Luta por Reconhecimento:Axel Honneth e Teoria Critica



Luta por Reconhecimento Social: Axel Honneth e Teoria Crítica.
Resumo:
O texto a seguir aborda uma leitura da apresentação feita por Marcos Nobre do livro de Axel Honneth. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais.
Introdução
Nesta leitura Nobre aponta os intelectuais referência para a construção da Teoria Crítica.
Inicia o texto abordando que em 1924, Max Horkheimer, Felix Weil e Friedrich Pollock fundaram à Universidade de Frankfurt (Main) o Instituto de Pesquisa Social.
Um dos intelectuais Horkheimer propôs um ambicioso programa de pesquisa interdisciplinar que tinha como referência o marxismo e a obra de Marx, inaugurando, assim, a "Teoria Crítica".
A Escola de Frankfurt é uma forma de intervenção político-intelectual (não partidária) no debate público e acadêmico alemão.
A Teoria Crítica não se limita a descrever o funcionamento da sociedade, mas sim compreendê-la à luz de uma emancipação ao mesmo tempo possível e bloqueada pela lógica da organização social vigente.
Assim, a orientação para a emancipação exige uma postura de um comportamento crítico diante desta realidade social que se pretende apreender e conhecer.
Honneth é incluído na tradição da Teoria Crítica, pois dá um novo rumo à Teoria Crítica, onde seus conceitos estão ancorados no processo de construção da identidade (pessoal e coletiva), e que passa ter como sua gramática o processo de " luta" pela construção da identidade, entendida como uma " luta pelo reconhecimento".
Para entender um pouco de Honneth, devemos ter como ponto de partida para reflexão Habermas, em Dialética do Esclarecimento, cujo objetivo principal de investigação a razão humana e as formas sociais de racionalidade, concluindo dessa investigação que a razão instrumental consistia na forma estruturante e a única da racionalidade social no capitalismo administrado.
Se a razão instrumental é a forma única de racionalidade no capitalismo administrado, bloqueando qualquer possibilidade real de emancipação, em nome de quê é possível criticar a racionalidade instrumental?
Vamos entender um pouco melhor Habermas;
Habermas formula uma teoria da racionalidade dupla face, em que a racionalidade instrumental convive com outro tipo de racionalidade, a "comunicativa".
A ação instrumental é aquela orientada para o êxito, é caracterizada pelo trabalho, ou seja, ações dirigidas à dominação da natureza e à organização que visam à produção das condições materiais da vida e que permitem a coordenação das ações, ou seja, possibilitam a reprodução material da sociedade.
A racionalidade ?comunicativa" é aquela cujo tipo de ação é orientado para o entendimento e não para a manipulação de objetos e pessoas no mundo em vista da reprodução material da vida, mas sim, na esfera simbólica da sociedade.
Só que Habermas, não faz esse percurso sozinho, os germes do novo paradigma comunicativo já se encontram em Adorno e Horkheimer e também nas obras de Hegel, do período de Jena.
No entanto, Habermas, na visão de Honneth, limitou-se a alargar o conceito de racionalidade e de ação social, acrescentado à dimensão sistêmica uma outra, ambas operando segundo integração social oposta. Assim, coloca uma concepção de sociedade posta em estruturas econômicas determinantes e imperativas e a socialização do indivíduo, sem tomar em conta a ação social necessário mediador. Esse fato, Honneth, denomina com o "déficit sociológico da Teoria Crítica", em que a distinção dual entre sistema e mundo de vida, carrega da de ambiguidades e discrepâncias, e em que seu entendimento da intersubjetividade comunicativa, que não é estruturada pela luta e pelo conflito social.
Honneth concorda com Habermas sobre a necessidade de se construir a Teoria Crítica em bases intersubjetivas e com marcados componentes universalistas, defende também, contrariamente a este, a tese de que é o conflito, e sua gramática, a luta por reconhecimento.
Honneth tem como referência o pensador Hegel, devido ao fato deste unir pretensões estritamente universalistas com a preocupação permanente com o desenvolvimento do indivíduo, singular.
A luta Social que Honneth privilegia em sua teoria do reconheci mento não é marcada em primeira linha por objetivos de autoconservação ou aumento de poder, mas sim lhe interessam aqueles conflitos que se originam de uma experiência de desrespeito social, de um ataque à identidade pessoal e coletiva.
A reconstrução da lógica dessas experiências do desrespeito e do desenvolvimento da luta em sua diversidade se articula por meio da análise da formação prática num contexto prévio de relações de reconhecimento. E isto ocorre em três esferas distintas e interligadas. Desde da esfera emotivo; a esfera da estima e a esfera jurídico-moral.
A esfera emotivo: que permite ao indivíduo uma confiança em si mesmo, indispensável para seus projetos de autorealização social.
A esfera da estima: em que esses projetos podem ser objeto de um respeito solidário.
A esfera jurídico-moral: em que a pessoa é reconhecida e moralmente imputável, desenvolvendo assim uma relação de autorespeito.
Diante de tal quadro, a minha leitura da apresentação do livro de Axel Honneth, permite dizer que é possível ver nas diversas lutas por reconhecimento uma força moral que impulsiona os desenvolvimentos sociais.

HONNETH, Axel. Luta pelo reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. Tradução de Luiz Repa: apresentação de Marcos Nobre. São Paulo, ED.34, 2.º Ed, 2009, p-07-19.

Autor: Rosimeire Cristina Dos Santos


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