Industrialização Brasileira (XIX - 1980)



Industrialização Brasileira (XIX - 1980)

Se um dos maiores debates sobre a natureza mutável da industrialização brasileira fora sobre o contexto das origens e influências que marcaram características próprias, diferentemente daquelas observadas nos países desenvolvidos, uma análise dos períodos específicos coloca um fim claro nessa discussão. A partir do final do século XIX, houveram o segundo, o terceiro e o quarto períodos industriais. O desenvolvimento da industrialização brasileira é caracterizado por diversos ciclos alterando-se ao longo do tempo. Durante a primeira fase (1808-1850) faltavam trabalhadores livres e interesse da oligarquia cafeeria para alavancar o desenvolvimento industrial. Foi nesse contexto em que os passos iniciais eventualmente foram dados a caminho da industrialização, mas faltavam ainda outras condições como a formação de um mercado consumidor.

Durante o Segundo Período (1850-1930) foram introduzidas mudanças notórias nos setores fabris. A abolição da escravatura, por sua vez levou a imigração de europeus que dentre outras influências, levaram a subsequente implantação de um mercado consumidor, necessário para a sedimentação industrial em nosso país. Ao final do século XIX já haviam mais de 600 indústrias concentradas no Sudeste do país, produzindo alimentos, calçados, tecidos para confecção em geral, móveis e bebidas. Posteriormente à abolição da escravatura, capitais que eram antes aplicados na compra de escravos, ficaram agora disponíveis para o investimentos no setor industrial. Ironicamente, o desenvolvimento das indústrias fora caracterizado pelo modelo de substituição das importações. Maior ironia, foram as complicações trazidas pela crise da bolsa de valores de Nova York de 1929, já que aproximadamente, 96% de nossas exportações eram baseadas no café. Tal crise tivera uma grande repercussão nos campos econômico e político, dificultara a importação bens industrializados, enquanto o café no era tão mais cobiçado como moeda de troca, já que o consumo global era maior do que a demanda nacional. A chegada da Era Vargas, a maior personalidade política brasileira do século XX, promovera fortes estímulos econômicos que alteraram os rumos da industrialização nacional.

O Terceiro período (1930-1956) também conhecido como Revolução Industrial brasileira fora marcado pela mudança decisiva no plano da política interna, contando com ativa participação do governo, em oposição ao afastamento do poder concentrador da oligarquia nacional, favorecendo a mo-de-obra própria por meio do desenvolvimento do eixo Rio-São Paulo. Um novo período favoreceu a formação de uma Indústria de Bens de Capital, diretamente influenciadas pelo aumento do êxodo rural, elevando o contingente populacional, por meio da urbanização, que contribui como mercado consumidor urbano. Ressalva-se ainda as conseqüências trazidas pela II Guerra Mundial, que afetaram a oferta de produtos para o estrangeiro. Mais do que simples investimentos em infra-estrutura, o governo adotou também uma política protecionista que levara a formação de empresas, tais como: CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Vale minérios, CNM motores, Petrobras combustíveis, Hidroelétricas, que tinha como sócio majoritário o governo federal. O desenvolvimento alcançado pela indústria durante a Era Vargas no apenas forneceu subsídios significantes para o próximo governo, por ter exportado mais do que importado, mas ainda toda uma estrutura econômica solidificada no capital nacional, que favoreceu um desenvolvimento acelerado, verificado pelo aumento inflacionário, e intensificação do capital internacional no Brasil - era dos "50 anos em 5."

Com relação ao quarto período da industrialização brasileira os investimentos estrangeiros no país estavam em alta, para o aumento da tecnologia industrial, somados a pomposos aportes financeiros, atraídos por incentivos cambiais e tarifários. Mais do que estimular a economia agrário-exportadora subsistente, JK (Juscelino Kubitschek) através de seu Plano de Metas ( por meio da ideologia crescer 50 anos em 5, superando-se o atraso econômico) dedicou-se aos setores econômicos fundamentais. Para obter um rápido crescimento econômico, importara-se tecnologia do exterior ao invés de produzi-la, na realidade o foco do governo foram os investimentos industriais, e por conseguinte os de infra-estrutura. Fatidicamente, entre 1946 e 1950 o Brasil crescera cerca de 8.9%, superados posteriormente com a chegada do regime militar ao país e os conhecidos anos do "Milagre Econômico Brasileiro."

Após 1964, os governos militares aceleram o crescimento econômico nacional, significativamente, marcado pelo maior controle do Estado sobre a economia. "Pela primeira vez na História desse país" houvera a montagem de artigos tecnologicamente sofisticados (televisores, rádios, robôs), somados a pesados investimentos na indústria petroquímica, e tecnológica. Houve ainda uma significativa expansão nas indústrias de consumo não duráveis seguido pelo aumento da capacidade de consumo da classe média, num período conhecido com "Milagre econômico brasileiro" (1969-1973). Esse período fora caracterizado pelo rápido crescimento econômico, onde o desenvolvimento das indústrias de base fora extremamente significativo. Em 1979 pela primeira vez, a industria brasileira superara o valor em produtos industrializados e semi-industrializados do que em produtos agrários. Infelizmente, apesar do desenvolvimento da classe média, as classes menos favorecidas da economia sofreram forte arrocho salarial. A crise economia criada a partir das consequencias da ditadura militar definiram um novo patamar da industrialização em nosso país.

As consequências da industrialização brasileira foram marcadas por um penoso momento na história econômica nacional. Por seguinte, a inflação ascendente e a penosa austeridade fiscal, levaram a implantação do Plano Real, e ao enfraquecimento industrial, frente ao aumento da disponibilidade de produtos importados, o que levara a quebra de muitas indústrias nacionais, que não suportaram as dificuldades econômicas nacionais daquele momento, que acabaram por enfraquecer ou cortar os subsídios estatais. A entrada de dinheiro favorecido pela conjuntura internacional, por uma mudança na conjuntura internacional nos aspectos políticos e econômicos influenciaram um novo Brasil - o neoliberal.
Autor: Henry Fardo


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