A era da complexidade



São muitos e complexos os problemas hoje enfrentados pelos governos no sentido de conseguirem os resultados desejados. Educação, saúde, segurança, combate às drogas, infraestrutura compatível com o crescimento econômico e social, combate à pobreza, desenvolvimento sustentável, geração de empregos e renda, são apenas alguns dos objetivos que devem nortear a administração pública.

Antes de executar as ações que possibilitarão atingir metas e realizações são necessárias políticas públicas. Estas, partem das mentes dos governantes ou dirigentes ? ministros, secretários e assessores, e são postas, através de estratégias, para serem executadas. Por que as políticas públicas não conseguem a eficácia desejada? Por que são tão difíceis de serem implementadas e demoram tanto tempo? Aonde os gestores erram?

Uma das causas está na forma como os dirigentes públicos enxergam cada problema. Planos e programas são criados e divulgados, mas falham na execução. Os dirigentes adotam métodos ultrapassados e nem percebem. Vêem servidores e demais ocupantes de funções comissionadas, como se fossem coisas e não pessoas com talentos e motivações próprios. Não utilizam competências, habilidades e ferramentas compatíveis ao século XXI para lidarem com servidores, que terão a incumbência de colocar em prática as ações planejadas.

Há baixos níveis de confiança entre comandantes e comandados, além de desvios de interesses, que despertam a vontade de alguns de participar de correntes de corrupção. Com isto, o engajamento dos servidores nas diversas tarefas deixa a desejar. Esforços e motivações pessoais não levam ao comprometimento. Com as atuais práticas de gestão, tempo e recursos são desperdiçados. Os avanços que acontecem nos resultados alcançados, se processam lentamente e não são sustentáveis.

Sem a devida clareza que permita entender as prioridades, sem a conexão emocional dos servidores com essas mesmas prioridades, sem capacitação, sem sinergia, sem a devida responsabilidade para atingir as metas prioritárias, ocorrem pequenos avanços, mas ainda muito lentos e incompletos.

Por falta de profissionalismo na gestão pública, a vontade política do governo de mudar os atuais índices fica mais focada no marketing do que propriamente na possibilidade real de atingir metas com sustentabilidade.

O plano Brasil sem Miséria é um dos exemplos, que pode ser aqui colocado. Na essência é um plano muito importante. Quanto à execução, de antemão, sabemos que os resultados não terão a velocidade e os resultados desejados. Isto pode ser previsto pelo paradigma que está na origem da política pública. Quando o paradigma não é correto, jamais os resultados serão os desejados.

Quatro pontos são indispensáveis para o pleno sucesso de implantação do plano Brasil sem Miséria e de outros: confiança entre servidores e dirigentes, comprometimento, foco na execução e entusiasmo. Para conseguir isto é preciso administrar com profissionalismo, sem desperdício de tempo e recursos. Isto é possível, desde que os dirigentes saibam (e queiram) como liderar e administrar pessoas e processos com eficácia.

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques
Autor: Edinaldo Afonso Marques De Mélo


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