DIVÓRCIO, ACEITABILIDADE, COMPLICAÇÕES E RECOMEÇO



"Se não houvesse organização social também não haveria divórcio. Entre os animais, para ilustra, por não haver organização social, a conjugação entre o macho e a fêmea não implica nenhuma responsabilidade conjugal, nem tão pouco poder sobre ninguém. Só na sociedade organizada existe o divórcio.
Ao nascermos, entramos numa organização social que existe, de imediato, nosso registro civil para podermos, mais tarde, fazer valer nossos direito Daí em diante, estamos sujeitos à legislação do país e submissos à autoridade governamental. Só escapam a essa submissão os paupérrimos marginalizados e, no outro extremo, os super-privilegiados, os ricos e poderoso que se julgam fora ou acima da lei.
A respeito da lei do divórcio, moderadamente, fogem a ela os que preferem viver maritalmente, sem se preocupar com compromissos legais, e os moralmente irresponsáveis que não querem assumir seus compromissos para com a esposa, os filhos, a sociedade largam a família sem mesmo pensar nos problemas que causam para a mulher e os filhos e à si mesmos.
Exatamente para corrigir esse problema é que surgiu a lei do divórcio. Jesus justificou a licitude do divórcio pela dureza dos corações dos homens. Desde a antiguidade tem existido a prepotência masculina. Só o homem podia dar carta de divórcio. Sob esse ponto de vista, a lei moderna de divorcio evoluiu. Não é só o homem que pode promover o divórcio por qualquer "coisa feia", como Moisés estabeleceu em Deuteronômio 24:1, para dar o direito de divórcio, exclusivamente ao homem. Hoje a mulher está em igualdade de condições legais para requere judicialmente o divórcio, dentro dos limites da lei. Os direitos são iguais e protegem os cônjuges e os filhos, e conseqüentemente também a sociedade.
Os não religiosos aceitam o divórcio; os religiosos, porém, em especial os cristão, fundamentam suas restrições ao divórcio, principalmente no aspecto religioso.
A declaração bíblica de que Deus criou o homem e a mulher para viverem juntos, completando-se um ao outro, é tomada como o estabelecimento do matrimônio, do casamento, instituição civil. Vê-se nisso a indissolubilidade do casamento como ordem divina.
Jesus, falando sobre o divórcio, adicionou: "o que Deus ajuntou não o separe o homem". Essa declaração de Jesus tem dado razão a muita polêmica. Será todo casamento legal, ou simplesmente religioso, feito por Deus? Quantas e quanta pessoas se julgam estar casando pela vontade de Deus e posteriormente descobrem ter sido impossível o Senhor ter promovido esse casamento! Aquela declaração genérica de Jesus não deve ser aplicada a cada caso de união matrimonial. O cristão precisa reconhecer sua responsabilidade pelos próprios atos. Não deve lançar para a responsabilidade de Deus as conseqüências dos seus atos impensados.
Deus nos dá inteligência e sentimentos. Nossos sentimentos devem ser controlados pela razão e usados inteligentemente. Casar-se só por sentir-se atraído sexualmente por alguém do outro sexo é agir puramente como animal. Tentar vencer a solidão unindo-se a outro ser só por medo de ver-se sozinho é muito arriscado. Casar-se para conseguir liberdade do jugo paterno é imaturidade. Usar o casamento como arma para o enriquecimento ou como alguns jovens fazem para ter quem os sustente é infantil. Muitos outros motivos pueris há que desgraça muitas vidas. Buscar o casamento nessas bases é candidatar-se à um possível divórcio. Um casamento que tem por fundamentos esses motivos não pode ser dito que Deus tenha juntado os dois cônjuges.
Dizemos que entre os cristãos não deve haver divórcio, mas isso não é mais do que um desejo perfeccionista nosso. Nosso idealismo cristão deve ser mantido, mas não podemos deixar de reconhecer que a vida, em sua realidade, faz com que cristãos fiéis cheguem a enfrentar problemas conjugais tais que os conduzem a buscar no divórcio ou separação o alívio para os seus tormentos.
Por não estarem os jovens adequada e convenientemente preparados para o casamento, formam famílias sem estrutura para enfrentar o dia-a-dia em comum. O romantismo natural dos jovens, a inexperiência da vida e o desejo de serem felizes no casamento, mesmo quando no lar paterno não existe felicidade, chocam-se com a realidade da vida a dois.
Cedo os esposos descobrem que o relacionamento entre os dois não vai ser tão fácil como supunham seria. A formação diferente que tiveram, as diferenças de personalidades descobertas, costumes e interesses divergentes e outros pormenores da vida conjugal se tornam obstáculos a serem ultrapassados e, quando não o são, ocasionam a separação e o divórcio.
Quando há filhos do casal, complica-se ainda mais o problema. Nessas ocasiões de separação e divórcio, pertubações psicológicas atingem todos os componentes da família. Em primeiro lugar há a sensação de fracasso, frustração, perda e decepção. A vida em comum criou uma expectativa emocional que, face aos problemas, se desmorona tragicamente. Ninguém se divorcia levianamente. O divórcio é um remédio difícil de ser tomado.. Tendo sido a experiência dolorosa, falta-lhe, às vezes, entusiasmo para organizar nova vida. A situação econômica do casal é perturbada e as conseqüências da separação são muitas vezes traumatizantes para os filhos que, pela vida afora, às vezes, não conseguem superar os traumas. É comum dizer-se que filhos de pais separados geralmente não têm estrutura psicológica para construir, por sua vez, seu próprio lar. É possível sim,desde que haja uma harmonia na separação.
"A família é a célula da sociedade"; essa afirmativa, de tão repetida, tornou-se um truísmo (afirmação óbvia). Ninguém a contesta. Para o bem coletivo, a família é essencial. É no seio dos lares que se formam os cidadãos de um país. Nunca é demais enaltecer-se o valor da família na formação moral, psicológica, religiosa e cívica dos seus componentes. É essa importância social da família que faz com que o Estado se interesse tanto pelo seu bem estar.
As igrejas, por sua vez, reconhecem também o alto valor da família e procuram defendê-la de qualquer coisa que ameace a sua estrutura. No Brasil, foi essa a preocupação, tanto do Estado como das igrejas, que retardou a instituição do divórcio. Novamente se descobre que a boa intensão das leis não é suficiente para vencer a "dureza do coração dos homens".
Sem o divórcio legal, que protege os que desejam divorciar-se, a vida social seria um caos. Apesar de todas as defesas legais em vigor, a família está em perigo, quase em desfacelamento. Infelizmente, sabemos que a hipocrisia social é responsável por isso.
Todos cristão reconhece o valor da família. É essencial para o bem-estar, para a felicidade de todo ser humano. É nela que aprendemos os rudimentos da vida terrestre. Nela aprendemos o que é o amor, fraternidade, solidariedade, enfim, as coisas essenciais para a vida, o respeito à dignidade humana, o conceito de temporalidade do espírito sobre a matéria à nós ensinada através da religião, não apenas formal, mas principalmente vivida dentro do lar e também a importância de vivermos bem relacionados uns com os outros. É bem verdade que a família mal estruturada faz exatamente o contrário. A inexistência do amor, da fraternidade, da solidariedade, da consciência deste trânsito vivido por nós neste mundo é resultado de lares infelizes que dão causa também à sociedade injusta que todos conhecemos.
Como cristãos, nossa preocupação maior é fazer com que nossos lares sejam indestrutíveis. felizmente, porém, devemos reconhecer divorcio é uma realidade que aceitamos e convivemos. A sociedade tem dificuldade em aceitar que somos livres para tentar, errar e recomeçar."
Autor: Emerson De Lima Taveira


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