Redescobrindo brincadeiras infantis, e incentivando as crianças a brincar



REDESCOBRINDO BRINCADEIRAS INFANTIS: Interatividade no mundo real.
THE REDISCOVERY OF CHILD?S PLAY: Interactivity in the real world.

Ana Paula Saldanha Silva¹
Bruna Cassiari de Paula¹
Dinôr Ferreira Borges¹
Juliana Aparecida de Souza¹
Karina Kellner Castaldi Borges¹
Milena Maria Panicio Cardoso¹
Ana Paula Barbosa ²


RESUMO

O objetivo deste artigo foi incentivar as crianças observadas a resgatar brincadeiras consideradas antigas, a fim de mostrar para elas que a diversão é possível sem a utilização de eletrônicos. Participaram, em média, quinze crianças, de ambos os sexos, com idade entre 6 e 12 anos, mais três voluntários da Instituição. Utilizando-se de entrevista e questionários, foi possível avaliar como as crianças se comportam em relação ao uso de eletrônicos, e em relação a brincadeiras aprendidas em seu cotidiano. Foram desenvolvidas atividades de recreação, bem como brincadeiras lúdicas, que fazem parte do desenvolvimento moral das crianças. Constatamos que houve maior interesse e participação das crianças quando foram utilizadas brincadeiras de desenvolvimento motor e cognitivo. Dentro do que foi proposto, o projeto obteve bons resultados, inclusive pela constatação, por meio de entrevista final, que as brincadeiras foram repetidas pelas crianças em casa, e também com os amigos, no lugar do uso de televisão e videogames.

Palavras-chave: crianças, motivação, jogos e brinquedos, relação interpessoal.

ABSTRACT

The objective of this project was encourage the children who was observed for us to rediscover old games considered antiquated, in order to show them that is possible have fun without the use of electronics. About fifteen children, of both sexes, aged between 6 and 12 years old, plus three more volunteers of the institution researched, took part on the project. We used interviews and questionnaires to asses how that children behave about the use of electronic games, and also about fun games that was learned in their daily lives. We developed recreational activities, as well as play games, as part of moral development of children. We found that there was great interest and participation of the children when we used games related to motor and cognitive development. Within that we proposed, the project achieved good results, including because we found, through the final interview, that the games were repeated by the children at home and also with friends, instead of the using of television and videogames.

Keywords: children - motivation - games - interpersonal relationships

INTRODUÇÃO

A presença da televisão na infância nos dias de hoje é reconhecida como atividade de lazer, chega a concorrer com as brincadeiras infantis e, para muitos, torna-se a única fonte de entretenimento. Esta forma de distração, assim como videogames e computadores faz com que as crianças deixem as brincadeiras infantis e a leitura, e permaneçam grande parte do seu tempo ocioso em frente a esses meios eletrônicos.
As brincadeiras ajudam em vários aspectos no desenvolvimento infantil, tanto no físico, no emocional, no psicológico e no social. Já que remetem a pureza, a inocência, algumas atividades estimulam principalmente o desenvolvimento motor, devido às brincadeiras serem geralmente de correr e pular.
Os meios eletrônicos trazem ideias prontas, não estimulam a criatividade e o raciocínio. Por isso tão importante incentivar as crianças a descobrir ou redescobrir as brincadeiras, assim podem elaborar e expor situações de sua mente, de seu dia a dia e dos seus sentimentos, como, por exemplo, em brincadeiras de "faz de conta".
Portanto, verifica-se a importância de resgatar as brincadeiras, para que as crianças tenham maior interesse pela diversão no mundo real, em que ela poderá desenvolver-se de maneira saudável.

MATERIAL E MÉTODOS

A utilização da metodologia no projeto de pesquisa sobre a Entidade Assistencial de Amor a São Padre Pio possibilitou o conhecimento e o uso de métodos, sendo o método dedutivo a referencia para coletar dados utilizando uma variedade de técnicas, e com esses métodos fazer assim as analises, e ter todo o planejamento e a observação da pesquisa. As pesquisas na "Entidade Assistencial de Amor a São Padre Pio", uma entidade sem fins econômicos, e com um único objetivo, ajudar crianças necessitadas e carentes, com atendimento psicológico, psicopedagógico entre outros, e usar a pratica da caridade. Toda a entidade é composta de trabalho voluntário e doações, e a participação e o convívio com crianças fazem com que voluntários e profissionais tenham referencia e base de dados, através de entrevistas realizadas para ajudar no desenvolvimento psicológico e moral da criança.

REVISÃO DE LITERATURA


"Se uma criança for deixada à
vontade, dentro de algum tempo começará
a brincar, porque o modo natural
de expressão da criança é o brinquedo"
(SIMON, 1986. p. 8)1

Nós podemos não perceber o sentido oculto ou inconsciente que a criança dá ao seu brincar, mas ele está presente e se manifesta a um observador experiente, atento e com boa dose de paciência. Segundo Melanie Klein, citada por Simon (1986)1, o brincar poderia ser uma expressão de processos mais profundos, inconscientes, quase semelhante aos sonhos; a linguagem lúdica é semelhante à linguagem arcaica dos sonhos. O brincar não é uma atividade sem sentido; porque pelo brincar a criança traduz simbolicamente fantasias, desejos e experiências vividas. Se o brincar é o modo natural de expressão da criança, então deve-se admitir que não é natural ficar passivamente em frente a uma televisão por longas horas, ou pior ainda, frente a um vídeo game, se estressando em jogos com conteúdos violentos.
Autores como Papalia (2009, p. 170)2, faz referência a bebês e crianças pequenas que veem muita televisão, nos Estados Unidos. Em nosso Brasil dos dias hoje, não é muito diferente, pela experiência que vemos em nossas casas e nos vizinhos, ou pelos comentários das crianças na própria escola. Há outros autores como Raquel Soifer (1991)3 que condena veementemente o hábito (ou poderíamos dizer, o vício cômodo) de crianças menores de cinco anos assistirem televisão, vídeos ou DVDs; e apresenta variadas razões para isso, como efeitos negativos da TV na formação e desenvolvimento da mente criança, e distorções nos vínculos familiares. Outras pesquisas procuram relacionar atitudes e comportamentos violentos ou maus hábitos em crianças, à imitação de modelos vistos na TV ou em espetáculos que contenham cenas de violência.
Atualmente é muito grande as influências advindas das mídias, para as crianças, principalmente por meios eletrônicos, pela facilidade de acesso e de aprender a manejá-los. As crianças, desde tenra idade, ficam expostas também a notícias com cenas de violência, tragédias transmitidas ao vivo e todo tipo de programas, comentários e comerciais que alimentam desejos e ilusões às vezes inacessíveis às crianças de famílias com menor poder aquisitivo. Isso pode causar conflitos internos, alteração de comportamentos externos, angústia, indolência e hábitos prejudiciais na alimentação, no relacionamento familiar e outros.
Então, voltando ao tema, e à motivação para incentivar o brincar e o resgate de brincadeiras saudáveis por parte das crianças, podemos lembrar e procurar resgatar muitas daquelas brincadeiras antigas que nossos pais e avós citam que brincavam, como: pipa, pião, bolinhas de gude, pula-pula, amarelinha, bonecas de pano, carrinhos de madeira, e tantas outras.
É de grande importância incentivar as crianças a descobrir ou redescobrir brincadeiras infantis, importantes para seu desenvolvimento motor, cognitivo e social, conhecendo outras crianças e interagindo de modo objetivo com o mundo real em que vive.


DISCUSSÃO

Constatamos que 91% das crianças gostam de assistir televisão; Perguntou-se também o que elas mais gostavam de assistir, 46% responderam que gostam de ver desenhos. "Podemos pensar que os desenhos animados são próprios para as crianças, porém a violência entre os personagens pode passar despercebida pelos adultos", ou ser considerada inofensiva, mas os estudiosos dizem que não é clara qual seria a sua influência entre as crianças. Cenas violentas poderiam tornar as crianças habituadas à violência, e para elas isto passaria a ser de algo normal.
Foi questionado sobre o que elas faziam na internet, a maioria, 46%, não tem ou não usam computador, pois as crianças da entidade são de famílias carentes e por isso não tem acesso à rede. A próxima pergunta foi sobre leitura, se gostam ou não de ler, 37% responderam que sim, de todas as respostas 27% não sabem ler, pois na entidade há crianças de 5 a 12 anos.
Das brincadeiras que levamos a elas, 37% repetiram corre-cutia em casa ou com os amigos. Esse tipo de brincadeira estimula o desenvolvimento físico, por serem geralmente de desenvolvimento motor (ex: correr e pular), diferente das atuais, que levam a criança a ficar parada diante do computador ou videogame, comendo e estimulando a violência.
Ao serem perguntadas sobre o que mais gostavam na entidade, 37% das crianças responderam que gostam dos amigos. E por último perguntamos às crianças se elas haviam gostado da nossa participação na entidade, 100% responderam sim e ao perguntar por que, a maioria respondeu que o motivo pelo qual gostaram foram às brincadeiras que proporcionamos
Algumas pesquisas mostram que quanto mais a criança brinca, corre, pula, canta mais sinapses se forma em seu cérebro. Mudanças físicas no cérebro são provocadas, isso leva a refletir que essas modificações se realizam a partir da interação da criança com o ambiente, com outras pessoas, em suas atividades lúdicas e não apenas em conseqüência de carga genética que são transferidas de pai para filhos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao decorrer de todo o projeto foi uma satisfação trabalhar com as crianças e obter as conclusões que queríamos alcançar, as brincadeiras elaboradas pelo grupo foram aceitas pelas crianças e pela entidade.
Percebemos que a maioria das crianças não brincava tanto, e sim davam mais atenção à televisão, vídeo game entre outros. Conforme a desenvoltura do projeto as crianças tomaram as brincadeiras como estimulo, pelo fato das brincadeiras serem pouco estimuladas em seu ambiente social, com o projeto a brincadeira foi estimulada.
Ouve repetições de brincadeiras tomadas por atitudes das crianças, a intenção era com que elas aprendessem a brincar , e esquecem os outros meios de diversão que levam a crianças a perceber a violência, através de desenhos, vídeo game, ate o meio de comunicação mais abrangente como a internet, que pela idade das crianças podem ser algo que pode ajudar em seu desenvolvimento cognitivo, mais por outro lado a criança tem acesso a tudo que o mundo social coloca a disposição dos internautas, que na maior parte das vezes não são permitidas para as idades das crianças. Tomamos um cuidado especial em usar brincadeiras que fossem capazes de ensinar as crianças a ter comunicação umas com as outras e respeitarem umas as outras.
Ficou claro para nos que o projeto obteve o êxito esperado que era ensinar as crianças resgatarem as brincadeiras antigas, e substituírem a diversão exclusiva dos eletrônicos.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1-SIMON, R. Introdução à Psicanálise: Melanie Klein. In: Temas Básicos de Psicologia. Reppaport. C. R. (coordenadora). São Paulo: EPU, 1986

2-PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Tradução de José Carlos Barbosa, São Paulo: McGraw-Hill, 2009. Título do original: Human development.

3-SOIFER, Raquel. A Criança e a TV. Tradução de Iara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.



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