhosa.
Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ...
um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho,
que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós.
Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança.
Ergue os olhos, Hannah!
Ergue os olhos!
Referências Bibliograficas:
Wikipédia a enciclopédia livre.
MiniWeb educação
Autor: João Paulo Filgueiras
Artigos Relacionados
Chaplin, Risos Na Ribalta!
A Construção Da Imagem De Hitler No Filme " O Triunfo Da Vontade"
Os Jovens E O Neo-nazismo
ComentÁrio Do Filme "arquitetura Da DestruiÇÃo".
Filme On Line Legendados
O Discurso Do Rei (the Kings Speech):
O Estilo Do Professor Snape Em Fazer Currículo Oculto