Educação, Cultura e Povo



UNIVERSIDAD DEL SALVADOR ? BUENOS AIRES ARGENTINA
I - JORNADA DE EDUCAÇÃO CULTURA E POVO
Adilton Dias de Santana

Palavras Chaves:Educação ? Educação Popular - Cultura - Crenças e Crises

Artigo produzido na Jornada de educação, Cultura e Povo, realizado em Buenos Aires, na USAL- Universidad Del Salvador, no dia 16 de julho de 2011, no campos situado na rua Hipólito hirigochen 2400, Bairro centro. Apresento algumas reflexões sobre o tema da jornada, versando sempre sobre educação popular, cultura e povo na América Latina.
Oprofessor Navarra do vice-reitorado da USAL ? Universidade Del Salvador na Argentina faz um breve recorte da história da educação popular na argentina, citando Sarmiento, que foi uma dos pioneiros em educação na capital da província, Buenos Aires, para Navarra a educação popular sempre caminha com a política, pois toda educação tem intencionalidade política.
Na história da argentina a educação popular tinha como função livrar a sociedade da Barbárie, assim, era preciso educar as massas para se viver em sociedade.Outro momento foi considerado na era moderna como educação popular uma campanha de alfabetização no ano de 1973 na argentina, segundo considerações do professor;
O sistema educativo da Argentina foi construído tendo como base a cultura europeia, exemplo dos EUA e Europa, desta forma, se configura como uma espécie de colonização pedagógica, ideológica e simbólica. Portanto, a educação popular teria como missão realizar a tarefa de descolonização pedagógica europeia, segundo Perón teórico argentino.
A educação popular é um tema polissêmico, com várias vertentes, facetas, crises, conceitos e métodos. A educação popular é uma questão de método, que segundo pensadores devam ser participativos, democráticos, e includentes. Não existe educação popular sem uma teoria que embase sua prática, neste caso citamos Paulo Freire como um dos pensadores do tema na América Latina. Finalizando citamos Foucault que afirma o ato educativo é um ato político.
Desta forma, todo ato político apresenta um ato pedagógico, isto é o ato político, a forma de conduzir, de governar, tem uma construção social pedagógica que se desenvolve através das organizações do estado de cada governo, portanto, a politica tem componentes pedagógicos, uma prática, uma forma que utiliza a escola e os meios de comunicação social para construir sua própria sustentação e ao mesmo tempo produzir cultura popular.
Em toda cultura popular ou educação popular, sempre há uma distribuição desigual do conhecimento, perguntamos que tipo e ou formas de conhecimento são distribuídos ao povo? Assim, as desigualdades sociais são reproduzidas pela educação que por sua vez produz uma cultura diferenciada e que consequentemente forma um povo com valores diferenciados na própria sociedade.
Os recursos simbólicos, ou seja, os signos da modernidade ou da pós-modernidade são produzidos pela elite dominadora dos meios produtores de cultura e o poder de determinar de produzir e ou reproduzir culturas são definidos por aqueles que detêm o poder político.
A conquista da América foi realizada pelos Espanhóis porque tinham recursos simbólicos para fazer conquistas, como armas, tecnologia, conhecimento, ao mesmo tempo em que conquistava criavam uma cultura dominante, fato esta que desvalorizava a cultura dos nativos, assim, o saber econômico e comercial foi uma das vias para a conquista cultural e regional na América latina.
Os sacerdotes da igreja católica, além de estar unido aos conquistadores, realizaram escritos sobre a chegada dos Espanhóis, etc. criando uma cultura superior e dominante, com os registros dos momentos históricos, sociais, econômicos e políticos destes.
A modernidade surge com a revolução industrial, a mecanização, a hierarquização na produção que consequentemente impacta nas organizações sociais inclusive a escola, ou seja, a própria escola se massifica na modernidade com objetivos claros de preparar a mão de obra para o mercado e favorecer a nova demanda da revolução capitalista.
A escola moderna aparece e se fortalece com propósitos distintos de formar ideologicamente a massa de manobra que será utilizada na indústria e no comércio e para garantir a dominação ideológica a elite dominante produz os signos e os códigos que são propagados pelos meios de comunicação de massa, portanto a cultura consumista, burguesa e individualista é propagada nos meios e reproduzida na escola e nas relações sociais de convivência humana.
A cultura é reproduzida pela necessidade incutida de treinamento sem escalas, de especialização cada vez mais específicas de cada ponto seja da produção ou do conhecimento compartimentalizado, e ao perder a compreensão de totalidade o homem será facilmente dominado, enganado, alienado dos meios de produção e da própria sobrevivência social.
Desta forma, para se construir uma educação popular que faça o enfrentamento da cultura elitista, excludente, estratificada e limitada é necessário se construir a identidade própria de cada comunidade local ou sociedade, assim a construção da identidade cria o empoderamento cultural das comunidades locais, sem identidadeprópria nada é possível.
Culturalmente falando, toda a vida é pedagogizada, isto é a pedagogização da vida se dá pela organização dos espaços sociais de convivência humana, seja nas feiras, nas famílias, nos espaços de trabalho na vida cotidiana, segundo alguns autores até e vida sexual e a sexualidade é pedagogizada com o surgimento da modernidade. Na sociedade totalmente pedagogizada quem tem mais treinamento, estudos é mais valorizado.
O sujeito em constantemente treinamento pedagógico na sociedade é também reprodutor de cultura, torna-se sujeito de produção ou reprodução de cultura, vejamos a seguinte história para exemplificar:
Numa sociedade qualquer antes do advento das práticas sociais e pedagógicas no carnaval como exemplo os artistas estão sempre em contato com o povo local, todos participam democraticamente da forma que mais lhe convier e de forma harmônica, fato totalmente natural porque alguns se tornam artistas outros deixam a vida artística normalmente, até o surgimento na modernidade da pedagogização dos espaços públicos e da sociedade, assim é criado uma distancia simétrica que surge com o treinamento sem fim, com a rotinização, a hierarquização atendendo a determinados padrões sócias e políticos, portanto os artistas se distanciam do povo tornando-se um ícone, um astro, a ser admirado e seguido por todos.
O Professorda USAL Juan Maria Healion afirma, sempre em sua fala a seguinte frase "nada está tão equivocado que não tenha nada de verdade" ao refletir sobre o processo de ensinar e aprender, conclui que hoje em dia os espaços educativos deve se preocupar com o processo de aprender do que o de ensinar, assim, ensinar no momento pós-moderno é tarefa impossível, pois segundo Paulo Freire ninguém educa ninguém, os homens educam-se em comunhão.
A crítica feita aos modelos educativos e produtivos pelos movimentos sociais e sindicatos nos anos 60 tem a participação efetiva de educadores como Paulo Freire, Anísio Teixeira, Florestan Fernandes, etc. fato esse que culminou com a criação de novas teorias sociais e educacionais e o próprio surgimento do termo "Educação Popular" para fazer frente as ideologias das elites para a possibilidade de construção de alternativas viáveis de transformação social.
Ao se propor uma educação popular, constitui-se novos signos, novas formas de pensar, formas de agir, nova pedagogização que são construídos em comunhão com as comunidades locais é que se constrói um poder comunitário que viabilizou as mudanças que vivenciamos nos dias atuais.
Enfim, novamente através da construção de um novo poder político é que tonará possível se produzir e reproduzir novas culturas que libertará as comunidades e o próprio povo, ou nação das ilusões ideológicas, das alienações provocadas e reproduzidas pelas elites dominantes.

Autor: Adilton Dias Santana


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