Sexualidade e Escola




FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DA BAHIA- FACCEBA

LEDNALVA OLIVEIRA CORDEIRO BATISTA




CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NO APRIMORAMENTO DA SEXUALIDADE HUMANA ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO SEXUAL NO ÂMBITO ESCOLAR







Salvador
2009



LEDNALVA OLIVEIRA CORDEIRO BATISTA




CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NO APRIMORAMENTO DA SEXUALIDADE HUMANA ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO SEXUAL NO ÂMBITO
ESCOLAR



Artigo a presentado ao Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade Católica de Ciências Econômicas da Bahia como requisito para conclusão do curso de Especialização em Psicopedagogia Clínica, Hospitalar e Institucional Orientador: Professor Doutor José EduardoFerreira Santos





Serrinha-BA
2009

Contribuições da psicopedagogia no aprimoramento da sexualidade humana através da Educação Sexual no âmbito escolar
Lednalva Oliveira Cordeiro Batista
Resumo: Este artigo foi escrito mediante a constatação de que a sexualidade ainda é tida como assunto proibido, ou, cercado de preconceito, e/ou, desinformação, tanto nas famílias quanto nas escolas. A prática psicopedagógica,com ênfase na clínica, através das contribuições da Psicanálise, possui bases teóricas para que a orientação sexual no âmbito escolar seja realizada de forma correta, conforme as peculiaridades e características e suas inter-relações,a de cada sujeito e sua fase do desenvolvimento. Assim pudemos avaliar o nível das informações, a forma como essas, são passadas; o preparo dos professores; a participação da família e a receptividade dos alunos da Escola Centro Comunitário Assistencial de Santana, no município de Serrinha-BA . Foram incluídos 68 alunos do ensino médio, que mediante pesquisa prévia, foi identificado desvios significativos quanto à condução sexual. A maioria dos alunos foi do sexo feminino variando de 14 a 21 anos, onde a maioria, já manteve contato sexual, e, já adquiriu algum tipo de doença relacionada ao sexo, e /ou gravidez indesejada. Dentre os principais obstáculos encontrados na questão da educação sexual. Na escola, ficou destacado a falta de preparo dos professores quanto a conteúdos limitados aos aspectos biológicos, tímidos eventos ,resumidos a trabalhos periódicos de prevenção das DST`s, a dificuldade com que lidam com suas própria sexualidade, a falta de interdisciplinaridade, e, a necessidade de suporte técnico de um psicopedagogo clínico, para intervir junto a instituição e as famílias, afim de não comprometer, as ações que visam promover o conhecimento e a conscientização, no que diz respeito as conseqüências de uma má condução das relações sexuais.
Palavras-chave: Educação Sexual, Escola, Família, pedagogos, Psicopedagogos
Abstract: This project was written by the fact that sexuality is still seen as taboo or surrounded by prejudice and misinformation, both in families and in schools. The psycho-pedagogical practice through the contributions of psychoanalysis has a theoretical basis for sexual orientation in schools is carried out correctly, according to the peculiarities and characteristics of each subject and its stage of development. So we could assess the level of information, how they are passed, the preparation of teachers, family involvement and responsiveness of the students of the School Community Center of Assistance for Santana, the city of Serrinha-BA. The study included 68 high school students who, through previous research has identified significant deviations as driving sex Most of the students were females ranging from 15 to 21 years where the majority have had sex and have purchased some sort of disease related to sex and / or unwanted pregnancies.. Among the main obstacles encountered on the issue of sex education in school, it was highlighted the lack of teacher training and content restricted to the biology of being, and measures only precariously preventive, and how they deal with their own sexuality, lack of interdiscilinaride, compromising relationships that promote knowledge and awareness about the consequences of improper sexual relations an., and the lack of family involvement
Keywords: Sex Education, School, Family, educators, educational psychologists
1 Introdução
A Educação Sexual é um tema desafiante e de extrema importância no ambiente familiar e no ambiente escolar. A escola está sendo "convidada" a assumir indiretamente o papel principal: O de conduzir a educação sexual, não apenas de seus alunos, mas, de todos que estiverem envolvidos no contexto onde ela está inserida: "a comunidade". A maioria dos pais, principalmente, os da rede pública, ainda precisam ser ajudados a compreender de fato o que é a sexualidade e como lidar com ela. Segundo Osório (1996. p.120),"Nota-se então a necessidade de se educar e principalmente sensibilizar os jovens de forma que eles vivam essa liberdade com maturidade. Weiss (apud BOSSA, 1994.p.65), afirma "é necessário desmistificar a pobreza, do ponto de vista antropológico e sociológico, junto aos educadores, uma vez que o início da vida sexual precoce ocorre muito mais nessa faixa social (pobre).", É pertinente ao psicopedagogo mediar, e intermediar os meios para a prevenção e resolução das problemáticas. De acordo com os PCN?s ? escolas que tiveram bons resultados com a implantação da educação sexual relatam resultados, como aumento do rendimento escolar, devido ao alívio de tensões e preocupação com questões da sexualidade e aumento da solidariedade e do respeito entre os alunos. Para crianças menores relatam que informações corretas ajudam a diminuir a angústia e agitação em sala de aula (BRASIL, 199, p.122)
(...) e quem são, afinal os responsáveis Por uma educação sexual que permita uma visão consciente da sexualidade (...) claro que são primeiros e principais responsáveis são os pais(...) E quem são os adultos que, pelo menos em tese, deveriam aliar-se aos pais para nessa difícil tarefa de educar? Os professores, claro! (SAYÃO, 1997, p.125)
A inclusão da educação sexual no currículo escolar é uma questão de discussão a muito tempo, e é a mais conhecida pela denominação temática, vinculada aos chamados Programas de Saúde- uma excrescência de pedagogia da higiene das décadas passadas, que surgiu com a reforma do ensino dos anos 70. O educador deve abordar a problemática da sexualidade, levando em consideração os seguintes aspectos, como: limites, valores, e outros. Segundo Suplicy (1995), limite é o ponto onde deverá cessar a continuidade de uma opção. É uma barreira invisível, aprendida pela educação desde a infância e que nos policia, sobre o que pode e não pode, deve ou não deve fazer.
Os limites são o alicerce para a vida ativa e construtiva, dando-nos maturidade emocional e disposição interior nos relacionamentos do cotidiano.
É notória a falência da autoridade familiar e escolar causada por diversas esferas e influencias sociais Bettelhen apud Suplicy (2005, p.114) diz: "Se limite não vem de casa, virá de outras fontes ou valores que serão fixados". A aquisição dos limites, da disciplina, dos valores é um processo de passos lentos. Conforme Souza (1991), valores são julgamentos subjetivos, elaborados pela pessoa ou numa vivência e revelam as preferências pessoais de um ser humano, segundo suas tendências pessoais e influências sociais do meio. São normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos pelas pessoas e pela sociedade. Valor é interessante, é a satisfação de uma necessidade profunda, seus valores variam de um indivíduo para outro e devem ser respeitados. São idéias, qualidades e características que temos e que nos condicionam a agir conforme tais princípios. Welhaltung apud Suplicy (1995), nos diz que certas representações de atitudes, de valor podem penetrar na estrutura e contribuir para direcionar seu comportamento. Essa apreciação é chamada de "atitude de valor" ou "modo de pensar". Há valores pessoais e sociais nos quais cada sociedade cultural encontra sentido e estímulo que permitem sua continuidade e progresso. Há ainda valores universais como justiça e liberdade promovidos por toda a humanidade.
Nos programas de orientação sexual o desenvolvimento de duas habilidades é fundamental: treino de habilidade social e aumento de repertório verbal, pois quanto maior os comportamentos assertivos emitidos pelos adolescentes, maior é a probabilidade de haver discussões entre os Parceiros... Essas habilidades podem ser treinadas por diversos profissionais como: psicopedagogo, psicólogo, coordenador pedagógico. Não deixando a responsabilidade apenas para o professor que leciona a disciplina de ciências e biologia, sem que seja verificada competência deste profissional para executar um programa de orientação sexual. (BOURUCHOVITCH, 2000, p 113).


Embasada nestes questionamentos, nota-se o déficit na preparação dos profissionais e nas estratégias utilizadas para a abordagem do tema. A carência é expressa nas dificuldades do docente em lidar com as questões trazidas pelos alunos e como conseqüência dessa carência ocorre a reprodução dos próprios valores. (SAYÃO,1997 p.113).



Quando Bouruchovitch2002, p.113, fala das habilidades para se desenvolver um programa de orientação sexual, Sayão,1997,p.132. Confirma o déficit no preparo dos profissionais. Para tanto, a psicopedagogia, através do método clínico, possui recursos para dar suporte à escola em todos os processos de ensino aprendizagem, inclusive, no desenvolvimento de projetos e implantação de programas de educação sexual, e, capacitação.
Visto que na verdade, a psicopedagogia é um campo de atuação que ao atuar de forma preventiva e terapêutica posiciona-se para compreender os processos do desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a varias áreas e estratégias pedagógicas objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir nos processos de transmissão e apropriação dos conhecimentos (possíveis dificuldades e transtornos), o papel essencial do psicopedagogo é o de ser mediador em todo esse movimento. Se for além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e pedagogia, o psicopedagogo pode atuar em diferentes campos de ação, situando-se tanto na Saúde como na Educação, já que seu fazer visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana, que, no final, ocorrem todos os espaços e tempos sociais. Acho importante salientar é que as demandas de atendimentos psicopedagógicos são bastante semelhantes,ou seja, crianças com problemas na aprendizagem detectados pela escola, ou pela família .Destas crianças o que mais nos chama a atenção são suas questões para além das dificuldades na aprendizagem,ou o que vem chamando questões de educação ou educativas. Considera-se aqui educação não no sentido normativo, mas aquela que conforme Kupfer é o ato por meio do qual o Outro primordial se intromete na carne do Infans, transformando-a em linguagem.(2000)
Atualmente há uma demanda diferente para a clínica psicopedagógica, e isto nos faz questionar sobre a problemática da infância hoje,e dos sintomas que fazem laço no social apontando para muitas psicopatologias precoces da infância em nossos dias,que mostram por um lado , o declínio do poder-saber dos ensinantes, pais e professores,e por outro , pelo ingresso das crianças na escola desde cedo,sem o seu bem estar ser a principal razão.


2 Métodos

O projeto constituiu-se de uma pesquisa quantitativa do tipo estudo de caso. A população de amostra foi a Escola Estadual Centro Comunitário Assistencial de Santana, no município de Serrinha-Ba, localizada no povoado do cajueiro, com três turmas do ensino médio como objeto de estudo, mediante a observação dos comportamentos dos envolvidos, foram feitos levantamentos dos temas através de:
- Palestras
- Questionários
- Aulas preparatórias para os integrantes do projeto
- Levantamento sobre os assuntos de maior interesse dos alunos
- Levantamento sobre assuntos de maior interesse dos pais
- Aplicação de pré e pós-teste
- Aulas expositivas
- Recursos audiovisuais
- Estudo Transversal
- Dinâmicas de grupo
- Concurso de teatro (dramatização dos temas).
Trabalhar a sexualidade na escola e principalmente com a adolescência se elabora em torno das indagações com que a escola se vê confrontada ao constatar que o adolescente, hoje, encontra fora dela, espaços de aprendizagem de maiores identificações que em seu interior.
A interação entre o educador com seu aluno passa por um diálogo contínuo e um redescobrir de quem somos e de como nos relacionamos, oferecendo oportunidades para mudanças internas, provocando o aprofundamento das reflexões e incentivando o desenvolvimento da autonomia e da ação.
A intervenção psicopedagógica, no desenvolvimento do projeto, utilizou de recursos como: Questionário dança música, dramatizações, filmes, júri - simulado, com base na realidade sócio cultural dos participantes e subsidiados por embasamento teórico prático da psicopedagogia clínica.
O conteúdo da capacitação é dividido em oficinas.
A oficina I teve como tema Sexualidade e Identidade e é desenvolvido através dos seguintes tópicos: 1- Identificação de necessidades, expectativas e objetivos comuns; 2- Revisando atitudes e valores.
A oficina II teve como tema A Psicopedagogia, Sexualidade e o Processo Educacional, tendo como tópicos: 1- O que entendemos por sexualidade?; 2- Ampliando o conceito de afetividade; 3- Sexualidade e corpo.
A oficina III teve como tema Educação Sexual e Gênero e seus tópicos são: 1- O corpo e relações de gênero; 2- Representações sociais da sexualidade.
A oficina IV abordou o tema Sexualidade e Adolescência através dos tópicos: 1- Adolescência no contexto atual; 2- Situações de vulnerabilidade: Gravidez, DST, 3- Métodos anticoncepcionais; 4- Paternidade e Maternidade Responsáveis.
A oficina V tem como tema Sexualidade e Educação e seus tópicos são: 1- Princípios e Metodologias em Educação e Sexualidade; 2- Perfil e papel do(da) educador(a) para um projeto de Educação Sexual; 3- Elaboração de um Plano de Ação para a implantação e implementação de um Projeto de Educação Sexual para a escola.
O projeto também previu uma avaliação.
Esta avaliação foi processual e contínua, servindo para do que está sendo feito em cada oficina vivenciada, o que deve ser modificado e como redimensionar e dar continuidade à ação educativa.
A avaliação inclui:
1- Auto-avaliação individual: O quê aprendeu? Como foi análise a minha participação no grupo?
2- 2- Co-avaliação entre o Psicopedagogo, a coordenação, as famílias e o grupo. Os conteúdos foram adaptados às demandas apresentadas e à realidade da escola.
3- O desenvolvimento do conteúdo proposto foi elaborado através de reuniões realizadas no ambiente físico da própria escola, com regularidade mensal, agendadas conforme a conveniência da escola e a disponibilidade das equipes de trabalho com atendimentos em grupos e individual, de acordo a demanda de cada grupo ou indivíduo. Foram utilizados equipamentos como televisão, vídeo, retroprojetor, providenciados pela própria escola e vídeos educativos, som, papel ofício, papel metro, giz de cera, hidrocor, tesoura, cola, revista velhas, de responsabilidade da equipe que orienta o projeto.


3 DISCUSSÃO
Dos 68 adolescentes pesquisados e 16 funcionários entre coordenadores e professores, e 29 pais, 96% aprovam a educação sexual na escola e consideram que os professores ainda não estão preparados para a tarefa, e alegam ainda que há dificuldades para a inserção de novas práticas na escola, referindo-se principalmente à carência de recursos materiais, pessoal capacitado e ao pouco apoio institucional.
O que mais surpreendeu na pesquisa foi a idade da primeira relação sexual, entre as mulheres 72% com 12 a 14 anos de idade e entre os homens 45 % iniciara entre14 a 17anos de idade. Justificando os altos índices de meninas grávidas sendo obrigadas a abandonarem os estudos, e em contrapartida os meninos estão ingressando mais cedo no mundo das drogas.
Entre os professores e alunos pesquisados 75% vêem a sexualidade apenas como um problema de saúde, e é justamente por isso que a escola é o local conveniente para implementação de políticas públicas que promovam a saúde de jovens e adolescentes.
Com relação aos conteúdos abordados, os temas mais facilmente compreendidos foram àqueles relacionados aos aspectos biológicos, como: o corpo, processos da reprodução, DSTs e métodos contraceptivos etc.
Já os temas que envolvem valores morais, e que geram problemáticas como: a homossexualidade; a bissexualidade; o aborto; a pedofilia; o abuso sexual, e a afetividade geraram polêmicas e discussões em função dos aspectos sócios culturais.
Um aspecto interessante foi quando questionados sobre quem deveria se ocupar da educação sexual na escola: quase 50% dos participantes, entre famílias, professores e alunos, 46% apontam algum profissional da área de saúde como sendo o ideal.
Portanto, eis a questão: sabendo-se que grande parte da felicidade das pessoas está intimamente relacionada com a forma com a qual ela se relaciona com a sua sexualidade e com a das demais pessoas; e sabemos que grande parte, se não dissermos, a maior parte do sofrimento humano é proveniente de nossa ignorância, dos impedimentos relacionados ao exercício pleno de nosso desejo afetivo-erótico-sexual adquiridos desde a infância, e ao longo de toda a vida, não se pode mais ignorar e, postergar ações verdadeiramente eficazes que favoreçam a apropriação desses conhecimentos.


4 DISCUSSÃO

O Projeto desenvolvido desde março de 2009. Foram realizados quatro encontros com os educadores. Durante as reuniões a equipe de Psicopedagogia Clínica realizou observações que forneceram subsídios para algumas considerações feitas a seguir. A primeira consideração é que esse projeto tem apresentado muitos pontos positivos, avanços que, por hora,consideramos pequenos, mas que fazem uma diferença grande.
O primeiro deles já se inicia no próprio processo de capacitação dos educadores. A escola não tem momentos para uma discussão coletiva, ainda mais sobre uma temática que remete, não só a questões pessoais de cada um, mas a uma demanda real desses educadores, demanda essa difícil de lidar e que muitas vezes coloca em xeque o trabalho desse profissional, e a função social da escola. Como lidar com a adolescente que já ficou grávida? A garota que fica com vários meninos? O garoto que tem trejeitos de afeminados, o que fazer? Todas essas questões aparecem com muita freqüência ao longo da aplicação do projeto, gerando desconforto, e externando um mal estar a muito vivenciado e nunca trabalhado.
Nesse, espaço a fala é muito importante e proporciona uma construção e uma colaboração entre todos. A idéia de um, ajuda o trabalho de outro, a vivência de uma dada situação por um educador vai clarear a vivência individual equivalente para muitos outros.
Outro ponto a ser considerado é que a sexualidade é uma temática que gera enorme resistência para o trabalho.
Todos consideram sua importância, reconhecem a necessidade desse trabalho dentro da instituição, mas na hora da aplicação no cotidiano, as dificuldades que aqui estamos chamando de resistências, aparecem com muita intensidade. Isso fica claro nos projetos elaborados pelos educadores. Em sua maioria são projetos voltados para o trabalho com a auto-estima, a identidade e afetividade. São projetos importantes, mas não passam de discussões.
Uma estratégia importante para vencer essa dificuldade é a de incluir os adolescentes nos projetos desde o início. Eles direcionam as discussões que lhes interessam, além de motivar o projeto e exercitar seus direitos.
O psicopedagogo através de um levantamento diagnóstico a princípio com os professores, embasamento que sustenta o projeto. Apesar da grande possibilidade de informação do mundo de hoje, através da mídia em geral, da escola da família, amigos, conclui-se que esses adolescentes em geral têm muita pouca informação, e a pouca informação que tem é absorvida ou repassada com mitos ou valores fortes. Como exemplos: Pílula evita a AIDS? Transar sem penetração não engravida? O homem tem mais desejo sexual que a mulher? Masturbação é prejudicial para a saúde? Se usar duas camisinhas ao mesmo tempo é mais seguro? etc,
Dentre os questionamentos apresentados pelos alunos um ponto relevante observado foi dificuldade de aproximação e a distância da família no cotidiano escolar.
A escola não está preparada para a inclusão da família e da comunidade. A participação da família e da comunidade geralmente é muito pequena por não reconhecer a escola como um espaço de atuação importante para ela. A reclamação dos educadores é a de que geralmente os pais entregam os filhos às escolas e dizem, "o eduquem para mim". O projeto com a sexualidade para ser efetivamente eficaz necessita da inclusão dos pais, até mesmo pelo receio dos professores em trabalhar a temática sem consultá-los.
Há que se considerar também que, para se realizar esse tipo de trabalho, é importante entender o papel da escola, reconhecer o limite do educador e a importância da mediação psicopedagógica Clínica, de preferência, a relacional sistêmica, a fim de amenizar o impacto que gera a transmissão que possibilita a internalização desses conhecimentos. E importante ressaltar que, na maioria das experiências, a maioria dos pais não demonstra interesse, ignorando que esse espaço de reflexão para eles também é raro.
Outro ponto importante foi a participação mais efetiva dos adolescentes no dia a dia escolar, a acolhida de adolescentes grávidas, a inclusão de meninos com traços de homossexualidade nas atividades em grupo, sem brincadeiras jocosas, foram um dos exemplos da participação coletiva no projeto, Anteriormente essas adolescentes grávidas,e adolescentes homossexuais, ou mudavam de turno ou saíam da escola, e evidentemente baixavam o rendimento escolar, prejudicando seu desenvolvimento,e a interação saudável com os colegas e professores prejudicando o aprendizado que essa convivência traz para todos.


5 Conclusões


A Psicopedagogia Clínica Relacional Sistêmica, através do levantamento diagnóstico do grupo e de cada adolescente em particular, juntamente com a entrevista pessoal, possibilitou ao profissional, perceber o sujeito em todos os seus aspectos e em todos os contextos onde estavam inseridos, e de que maneira estes influenciam em seu comportamento. Isso se aplicou primeiro com os educadores, e em seguida com os alunos. Uma vez conhecidas as suas demandas, mais fácil se tornou as escolhas quanto às intervenções, tanto psicopedagógicas quanto terapêuticas.
A partir da identificação dos sujeitos facilitou a interação para o desenvolvimento e aplicação do projeto. O trabalho em educação sexual na Escola Centro Comunitário Assistencial de Santana tem apresentado boa receptividade por parte dos docentes discentes, e famílias participantes. A participação do Psicopedagogo, do educador, da família e da comunidade na promoção do desenvolvimento de um projeto dessa natureza, favorece o crescimento pessoal e social do adolescente, que passa a ser visto como fundamental para a formação de indivíduos mais autônomos e solidários, capazes de transformar sua vida pessoal e coletiva, atuando como agentes de mudanças e transformações sociais, vivenciando sua sexualidade de forma saudável.
Sendo assim, a sexualidade precisa ser bem compreendida, e não reduzida ao mero ato sexual e suas implicações e conseqüências. Pela vivência, e convivência, no desenrolar das atividades, ficou evidenciado, sem restar dúvidas, diante da realidade vivida na Escola Centro Comunitário Assistencial de Santana, situada na zona rural do Município de Serrinha-BA, que o sucesso do trabalho, só foi possível,graças a participação, intervenção desde a criação até a avaliação do projeto por um psicopedagogo Clínico.
Tal afirmativa enfatizando a clínica, se deu em razão de a experiência pessoal oferecer elementos, que comprovam que apenas e unicamente com a prática da clínica psicopedagógica,é possível fazer um levantamento diagnóstico, com possibilidades de intervenções eficientes,à partir do próprio levantamento diagnóstico, que pela sua dinâmica pode "mexer", desorganizar, vida e condutas dos pacientes.
Por se tratar de, uma linha psicopedagógica relacional sistêmica, onde o sujeito é visto em suas reais e possíveis potencialidades, e, não em suas insuficiências, tudo no paciente é valorizado e analisado, e aproveitado em benefício do próprio.
Trabalha-se a partir do que se tem, e, não com o que falta, não somente no ambiente clínico, mas em qualquer instituição, desde as escolas, quanto em qualquer instituição. A integração deste projeto de Educação Sexual na Escola caracteriza o desenvolvimento humano em um processo multidimensional: as vivências ligadas à sexualidade de uma pessoa sejam elas cognitivas, emocionais, sociais, contribuem para as transformações neurobiológicas que ocorrem durante o processo ensino-aprendizagem que contribuirá para a formação do indivíduo que cada um de nós desejamos ser: Livres.


6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Autor: Lednalva Oliveira Cordeiro Batista


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