SUS - Reflexões sobre as mazelas do sistema



Falar sobe o sistema unico de saúde, nosso conhecido SUS, é antes de mais nada um prazer. Poder se enfronhar nas entranhas do mais democrático e generoso sistema de saúde do mundo deve ser uma honra, sobretudo à luz da ótica participativa que somente ele proporciona.

Debater a fundo seus pontos positivos e negativos, metendo literalmente o dedo na ferida, de forma livre espontânea, considerando opiniões de usuários de todos os níveis, de gestores/prestadores de uma diversidade de serviços, de trabalhadores de dezenas de segmentos, definitivamente é só para o SUS.

Somente o SUS é capaz de abraçar diversas categorias profissionais dando-lhes oportunidades de redesenhar seus próprios perfis possibilitando que todos indistintamente, possam contribuir com a sociedada brasileira dentro de suas competencias e caracteristicas (É o caso por exemplo da minha profissão - Medicina Veterinária). Isso vale também para os gestores/prestadores, e também usuários.

Ocorre que de tão democrático, o sistema acaba sofrendo (e definitivamente acredito que deva ser assim) total influencia das pressões sociais e políticas -que são a representação direta dessa sociedade- de modo que por vezes acaba transparecendo apenas as mazelas do sistema; Justamente porque segundo os atores envolvidos é o que deve ser mudado. E por mais frustante que isso possa parecer deve ser respeitado, é o livre arbitrio da nossa sociedade falando mais alto, é o grito da democracia em sua plenitude, é o preceito máximo do SUS. Ainda que logo ali, chegue-se a conclusão que o caminho estava errado, isso deve ser respeitado, afinal de contas quem é capaz de dizer o que é bom para uma comunidade senão ela mesma.

Confesso que como um legalista pleno, com forte formação militar, mas um democrata acima de tudo por vezes me pego em conflito comigo mesmo, no dia a dia de minha atuação profissional tentando entender até onde devo ir e até onde devo ceder as pressões politico/sociais; definitivamente é um exercicio completamente desgastante, sobretudo quando temos parâmetros técnicos-cientificos-legais que enbasam determinadas ações que geram enormes impactos na comunidade, ainda que o objetivo seja melhorar a vida das pessoas, evitar doenças enfim.

Esse é um conflito ético bastante profundo, assim como é vivenciar que fruto dessa democracia rasgada o SUS acaba por expor suas maiores arguras, fruto de disputas de grupos, sem o interesse mútuo ao sistema como deveria ser. É duro poder certificar a cada dia que os segmentos que deveriam conduzir os caminhos do sistema, na verdade não estão nenhum pouco preocupados com a coletividade de fato e sim em seu problemas individuais e de grupo, com o mundinho de sua atuação individual, como se isso não afetasse o todo; Criando verdadeiro parasitismo ao sistema.

Desse modo buscaresmos por meio dessa ferramenta mostrar e debater de forma clara alguns pontos que vivenciamos dia a dia na saude brasileira e que de fato acabam por se tornar os verdadeiros entraves ao bom atendimento a população e que acabam por impedir que de fato o SUS se torne, além do maior e mais democrático, no melhor e mais eficiente sistema de saúde pública do mundo.

Autor: Edu Marcondes


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