O CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL OU EMPRESARIAL COMO ATIVO DA EMPRESA
Os ativos intelectuais da empresa podem ser definidos e qualificados com uma série de critérios que a bibliografia habitual tem limitado, por ora, a situar no plano do qualificativo e do estimativo, sem passar a quantificação alguma. De todo modo, tudo quanto se tenha meditado e enfocado no plano qualitativo torna-se, em grande medida, aproveitável na hora de efetuar as avaliações financeiras. Em algumas obras sobre estratégia empresarial, fala-se no estabelecimento de um certo ranking de ativos com vistas a dar prioridade aos esforços (gastos) voltados a sua aquisição, conservação e reutilização. Temos assinalado, em outro lugar, que esse conhecimento ajuda poderosamente na avaliação dos ativos intelectuais para contemplar sejam os benefícios que contenham, sejam os custos ocasionados por sua ausência e por erros que contenham. Já se começou também a aplicar o conceito de vida útil/obsolescência aos ativos intelectuais, o que permite introduzir na avaliação financeira dois conceitos claros: custos de conservação/renovação e riscos ocasionados pela obsolescência. Esse último conceito traz consigo dificuldades e proveitos no momento de avaliar empregados que personifiquem aqueles ativos, muitas vezes a título individual e singular (por exemplo, o chefe de cozinha em um restaurante de prestígio, o desenhista em uma casa de moda, o informático criador de programas em uma empresa de prestação de serviços, o perito em uma fábrica de perfumes, enfim, todos aqueles que podem se cansar, envelhecer ou rescindir o contrato de trabalho nas empresas).
Na já citada obra, Huang, Lee e Wang propõem como critérios de seleção de ativos intelectuais os seguintes.
1. Avaliação empresarial.
2. Funcionalidade.
3. Complexidade (com relação a sua envergadura e às inter-relações que ela suscita).
4. Reutilização (com relação a seu ciclo de vida).
5. Documentação e apoio (quanto à compreensibilidade e adequação do ativo).
6. Riscos tecnológicos e empresariais (sobretudo os custos de implantação).
O capital intelectual constitui um dos temas favoritos da recente bibliografia empresarial, sendo provável que a popularidade do assunto não se deva só a sua evidente importância, mas ao estimulante fato, para o pesquisador, de ser esse capital, por si mesmo, intangível e difícil de delimitar e quantificar.
"Muitas empresas percebem o capital intelectual como uma espécie de fantasma, assinalam Huang, Lee e Wang- no qual se combinam idéias, pensamentos e "coisas" que se encontram nas mentes das pessoas (conhecimentos implícitos) com ativos intelectuais concretos, tais como códigos de suporte lógico que apresentam um verdadeiro valor mensurável e que podem ser objeto de acompanhamento e gestão. Tais autores assinalam, certamente, que em tais ativos se inclui a propriedade intelectual da organização, porém advertem contra toda crença de que o capital intelectual se reduza a essa simples forma de propriedade. Remetem diretamente o conceito de capital intelectual à capacidade das pessoas de planilhar (atitudes a englobar tanto os intelectuais que possuíam antes de entrar na empresa, como as praticamente aprendidas ao já trabalhar na empresa).
Por sua parte, os citados autores enfocam também a questão da avaliação do conhecimento organizacional, partindo da análise das características da informação, da avaliação de sua qualidade e da avaliação do contexto da empresa. Essa última linha compreende perguntas como, por exemplo: "Os empregados participam em iniciativas de melhoria da qualidade?". Lee no Cambridge Research Group, propõe a aplicação das três interrogações: "como?", "que?" e por quê? aos três temas: cobrança, armazenamento e emprego de dados. Propõem-se um minucioso questionário, subdividido nos três ramos expressos, de modo a se substanciar essa averiguação.
Toda ênfase é pouca para ressaltar a importância dada pela recente bibliografia ao conhecimento "como ativo mais valioso da empresa". Para esse pensamento convergem autores como P. S. Adler, C. Argyris, P. F. Drucker, D. Leonard Barton, T.Davenport e L. Prusak, M. Polanyi e J.B. Quinn. Não menos claro fica que o ponto de partida de semelhante atuação consiste no fato de as alternativas desveladas por um empregado poderem ser objeto de difusão e aproveitamento por parte de muitos outros. Cabe apontar que a boa circulação e os eficazes circuitos necessários à empresa para chegar a tal fim contribuem, por seu próprio lado, para a boa gestão.
Autor: Emanuel Delgado Magalhães
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